MayaLentamente, afastei-me deles sem que percebessem minha presença e caminhei para os fundos. Saí pela garagem da polícia e chamei por um táxi rumo ao hospital. Se a denúncia era o que estava ferrando com tudo, talvez se ela fosse removida Victor seria solto. O carro parou em frente à entrada de emergência e desci ao pagar pela corrida. Sabia que estava desafiando uma ordem do Victor e que isso teria consequências mais tarde, além de que poderia dar tudo errado, mas eu precisava tentar.Entrei e recebi olhares de recriminação e espanto. Alguns deviam estar se perguntando o que eu fazia ali. Segui até o vestiário e peguei meu crachá no armário, que me daria acesso a alguns lugares no hospital. Saí à procura da Naomi e a encontrei saindo da maternidade. Ao me ver pelo vidro, desfez seu sorriso imediatamente. Uma ligeira tensão pesou sobre seus ombros. Sem eu precisar chamá-la, ela saiu de lá e veio até mim com um olhar superior e debochado.— Olha só quem apareceu. Como vai o marido p
MayaDescemos e fomos para a sala jantar, onde estava sendo servido o café da manhã. Todos sentados à mesa, comemos em silêncio. A campainha tocou e a empregada saiu para atender.— Senhora White. São os advogados.Levantei-me em um pulo e corri para a sala de estar.— E então? — perguntei ansiosa parando à frente deles.Um deles negou com a cabeça baixa.— O habeas corpus foi negado. Segundo o juiz há provas contundentes contra Victor — disse o outro.— Provas contundentes? Fala sério! O que eles têm, afinal? A porra de uma testemunha que o viu ameaçar Malone horas antes do assassinato? — exaltei-me.— Você precisa entender que Victor é o principal suspeito e até o momento não conseguimos provar sua inocência. Já fazem mais de vinte e quatro horas.— Meu Deus! — Sentei-me com as mãos na cabeça.— Vamos tentar novamente. Se tivermos novas informações, voltaremos — disse o outro e então saíram.— Filha... — chamou meu pai sentando-se ao meu lado.— Preciso ficar um pouco sozinha.Segui
Maya— Por que você ainda me esconde coisas, Maya?— É que... sempre tem uma desgraça acontecendo atrás da outra em nossas vidas, que acabei me esquecendo.— Quando eu sair daqui... — começou ameaçador.— Já sei! — interrompi-o. — Vai me punir, estou ciente.Ele respirou fundo e pesado.O policial entrou e pediu que eu me sentasse. Em seguida se sentou à cabeceira da mesa de ferro e tomou nota das características dos perseguidores.— Ótimo. Os detetives já estão fazendo a busca facial pelas câmeras da cidade. São mais de cinco mil, é basicamente impossível ele ter andado por aí sem ter sido capturado por alguma delas.— Vocês irão encontrá-lo. Porque é ele quem está fazendo isso. Esse homem é um lunático. Precisa ser apanhado, representa perigo para a sociedade.— Nós iremos. Eu acredito em você, Sra. White — falou baixo e levantou-se. — Mas... enquanto não apanharmos esse sociopata, o senhor ainda está sob custódia. Lamento, mas preciso levar o senhor de volta para a cela.— Certo. —
Maya— O que é isso? — perguntei a Marshall.— Tem um rastreador nesse colar. Assim, se ele a levar para algum lugar, vamos achar você.— Certo.— Vinte e quatro horas foram o suficiente para você entender como deve fazer tudo? Se precisar de mais tempo para se preparar, diga agora. Essa é uma chance única de pegarmos ele.— Estou pronta! — assegurei.— Ótimo. Gosto de mulheres decididas. Repasse comigo o que você vai fazer.— Vou até a delegacia. Espero que a polícia anuncie a falsa prisão preventiva do Victor e fujo pelos fundos. Pego um táxi e sigo até uma locadora de carros e dirijo até Tulsa com destino ao cemitério.— Isso mesmo. — Sorriu. — Já tenho agentes espalhados por toda parte. Temos atiradores no cemitério. Se ele tentar algo, será alvejado antes que chegue a um passo de você.— Okay.— Você vai se sair bem, tenho certeza.— E se ele não for atrás de mim? E se suspeitar de algo?— Ele não vai. Este homem é cego por você. Nas últimas vinte horas um mesmo carro passou em f
