Capa: Tinker arte designer
Está é uma obra completamente fictícia. Nomes, personagem, lugares e acontecimentos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
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Há milhares de anos quando as estrelas se alinharam pela primeira vez em um raro evento visto pelo homem. Um mago observava na porta da sua tenda, montada nas brumas da floresta. Em suas mãos ele segurava o cálice sagrado: o elixir da vida eterna; o seu bem mais precioso.
Por muitos anos, ele vagou entre os reinos, enfrentando a fome, o frio e a fúria dos inimigos para conseguir tudo o que precisava para estar pronto quando o momento chegasse e, finalmente chegou.
Ele andou alguns metros e largou o objeto de prata no chão alinhando-o com a estrela mais brilhante. Elevou as mãos aos céus e um cântico soou dos seus lábios. Uma melodia estranha, um feitiço criado por Archon; o feiticeiro mais poderoso que alguma vez existiu.
Enquanto a sua voz era levada pelo vento, o mago podia sentir a magia vibrando dentro dele. O poder que emanava do feitiço com tamanha força que fez as árvores balançarem e as folhas voarem das suas copas, formando um redemoinho, prendendo-o dentro dele.
Ele continuou o seu canto até terminar as últimas estrofes do feitiço, naquele momento de pura magia, a estrela maior e mais cintilante caiu e o seu clarão iluminou tudo, até mesmo as aldeias vizinhas e os reinos mais distantes viram aquele brilho celestial cruzar o céu como um raio dourado.
O mago observou com um misto de medo e fascínio quando a rajada de luz caiu direto no cálice sagrado, então tudo parou. O vento, o som, os pássaros, nem mesmo um leve farfalhar se era ouvido, apenas as batidas do seu coração.
Depois de muitos anos finalmente ele conseguiu.
Ele ajoelhou-se na relva e segurou o cálice com extrema delicadeza. O líquido antes branco, agora estava vermelho escarlate como o sangue. Por um momento, pensou que algo tinha dado errado, mas, ao mesmo tempo, ele tinha certeza de que fez tudo certo. Seguiu todas as orientações que encontrou no livro perdido de Archon.
Era sua única chance, não poderia aceitar uma derrota.
O mago levou o cálice lentamente aos lábios e sorveu todo o seu conteúdo, bebendo cada gota do elixir que lhe daria a vida eterna.
Ele esperou sentir qualquer coisa, algo que indicasse que o feitiço tinha funcionado, mas não sentiu nada. Seu corpo continuava franzido, suas juntas e nervos doíam.
“Isso não pode ser possível” pensou ele com amargura. “Era para ficar jovem de novo” praguejou, arrastando-se de volta para a tenda, sentindo a decepção por todo seu tempo perdido. Talvez possuísse ainda mais uns anos se não tivesse desperdiçado tanto tempo em uma lenda maldita.
Desde muito cedo acreditou na lenda da juventude eterna, da magia do livro de Archon. Encontrou o diário do poderoso feiticeiro, enterrado nas profundezas escuras em uma cripta escondida na floresta sombria.
Ele conseguiu ultrapassar as barreiras de espinhos venenosos e árvores que pareciam tentar lhe prender com seus galhos. Foi o único que conseguiu enfrentar todos os perigos que protegiam a cripta de Archon. O cálice e o livro dos feitiços eram para ser dele. Só podia ser o destino que lhe poupou a vida quando saiu da floresta sombria, mas isso custou muitos anos de vida. O que pareceu uma aventura de dois dias tinha durado muito mais tempo fora do lugar amaldiçoado.
Depois de ler o livro e viajar entre os reinos, buscando todas as ervas e pedras especiais para o ritual. Só precisava esperar a noite perfeita, o momento das estrelas se alinharem.
Isso poderia demorar séculos, talvez milhares de anos. Então, ele encontrou a mágica perfeita no livro e lançou um feitiço de alinhamento estelar que poderia ser usado apenas uma única vez.
Agora ele não tinha nada, tinha desperdiçado todo seu dinheiro, todas suas forças e energias para conseguir o elixir, no primeiro momento, ele queria provar ao rei e a todos os reinos que ele poderia ser mais poderoso que Archon e conseguir o que o bruxo mais poderoso não conseguiu: manter a juventude do seu rei.
Com o passar dos anos e o tempo perdido na floresta escura, ele precisava do elixir para si mesmo, ou morreria em breve. Seu corpo estava quebrado, sua mente estava fraca e até mesmo o simples feitiço o deixava exausto por vários dias. Nem mesmo o rei o tinha chamado mais, depois de não conseguir fazer um simples feitiço para aliviar a dor de sua jovem esposa, ao dar à luz ao seu herdeiro.
De volta a tenda, ele deitou em sua cama de folhas secas e ficou olhando para cima sem saber o que fazer a seguir. Sua única alternativa era esperar seu velho corpo atrofiar e seu coração parar de bater.
