As vozes em murmúrios começaram a crescer, preenchendo o ambiente com tensão crescente.Porém, Mateus se manteve impassível. Sua postura rígida e olhar sereno não entregavam nenhum sinal de hesitação.Enquanto isso, Marcelo segurava Estélio nos braços com força e determinação. Ele não precisava de palavras, o brilho resoluto em seus olhos falava por si. Cada passo que o levou a este confronto foi cuidadosamente calculado, mas, no fundo, Marcelo sabia que foi Mateus quem o empurrou até este ponto.— Me entregue o antídoto. — Disse Marcelo, com a voz firme. — Nunca neguei minhas raízes no País B. Estou aqui apenas porque você salvou minha vida, mas sempre busquei o momento certo para voltar.Os murmúrios se transformaram em apelos. Conselheiros e aliados próximos de Mateus romperam o silêncio.— Presidente, não podemos abrigar alguém do País B em nosso território!— Presidente, pense no que isso significa para nós!...Mas Mateus, frio e inabalável, manteve seus olhos fixos em Marcelo. E
Se Marcelo e Estélio permanecessem no País S, Esther acabaria sozinha. Geraldo sabia que, apesar de essa situação talvez lhe abrir uma nova chance de se aproximar dela, o sofrimento que isso causaria era insuportável. Não era isso que ele queria para ela. O que importava era que Esther pudesse voltar a sorrir, reencontrar a paz e a felicidade que ela merecia.Tomando coragem, Geraldo deu alguns passos à frente e quebrou o silêncio.— Você não está sozinha, Esther. Eu ainda estou aqui. Também temos o Faraó. Já esqueceu tudo o que sou capaz de fazer?Essas palavras foram o suficiente para fazer Esther pensar. O Faraó, conhecido pelas suas habilidades incomuns e seus experimentos arriscados, havia transformado Geraldo no passado. Se alguém tinha uma solução, esse alguém era ele.Ela estava disposta a ceder por seu filho.O semblante de Esther mudou. A esperança, mesmo que tímida, parecia renascer em seus olhos. Ela se virou para Marcelo e, com determinação, disse:— Vamos para Iurani, Ma
Assim que ouviu as palavras de Geraldo, o Faraó compreendeu imediatamente suas intenções. Ele sabia que Geraldo estava disposto a sacrificar tudo por Esther. Não importava se não era diretamente por ela. Para fazê-la feliz, ele ajudaria qualquer pessoa que fosse importante para ela.Porém, o Faraó também sabia que Esther já considerava Geraldo um amigo próximo. Além disso, havia um detalhe significativo. Durante a infância, Esther havia entregado a Geraldo uma pulseira de contas verde, que era uma lembrança de sua mãe. Se algo acontecesse com Geraldo, Esther certamente ficaria devastada, e isso era algo que o Faraó não suportaria causar à sua única filha.Ele ponderou por um instante antes de sorrir levemente e responder com um tom calmo:— Não nego que, no passado, cogitei usar você para certos propósitos, mas agora as coisas mudaram. Você é amigo de Estrella e tem agido com total dedicação ao bem-estar dela. Sacrificá-lo nunca será uma opção. No entanto, se aceitar, pode atuar como
— Ou será que você tem medo de que nosso pai faça algo contra o Marcelo? — A voz de Bernardo saiu com precisão, cada palavra se cravou fundo no coração de Esther.Esther não estava preocupada com o que o Faraó faria a Marcelo, porque sabia que, nesse momento crítico, ele não tomaria nenhuma atitude contra ele. Mas Bernardo parecia ter adivinhado seus pensamentos. Com um sorriso leve, Bernardo disse: — Se você tem certeza de que nosso pai não fará nada contra o Marcelo, o que mais te incomoda? Vai descansar. Até agora, em nenhum momento mentimos para você. Você é da nossa família, e tudo o que queremos é te compensar. Não queremos te machucar.Esther não respondeu, mas absorveu cada palavra. Essas palavras não foram ditas apenas de boca para fora, ela sentia isso através de cada gesto e atitude de Bernardo.No laboratório, Geraldo havia conduzido Marcelo até o Faraó e, sem dizer mais nada, saiu.Estélio estava deitado na mesa de cirurgia, com uma agulha na mão direita, recebendo soro
