— Obrigada. — Esther murmurou, deixando de lado qualquer outro pensamento. No fim das contas, Marcelo a havia ajudado, e isso era um fato incontestável.Marcelo, no entanto, estava longe de se acalmar. A bebida não havia aplacado sua raiva, e as palavras provocativas do homem que ele havia acabado de confrontar só serviram como combustível para seu fogo. Agora, ouvir Esther agradecendo a ele? Aquilo soou quase como um insulto.Com um movimento frio e calculado, seus lábios se curvaram num sorriso gélido.— Entre nós, não há necessidade de agradecer. Não é assim que se paga uma dívida.Esther sentiu um aperto na garganta. As palavras de Marcelo eram um lembrete claro: ele estava apenas saldando uma dívida com ela.“Ótimo. Assim, ninguém deve nada a ninguém.”, pensou Esther.Ela mordeu os lábios, e após um breve silêncio, finalmente perguntou:— Vamos para casa agora?— Espere um pouco. — Marcelo respondeu sem muita emoção.— Certo. — Esther acatou, sem questionar.Marcelo colocou o gelo
Esther estava no banheiro, lavando o rosto repetidamente, como se quisesse apagar algo mais profundo do que simples impurezas na pele. Ela usava uma quantidade generosa de sabonete facial, ensaboava vigorosamente, mas parecia que nada era suficiente. Experimentou até sabão para as mãos e um pouco de sabonete líquido. O perfume suave de gardênia começava a se espalhar pelo ambiente, preenchendo o ar com aquela fragrância que ela tanto gostava, uma essência que costumava acalmá-la.Mas Esther sabia bem o que estava tentando fazer: estava tentando sufocar o cheiro que vinha de Marcelo.Qual era o cheiro que ela tanto queria apagar? Uma combinação de tabaco penetrante, álcool forte e, acima de tudo, o odor metálico e nauseante de sangue. Era o cheiro daquele homem com quem ele tinha lidado brutalmente, e que agora parecia assombrá-la.Esther parou por um momento, seu olhar se fixando no espelho, seus pensamentos viajando. Mas ela rapidamente se recuperou e respondeu a Marcelo, que estava
As palavras de Thiago eram claras e serenas, mas Esther sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés. Dois meses e meio? Nesse tempo, ela já estaria com quatro meses de gravidez, e a barriga já estaria visivelmente arredondada. Se chegasse a esse ponto, Marcelo jamais a deixaria partir.No entanto, Esther logo percebeu algo e não pôde evitar que um sorriso frio surgisse em seus lábios.— Então, eu deveria chamar você de amigo do Marcelo? — Disse ela, sua voz cheia de desprezo.Thiago estreitou os olhos por um breve momento, mas logo abriu um sorriso.— Você tem uma percepção apurada.Embora Thiago mantivesse uma aparência despreocupada, internamente, ele sentia um profundo respeito por Esther. Ela havia descoberto sua ligação com Marcelo com uma facilidade impressionante. Não era algo que qualquer um conseguiria perceber tão rapidamente.— Já que você não vai cuidar do meu divórcio, então, adeus. — Disse Esther, antes de se virar e sair do escritório.Assim que ela saiu, Thiago pe
Luiza caminhou em direção a Esther, com um sorriso que suavizava sua expressão. A diferença em sua atitude desde o dia anterior era notável. Se antes havia uma tensão evidente, agora Luiza parecia bem mais amigável.— Não se preocupe, Velma, venha aqui cumprimentar nosso parceiro de negócios. — Esther retribuiu o sorriso, mas com uma reserva calculada.Embora Luiza tivesse suavizado sua postura, Marcelo havia sido claro ao designar Velma para lidar com o Grupo Frota, e Esther sabia que, independentemente da mudança de atitude, Velma precisava ser apresentada.Internamente, Luiza sentia uma pontada de desagrado, mas sua expressão não traía nenhum desconforto. Ela manteve o semblante tranquilo enquanto observava a nova situação.— Srta. Esther, parece que você está orientando uma nova equipe? — Perguntou Luiza, com um tom casual, mas claramente insatisfeita.Primeiro foi Poliana, agora Velma. E Marcelo, até então, não deu as caras, o que deixava Luiza ainda mais irritada, embora ela soub
