— Ou será que você tem medo de que nosso pai faça algo contra o Marcelo? — A voz de Bernardo saiu com precisão, cada palavra se cravou fundo no coração de Esther.Esther não estava preocupada com o que o Faraó faria a Marcelo, porque sabia que, nesse momento crítico, ele não tomaria nenhuma atitude contra ele. Mas Bernardo parecia ter adivinhado seus pensamentos. Com um sorriso leve, Bernardo disse: — Se você tem certeza de que nosso pai não fará nada contra o Marcelo, o que mais te incomoda? Vai descansar. Até agora, em nenhum momento mentimos para você. Você é da nossa família, e tudo o que queremos é te compensar. Não queremos te machucar.Esther não respondeu, mas absorveu cada palavra. Essas palavras não foram ditas apenas de boca para fora, ela sentia isso através de cada gesto e atitude de Bernardo.No laboratório, Geraldo havia conduzido Marcelo até o Faraó e, sem dizer mais nada, saiu.Estélio estava deitado na mesa de cirurgia, com uma agulha na mão direita, recebendo soro
Marcelo tinha um lugar muito importante no coração de Esther. Se ele se dispusesse a ajudar, reunir a família seria apenas uma questão de tempo.No entanto, o próprio o Faraó não hesitou em assegurar a Marcelo:— Pode ficar tranquilo, minha intenção com Esther é genuína. Também serei sinceramente empenhado em ver meu neto viver. Ou seja, não havia condições, em que Marcelo precisasse ajudá-lo, para que ele cuidasse bem da saúde da criança.— Eu sei. — Respondeu Marcelo, com a voz calma. Essas palavras eram suficientes para expressar tudo o que precisava ser dito.No entanto, infelizmente, a compatibilidade de medula entre ele e Estélio não teve sucesso.Enquanto isso, com Esther...Marcelo disse: — Esther é muito perspicaz, não podemos deixá-la saber sobre o teste de compatibilidade. Se Esther soubesse, isso seria um golpe devastador para ela.Depois de tanto tempo, ela finalmente conseguiu reencontrar seu filho e estar com ele. Então, se ela descobrisse que ele estava tão doente, c
Esther não estava interessada em ouvir as discussões dos dois, mas percebeu que, de algum modo, algo estava acontecendo entre Bernardo e Julia.Nos últimos tempos, Durval e Rita lhe contaram uma novidade: no final do ano, eles iriam se casar. Luiz também estava com planos em andamento em sua família.Ela então se perguntou quem mais ainda estava solteiro?Sobre André, Esther não tinha certeza, mas uma coisa era clara: nem Geraldo nem Bernardo estavam comprometidos. Embora Julia tivesse tido desentendimentos com ela no passado, se, por acaso, algo viesse a surgir entre Julia e Bernardo, seria uma boa notícia para todos.— Você... — Quando Bernardo se preparava para chamar Esther, percebeu que ela já estava apressada, se afastando.Julia se colocou no caminho dele. Com a cabeça baixa, parecia uma criança arrependida. — Me desculpe, Sr. Bernardo. Só quis ajudar, mas acabei estragando tudo... — Você não percebeu que fez Esther ir embora de tanto que a irritou? Se continuar com essa conve
Esther permanecia ao lado de Estélio, com o filho nos braços, lhe oferecendo conforto e companhia.Enquanto isso, ela vasculhava a lista de tratamentos deixada pelo Faraó no laboratório. Um nome, em particular, chamou sua atenção: trevo de sete folhas.Essa planta, rara e de difícil acesso, crescia em regiões sombrias, nas profundezas das montanhas. Sua eficácia medicinal era famosa, mas, devido a isso, ela atraía cobras venenosas, que se tornavam suas guardiãs naturais.A tarefa de colher o trevo de sete folhas não era para qualquer um. Somente quem tivesse experiência em colher ervas, alguém realmente habilidoso, teria coragem de se aventurar. Nenhum ser humano comum se arriscaria a isso.O Faraó, ao lado do nome da planta, havia colocado uma marca, possivelmente refletindo sobre as dificuldades envolvidas na colheita.Esther mordeu o lábio inferior, com a mente decidida. Se ninguém mais poderia fazer isso, ela faria.Nada a impediria de salvar seu filho. Se fosse necessário, ela dar
