MayaNoberto o acompanhou e eu voltei para casa. Logo um dos seus advogados apareceu e seguimos a sós para o seu escritório.— E então... Onde está o meu marido?— Ainda em depoimento.— Meu Deus... Já faz mais de uma hora que o levaram. — Sentei-me no sofá à sua frente.— Preciso que seja sincera. Victor esteve a noite toda com você no hotel?— Ele esteve a noite toda comigo no hotel!— Ótimo! Mas eu não tenho boas notícias. O sistema de segurança do hotel está em manutenção. Por tanto, não temos imagens das câmeras de monitoramento que prove que estiveram lá a noite toda, apenas o registro de entrada e saída.— Como assim?— O hotel está substituindo o sistema antigo por um novo e refazendo instalações de algumas câmeras. Vocês deram muito azar.— Mas e as câmeras da universidade? Elas não gravaram o assassino deixando o local?— Alguém invadiu o sistema da universidade, acessou e desligou todas as câmeras temporariamente. Ninguém soube explicar o que aconteceu. Temos motivos para p
MayaEu tinha que pará-lo. De algum modo precisava fazer isso e sentia que somente eu poderia. Mas a questão era: como? Como parar o Higor, para que Victor e eu pudéssemos ter paz de verdade? Já havíamos nos livrado de tantas pedras, mas ainda havia aquela. Como eu pude ser ingênua de pensar que ele desistiria e desapareceria?— Agora é apenas questão de tempo. Logo todos estarão sabendo sobre a prisão do Victor — disse o advogado ao encerrar uma ligação.— Então é isso? Meu marido acaba de ser preso por algo que ele não fez?— Victor é um homem rico. A prisão de um homem como ele trará à polícia uma boa visibilidade de que estão fazendo justiça sem olhar a quem. E não vamos esquecer que os políticos também adoram isso.— Eu quero vê-lo.— É preciso esperar um pouco.— Um pouco quanto? — perguntei impaciente.— Se acalme, querida — pediu meu pai sentado ao meu lado.— Estou tentando, pai. Mas não dá! — Levantei-me. — Onde está Noberto?— Ainda na delegacia — respondeu Elliot.— Eu vou
MayaLentamente, afastei-me deles sem que percebessem minha presença e caminhei para os fundos. Saí pela garagem da polícia e chamei por um táxi rumo ao hospital. Se a denúncia era o que estava ferrando com tudo, talvez se ela fosse removida Victor seria solto. O carro parou em frente à entrada de emergência e desci ao pagar pela corrida. Sabia que estava desafiando uma ordem do Victor e que isso teria consequências mais tarde, além de que poderia dar tudo errado, mas eu precisava tentar.Entrei e recebi olhares de recriminação e espanto. Alguns deviam estar se perguntando o que eu fazia ali. Segui até o vestiário e peguei meu crachá no armário, que me daria acesso a alguns lugares no hospital. Saí à procura da Naomi e a encontrei saindo da maternidade. Ao me ver pelo vidro, desfez seu sorriso imediatamente. Uma ligeira tensão pesou sobre seus ombros. Sem eu precisar chamá-la, ela saiu de lá e veio até mim com um olhar superior e debochado.— Olha só quem apareceu. Como vai o marido p
MayaDescemos e fomos para a sala jantar, onde estava sendo servido o café da manhã. Todos sentados à mesa, comemos em silêncio. A campainha tocou e a empregada saiu para atender.— Senhora White. São os advogados.Levantei-me em um pulo e corri para a sala de estar.— E então? — perguntei ansiosa parando à frente deles.Um deles negou com a cabeça baixa.— O habeas corpus foi negado. Segundo o juiz há provas contundentes contra Victor — disse o outro.— Provas contundentes? Fala sério! O que eles têm, afinal? A porra de uma testemunha que o viu ameaçar Malone horas antes do assassinato? — exaltei-me.— Você precisa entender que Victor é o principal suspeito e até o momento não conseguimos provar sua inocência. Já fazem mais de vinte e quatro horas.— Meu Deus! — Sentei-me com as mãos na cabeça.— Vamos tentar novamente. Se tivermos novas informações, voltaremos — disse o outro e então saíram.— Filha... — chamou meu pai sentando-se ao meu lado.— Preciso ficar um pouco sozinha.Segui