Esther não esperava que Luiza não conseguisse segurar a xícara com firmeza.— Srta. Luiza, você está enganada. Não tenho nenhum rancor contra você. Foi você quem não segurou direito a xícara. — A voz de Esther era calma, mas havia uma leveza afiada em suas palavras.Ela sustentou o olhar de Luiza, cujos olhos escuros agora mostravam um brilho frio, refletindo a mesma frieza que Esther estava começando a sentir.— Eu não segurei direito? Está insinuando que eu, Luiza, não conseguiria segurar uma simples xícara de café? Sr. Marcelo, vim aqui com a melhor das intenções para discutir nossa parceria, e o que encontro? Sua secretária agindo com tal arrogância? — Luiza questionou, com um tom de indignação.O último comentário foi direcionado diretamente a Marcelo, que observava a cena de uma curta distância. Sua expressão, no entanto, era de indiferença com um toque de desprezo.— Será que precisamos verificar as câmeras de segurança para relembrar os fatos, Srta. Luiza? — A voz de Marcelo er
Luiza sentiu o rosto enrijecer, sua expressão se tornando tensa.— Sr. Marcelo, eu e Srta. Esther tivemos um pequeno desentendimento anteriormente, e agora, depois deste incidente, acredito que, de dez pessoas, pelo menos sete achariam que ela fez isso de propósito. — Ela fez uma pausa, observando a reação de Marcelo, antes de continuar com um tom de frustração. — Além disso, você realmente não se lembra de quem eu sou?Quanto mais falava, mais difícil era para Luiza controlar suas emoções, sua voz revelando um misto de incredulidade e mágoa. Marcelo, no entanto, manteve a mesma frieza, seus olhos mostrando um brilho cortante e implacável.— Não preciso que você me diga que tipo de pessoa minha secretária é. Mesmo que fosse verdade, e daí?A resposta de Marcelo foi curta e incisiva, cortando qualquer tentativa de argumentação de Luiza. Ele não se importava com suas insinuações, deixando claro que, para ele, não havia qualquer importância na suposta acusação. Seu olhar era distante, sem
Agora, tendo que ceder dois por cento, Luiza sentia um gosto amargo de prejuízo, especialmente porque estava lidando com tudo isso sob uma nuvem de humilhação. Marcelo, com sua frieza calculada, sabia como atingir o coração das pessoas, matando com palavras afiadas.Mesmo assim, ela sabia que não tinha escolha. Com um sorriso forçado nos lábios, ela respondeu:— Sr. Marcelo, precisamos pensar a longo prazo. Ceder esses dois por cento significa que eu vou ganhar um pouco menos, mas em contrapartida, poderei manter você, um cliente tão importante, satisfeito. Meu limite é esse, dois por cento. Não posso ceder mais.— Está bem. — Marcelo aceitou prontamente, como se não estivesse tirando dela algo de grande valor. Contudo, Luiza sentiu uma onda de rancor se formando em seu coração. Ela precisava manter a fachada, mas já planejava sua vingança.— Sr. Marcelo, já que chegamos a um acordo, gostaria de convidar você para um jantar amanhã à noite na Vila Folha Vermelha. Espero que possa compa
— Podemos antecipar a viagem para a França? — Perguntou Esther, olhando para Marcelo com uma expressão calma, mas seus olhos revelavam uma súplica silenciosa.Marcelo não respondeu de imediato. Seus olhos negros se estreitaram, assumindo um brilho perigoso enquanto a fumaça do cigarro subia em espirais suaves ao seu redor. Ele estava confuso. Era estranho vê-la fazer esse pedido, especialmente considerando a proximidade que ela tinha com Luiz. E agora, ali estava Esther, querendo adiantar a viagem.— Se quiser cancelar, cancele. Sr. Marcelo, tem mais alguma coisa? — Esther cortou o silêncio com frieza, ao perceber que Marcelo não dava uma resposta a ela. Ela não estava disposta a implorar.Marcelo afastou os pensamentos que rondavam sua mente e respondeu com um tom desinteressado:— Faça uma xícara de café para mim.— Certo.Em menos de dois minutos, Esther retornou com uma bandeja contendo uma jarra de café recém-preparado e uma xícara de porcelana. Ela sabia que o gosto de Marcelo er