MayaSe havia algo que odiava e que me dava vontade castigá-la dolorosamente, era quando alguma coisa acontecia a Maya e eu era o último a saber. Não entendia por que me esconder um acontecimento grave, sabendo que, no fim, quem poderia ajudá-la seria apenas eu. Mas eu não conseguia ser um dominante severo com ela. Não entendia o que me acontecia, apenas não conseguia. Acho que o problema era que a amava demais, até mais do que eu mesmo. O amor sempre atrapalha a dominância de um homem. Não que isso seja uma reclamação, mas é por esse motivo que muitos dominadores e mestres não se deixam envolver demais ou têm contratos que estipulam o tempo que a relação irá durar.Passei o polegar por seus lábios e os contemplei em silêncio. Arrastei a ponta do chicote suavemente por seu corpo assistindo a sua pele se arrepiar. Maya fechou os olhos e respirou fundo soltando o ar vagarosamente pela boca entreaberta. Afastei-me e sentei no sofá depois de me servir de mais uma dose de uísque.— Vem até
MayaNa manhã seguinte, voltamos para casa. O clima de romance entre nós dois ainda estava forte. Victor abriu a porta da entrada e deu-me passagem vindo logo depois de mim. Vovó apareceu no hall com um sorrisinho enigmático e nos desejou um bom-dia.— Vocês perderam o café da manhã.— Desculpe, vovó. Acordamos um pouco tarde.— Pensei até que tivesse ido direto para a faculdade.— Eu não vou hoje.— Tem faltado bastante nesta semana, não acha? — Olhou-me com uma das sobrancelhas arqueadas e um olhar repreensivo.— É que essa semana tem sido meio difícil.— Vou subir para tomar um banho. Você vem? — perguntou Victor.— Eu já vou.Ele pegou nossas malas e subiu.— Eu vi na internet... você e o professor. Quer conversar?— Meu pai viu?— Acho que não. Ao menos não comentou nada. Ele é desligado com essas coisas, você o conhece.— Onde ele está agora?— Saiu bem cedo. Disse que tinha coisas para fazer.— Não falou para onde ia?— Não.— Caleb já foi para a escola?— Saiu há dez minutos c
MayaSegui para a sala de estar e sentei em uma das poltronas.— Por favor, sentem-se.Eles se sentaram no sofá à minha frente e Elliot se instalou de pé ao meu lado.— Bem... Sabe nos dizer onde estava seu marido ontem à noite? — perguntou o detetive Garcia.— Claro. Comigo no hotel Gleen Palace.— A noite toda? — questionou o outro.— A noite toda.— O que faziam lá?— Acho que não preciso descrever o que eu e meu marido fizemos em um quarto de hotel — disse um tanto rude.— Desculpe. Mas preciso saber se estavam sozinhos.— Sim, estávamos.— A que horas deram entrada? — perguntou o detetive Washington.— Eu não sei ao certo. Acho que umas cinco da tarde.— A que horas deixaram o hotel?— Hoje de manhã, uma hora atrás.— Deixaram o hotel durante a noite em algum momento?— Não.— Nem seu marido sozinho? Entre as onze e meia-noite e meia?— Posso garantir que entre as onze e meia-noite e meia Victor estava comigo.— Certo — disse Garcia e respirou fundo. — Segundo um tabloide na inte
MayaNoberto o acompanhou e eu voltei para casa. Logo um dos seus advogados apareceu e seguimos a sós para o seu escritório.— E então... Onde está o meu marido?— Ainda em depoimento.— Meu Deus... Já faz mais de uma hora que o levaram. — Sentei-me no sofá à sua frente.— Preciso que seja sincera. Victor esteve a noite toda com você no hotel?— Ele esteve a noite toda comigo no hotel!— Ótimo! Mas eu não tenho boas notícias. O sistema de segurança do hotel está em manutenção. Por tanto, não temos imagens das câmeras de monitoramento que prove que estiveram lá a noite toda, apenas o registro de entrada e saída.— Como assim?— O hotel está substituindo o sistema antigo por um novo e refazendo instalações de algumas câmeras. Vocês deram muito azar.— Mas e as câmeras da universidade? Elas não gravaram o assassino deixando o local?— Alguém invadiu o sistema da universidade, acessou e desligou todas as câmeras temporariamente. Ninguém soube explicar o que aconteceu. Temos motivos para p
