Um homem vestido impecavelmente, exalando o ar de um profissional e experiente, estava sentado atrás de uma mesa, o olhar fixo no monitor à sua frente. Quando finalmente voltou sua atenção para Esther, sua expressão era de cautela.— Senhora, pelo que você me disse, já foi ao cartório e fez o agendamento. Tudo o que precisa agora é aguardar com paciência. Só poderemos avançar com o processo judicial se a outra parte se recusar a assinar o divórcio.Esther, no entanto, estava determinada, a tensão claramente visível em seu rosto.— Eu quero que isso seja resolvido o mais rápido possível. E quanto você cobraria para acelerar esse processo?Esperar dois meses era um luxo que ela não poderia se dar.O advogado, notando a urgência na voz de Esther, se inclinou um pouco para frente, cruzando os dedos sobre a mesa, e perguntou:— Você está com tanta pressa para se divorciar. O seu marido se recusa a assinar, ou é você quem está envolvida com outra pessoa?Esther balançou a cabeça, negando rap
Esther estava no mercado de trabalho, observando o fluxo constante de candidatos que se aproximavam, atraídos pelo prestígio do Grupo Mendes. O nome da empresa brilhava como um farol, e não faltavam pessoas dispostas a tentar a sorte, entregando seus currículos.Com paciência, Esther organizava cada um dos documentos, cuidadosamente os encaminhando a Marcelo. No entanto, a ausência de resposta era frustrante. Marcelo, aparentemente, não havia aprovado nenhum dos candidatos. Isso só podia significar uma coisa: ele estava intencionalmente dificultando sua saída, prendendo-a em um ciclo interminável.Um cansaço profundo começou a se instalar dentro dela, tanto física quanto emocionalmente. Esther se sentia exausta e decidiu que ficaria ali por mais uma hora, recolhendo alguns currículos adicionais. Se Marcelo continuasse ignorando suas sugestões, ela simplesmente desistiria.O calor era intenso, e Esther saiu para comprar uma garrafa de água. Enquanto caminhava de volta, sentiu uma súbi
— Você está certo, Luiz. — Esther concordou, refletindo profundamente. — Quanto mais o tempo passa, mais fácil fica desistir de alguma coisa. E, sinceramente, estou começando a sentir isso agora.Luiz não soube como responder. Ela estava admitindo, de forma clara, que seu sentimento por Marcelo estava morrendo. Mas ele não conseguia deixar de se perguntar: seria possível que ela, que gostava de Marcelo há tantos anos, tivesse realmente desistido?Os pensamentos de Luiz o levaram de volta ao passado. Ele se lembrou de uma ocasião, anos atrás, quando retornou à cidade por um breve período e, preocupado com Esther, decidiu procurá-la. Naquela época, ela ainda estava no ensino médio. Luiz se escondeu atrás de uma árvore, apenas para observar de longe e se certificar de que ela estava bem.Quando viu Esther, ela estava sorrindo, e seu olhar estava fixo em alguém à distância. Marcelo. Naquele momento, Luiz entendeu. Não era surpreendente que Esther tivesse se apaixonado por alguém como Marce
Marcelo estava concentrado em seu trabalho quando Esther entrou no escritório. Ele levantou os olhos por um breve momento, lançando um olhar frio a ela, quase indiferente. Porém, de maneira inesperada, pegou os documentos que ela lhe estendia e começou a folheá-los. Esther observava com o coração acelerado, surpresa ao ouvir o que ele disse em seguida.— Esses candidatos parecem bons. Vamos mantê-los. — Marcelo colocou as fichas aprovadas em uma pilha separada e acrescentou. — Chame eles para entrevistas amanhã.O tom objetivo e a rapidez com que ele tomou a decisão deixaram Esther intrigada, mas ela prontamente respondeu:— Tudo bem. Vou ligar para eles imediatamente.— Se não há mais nada, você pode sair. — Marcelo disse, ainda sem expressar qualquer emoção.Esther olhou para ele, tentando decifrar aquele comportamento estranho, mas não encontrou respostas no semblante frio de Marcelo. Sem alternativa, ela se dirigiu à porta para sair. No entanto, antes que pudesse se afastar, Gilber
