Bernardo continuava em silêncio, mas com um sorriso enigmático no rosto.Esther sabia muito bem que aquilo não era uma contradição, e sim uma tentativa de testá-la. Bernardo não tirava os olhos dela, avaliando cada movimento, cada reação.Mesmo assim, ela permaneceu firme, sem demonstrar fraqueza.— Esther, você é inteligente. Deve ter percebido certas coisas. Só quero saber uma coisa. Você é ou não a Estrella? — Bernardo deixou o sorriso desaparecer, assumindo uma expressão séria.Ele não queria mais rodeios. Havia apenas uma única resposta que lhe interessava naquele momento. O resto, para ele, era irrelevante.O coração de Esther apertou no peito.Ela sabia que muitas coisas não faziam sentido, mas sem provas concretas, preferia evitar o assunto. Mesmo depois de terem feito um teste que dizia que ela não era a Estrella, Bernardo ainda insistia.Ela achou aquilo ridículo.— Então, você está dizendo que a única forma de reconhecer sua irmã é com base em uma pulseira? — Disse ela, com
Bernardo confiava em sua intuição, mas Esther, por outro lado, não dava a mínima. Para ela, aquilo só fazia sua cabeça latejar de nervoso. Depois de tanto esforço para se convencer de que não tinha nenhuma ligação com o Faraó, Bernardo vinha agora com mais essa conversa.Ela não queria saber de teste nenhum!— Eu não vou fazer! — Disse Esther, com firmeza e visível repulsa.Mas, frente a Vasco, ela não tinha como resistir.Com uma mão, Vasco a segurou firmemente, enquanto com a outra manuseava a seringa com rapidez. Ele extraía uma amostra de sangue de seu pescoço, sem dar espaço para discussões.Esther levou a mão ao pescoço, tentando conter a dor e encarou Bernardo com um olhar frio, carregado de desprezo.— Você é mesmo digno de ser chamado de filho do Faraó! — Disparou ela, com a voz cheia de raiva.Ele era igual ao pai, cruel e insensível, sempre impondo sua vontade, sem se importar com os desejos dos outros.Bernardo deu um leve sorriso irônico, movendo os lábios devagar:— Se vo
Estrella estava radiante de satisfação.Naquele momento, ela tinha certeza de que Esther estava cedendo. Sentia que conseguia ver o medo correndo pelas veias de Esther, bem no fundo de seu ser.Mas sua alegria durou pouco.De repente, uma mão firme surgiu e agarrou seu pulso com força, apertando sem piedade.Antes que pudesse reagir, foi empurrada para longe.Bernardo entrou na sala com passos largos e decididos. Ele se colocou na frente de Esther e lançou um olhar frio e cortante para Estrella.— O que você pensa que está fazendo? — Ele perguntou, com a voz grave e dura.— Bernardo, ela me atacou! — Respondeu Estrella, choramingando e com a voz carregada de um tom infantil. — Ela me desrespeita o tempo todo!Era impressionante como ela sabia fingir. Lágrimas ameaçavam cair de seus olhos, que logo ficaram vermelhos, enquanto sua voz soava cada vez mais trêmula.Bernardo, no entanto, apenas deixou escapar um sorriso irônico.— Sério? — Claro! — Insistiu Estrella, assentindo rapidamente
Esther soltou uma risada suave.— Eu sei. Você tem seus motivos. Não vou interferir. Mas peça para sua irmã não aparecer mais para me atrapalhar.— Certo.Bernardo podia muito bem ignorar, mas mesmo assim escolheu responder.Embora, em teoria, ela não tivesse razões para voltar ao campo de escravos, decidiu fazer um pedido:— Não tenho restrições, certo? Quero ir ao campo de escravos procurar uma pessoa.Bernardo olhou para ela e perguntou com calma:— Você ainda tem o cartão preto, não tem?O cartão, que lhe foi dado desde o início, nunca havia sido recolhido. Na prática, Esther podia ir onde quisesse sem restrições.Esther apertou os lábios por um instante antes de responder em voz baixa:— Então mande o Vasco comigo.Ela não queria correr riscos, ainda mais considerando o comportamento imprevisível e perigoso de Estrella. No estado atual, sua prioridade era preservar sua vida.— Tudo bem.Bernardo parecia disposto a atender qualquer pedido dela.No campo de escravos, Esther encontro
A jovem parou por um instante, mas depois de alguns segundos de hesitação, continuou andando.Esther foi rápida e se colocou à frente dela, bloqueando sua passagem.— Você passou tanto tempo sendo torturada aqui e não sente nada? Nenhuma vontade de reagir? — Perguntou Esther, segurando firmemente o pulso da garota.Sentir algo? Como não sentir?A garota abaixou os olhos. Claro que tinha sentimentos. Claro que tinha desejos. Mas de que adiantava? Ela era apenas uma escrava. Os soldados do Faraó eram implacáveis, fortes e bem armados. Mesmo que quisesse lutar, o que poderia fazer?Sem falar que ninguém ali era unido. Muitos já estavam tão acostumados com o sofrimento que nem sabiam mais o que era resistir.— Só quero sobreviver. — Murmurou a garota, com um sorriso amargo. — E se não puder sobreviver, que pelo menos eu tenha uma morte rápida.Ela parecia tão jovem, mas aquele sorriso... A tristeza e o vazio nos olhos dela davam a impressão de alguém que já tinha visto décadas de sofriment
Gustavo fez um sinal com a mão, e um de seus homens atirou uma cobra naja dentro do recipiente.A cobra deslizou rapidamente pela água espessa, até que se enrolou no pescoço de Geraldo. Sem hesitar, cravou suas presas na carne exposta.Geraldo não emitiu som algum, apenas franziu o cenho, demonstrando uma leve reação.Ele já havia suportado coisas muito piores. As torturas do passado o tornaram imune a esse tipo de dor. Além disso, Gustavo o mantinha vivo por um motivo. Ele tinha algum valor. Se assim não fosse, já estaria morto.Um sorriso sarcástico surgiu no rosto de Geraldo.— Melhor acabar logo comigo ou me deixar em um estado onde eu não consiga reagir. — Sua voz era firme, mas seus olhos deixavam clara a ameaça, enquanto tivesse forças, revidaria.Gustavo riu com desprezo, se aproximando do recipiente.— Você acha mesmo que eu daria essa chance, Geraldo? Aliás, o que será que o Faraó faria ao ver sua criação mais preciosa voltando? — Perguntou ele, com sua voz carregada de ironi
— Esther já está aqui. — Estrella respirou fundo, apertando as mãos para conter a tensão. Não tinha escolha a não ser ir direto ao ponto.Esther viva era um problema. Quanto mais tempo ficasse em Iurani, mais perigoso isso se tornaria.Gustavo lançou um olhar frio para Estrella, cortando a conversa.— Essa questão está sob controle. Não preciso que você me lembre disso a cada minuto. Agora volte e faça o que te mandei.— Sim. — Estrella abaixou a cabeça, engolindo as palavras que gostaria de dizer. Não tinha outra opção além de obedecer....Enquanto isso, do outro lado.Marcelo estava ocupado, concentrado em elaborar um plano detalhado. Ele sabia que não poderia atacar usando seu próprio nome, apesar de ter conseguido se infiltrar uma vez. Não podia deixar Esther sozinha dentro de Iurani.Ele também tentou entrar em contato com Geraldo, mas não obteve resposta. A situação era no mínimo estranha.Ao ligar para o celular de Geraldo, tudo o que ouviu foi a voz mecânica da gravação: [O nú
— Por causa dessa Esther, você está disposto a se rebelar contra mim? — Perguntou o Faraó, com uma voz cheia de frieza.— Não me meto nos seus assuntos, e você não precisa interferir nos meus. Se está tão preocupado em me dar lições, por que não vai atrás dos seus aliados mais fiéis? — Bernardo respondeu com firmeza.A provocação era clara. Gustavo e Emanuel eram homens de confiança do Faraó, mas até eles tinham suas próprias ambições.Quando Bernardo se virou para sair, o Faraó o interrompeu com um tom ameaçador:— Você sabia que Marcelo está te procurando? Ele está fazendo isso em nome do País B.Bernardo parou no mesmo instante.Ele já sabia que Marcelo estava tentando encontrá-lo, mas não esperava que ele fosse tão longe por causa de Esther.O Faraó observou o silêncio de Bernardo e continuou:— Não quero entrar em guerra com o País B.Uma guerra com uma potência como País B seria suicídio. Aquela nação não era mais a mesma de cem anos atrás. Sua força militar e influência eram rec