O assassino de Caio estava morto. Agora, não havia mais necessidade de continuar investigando ou buscando provas. Finalmente, tudo estava acabado. — Srta. Sofia, terminamos de registrar seu depoimento. Vá cuidar desse ferimento. — Aconselhou o policial, com um olhar de simpatia, notando a palidez de Sofia e o tremor leve de suas mãos.— Sofia, você é boa demais, sério. Está ferida e ainda insistiu em vir à delegacia antes de ir ao hospital. — Iara acrescentou rapidamente, com um tom carinho.Sofia, com os olhos avermelhados e o rosto pálido, apenas suspirou.— Não fale mais disso. Já terminei aqui. Vamos ao hospital. — Disse ela, a voz fraca e ligeiramente trêmula. Iara ajudou Sofia a caminhar, segurando-a firmemente pelo braço. Ela estava visivelmente exausta, cada passo parecia mais difícil que o anterior, mas se mantinha firme.No caminho, elas cruzaram com Esther, que vinha na direção oposta. O olhar de Esther imediatamente se fixou nas mãos feridas de Sofia e nas manchas de sang
— Gilberto, leve ela imediatamente ao hospital! — Ordenou Marcelo, sua voz firme e autoritária, sem espaço para questionamentos.— Sim, Sr. Marcelo. — Respondeu Gilberto prontamente, já se aproximando de Sofia para ajudá-la. Sofia, no entanto, manteve o olhar fixo em Marcelo, a esperança cintilando em seus olhos marejados. — Você não vai comigo? — Perguntou ela, a voz cheia de expectativa e uma pitada de vulnerabilidade.— Ainda tenho algumas coisas para resolver aqui. Assim que terminar, vou te ver. — Marcelo respondeu, apesar da leve hesitação.Ao ouvir isso, Sofia sentiu um alívio sutil percorrer seu corpo. — Tudo bem, então vou esperar por você no hospital. — Disse ela, enquanto um leve sorriso brotava em seus lábios, escondendo a dor que latejava em suas mãos feridas.Antes de sair, Sofia lançou um último olhar para Esther. Foi um olhar cheio de significado, uma mistura de desafio e triunfo.Esther, por sua vez, manteve o silêncio. Ela sabia que, desde sempre, Marcelo se importa
— Se você já resolveu a questão do seu tio, é melhor não deixar o trabalho acumular. — A voz de Marcelo soou firme, sem espaço para contestação.Esther, ainda absorvendo o peso de tudo o que havia acontecido, sentiu um aperto no peito. Como se não bastasse a montanha-russa de emoções, a realidade prática do trabalho batia à porta. Ela sabia que, por mais que sua vida estivesse desmoronando em tantas frentes, o trabalho era algo que precisava continuar. E, por mais difícil que fosse admitir, ela não poderia se dar ao luxo de perder aquele salário, principalmente agora, com tantas incertezas no horizonte.Depois de uma breve hesitação, onde a ideia de largar tudo e ir embora passou pela sua cabeça, ela optou pelo que sabia fazer de melhor. Seguir em frente, pelo menos por mais um tempo.— Sim, Sr. Marcelo. — Respondeu ela, com uma formalidade que soava quase fria, uma tentativa desesperada de criar uma distância entre eles.Marcelo pareceu satisfeito com a resposta, seu olhar breve, mas
Marcelo franziu a testa, a expressão severa enquanto uma sombra de desconfiança passava por seus olhos.— Disseram que a situação durou mais de dez minutos. Dez minutos e ninguém apareceu? E no fim, aquela mulher caiu sozinha? — Ele perguntou, a voz baixa e fria como uma lâmina afiada.— No quarto, só estavam Sofia e Nicole. Achei que era apenas uma conversa, nada demais. Não pensei tanto sobre isso. Quanto aos seguranças, Sofia dispensou ele naquele dia. — Iara quase sussurrou, evitando o olhar de Marcelo, sentindo-se minúscula sob o peso da sua desaprovação. Ela era assistente de Sofia, mas no momento crucial, sua atuação foi praticamente nula.Marcelo não parecia satisfeito com a resposta, sua frustração evidente em cada linha de sua postura tensa. — Quem chamou a polícia? — Ele estreitou os olhos, continuando o interrogatório. — Eles chegaram rápido demais.A rapidez da resposta policial não fazia sentido, e isso não passava despercebido por Marcelo. Parecia que o alerta havia sid