Maya— Por que você ainda me esconde coisas, Maya?— É que... sempre tem uma desgraça acontecendo atrás da outra em nossas vidas, que acabei me esquecendo.— Quando eu sair daqui... — começou ameaçador.— Já sei! — interrompi-o. — Vai me punir, estou ciente.Ele respirou fundo e pesado.O policial entrou e pediu que eu me sentasse. Em seguida se sentou à cabeceira da mesa de ferro e tomou nota das características dos perseguidores.— Ótimo. Os detetives já estão fazendo a busca facial pelas câmeras da cidade. São mais de cinco mil, é basicamente impossível ele ter andado por aí sem ter sido capturado por alguma delas.— Vocês irão encontrá-lo. Porque é ele quem está fazendo isso. Esse homem é um lunático. Precisa ser apanhado, representa perigo para a sociedade.— Nós iremos. Eu acredito em você, Sra. White — falou baixo e levantou-se. — Mas... enquanto não apanharmos esse sociopata, o senhor ainda está sob custódia. Lamento, mas preciso levar o senhor de volta para a cela.— Certo. —
Maya— O que é isso? — perguntei a Marshall.— Tem um rastreador nesse colar. Assim, se ele a levar para algum lugar, vamos achar você.— Certo.— Vinte e quatro horas foram o suficiente para você entender como deve fazer tudo? Se precisar de mais tempo para se preparar, diga agora. Essa é uma chance única de pegarmos ele.— Estou pronta! — assegurei.— Ótimo. Gosto de mulheres decididas. Repasse comigo o que você vai fazer.— Vou até a delegacia. Espero que a polícia anuncie a falsa prisão preventiva do Victor e fujo pelos fundos. Pego um táxi e sigo até uma locadora de carros e dirijo até Tulsa com destino ao cemitério.— Isso mesmo. — Sorriu. — Já tenho agentes espalhados por toda parte. Temos atiradores no cemitério. Se ele tentar algo, será alvejado antes que chegue a um passo de você.— Okay.— Você vai se sair bem, tenho certeza.— E se ele não for atrás de mim? E se suspeitar de algo?— Ele não vai. Este homem é cego por você. Nas últimas vinte horas um mesmo carro passou em f
Maya Mais à frente, havia um carrinho de flores. Não poderia dirigir por quarenta minutos para ver o túmulo da minha mãe e não levar flores. Isso não seria convincente para quem me observava. Caminhei até o homem que atendia no carrinho e pedi a ele um buquê de girassóis. Ele o embalou e entregou após pagar. Com as flores na mão, segui para o carro parado em um estacionamento ao lado da loja. Depois de me acomodar e passar o cinto de segurança, dei partida e segui pela rua com destino a Tulsa. Após alguns minutos na estrada, o celular no suporte tocou e atendi a chamada através do viva-voz integrado ao som do carro.— Maya? Agente Marshall. Está tudo bem? Fui informada que você já está seguindo para Tulsa.— Sim, já estou a caminho. Não sei se estou bem, mas... irei dar conta do serviço. Confie em mim.— Confiar em você é tudo o que estou fazendo, Maya.Olhei pelo retrovisor de fora do carro e vi outro veículo se aproximar em alta velocidade e depois reduzir ficando alguns metros da m
MayaDirigi até o hotel e entreguei o carro para o manobrista. Entrei e segui até a recepção.— Bom dia. Você teria algum quarto disponível no quinto andar? — Entreguei-lhe minha carteira de motorista e meu cartão de crédito.— Deixe-me ver. — Digitou no computador. — Temos sim. Para uma ou duas pessoas?— Uma. Apenas eu.— Bagagem?— Não. Vou apenas encontrar um amigo.— Ah, okay. Entendi. — Sorriu e piscou para mim. — Aqui. Quarto cinco mil e doze. Boa estadia.— Obrigada.Peguei o cartão magnético, meus pertences e subi. As portas se abriram no quinto andar e eu caminhei até o quarto abrindo a porta e entrando rapidamente. Ao fechá-la, meu celular tocou dentro da bolsa e eu atendi.— Em qual quarto você está? — perguntou Marshall.— Cinco mil e doze.A ligação foi encerrada e uma batida forte soou na porta. Caminhei até ela e espiei pelo olho mágico quem batia. Era Marshall, seu parceiro e mais dois homens. Abri a porta e os dei passagem fechando-a em seguida.— Você foi bem, Maya.