Apesar de ter bebido todo o líquido do cálice, a sede e fome lhe assolaram de forma tão intensa que arrastou seu corpo fatigado até o pão duro e velho e serviu-se de água em uma caneca de barro.
O pão desceu como pedras em seu estômago, a água pareceu sufocar lhe.
Ele curvou-se caindo de joelhos no chão e levou às mãos a barriga, enquanto vomitava o conteúdo que mal havia ingerido no chão.
Sua boca queimava como ácido, seu corpo suava e tremia.
“Estou morrendo.” pensou “Depois de tudo esse será meu fim, acabado e quebrado, caído em uma poça de vômito gosmento.”
Seus pensamentos amargos colidiram com a dor lancinante que parecia partir seu corpo em dois pedaços, mas o que mais lhe doía eram o estômago e boca, como se garras afiadas estivessem cravadas em suas entranhas.
A porta da tenda se abriu e seu aprendiz entrou segurando uma tigela com água. O mago lembrou-se de mandá-lo até o rio buscar água fresca para mantê-lo longe enquanto completava o ritual.
O jovem garoto colocou a tigela no chão e aproximou-se de seu mentor, seus olhos preocupados fixos no homem que gemia e se contorcia no chão.
— Mestre? — chamou o garoto, ajoelhando-se ao lado dele e inclinando-se para ouvir os murmúrios que saiam da boca do mago.
Foi quando ele ouviu o coração pulsando do garoto, tão alto e forte como sons de tambores. Podia sentir a vibração do líquido correndo em suas veias.
Algo dentro dele mudou, a fome se transformou insuportável e a única coisa que ele podia pensar era na veia latejando e latejando. Sua gengiva queimava, sua boca em chamas.
Com uma força que não sabia que existia, dominado por algo inexplicável para ele, naquele momento. O mago segurou o jovem e mordeu o pescoço convidativo, tão forte que sentiu seus dentes crescerem até alcançar o líquido quente e maravilhoso do sangue que encheu sua boca como o doce néctar dos deuses. Ele queria mais, ele queria tudo. Sugou cada gota, saboreando cada momento, até não sobrar mais nada do rapaz, apenas um corpo vazio e nem uma gota de sangue.
Com os lábios manchados de vermelho carmesim, o mago sentiu a força dentro dele, sentia-se melhor do que nunca tinha se sentido na vida. Caminhou com graça até a tigela com água e visualizou a sua imagem refletida.
Ele sorriu e tocou seu rosto jovem e viril.
Finalmente ele tinha conseguido; tinha criado o elixir da vida eterna.
Dias atuaisLavíniaEstava entediada, muito entediada.Quando decidi ficar em tempo integral na loja de cristais da vovó, nem me passou pela cabeça que permanecer o dia inteiro trabalhando no lugar que mais amava no mundo fosse me deixar profundamente aborrecida.Com o final no ano letivo, poderia ter ido para as montanhas com Jacob e alguns dos alunos da turma, fazendo trilhas e um monte de coisas legais para pessoas aventureiras; o que não era o meu caso.Seria como uma despedida, antes de cada um seguir seu caminho em faculdades diferentes. Por mais que diga a mim mesma que só não fui com eles por não ser “aventureira”, na verdade, não queria passar duas semanas, presa a algumas das pessoas que costumavam chamar minha vó de bruxa na escola. Tudo bem, que ela era peculiar, com sua loja de cristais e ervas, que segundo ela, eram milagrosas.Minha avó Clara n
NikólasNo instante em que abri a porta o cheiro me paralisou. Nada nunca foi tão atrativo antes. Podia sentir mesmo por cima de todo aquele aroma de incenso e velas aromáticas na loja. A fragrância forte e acentuada de gardênias, não tinha nada a ver com as ervas que tinha ali, emanava dela, da garota do outro lado da loja.Quando ela retirou a mecha dos cabelos do rosto e ergueu a cabeça até seus olhos negros quanto a noite mais escura focaram-se nos meus, pude sentir com tamanha intensidade o chamado. Tudo que já tinha ouvido falar, mas jamais imaginei sentir.Meus pés se moveram de forma automática até estar diante dela. Precisava ter certeza de que o que estava sentindo era mesmo real.Com as narinas dilatadas, segurei uma mecha dos cabelos castanhos e inalei o seu cheiro e nada no mundo pareceu tão certo.O lobo que habitava em meu interior, rosnou em a