— A Esther só está tentando proteger a Sofia. Todos nós sabemos que quando a Sofia está no meio de uma situação como essa, tudo fica mais complicado. Já tem um monte de comentários na internet, e muita gente vai questionar o que aconteceu. Se não agirmos rápido, as críticas só vão aumentar, e aí... Bom, você sabe como é... Precisamos entender a situação a fundo! — Marcelo respondeu de maneira fria e controlada.Sofia, sendo uma figura pública, ser sequestrada e ferida era muito mais sério do que se fosse uma pessoa comum. Mesmo no caso de alguém comum, a mídia não deixaria passar despercebido. Agora, com a Sofia no centro, a situação se transformava em um escândalo de grandes proporções.Sofia sabia que o caso se tornaria manchete, sabia que todos os olhos estariam voltados para ela. Mas, por mais que fosse doloroso, ela não podia permitir que aquilo acontecesse: aquela mulher daria à luz o filho de Marcelo se ela não agisse. E isso era algo que ela jamais poderia aceitar.Nenhuma outr
Pelo menos na visão de Gilberto, Marcelo e Sofia eram completamente inocentes. Apesar dos boatos que circulavam, dizendo que havia algo entre eles, ele não acreditava. Talvez houvesse coisas que ele não sabia, mas amor? Isso ele tinha certeza que não estava envolvido.— Gilberto, por que tá me dizendo isso agora? — Esther deu um sorriso leve, tentando manter o tom de voz casual. — Você sabe como as coisas são. Você estava lá naquele dia. Eu e Marcelo, cedo ou tarde, vamos nos divorciar.Gilberto, notando a melancolia em seu olhar, coçou a cabeça, um pouco desconcertado. Ele sabia que, embora Marcelo tivesse criado a empresa de entretenimento por causa de Sofia, isso não significava que o casamento deles fosse assim tão frágil.— Posso te perguntar uma coisa pessoal? Espero que não se importe. — Começou Gilberto, hesitante, enquanto os olhos dele examinavam as feições de Esther em busca de uma pista sobre o que ela realmente sentia. — Você quer mesmo se divorciar do Sr. Marcelo?Esther
A decisão dela ainda surpreendeu um pouco Gilberto. Ele ficou parado por alguns instantes, os olhos fixos em Esther, tentando processar tudo o que havia acabado de ouvir. Esther vinha trabalhando no Grupo Mendes há anos, crescendo sob os olhos dele, passo a passo. Era como se ele estivesse vendo uma parte importante de sua própria trajetória se despedir. Depois de tantos anos trabalhando juntos, vê-la partir assim, de repente, deixava um certo vazio. Mas ele sabia que, no fim, essa era uma escolha pessoal dela, algo que ele deveria respeitar.Ainda assim, com uma expressão de preocupação, ele não conseguiu segurar a pergunta que escapou de seus lábios. — Você tem certeza da sua decisão? — As palavras saíram quase em um sussurro, como se ele estivesse tentando persuadi-la a reconsiderar, mesmo sabendo que isso era inútil.— Sim, estou certa. — Respondeu Esther com firmeza. Ela olhou para o céu, onde algumas aves faziam círculos no ar, como se estivessem explorando sua liberdade. Os olh
Parecia que ele estava implicando com ela, mas não era nada grave. Talvez fosse só impressão, uma daquelas que aparecem quando a gente já está acostumado a esperar o pior. Esther suspirou, tentando afastar esses pensamentos enquanto entrava no carro logo em seguida, sentindo o clima pesado que parecia envolvê-los como uma nuvem carregada de tempestade. O veículo começou a se mover lentamente, e ela olhou pela janela, tentando ignorar o silêncio quase opressivo que dominava o ambiente.Marcelo segurava o tablet com uma expressão séria, os olhos fixos na tela, mas não havia qualquer emoção visível em seu rosto. Ele deslizava os dedos longos pela tela de forma mecânica, como se estivesse fazendo isso apenas para evitar qualquer interação entre eles. Sem sequer olhar para ela, disse com uma voz indiferente, que parecia mais fria do que o ar-condicionado do carro: — Já está ficando tarde. Vou te levar para casa.Esther sabia que ele estava certo. Já era noite quando saíram do hospital, e