Esther permanecia ao lado de Estélio, com o filho nos braços, lhe oferecendo conforto e companhia.Enquanto isso, ela vasculhava a lista de tratamentos deixada pelo Faraó no laboratório. Um nome, em particular, chamou sua atenção: trevo de sete folhas.Essa planta, rara e de difícil acesso, crescia em regiões sombrias, nas profundezas das montanhas. Sua eficácia medicinal era famosa, mas, devido a isso, ela atraía cobras venenosas, que se tornavam suas guardiãs naturais.A tarefa de colher o trevo de sete folhas não era para qualquer um. Somente quem tivesse experiência em colher ervas, alguém realmente habilidoso, teria coragem de se aventurar. Nenhum ser humano comum se arriscaria a isso.O Faraó, ao lado do nome da planta, havia colocado uma marca, possivelmente refletindo sobre as dificuldades envolvidas na colheita.Esther mordeu o lábio inferior, com a mente decidida. Se ninguém mais poderia fazer isso, ela faria.Nada a impediria de salvar seu filho. Se fosse necessário, ela dar
A perseguição estava ficando cada vez mais intensa, com a cobra venenosa e o tigre implacáveis. Esther sabia que não podia continuar assim. Se a noite caísse por completo, a chance de escapar seria ainda menor.Quando passaram por um tronco de árvore, Esther fez uma manobra rápida, pisando firmemente no tronco e saltando para pegar um galho. Num movimento preciso, ela se virou e cravou o galho diretamente no ponto vulnerável da cobra.A cobra caiu no chão e, ao mesmo tempo, o tigre rugiu furiosamente, como se estivesse indignado com a morte de sua companheira.— Suba na parede do penhasco! — Marcelo gritou, enquanto arremessava a tocha na direção do tigre.No entanto, o tigre não recuou. A tocha atingiu sua cabeça e caiu no chão, se apagando imediatamente. Contudo, a pequena chama que surgiu na cabeça do tigre parecia ter desorientado o animal, que ficou parado, atônito.Aproveitando a distração, Esther correu, pegou a tocha do chão e, com um movimento rápido, a cravou na pele do tigr
Após o momento de pavor, Esther e Marcelo se acomodaram no chão da caverna, exaustos, e finalmente conseguiram soltar um longo suspiro simultâneo.Qualquer pessoa, por mais corajosa que fosse, sentiria um arrepio ao lembrar o perigo que enfrentaram com a cobra venenosa. Marcelo se virou e, com uma suavidade inesperada, a abraçou, pressionando seus lábios contra a testa de Esther.— Está tudo bem agora. — Ele disse com voz calma. — Vou inspecionar a caverna com mais cuidado. Não vamos ter mais surpresas como essa. Esther, tentando acalmar o marido, respondeu: — Não é culpa sua. Ninguém esperava encontrar uma cobra aqui. Este lugar úmido é o ambiente perfeito para elas, talvez invadamos o território dela. Foi um acidente. Ela estava tentando encontrar uma explicação que não a fizesse culpá-los, mas a verdade é que, se tivessem escolhido outro lugar, talvez não fosse tão arriscado. No fundo, eles também eram responsáveis por ter matado a cobra.Marcelo, após reacender a tocha, examino
Esther e Marcelo se divertiram com a situação, zombando um do outro, trocando piadas sobre o quão desajeitados haviam sido na tentativa de sair da caverna. Depois de andarem por um bom tempo, Esther parou e olhou para o penhasco, como se sentisse que havia esquecido algo.Marcelo, que não entendia o motivo de sua preocupação, brincou: — Não me diga que você quer passar mais uma noite lá? Não tem medo do companheiro daquela cobra voltar? Esther, sem olhar para ele, respondeu pensativamente: — Em lugares tão úmidos, onde as cobras vivem, será que o trevo de sete folhas poderia estar lá dentro? Ela não estava certa, mas, com base no que sabia dos livros, o trevo de sete folhas precisava de um pouco de luz solar para ser considerado uma planta de boa qualidade, embora também fosse uma planta que preferisse sombra. Como um ser humano, que, apesar de gostar de alguém, também sentia a necessidade de estar entre outras pessoas, o trevo de sete folhas vivia em um dilema constante entre o