LavíniaEstava terminando de fechar a loja de cristais quando ouvi o som inconfundível do velho Cadillac da vovó. Herança do vovô que ela amava como se fosse um filho.A nossa casa ficava na parte de cima da loja, precisando apenas contornar o prédio e subir pelas escadas.Esperei ela estacionar na vaga e descer do carro com a bolsa batendo em sua bunda, ao se inclinar e puxar duas sacolas de dentro do automóvel.Vovó podia ter setenta anos, mas ninguém podia dizer isso, ela tinha aparência de no máximo cinquenta e tão forte quanto um touro.Caminhei até e ela e peguei as sacolas de suas mãos.— Obrigada querida. Comprei alguns ingredientes para fazer almôndegas, deve estar faminta — ela disse, encaminhando-se para a parte de trás do prédio, a segui em silêncio e coloquei as sacolas sobre a mesa da cozinha.<
LavíniaNão fazia ideia do que tinha acabado de acontecer.Primeiro; foi o som que saiu da boca de Nikólas, que parecia mais um grunhido de um animal enfurecido.Segundo; foi a forma em que falou com o irmão. O que ele quis dizer com ela é minha? Vovó nos olhava intensamente, seu semblante mostrava que ela finalmente havia compreendido minha ânsia de acompanhá-la essa noite.— Isso explica muita coisa — disse com um suspiro. — O chamado — ela completou me deixando ainda mais confusa.— Podemos esquecer isso e voltar ao assunto que a trouxe aqui? — vociferou Nikólas com os dentes trincados.— Podemos, mas depois temos que conversar sobre isso, meu rapaz. — Seus olhos de águia fixos no homem que permaneceu inabalável pela forma que ela impunha naquele olhar que normalmente me fazia confessar todos os meus pecados, quand
NikólasA ameaça em sua voz me fez entrar em ação. Meus pés se moveram com graça felina, mas antes que conseguisse rasgar o pescoço da mulher, os vampiros se moveram com a mesma velocidade e colocaram-se em frente a ela.Com os sentidos aguçados, meus dedos se fecharam duramente ao redor da garganta de um deles, empurrando minha mão com as unhas em garras no peito do vampiro, sentindo o osso se romper conforme forcei dentro da caixa torácica arrancando o coração do maldito com um grunhido.Vampiros pareciam brotar de todos os lados. Pela visão periférica via meus irmãos lutado a árdua batalha.Grunhindo de raiva, golpeei com as pernas chutando um dos vampiros no estômago.— Nikólas! — O chamado de Hector me fez virar rapidamente e segurar a estaca de madeira afiada, que ele me lançará. Com os insti
LavíniaO doce perfume das madressilvas, misturado com o cheiro dos cravos que se estendiam pelo jardim florido, coberto pelas mais belas flores que já vi.Fechei os olhos e inspirei o ar absorvendo o suave aroma. Abri os braços e ergui a cabeça sentindo os raios do sol em minha pele. Não estava quente, estava perfeito.A brisa refrescante fazia as fragrâncias misturarem-se deixando um cheiro único no ar.Não sabia onde estava, mas não importava; tudo o que sentia era paz. Meu coração tão leve como plumas ao vento.— Venha cá querida! Ajude-me com essas rosas. — O som da voz de vovó me fez abrir os olhos. Ela estava ajoelhada em frente às rosas em um canto do jardim florido.Seus cabelos brancos estavam presos em um coque e sua mão esticada em minha direção com um sorriso. Foi quando me lembrei de que vi
NikólasNão sei por quanto tempo fiquei observando ela em minha cama. Não era momento para isso, mas cada parte do meu corpo ansiava por diminuir o pouco espaço que nos separava e deitar ao seu lado e envolvê-la em meus braços.O sentimento tão intenso, tão primitivo, que precisei me mover para o outro lado do quarto, o mais longe possível e, apertar as mãos em punho controlando o desejo insano de meu lobo de ignorar tudo e fazê-la minha.Alguns segundos depois, ela sentou abruptamente. Os olhos arregalados fixos em uma chave com uma corrente de prata em sua mão.— Não foi um sonho — murmurou para si mesma, antes de erguer a cabeça e saltar para fora da cama, quando me viu escorado na parede do outro lado do quarto.— Não vou machucá-la. — Ergui as mãos ao alto em rendição. Pelo menos, nã
NikólasDeveria deixá-la seguir seu caminho, ela estará mais segura, ela é forte e sabe se cuidar. Fiquei debatendo comigo mesmo enquanto via seu carro desaparecer na estrada.— Foda-se. — praguejei baixinho e peguei as chaves da moto.Ela disse que iria descobrir a verdade, não sei o que ela quis dizer, mas não importa, já tinha decidido. Lavínia não ia ficar sozinha, nem que ficasse escondido observando nas sombras até conseguir matar a maldita bruxa que sumiu magicamente no meio da batalha; cadela medrosa.A segui a uma distância segura e fiquei como disse; observando nas sombras quando ela contornou a loja de cristais em direção a parte detrás ao deduzi ser a entrada para o apartamento no andar de cima.“Ela precisa de você” — murmurou Cibele em minha mente, me fazendo rugir.“É sério?