— Tem certeza de que está me dando uma chance? — Esther soltou uma risada fria, olhando para Bernardo com os olhos congelantes.Bernardo não respondeu, apenas abriu um sorriso. Ele puxou uma cadeira e se sentou bem à frente de Esther.— Você não dizia que precisava encontrar Luiz, Rita, e até mesmo Marcelo? Agora, veja só, nem o Marcelo parece importar mais pra você.O tom sarcástico na voz de Bernardo era impossível de ignorar.— O que eu decido sobre Marcelo não é da sua conta. — Esther apertou os lábios e encarou Bernardo com seriedade. — Você já investigou tudo sobre mim. Tudo o que queria saber, eu já contei. Você prometeu me deixar ir embora.Era claro que Esther queria sair daquele lugar horrível. Não aguentava mais ficar ali.Bernardo observava Esther em silêncio. Ele tinha poucas lembranças de sua mãe, e apenas pela aparência não conseguia dizer se Esther se parecia com ela. Não havia fotos que comprovassem algo, e o próprio pai de Bernardo usava uma máscara constantemente, es
Bernardo continuava em silêncio, mas com um sorriso enigmático no rosto.Esther sabia muito bem que aquilo não era uma contradição, e sim uma tentativa de testá-la. Bernardo não tirava os olhos dela, avaliando cada movimento, cada reação.Mesmo assim, ela permaneceu firme, sem demonstrar fraqueza.— Esther, você é inteligente. Deve ter percebido certas coisas. Só quero saber uma coisa. Você é ou não a Estrella? — Bernardo deixou o sorriso desaparecer, assumindo uma expressão séria.Ele não queria mais rodeios. Havia apenas uma única resposta que lhe interessava naquele momento. O resto, para ele, era irrelevante.O coração de Esther apertou no peito.Ela sabia que muitas coisas não faziam sentido, mas sem provas concretas, preferia evitar o assunto. Mesmo depois de terem feito um teste que dizia que ela não era a Estrella, Bernardo ainda insistia.Ela achou aquilo ridículo.— Então, você está dizendo que a única forma de reconhecer sua irmã é com base em uma pulseira? — Disse ela, com
Bernardo confiava em sua intuição, mas Esther, por outro lado, não dava a mínima. Para ela, aquilo só fazia sua cabeça latejar de nervoso. Depois de tanto esforço para se convencer de que não tinha nenhuma ligação com o Faraó, Bernardo vinha agora com mais essa conversa.Ela não queria saber de teste nenhum!— Eu não vou fazer! — Disse Esther, com firmeza e visível repulsa.Mas, frente a Vasco, ela não tinha como resistir.Com uma mão, Vasco a segurou firmemente, enquanto com a outra manuseava a seringa com rapidez. Ele extraía uma amostra de sangue de seu pescoço, sem dar espaço para discussões.Esther levou a mão ao pescoço, tentando conter a dor e encarou Bernardo com um olhar frio, carregado de desprezo.— Você é mesmo digno de ser chamado de filho do Faraó! — Disparou ela, com a voz cheia de raiva.Ele era igual ao pai, cruel e insensível, sempre impondo sua vontade, sem se importar com os desejos dos outros.Bernardo deu um leve sorriso irônico, movendo os lábios devagar:— Se vo
Estrella estava radiante de satisfação.Naquele momento, ela tinha certeza de que Esther estava cedendo. Sentia que conseguia ver o medo correndo pelas veias de Esther, bem no fundo de seu ser.Mas sua alegria durou pouco.De repente, uma mão firme surgiu e agarrou seu pulso com força, apertando sem piedade.Antes que pudesse reagir, foi empurrada para longe.Bernardo entrou na sala com passos largos e decididos. Ele se colocou na frente de Esther e lançou um olhar frio e cortante para Estrella.— O que você pensa que está fazendo? — Ele perguntou, com a voz grave e dura.— Bernardo, ela me atacou! — Respondeu Estrella, choramingando e com a voz carregada de um tom infantil. — Ela me desrespeita o tempo todo!Era impressionante como ela sabia fingir. Lágrimas ameaçavam cair de seus olhos, que logo ficaram vermelhos, enquanto sua voz soava cada vez mais trêmula.Bernardo, no entanto, apenas deixou escapar um sorriso irônico.— Sério? — Claro! — Insistiu Estrella, assentindo rapidamente
Esther soltou uma risada suave.— Eu sei. Você tem seus motivos. Não vou interferir. Mas peça para sua irmã não aparecer mais para me atrapalhar.— Certo.Bernardo podia muito bem ignorar, mas mesmo assim escolheu responder.Embora, em teoria, ela não tivesse razões para voltar ao campo de escravos, decidiu fazer um pedido:— Não tenho restrições, certo? Quero ir ao campo de escravos procurar uma pessoa.Bernardo olhou para ela e perguntou com calma:— Você ainda tem o cartão preto, não tem?O cartão, que lhe foi dado desde o início, nunca havia sido recolhido. Na prática, Esther podia ir onde quisesse sem restrições.Esther apertou os lábios por um instante antes de responder em voz baixa:— Então mande o Vasco comigo.Ela não queria correr riscos, ainda mais considerando o comportamento imprevisível e perigoso de Estrella. No estado atual, sua prioridade era preservar sua vida.— Tudo bem.Bernardo parecia disposto a atender qualquer pedido dela.No campo de escravos, Esther encontro
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse