Esther soltou uma risada suave.— Eu sei. Você tem seus motivos. Não vou interferir. Mas peça para sua irmã não aparecer mais para me atrapalhar.— Certo.Bernardo podia muito bem ignorar, mas mesmo assim escolheu responder.Embora, em teoria, ela não tivesse razões para voltar ao campo de escravos, decidiu fazer um pedido:— Não tenho restrições, certo? Quero ir ao campo de escravos procurar uma pessoa.Bernardo olhou para ela e perguntou com calma:— Você ainda tem o cartão preto, não tem?O cartão, que lhe foi dado desde o início, nunca havia sido recolhido. Na prática, Esther podia ir onde quisesse sem restrições.Esther apertou os lábios por um instante antes de responder em voz baixa:— Então mande o Vasco comigo.Ela não queria correr riscos, ainda mais considerando o comportamento imprevisível e perigoso de Estrella. No estado atual, sua prioridade era preservar sua vida.— Tudo bem.Bernardo parecia disposto a atender qualquer pedido dela.No campo de escravos, Esther encontro
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse
- A Esther parece que não está muito bem hoje, ela não quis vir entregar os documentos, então só eu vim. - Sofia colocou sua mão queimada na frente dele. - Marcelo, você também não precisa culpar a Esther, acho que não foi de propósito, não atrasou nada, né.Os documentos da empresa acabaram indo parar nas mãos erradas, e esta foi a primeira vez que Esther fez algo assim.Marcelo estava com o semblante fechado, mas diante de Sofia ele conteve a raiva, apenas ajustou a gravata e falou num tom neutro: - Não tem problema. - Mudando de assunto, ele continuou. - Já que está aqui, que tal sentar um pouco?Ouvindo ele dizer isso, Sofia se sentiu um pouco animada. Pelo menos ele a aceitava, não a detestava.- Você não ia ter uma reunião? Não vou te atrapalhar?Marcelo então fez uma ligação: - A reunião foi adiada em meia hora.Sofia sorriu de canto, antes de vir, ela estava preocupada se ele guardava rancor por ela ter partido sem avisar, mas as coisas não pareciam tão ruins quanto imaginava
Esther parou de repente, não havia aquela harmonia de casal entre eles, mas sim uma distância mais como de um superior para uma subordinada. - Sr. Marcelo, tem mais alguma ordem? - Ela perguntou.Marcelo se virou para encarar o rosto distante de Esther, com um tom de comando em sua voz. - Se sente.Esther de repente não entendeu o que ele queria fazer.Marcelo se aproximou.Esther o observava se aproximando, e nesse momento, algo parecia diferente, fazendo ela sentir o ar rarefeito. Era puro ervosismo, com uma sensação estranha.Ela não se moveu, mas Marcelo tomou a iniciativa de segurar sua mão.Quando a palma quente dele tocou a dela, foi como se fosse queimada, queria puxar ela para longe, mas Marcelo segurou firmemente, não dando a ela a chance de se soltar, levando ela para o lado e perguntando com a testa franzida: - Você machucou sua mão, e não percebeu?Sua preocupação surpreendeu Esther. - Eu... Está tudo bem.- Sua mão está com bolhas. - Marcelo perguntou. - Por que não
Ela estava tonta, com estrelas nos olhos, ouvindo alguém ansioso dizer: - O que está acontecendo com vocês? Como foi possível esse erro! Esther, Esther...À medida que a voz se afastava, Esther desmaiou.Ao acordar novamente, Esther estava no hospital, olhando para o teto branco, ainda tonta, com uma dor de cabeça intensa.- Esther, você acordou! - Fernanda se levantou com os olhos vermelhos da cadeira, preocupada, perguntando sobre sua condição. - Você está se sentindo mal em algum lugar? Preciso chamar o médico.Esther olhou para ela, mesmo estando fraca, ainda se sentou instintivamente: - Estou bem, e como está a situação no canteiro de obras? Alguém mais se machucou?Fernanda disse: - Não se preocupe com o que está acontecendo no canteiro agora. Você teve uma concussão, me assustou muito, pensei que você não fosse acordar.Ela começou a chorar novamente. Fernanda era sua assistente que sempre a acompanhava e Esther cuidava muito dela.Ela era jovem e nunca tinha enfrentado uma
No hospital, por um tempo, ela saiu triste e machucada.- Esther! - Quando Diana Camargo encontrou Esther, viu que ela estava pálida e tinha um machucado na cabeça. Diana rapidamente a segurou. - Meu Deus! Aonde você se machucou assim?Esther não respondeu.- Nessa hora, você estava no trabalho, né? Foi acidente de trabalho, né? - Diana disse. - E o Marcelo?- Não sei. - Esther respondeu.Diana viu que ela não estava bem, não era só pelo machucado, e riu friamente: - Você trabalha duro para ele, machuca a cabeça desse jeito, e ele, seu marido, some. Esse marido aí é a mesma coisa que morrer.- Logo não vai ser mais.- O quê? Ele quer se divorciar de você? - Diana ficou surpresa e a expressão dela mudou.- Sou eu que quero me divorciar dele.Diana mudou de atitude: - Divorcie logo, então! - E também não esqueceu de avisar ela. - E se lembre de pegar metade dos bens, mulher esperta faz isso. Se não dá para ficar com o homem, fique com o dinheiro. Com grana no bolso, acha que não vai co