Marcelo estava concentrado em seu trabalho quando Esther entrou no escritório. Ele levantou os olhos por um breve momento, lançando um olhar frio a ela, quase indiferente. Porém, de maneira inesperada, pegou os documentos que ela lhe estendia e começou a folheá-los. Esther observava com o coração acelerado, surpresa ao ouvir o que ele disse em seguida.— Esses candidatos parecem bons. Vamos mantê-los. — Marcelo colocou as fichas aprovadas em uma pilha separada e acrescentou. — Chame eles para entrevistas amanhã.O tom objetivo e a rapidez com que ele tomou a decisão deixaram Esther intrigada, mas ela prontamente respondeu:— Tudo bem. Vou ligar para eles imediatamente.— Se não há mais nada, você pode sair. — Marcelo disse, ainda sem expressar qualquer emoção.Esther olhou para ele, tentando decifrar aquele comportamento estranho, mas não encontrou respostas no semblante frio de Marcelo. Sem alternativa, ela se dirigiu à porta para sair. No entanto, antes que pudesse se afastar, Gilber
O grupo, já tomado pela raiva e pelo desespero, rapidamente mudou seu alvo para Esther. Com olhares furiosos e palavras carregadas de ódio, eles começaram a avançar na direção dela, como se tivessem encontrado o verdadeiro responsável por toda a tragédia. A atmosfera ficou ainda mais tensa, parecendo que a qualquer momento eles iriam partir para a agressão física.Lavínia, que observava a cena com atenção, não pôde deixar de sentir uma satisfação interna ao ver a situação de Esther se deteriorar. Em sua mente, uma única ideia lhe vinha: “Deixe que eles machuquem ela, que deem uma lição que ela jamais esquecerá.”Contudo, Marcelo, ao perceber o perigo iminente, ficou visivelmente preocupado. Sua tentativa de se desvencilhar dos policiais ao seu redor foi interrompida quando viu que outro grupo de policiais havia rapidamente cercado Esther, protegendo-a da multidão enfurecida. Ao mesmo tempo, Gilberto também se posicionou ao lado de Esther, garantindo sua segurança.Só então Marcelo pa
Os demais acionistas estavam claramente sendo manipulados por Duarte. Quando Esther lançou aquelas palavras incisivas, o medo se instalou entre eles, e ninguém se atreveu a contradizê-la. Lavínia, que desde o início pretendia fomentar o conflito entre Esther e Duarte, agora se via frustrada ao perceber que as coisas não estavam indo conforme seus planos. Mesmo com a irritação fervilhando dentro de si, ela não se atrevia a demonstrar abertamente sua insatisfação. Mas uma coisa era certa: com Marcelo fora de cena, essa era a melhor oportunidade para agir e avançar com seus próprios interesses em mente....Esther, por sua vez, sentada em sua mesa, refletia sobre a situação enquanto bolava uma estratégia para revelar as verdadeiras intenções dos traidores. Decidida, ela ligou para Gilberto, e sua voz transparecia uma falsa calma enquanto ela dizia:— Eu preciso ir até o Sr. Marcelo. Tenho que entregar a ele uma prova importante.Esther desligou o telefone com um leve sorriso de canto. Po
— O quê? — Lavínia ficou completamente atônita, sem conseguir processar o que havia acabado de ouvir.Enquanto Duarte se levantava rapidamente para sair, a porta da cafeteria foi aberta com força, e Gilberto, acompanhado por Esther, entrou com um grupo de seguranças e policiais. O rosto de Lavínia perdeu toda a cor, ficando pálido como cera.— Esther, você armou uma cilada para nos pegar? — Lavínia exclamou, a voz trêmula de choque e desespero.Esther, mantendo um sorriso frio nos lábios, respondeu com firmeza:— Não fui eu que armei uma cilada, Lavínia. Você mesma se traiu, deixando à mostra sua verdadeira natureza.Desde o começo, Esther suspeitava de Duarte e Poliana. Seu plano era atrair os culpados e expô-los, mas nem precisou elaborar muito. Assim que mencionou a prova para Gilberto, Lavínia, ansiosa por informações, foi a primeira a aparecer, confirmando suas suspeitas. Foi então que Esther percebeu que Lavínia estava envolvida. Deixou que ela se enredasse sozinha, sem precisar