O grupo, já tomado pela raiva e pelo desespero, rapidamente mudou seu alvo para Esther. Com olhares furiosos e palavras carregadas de ódio, eles começaram a avançar na direção dela, como se tivessem encontrado o verdadeiro responsável por toda a tragédia. A atmosfera ficou ainda mais tensa, parecendo que a qualquer momento eles iriam partir para a agressão física.Lavínia, que observava a cena com atenção, não pôde deixar de sentir uma satisfação interna ao ver a situação de Esther se deteriorar. Em sua mente, uma única ideia lhe vinha: “Deixe que eles machuquem ela, que deem uma lição que ela jamais esquecerá.”Contudo, Marcelo, ao perceber o perigo iminente, ficou visivelmente preocupado. Sua tentativa de se desvencilhar dos policiais ao seu redor foi interrompida quando viu que outro grupo de policiais havia rapidamente cercado Esther, protegendo-a da multidão enfurecida. Ao mesmo tempo, Gilberto também se posicionou ao lado de Esther, garantindo sua segurança.Só então Marcelo pa
Os demais acionistas estavam claramente sendo manipulados por Duarte. Quando Esther lançou aquelas palavras incisivas, o medo se instalou entre eles, e ninguém se atreveu a contradizê-la. Lavínia, que desde o início pretendia fomentar o conflito entre Esther e Duarte, agora se via frustrada ao perceber que as coisas não estavam indo conforme seus planos. Mesmo com a irritação fervilhando dentro de si, ela não se atrevia a demonstrar abertamente sua insatisfação. Mas uma coisa era certa: com Marcelo fora de cena, essa era a melhor oportunidade para agir e avançar com seus próprios interesses em mente....Esther, por sua vez, sentada em sua mesa, refletia sobre a situação enquanto bolava uma estratégia para revelar as verdadeiras intenções dos traidores. Decidida, ela ligou para Gilberto, e sua voz transparecia uma falsa calma enquanto ela dizia:— Eu preciso ir até o Sr. Marcelo. Tenho que entregar a ele uma prova importante.Esther desligou o telefone com um leve sorriso de canto. Po
— O quê? — Lavínia ficou completamente atônita, sem conseguir processar o que havia acabado de ouvir.Enquanto Duarte se levantava rapidamente para sair, a porta da cafeteria foi aberta com força, e Gilberto, acompanhado por Esther, entrou com um grupo de seguranças e policiais. O rosto de Lavínia perdeu toda a cor, ficando pálido como cera.— Esther, você armou uma cilada para nos pegar? — Lavínia exclamou, a voz trêmula de choque e desespero.Esther, mantendo um sorriso frio nos lábios, respondeu com firmeza:— Não fui eu que armei uma cilada, Lavínia. Você mesma se traiu, deixando à mostra sua verdadeira natureza.Desde o começo, Esther suspeitava de Duarte e Poliana. Seu plano era atrair os culpados e expô-los, mas nem precisou elaborar muito. Assim que mencionou a prova para Gilberto, Lavínia, ansiosa por informações, foi a primeira a aparecer, confirmando suas suspeitas. Foi então que Esther percebeu que Lavínia estava envolvida. Deixou que ela se enredasse sozinha, sem precisar
— Sr. Marcelo. — Esther cumprimentou-o com um aceno de cabeça, mantendo a compostura.Marcelo não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele se aproximou dela, passo a passo, até parar bem à sua frente. A presença imponente dele exerceu uma forte pressão sobre Esther, e ela sentiu o peso do ar ao seu redor aumentar. O rosto de Marcelo estava tenso, as feições rígidas como se esculpidas em pedra.Esther, sem entender o que ele queria dizer, apenas manteve a cabeça erguida, esperando. Até que, finalmente, ele franziu as sobrancelhas e a questionou:— Esther, por que você fez isso? Por que me ajudou?Ele havia ouvido de Gilberto que toda a estratégia que o tirou rapidamente daquela situação embaraçosa e expôs as trapaças de Duarte e Lavínia tinha sido obra de Esther. E mesmo depois de ele ter dito para ela não se envolver, Esther agiu por conta própria, executando o plano com uma eficiência surpreendente. Isso só podia significar uma coisa: ela estava preocupada com ele, temendo que algo