Maya Mais à frente, havia um carrinho de flores. Não poderia dirigir por quarenta minutos para ver o túmulo da minha mãe e não levar flores. Isso não seria convincente para quem me observava. Caminhei até o homem que atendia no carrinho e pedi a ele um buquê de girassóis. Ele o embalou e entregou após pagar. Com as flores na mão, segui para o carro parado em um estacionamento ao lado da loja. Depois de me acomodar e passar o cinto de segurança, dei partida e segui pela rua com destino a Tulsa. Após alguns minutos na estrada, o celular no suporte tocou e atendi a chamada através do viva-voz integrado ao som do carro.— Maya? Agente Marshall. Está tudo bem? Fui informada que você já está seguindo para Tulsa.— Sim, já estou a caminho. Não sei se estou bem, mas... irei dar conta do serviço. Confie em mim.— Confiar em você é tudo o que estou fazendo, Maya.Olhei pelo retrovisor de fora do carro e vi outro veículo se aproximar em alta velocidade e depois reduzir ficando alguns metros da m
MayaDirigi até o hotel e entreguei o carro para o manobrista. Entrei e segui até a recepção.— Bom dia. Você teria algum quarto disponível no quinto andar? — Entreguei-lhe minha carteira de motorista e meu cartão de crédito.— Deixe-me ver. — Digitou no computador. — Temos sim. Para uma ou duas pessoas?— Uma. Apenas eu.— Bagagem?— Não. Vou apenas encontrar um amigo.— Ah, okay. Entendi. — Sorriu e piscou para mim. — Aqui. Quarto cinco mil e doze. Boa estadia.— Obrigada.Peguei o cartão magnético, meus pertences e subi. As portas se abriram no quinto andar e eu caminhei até o quarto abrindo a porta e entrando rapidamente. Ao fechá-la, meu celular tocou dentro da bolsa e eu atendi.— Em qual quarto você está? — perguntou Marshall.— Cinco mil e doze.A ligação foi encerrada e uma batida forte soou na porta. Caminhei até ela e espiei pelo olho mágico quem batia. Era Marshall, seu parceiro e mais dois homens. Abri a porta e os dei passagem fechando-a em seguida.— Você foi bem, Maya.
MayaHigor estourou o champanhe e eu me assustei com o barulho. Higor serviu duas taças e entregou-me uma.— Beba! Custou três mil dólares a garrafa. Espero que goste.Levei a taça até minha boca e tomei um gole, com receio de que ele tivesse drogado a bebida.— Quer dançar? — Caminhou até o som e pegou o controle sobre ele, aumentando o volume da música. — Vem. — Pegou a taça da minha mão e a colocou sobre a mesa de centro junto a sua. — Vamos dançar. Adoro John Mayer. — Puxou-me pela cintura e colou-me ao seu corpo. — Acho que essa pode ser a nossa música. — Riu.Meus músculos do corpo inteiro doíam de tensão e nervoso.— Me abrace, Maya! — pediu rude.Levantei meus braços e passei-os por seu pescoço. Ele segurou minha nuca e forçou minha cabeça a se deitar em seu peito. Seus braços me apertaram forte. Um sentimento horrível se apossou em meu coração. Meus olhos se encheram de lágrimas e um desespero me encheu por dentro. Eu estava à beira de surtar, gritar e sair correndo colocando
MayaSaímos e entramos em seu carro. Ela dirigiu para o centro da cidade até um prédio próximo a subestação de metrô. Descemos e entramos. Ao chegarmos no terceiro andar, o corredor estava tomado por policiais e a porta do último apartamento, arrombada. Adentramos e tudo era completamente assustador. Havia fotos minhas por toda parte pregadas nas paredes. Fotos de mim na faculdade, no trabalho, em jantares com Victor...— Meu Deus! Isso parece um filme de terror.— Agente Marshall? — chamou um policial.— Sim.— Acho que irá querer ver isso. — Nos aproximamos e ele virou o laptop para nós, que estava sobre uma mesa de estudos. — É um vídeo. — Ele apertou um botão no teclado e o vídeo de sexo começou a passar.— É... a Naomi e Richard Malone? — perguntei.— Sim, e na sala dele no campus.— E não é só isso. Havia e-mails de Naomi para Richard, ameaçando-o a expor o vídeo que prejudicaria sua carreira, caso ele não causasse um flagrante entre ele e a Maya — informou o policial.— Então re