— O quê? — Lavínia ficou completamente atônita, sem conseguir processar o que havia acabado de ouvir.Enquanto Duarte se levantava rapidamente para sair, a porta da cafeteria foi aberta com força, e Gilberto, acompanhado por Esther, entrou com um grupo de seguranças e policiais. O rosto de Lavínia perdeu toda a cor, ficando pálido como cera.— Esther, você armou uma cilada para nos pegar? — Lavínia exclamou, a voz trêmula de choque e desespero.Esther, mantendo um sorriso frio nos lábios, respondeu com firmeza:— Não fui eu que armei uma cilada, Lavínia. Você mesma se traiu, deixando à mostra sua verdadeira natureza.Desde o começo, Esther suspeitava de Duarte e Poliana. Seu plano era atrair os culpados e expô-los, mas nem precisou elaborar muito. Assim que mencionou a prova para Gilberto, Lavínia, ansiosa por informações, foi a primeira a aparecer, confirmando suas suspeitas. Foi então que Esther percebeu que Lavínia estava envolvida. Deixou que ela se enredasse sozinha, sem precisar
— Sr. Marcelo. — Esther cumprimentou-o com um aceno de cabeça, mantendo a compostura.Marcelo não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele se aproximou dela, passo a passo, até parar bem à sua frente. A presença imponente dele exerceu uma forte pressão sobre Esther, e ela sentiu o peso do ar ao seu redor aumentar. O rosto de Marcelo estava tenso, as feições rígidas como se esculpidas em pedra.Esther, sem entender o que ele queria dizer, apenas manteve a cabeça erguida, esperando. Até que, finalmente, ele franziu as sobrancelhas e a questionou:— Esther, por que você fez isso? Por que me ajudou?Ele havia ouvido de Gilberto que toda a estratégia que o tirou rapidamente daquela situação embaraçosa e expôs as trapaças de Duarte e Lavínia tinha sido obra de Esther. E mesmo depois de ele ter dito para ela não se envolver, Esther agiu por conta própria, executando o plano com uma eficiência surpreendente. Isso só podia significar uma coisa: ela estava preocupada com ele, temendo que algo
Isaac, ao ouvir a resposta de Esther, percebeu imediatamente que tinha uma chance de algo acontecer.— Estamos na suíte 409 do Clube Mêlos. Vem logo, tá? Preciso ir embora porque estou de plantão hoje à noite.— Tudo bem.Mesmo que Isaac não tivesse mencionado o plantão, o fato de ter ligado para ela já tornava impossível para Esther ignorar a situação de Marcelo. Assim que ouviu o tom de ocupado na linha, indicando que Esther havia desligado, Isaac colocou o celular de volta no bolso de Marcelo. Com um olhar significativo para Hélio e Thiago, os três deixaram o local discretamente.No entanto, assim que eles saíram, Marcelo abriu os olhos. Suas pupilas negras, profundas e insondáveis, não mostravam nenhum sinal de embriaguez....Esther chegou ao Clube Mêlos uma hora depois. Do Grupo Mendes até o clube, ela pegou um táxi, mas o trânsito estava terrível, o que a fez perder ainda mais tempo.Acompanhando Marcelo por sete anos como sua secretária, Esther já tinha visitado lugares assim m
Um grito rouco e furioso cortou o silêncio, vindo na direção deles:— Mas que droga! De onde saiu esse mauricinho que pensa que pode bancar o herói e estragar minha diversão? Vou acabar com você, seu miserável!A voz do homem se tornava mais ameaçadora a cada segundo, aproximando-se rapidamente. O sujeito avançava com uma determinação selvagem, sua agressividade era evidente em cada passo. No entanto, Marcelo, sem demonstrar o menor sinal de preocupação, simplesmente levantou uma perna. E num movimento ágil, o homem foi lançado pelo ar, caindo pesadamente no chão.O som ecoou pelo corredor.Marcelo manteve Esther firmemente abraçada com um braço, enquanto, com o outro, pegou o telefone.— Hélio, traga alguns homens aqui e resolva essa situação na entrada da suíte. Diga a Isaac para vir ao quarto com o kit de primeiros socorros.Com essas palavras diretas, ele encerrou a ligação e, sem perder tempo, conduziu Esther para dentro da suíte, protegendo-a como se fosse um tesouro valioso.Lá