Marcelo abraçou Esther firmemente, e ela pôde ouvir as batidas fortes e constantes do coração dele. Desde que chegaram ali, Marcelo esteve ao lado dela o tempo todo.Na verdade, quando ela soube que precisava do trevo de sete folhas, sua intenção era ir sozinha. Ela queria, pela primeira vez, fazer algo significativo por Estélio. Porém, Marcelo insistiu em acompanhá-la, mesmo sabendo dos riscos.Logo, a névoa começou a se dissipar, e os dois finalmente puderam seguir o caminho de volta.Enquanto isso, Iurani mergulhava no caos. O Faraó e os outros estavam extremamente preocupados com Esther e Marcelo, mas, acima de tudo, com a segurança de Esther. Eles não suportariam vê-la sofrer qualquer dano.— E vocês, o que estavam pensando? — O Faraó repreendeu, assim que Esther e Marcelo retornaram. — Eu fiz a lista das ervas exatamente para que fosse fácil encontrá-las! Você não conhece bem a área, o que levaram vocês a subirem a montanha sozinhos?As ervas listadas pelo Faraó eram cruciais pa
Geraldo percebeu as marcas de cansaço no rosto de Esther, além da vermelhidão nos olhos dela.Desde que Estélio adoeceu, Esther estava disposta a fazer tudo por ele. Geraldo havia considerado acompanhá-la na busca pelas plantas medicinais, mas Marcelo já estava ao lado dela. Assim, ele permaneceu em Iurani para ajudar o Faraó a cuidar de Estélio. Porém, a súbita invasão de Iurani mudou os planos. Enquanto o Faraó permanecia no laboratório, Geraldo estava ao lado de Bernardo, cuidando de seus ferimentos.Ao ouvir as palavras de Geraldo, Esther finalmente soltou um suspiro de alívio. Bernardo estava fora de perigo, e isso era o mais importante. Entretanto, algo chamou sua atenção: Julia, que estava ao lado de Bernardo.Ela sabia que Julia já a havia considerado uma rival no amor, mas agora, vendo a dedicação com que Julia cuidava de Bernardo, Esther compreendeu que o sentimento dela era genuíno. Isso bastava para que Esther decidisse não prolongar sua presença ali.— Com licença, vou dei
Geraldo rapidamente afastou os pensamentos e retornou à realidade. Ele nunca seria Marcelo. Ele era Geraldo. Mesmo que não pudesse estar ao lado de Esther como um amado, ele poderia ser um amigo, um irmão.Por ela, ele viveria esta vida inteira....Quando Marcelo voltou ao quarto com os medicamentos, Esther já havia terminado o banho.Os cabelos dela estavam soltos, ainda úmidos, e um leve perfume de rosas enchia o ar.Sem hesitar, Marcelo pegou uma toalha e envolveu cuidadosamente os cabelos de Esther. Ele disse calmamente:— Abaixe um pouco a roupa. Vou aplicar o remédio. — Tudo bem. — Respondeu Esther, obedecendo sem questionar. Marcelo começou a tratar os ferimentos com delicadeza, preocupado em não causar dor.Ele até soprava levemente sobre as áreas onde aplicava o medicamento, temendo que o líquido pudesse irritar a pele dela. Contudo, aquela dor, por mais incômoda que fosse, não significava nada para Esther.Ela se lembrou de sua época como correspondente de guerra, quando en
Era evidente, mesmo que Esther nunca admitisse, todos ao seu redor sabiam que o Faraó era seu pai biológico.O fato de ele estar ali, a ajudando a salvar Estélio, só se explicava pelo vínculo de sangue. Caso contrário, pouco importaria para ele quem era Esther ou Estélio. Mesmo que o menino morresse diante de seus olhos, ele não moveria um músculo.— Que tal sairmos e esperarmos o resultado do lado de fora? — Sugeriu Marcelo, enquanto passava um braço em volta de Esther, tentando acalmá-la. Ele temia que ela ficasse ali e, incapaz de suportar a tensão, começasse a remoer pensamentos sombrios.Porém, Esther respondeu com firmeza:— Se ele não está envenenado, então eu preciso ficar aqui. Só sairei quando ele acordar. Não adianta insistir.A decisão de Esther era inabalável, e ninguém conseguia convencê-la do contrário.Se ela decidisse ficar, Marcelo obviamente ficaria com ela.No entanto, para sua surpresa, o Faraó lançou um olhar para Marcelo, um sinal claro de que queria falar a sós