A perseguição estava ficando cada vez mais intensa, com a cobra venenosa e o tigre implacáveis. Esther sabia que não podia continuar assim. Se a noite caísse por completo, a chance de escapar seria ainda menor.Quando passaram por um tronco de árvore, Esther fez uma manobra rápida, pisando firmemente no tronco e saltando para pegar um galho. Num movimento preciso, ela se virou e cravou o galho diretamente no ponto vulnerável da cobra.A cobra caiu no chão e, ao mesmo tempo, o tigre rugiu furiosamente, como se estivesse indignado com a morte de sua companheira.— Suba na parede do penhasco! — Marcelo gritou, enquanto arremessava a tocha na direção do tigre.No entanto, o tigre não recuou. A tocha atingiu sua cabeça e caiu no chão, se apagando imediatamente. Contudo, a pequena chama que surgiu na cabeça do tigre parecia ter desorientado o animal, que ficou parado, atônito.Aproveitando a distração, Esther correu, pegou a tocha do chão e, com um movimento rápido, a cravou na pele do tigr
Após o momento de pavor, Esther e Marcelo se acomodaram no chão da caverna, exaustos, e finalmente conseguiram soltar um longo suspiro simultâneo.Qualquer pessoa, por mais corajosa que fosse, sentiria um arrepio ao lembrar o perigo que enfrentaram com a cobra venenosa. Marcelo se virou e, com uma suavidade inesperada, a abraçou, pressionando seus lábios contra a testa de Esther.— Está tudo bem agora. — Ele disse com voz calma. — Vou inspecionar a caverna com mais cuidado. Não vamos ter mais surpresas como essa. Esther, tentando acalmar o marido, respondeu: — Não é culpa sua. Ninguém esperava encontrar uma cobra aqui. Este lugar úmido é o ambiente perfeito para elas, talvez invadamos o território dela. Foi um acidente. Ela estava tentando encontrar uma explicação que não a fizesse culpá-los, mas a verdade é que, se tivessem escolhido outro lugar, talvez não fosse tão arriscado. No fundo, eles também eram responsáveis por ter matado a cobra.Marcelo, após reacender a tocha, examino
Esther e Marcelo se divertiram com a situação, zombando um do outro, trocando piadas sobre o quão desajeitados haviam sido na tentativa de sair da caverna. Depois de andarem por um bom tempo, Esther parou e olhou para o penhasco, como se sentisse que havia esquecido algo.Marcelo, que não entendia o motivo de sua preocupação, brincou: — Não me diga que você quer passar mais uma noite lá? Não tem medo do companheiro daquela cobra voltar? Esther, sem olhar para ele, respondeu pensativamente: — Em lugares tão úmidos, onde as cobras vivem, será que o trevo de sete folhas poderia estar lá dentro? Ela não estava certa, mas, com base no que sabia dos livros, o trevo de sete folhas precisava de um pouco de luz solar para ser considerado uma planta de boa qualidade, embora também fosse uma planta que preferisse sombra. Como um ser humano, que, apesar de gostar de alguém, também sentia a necessidade de estar entre outras pessoas, o trevo de sete folhas vivia em um dilema constante entre o
Marcelo abraçou Esther firmemente, e ela pôde ouvir as batidas fortes e constantes do coração dele. Desde que chegaram ali, Marcelo esteve ao lado dela o tempo todo.Na verdade, quando ela soube que precisava do trevo de sete folhas, sua intenção era ir sozinha. Ela queria, pela primeira vez, fazer algo significativo por Estélio. Porém, Marcelo insistiu em acompanhá-la, mesmo sabendo dos riscos.Logo, a névoa começou a se dissipar, e os dois finalmente puderam seguir o caminho de volta.Enquanto isso, Iurani mergulhava no caos. O Faraó e os outros estavam extremamente preocupados com Esther e Marcelo, mas, acima de tudo, com a segurança de Esther. Eles não suportariam vê-la sofrer qualquer dano.— E vocês, o que estavam pensando? — O Faraó repreendeu, assim que Esther e Marcelo retornaram. — Eu fiz a lista das ervas exatamente para que fosse fácil encontrá-las! Você não conhece bem a área, o que levaram vocês a subirem a montanha sozinhos?As ervas listadas pelo Faraó eram cruciais pa