— Sr. Marcelo. — Esther cumprimentou-o com um aceno de cabeça, mantendo a compostura.Marcelo não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele se aproximou dela, passo a passo, até parar bem à sua frente. A presença imponente dele exerceu uma forte pressão sobre Esther, e ela sentiu o peso do ar ao seu redor aumentar. O rosto de Marcelo estava tenso, as feições rígidas como se esculpidas em pedra.Esther, sem entender o que ele queria dizer, apenas manteve a cabeça erguida, esperando. Até que, finalmente, ele franziu as sobrancelhas e a questionou:— Esther, por que você fez isso? Por que me ajudou?Ele havia ouvido de Gilberto que toda a estratégia que o tirou rapidamente daquela situação embaraçosa e expôs as trapaças de Duarte e Lavínia tinha sido obra de Esther. E mesmo depois de ele ter dito para ela não se envolver, Esther agiu por conta própria, executando o plano com uma eficiência surpreendente. Isso só podia significar uma coisa: ela estava preocupada com ele, temendo que algo
Isaac, ao ouvir a resposta de Esther, percebeu imediatamente que tinha uma chance de algo acontecer.— Estamos na suíte 409 do Clube Mêlos. Vem logo, tá? Preciso ir embora porque estou de plantão hoje à noite.— Tudo bem.Mesmo que Isaac não tivesse mencionado o plantão, o fato de ter ligado para ela já tornava impossível para Esther ignorar a situação de Marcelo. Assim que ouviu o tom de ocupado na linha, indicando que Esther havia desligado, Isaac colocou o celular de volta no bolso de Marcelo. Com um olhar significativo para Hélio e Thiago, os três deixaram o local discretamente.No entanto, assim que eles saíram, Marcelo abriu os olhos. Suas pupilas negras, profundas e insondáveis, não mostravam nenhum sinal de embriaguez....Esther chegou ao Clube Mêlos uma hora depois. Do Grupo Mendes até o clube, ela pegou um táxi, mas o trânsito estava terrível, o que a fez perder ainda mais tempo.Acompanhando Marcelo por sete anos como sua secretária, Esther já tinha visitado lugares assim m
Um grito rouco e furioso cortou o silêncio, vindo na direção deles:— Mas que droga! De onde saiu esse mauricinho que pensa que pode bancar o herói e estragar minha diversão? Vou acabar com você, seu miserável!A voz do homem se tornava mais ameaçadora a cada segundo, aproximando-se rapidamente. O sujeito avançava com uma determinação selvagem, sua agressividade era evidente em cada passo. No entanto, Marcelo, sem demonstrar o menor sinal de preocupação, simplesmente levantou uma perna. E num movimento ágil, o homem foi lançado pelo ar, caindo pesadamente no chão.O som ecoou pelo corredor.Marcelo manteve Esther firmemente abraçada com um braço, enquanto, com o outro, pegou o telefone.— Hélio, traga alguns homens aqui e resolva essa situação na entrada da suíte. Diga a Isaac para vir ao quarto com o kit de primeiros socorros.Com essas palavras diretas, ele encerrou a ligação e, sem perder tempo, conduziu Esther para dentro da suíte, protegendo-a como se fosse um tesouro valioso.Lá
— Obrigada. — Esther murmurou, deixando de lado qualquer outro pensamento. No fim das contas, Marcelo a havia ajudado, e isso era um fato incontestável.Marcelo, no entanto, estava longe de se acalmar. A bebida não havia aplacado sua raiva, e as palavras provocativas do homem que ele havia acabado de confrontar só serviram como combustível para seu fogo. Agora, ouvir Esther agradecendo a ele? Aquilo soou quase como um insulto.Com um movimento frio e calculado, seus lábios se curvaram num sorriso gélido.— Entre nós, não há necessidade de agradecer. Não é assim que se paga uma dívida.Esther sentiu um aperto na garganta. As palavras de Marcelo eram um lembrete claro: ele estava apenas saldando uma dívida com ela.“Ótimo. Assim, ninguém deve nada a ninguém.”, pensou Esther.Ela mordeu os lábios, e após um breve silêncio, finalmente perguntou:— Vamos para casa agora?— Espere um pouco. — Marcelo respondeu sem muita emoção.— Certo. — Esther acatou, sem questionar.Marcelo colocou o gelo