Marcelo tinha um lugar muito importante no coração de Esther. Se ele se dispusesse a ajudar, reunir a família seria apenas uma questão de tempo.No entanto, o próprio o Faraó não hesitou em assegurar a Marcelo:— Pode ficar tranquilo, minha intenção com Esther é genuína. Também serei sinceramente empenhado em ver meu neto viver. Ou seja, não havia condições, em que Marcelo precisasse ajudá-lo, para que ele cuidasse bem da saúde da criança.— Eu sei. — Respondeu Marcelo, com a voz calma. Essas palavras eram suficientes para expressar tudo o que precisava ser dito.No entanto, infelizmente, a compatibilidade de medula entre ele e Estélio não teve sucesso.Enquanto isso, com Esther...Marcelo disse: — Esther é muito perspicaz, não podemos deixá-la saber sobre o teste de compatibilidade. Se Esther soubesse, isso seria um golpe devastador para ela.Depois de tanto tempo, ela finalmente conseguiu reencontrar seu filho e estar com ele. Então, se ela descobrisse que ele estava tão doente, c
Esther não estava interessada em ouvir as discussões dos dois, mas percebeu que, de algum modo, algo estava acontecendo entre Bernardo e Julia.Nos últimos tempos, Durval e Rita lhe contaram uma novidade: no final do ano, eles iriam se casar. Luiz também estava com planos em andamento em sua família.Ela então se perguntou quem mais ainda estava solteiro?Sobre André, Esther não tinha certeza, mas uma coisa era clara: nem Geraldo nem Bernardo estavam comprometidos. Embora Julia tivesse tido desentendimentos com ela no passado, se, por acaso, algo viesse a surgir entre Julia e Bernardo, seria uma boa notícia para todos.— Você... — Quando Bernardo se preparava para chamar Esther, percebeu que ela já estava apressada, se afastando.Julia se colocou no caminho dele. Com a cabeça baixa, parecia uma criança arrependida. — Me desculpe, Sr. Bernardo. Só quis ajudar, mas acabei estragando tudo... — Você não percebeu que fez Esther ir embora de tanto que a irritou? Se continuar com essa conve
Esther permanecia ao lado de Estélio, com o filho nos braços, lhe oferecendo conforto e companhia.Enquanto isso, ela vasculhava a lista de tratamentos deixada pelo Faraó no laboratório. Um nome, em particular, chamou sua atenção: trevo de sete folhas.Essa planta, rara e de difícil acesso, crescia em regiões sombrias, nas profundezas das montanhas. Sua eficácia medicinal era famosa, mas, devido a isso, ela atraía cobras venenosas, que se tornavam suas guardiãs naturais.A tarefa de colher o trevo de sete folhas não era para qualquer um. Somente quem tivesse experiência em colher ervas, alguém realmente habilidoso, teria coragem de se aventurar. Nenhum ser humano comum se arriscaria a isso.O Faraó, ao lado do nome da planta, havia colocado uma marca, possivelmente refletindo sobre as dificuldades envolvidas na colheita.Esther mordeu o lábio inferior, com a mente decidida. Se ninguém mais poderia fazer isso, ela faria.Nada a impediria de salvar seu filho. Se fosse necessário, ela dar
A perseguição estava ficando cada vez mais intensa, com a cobra venenosa e o tigre implacáveis. Esther sabia que não podia continuar assim. Se a noite caísse por completo, a chance de escapar seria ainda menor.Quando passaram por um tronco de árvore, Esther fez uma manobra rápida, pisando firmemente no tronco e saltando para pegar um galho. Num movimento preciso, ela se virou e cravou o galho diretamente no ponto vulnerável da cobra.A cobra caiu no chão e, ao mesmo tempo, o tigre rugiu furiosamente, como se estivesse indignado com a morte de sua companheira.— Suba na parede do penhasco! — Marcelo gritou, enquanto arremessava a tocha na direção do tigre.No entanto, o tigre não recuou. A tocha atingiu sua cabeça e caiu no chão, se apagando imediatamente. Contudo, a pequena chama que surgiu na cabeça do tigre parecia ter desorientado o animal, que ficou parado, atônito.Aproveitando a distração, Esther correu, pegou a tocha do chão e, com um movimento rápido, a cravou na pele do tigr