A voz de Julia era baixa e rouca, com um leve tremor quase imperceptível:

— Bernardo, nesses últimos dias, nós nos demos tão bem, não é?

Com passos suaves, ela se aproximou de Bernardo, levantando o olhar para encará-lo.

Como ela era mais baixa, precisava inclinar a cabeça para alcançar os olhos dele. O rosto de Bernardo era esculpido como se tivesse sido feito à faca, cada traço emanava uma perfeição inigualável, justamente o ideal que Julia tanto admirava.

Bernardo apertou os lábios e, em sua mente, os momentos passados com Julia se desfilavam, repletos de risos e alegria. De fato, aqueles dias haviam sido cheios de leveza. Julia jamais agia de forma irracional, sempre pensando em seu bem-estar.

Porém, as responsabilidades que pesavam sobre seus ombros eram enormes. Ele precisava trabalhar para o desenvolvimento do povo de Iurani, e os anos futuros seriam dedicados quase que exclusivamente àquela terra. Assim, ele se perguntava se, inevitavelmente, acabaria por dever algo a Julia.

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