MayaEu tinha que pará-lo. De algum modo precisava fazer isso e sentia que somente eu poderia. Mas a questão era: como? Como parar o Higor, para que Victor e eu pudéssemos ter paz de verdade? Já havíamos nos livrado de tantas pedras, mas ainda havia aquela. Como eu pude ser ingênua de pensar que ele desistiria e desapareceria?— Agora é apenas questão de tempo. Logo todos estarão sabendo sobre a prisão do Victor — disse o advogado ao encerrar uma ligação.— Então é isso? Meu marido acaba de ser preso por algo que ele não fez?— Victor é um homem rico. A prisão de um homem como ele trará à polícia uma boa visibilidade de que estão fazendo justiça sem olhar a quem. E não vamos esquecer que os políticos também adoram isso.— Eu quero vê-lo.— É preciso esperar um pouco.— Um pouco quanto? — perguntei impaciente.— Se acalme, querida — pediu meu pai sentado ao meu lado.— Estou tentando, pai. Mas não dá! — Levantei-me. — Onde está Noberto?— Ainda na delegacia — respondeu Elliot.— Eu vou
MayaLentamente, afastei-me deles sem que percebessem minha presença e caminhei para os fundos. Saí pela garagem da polícia e chamei por um táxi rumo ao hospital. Se a denúncia era o que estava ferrando com tudo, talvez se ela fosse removida Victor seria solto. O carro parou em frente à entrada de emergência e desci ao pagar pela corrida. Sabia que estava desafiando uma ordem do Victor e que isso teria consequências mais tarde, além de que poderia dar tudo errado, mas eu precisava tentar.Entrei e recebi olhares de recriminação e espanto. Alguns deviam estar se perguntando o que eu fazia ali. Segui até o vestiário e peguei meu crachá no armário, que me daria acesso a alguns lugares no hospital. Saí à procura da Naomi e a encontrei saindo da maternidade. Ao me ver pelo vidro, desfez seu sorriso imediatamente. Uma ligeira tensão pesou sobre seus ombros. Sem eu precisar chamá-la, ela saiu de lá e veio até mim com um olhar superior e debochado.— Olha só quem apareceu. Como vai o marido p
MayaDescemos e fomos para a sala jantar, onde estava sendo servido o café da manhã. Todos sentados à mesa, comemos em silêncio. A campainha tocou e a empregada saiu para atender.— Senhora White. São os advogados.Levantei-me em um pulo e corri para a sala de estar.— E então? — perguntei ansiosa parando à frente deles.Um deles negou com a cabeça baixa.— O habeas corpus foi negado. Segundo o juiz há provas contundentes contra Victor — disse o outro.— Provas contundentes? Fala sério! O que eles têm, afinal? A porra de uma testemunha que o viu ameaçar Malone horas antes do assassinato? — exaltei-me.— Você precisa entender que Victor é o principal suspeito e até o momento não conseguimos provar sua inocência. Já fazem mais de vinte e quatro horas.— Meu Deus! — Sentei-me com as mãos na cabeça.— Vamos tentar novamente. Se tivermos novas informações, voltaremos — disse o outro e então saíram.— Filha... — chamou meu pai sentando-se ao meu lado.— Preciso ficar um pouco sozinha.Segui
Maya— Por que você ainda me esconde coisas, Maya?— É que... sempre tem uma desgraça acontecendo atrás da outra em nossas vidas, que acabei me esquecendo.— Quando eu sair daqui... — começou ameaçador.— Já sei! — interrompi-o. — Vai me punir, estou ciente.Ele respirou fundo e pesado.O policial entrou e pediu que eu me sentasse. Em seguida se sentou à cabeceira da mesa de ferro e tomou nota das características dos perseguidores.— Ótimo. Os detetives já estão fazendo a busca facial pelas câmeras da cidade. São mais de cinco mil, é basicamente impossível ele ter andado por aí sem ter sido capturado por alguma delas.— Vocês irão encontrá-lo. Porque é ele quem está fazendo isso. Esse homem é um lunático. Precisa ser apanhado, representa perigo para a sociedade.— Nós iremos. Eu acredito em você, Sra. White — falou baixo e levantou-se. — Mas... enquanto não apanharmos esse sociopata, o senhor ainda está sob custódia. Lamento, mas preciso levar o senhor de volta para a cela.— Certo. —