Liliane imediatamente se aninhou nos braços de Sandro, buscando consolo como uma criança assustada. Sandro, por sua vez, segurou delicadamente o rosto dela, examinando o pequeno corte. Era apenas um arranhão superficial, longe de ser algo que pudesse causar uma cicatriz permanente.— É só um cortezinho, Lili, não vai acontecer nada de grave. Não precisa chorar na frente de tanta gente. — A voz de Sandro era firme, mas ao mesmo tempo tentava tranquilizar a neta.— Vovô. — Liliane fungou, sua voz carregada de angústia. — Você precisa fazer justiça por mim.Antes que Sandro pudesse responder, Francisco, que estava observando a cena de perto, se adiantou:— A Lili se machucou! Sandro, desde que ela era pequena, você sempre protegeu ela de qualquer sofrimento. Quem ousar prejudicar ela, vai ter que se ver comigo primeiro!Esther sentiu o impacto das palavras de Francisco. Ele era um homem grande e imponente, e só de imaginar um confronto físico, ela sabia que não teria a menor chance. Seu
Esther não sentiu necessidade de prolongar a discussão. Sandro estava certo, machucar alguém pode até ser fácil, mas lidar com as consequências, nem sempre era simples.— Desculpa, Esther. — Liliane finalmente pediu desculpas, sua voz baixa e carregada de uma certa relutância.— Tudo bem, te perdoo. — Esther respondeu com generosidade, seu tom suave e acolhedor, demonstrando uma maturidade que não precisava se apegar a ressentimentos.Sandro, que observava a cena com atenção, ficou satisfeito com o desfecho. Ele balançou a cabeça em aprovação e, com uma voz paternal, disse:— Reconhecer o erro já é um bom começo. O que me preocupa é quando alguém nem sequer se dá conta do que fez de errado. Só assim você pode ser uma pessoa de respeito. E não se esqueça, Liliane, não quero ver você fazendo isso de novo.— Eu entendi, vovô. Daqui para frente, vou me esforçar para me dar bem com todos. — Liliane respondeu com uma doçura repentina, como se quisesse apagar qualquer vestígio de tensão.Ela
Marcelo se aproximou, juntando-se a ela para sentir a brisa suave da noite. Ele falou em um tom calmo:— Já me acostumei. Não vejo mais razão para tentar mudar, afinal, sempre acaba sendo a mesma coisa.A mesma coisa? Esther ficou intrigada, questionando o que ele realmente queria dizer com aquilo. Ela achava que conhecia Marcelo o suficiente, mas agora percebia que ele ainda guardava muitos segredos. Olhando para o perfil dele, ela perguntou:— Eles costumavam te tratar assim também? Sempre te deixavam de lado?Era difícil para ela entender. Essas pessoas eram claramente mais velhas que Marcelo, então por que excluíam ele? Todos mimavam tanto Liliane, por que não podiam ser um pouco mais generosos com Marcelo? Ele deve ter sido muito jovem quando entrou para o exército...— Eles te isolavam mesmo? — Esther continuou, sua curiosidade se transformando em uma leve tristeza.— Não se preocupe, não vamos precisar vê-los com frequência daqui para frente. — Marcelo respondeu, ainda sem olhar
— Lili, muito obrigada! Eu não esperava que você fosse tão boa comigo. — A voz do outro lado da linha agradeceu sinceramente. — Sinto muito que você tenha passado por isso por minha causa.— Não precisa agradecer. — Liliane respondeu com firmeza. — Quem te fez mal, fez mal a mim também. E, como sua amiga, é meu dever te defender. Não vou deixar que pessoas ruins saiam impunes.— Eu só estava desabafando, mas você levou isso tão a sério. Você não tem ideia do quanto me sinto tocada por isso. É realmente bom ter você como amiga. — A pessoa do outro lado da linha parecia profundamente comovida.Liliane sempre foi assim. Ela colocava o coração em tudo o que fazia, especialmente em suas amizades. Desde pequena, ela havia sido protegida por todos ao seu redor, sempre mimada e cuidada, sem nunca precisar enfrentar grandes dificuldades. O lado sombrio das pessoas, as armadilhas da vida, ela pouco conhecia. E por isso, quando ouvia que uma amiga havia sido maltratada, sua primeira reação era de