— Obrigada. — Esther murmurou, deixando de lado qualquer outro pensamento. No fim das contas, Marcelo a havia ajudado, e isso era um fato incontestável.Marcelo, no entanto, estava longe de se acalmar. A bebida não havia aplacado sua raiva, e as palavras provocativas do homem que ele havia acabado de confrontar só serviram como combustível para seu fogo. Agora, ouvir Esther agradecendo a ele? Aquilo soou quase como um insulto.Com um movimento frio e calculado, seus lábios se curvaram num sorriso gélido.— Entre nós, não há necessidade de agradecer. Não é assim que se paga uma dívida.Esther sentiu um aperto na garganta. As palavras de Marcelo eram um lembrete claro: ele estava apenas saldando uma dívida com ela.“Ótimo. Assim, ninguém deve nada a ninguém.”, pensou Esther.Ela mordeu os lábios, e após um breve silêncio, finalmente perguntou:— Vamos para casa agora?— Espere um pouco. — Marcelo respondeu sem muita emoção.— Certo. — Esther acatou, sem questionar.Marcelo colocou o gelo
Esther estava no banheiro, lavando o rosto repetidamente, como se quisesse apagar algo mais profundo do que simples impurezas na pele. Ela usava uma quantidade generosa de sabonete facial, ensaboava vigorosamente, mas parecia que nada era suficiente. Experimentou até sabão para as mãos e um pouco de sabonete líquido. O perfume suave de gardênia começava a se espalhar pelo ambiente, preenchendo o ar com aquela fragrância que ela tanto gostava, uma essência que costumava acalmá-la.Mas Esther sabia bem o que estava tentando fazer: estava tentando sufocar o cheiro que vinha de Marcelo.Qual era o cheiro que ela tanto queria apagar? Uma combinação de tabaco penetrante, álcool forte e, acima de tudo, o odor metálico e nauseante de sangue. Era o cheiro daquele homem com quem ele tinha lidado brutalmente, e que agora parecia assombrá-la.Esther parou por um momento, seu olhar se fixando no espelho, seus pensamentos viajando. Mas ela rapidamente se recuperou e respondeu a Marcelo, que estava
As palavras de Thiago eram claras e serenas, mas Esther sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés. Dois meses e meio? Nesse tempo, ela já estaria com quatro meses de gravidez, e a barriga já estaria visivelmente arredondada. Se chegasse a esse ponto, Marcelo jamais a deixaria partir.No entanto, Esther logo percebeu algo e não pôde evitar que um sorriso frio surgisse em seus lábios.— Então, eu deveria chamar você de amigo do Marcelo? — Disse ela, sua voz cheia de desprezo.Thiago estreitou os olhos por um breve momento, mas logo abriu um sorriso.— Você tem uma percepção apurada.Embora Thiago mantivesse uma aparência despreocupada, internamente, ele sentia um profundo respeito por Esther. Ela havia descoberto sua ligação com Marcelo com uma facilidade impressionante. Não era algo que qualquer um conseguiria perceber tão rapidamente.— Já que você não vai cuidar do meu divórcio, então, adeus. — Disse Esther, antes de se virar e sair do escritório.Assim que ela saiu, Thiago pe
Luiza caminhou em direção a Esther, com um sorriso que suavizava sua expressão. A diferença em sua atitude desde o dia anterior era notável. Se antes havia uma tensão evidente, agora Luiza parecia bem mais amigável.— Não se preocupe, Velma, venha aqui cumprimentar nosso parceiro de negócios. — Esther retribuiu o sorriso, mas com uma reserva calculada.Embora Luiza tivesse suavizado sua postura, Marcelo havia sido claro ao designar Velma para lidar com o Grupo Frota, e Esther sabia que, independentemente da mudança de atitude, Velma precisava ser apresentada.Internamente, Luiza sentia uma pontada de desagrado, mas sua expressão não traía nenhum desconforto. Ela manteve o semblante tranquilo enquanto observava a nova situação.— Srta. Esther, parece que você está orientando uma nova equipe? — Perguntou Luiza, com um tom casual, mas claramente insatisfeita.Primeiro foi Poliana, agora Velma. E Marcelo, até então, não deu as caras, o que deixava Luiza ainda mais irritada, embora ela soub