— Eu assisti aos bastidores, e é verdade, ela não usou dublê em nenhuma cena. As lutas foram fluidas e bem coreografadas. Com essa performance, não é surpresa que Sofia tenha ficado famosa! — Disse um dos colegas de Esther, animado.— Viu só? Sofia está bombando! As ações da empresa subiram hoje por causa dela. — Outro funcionário comentou, empolgado, enquanto Esther pegava uma xícara de chá na copa.Ao entrar na copa, Esther encontrou Fernanda, que, ao vê-la, não perdeu tempo em comentar:— Esther, você ouviu o que eles estavam dizendo? O Sr. Marcelo investiu pesado na Sofia! Parece até que na vida passada ela foi a salvadora da vida dele, né? Só isso explicaria todo o esforço dele pra tornar Sofia famosa.Apesar de toda a agitação ao redor de Sofia, Fernanda ainda não conseguia entender como ela havia conseguido chegar ao topo. Uma única novela e já era um sucesso. Até agora, ela nem tinha assistido ao tal drama, só tinha ouvido os outros falando o quanto era bom. Mas, para Fernanda,
As duas chegaram ao centro da cidade, Esther decidiu primeiro levar Fernanda para fazer as compras. Os itens da copa sempre eram adquiridos na mesma loja, então o processo foi rápido e logo estava tudo resolvido.Mas a tarefa de Esther era um pouco mais complicada. O café especial que Marcelo gostava de tomar precisava ser encomendado com antecedência, então ela teve que ligar para verificar se havia estoque. Felizmente, conseguiram reservar uma embalagem.Enquanto seguiam para a loja, Fernanda, curiosa, perguntou:— Esther, esse café que você compra pro Sr. Marcelo é tão especial assim? Nunca imaginei que precisasse agendar uma compra de café!— Ele é bem exigente quando se trata de café. Só toma esse tipo específico. — Esther explicou, sem entrar em muitos detalhes, mas deixando claro que Marcelo tinha um gosto refinado.Fernanda não conseguia conter sua admiração. Para ela, o mundo dos ricos sempre foi fascinante, até mesmo na hora de escolher os grãos de café.Ao chegarem à loja, E
— Ah, cala a boca! — Liliane interrompeu Esther bruscamente. — Aqui não tem Marcelo, nem meu avô, então não precisa bancar a boazinha. Mostre logo sua verdadeira face, sua megera!Aquelas palavras atingiram Esther como um tapa. Ela ficou completamente surpresa. Desde quando Liliane a via dessa forma? Como ela poderia ser considerada uma megera? Esther não conseguia entender de onde vinha tanta hostilidade, afinal, elas nunca tinham tido um conflito direto. No entanto, ao perceber que Liliane estava visivelmente irritada e que não valia a pena prolongar a discussão, ela decidiu ceder. Além disso, Liliane, sendo neta de Sandro e uma jovem alguns anos mais nova, tinha uma história difícil, crescendo sem a presença dos pais. Esther, tentando evitar mais problemas, optou por dar um passo atrás.— Se vocês realmente querem tanto assim, podem ficar com o café. Não é nada demais.Fernanda, no entanto, não estava disposta a deixar as coisas assim. Ela queria defender Esther e se mostrar firme
Ao ouvir o som desesperado, Esther instintivamente pisou no freio. Seu olhar se voltou para dentro do beco estreito, onde avistou alguns homens de aparência suspeita, todos com cabelos tingidos de loiro, cercando uma figura familiar. Esther demorou um momento para reconhecer a pessoa envolvida naquela situação. Era Liliane.Os homens eram magros, suas roupas desleixadas e seus gestos evidenciavam que não eram confiáveis. Esther rapidamente notou a barra do vestido de Liliane. O coração dela disparou. Era óbvio que Liliane estava em apuros, cercada por aqueles sujeitos. A expressão de Liliane estava marcada pelo medo e pelo pânico.— Não se atrevam a se aproximar! Se vocês encostarem um dedo em mim, meu avô não vai deixar isso barato! — Liliane gritou com a voz trêmula, mas ainda tentando manter alguma postura. Era evidente que ela nunca tinha enfrentado uma situação dessas. Crescendo sempre cercada de conforto, ela jamais precisou lidar com qualquer tipo de perigo real.No princípio,