Meu coração bateu descontrolado em meu peito, quando Magnus entrou no círculo e empurrou um cálice dourado em minha direção.
— Beba — ele ordenou. Engoli em seco e segurei o cálice com as mãos trêmulas.
— O que é isso? — questionei com desconfiança.
— Beba-o agora! — demandou novamente. Com uma força sobre-humana controlei o ímpeto de jogar o líquido em seu rosto.
Não queria beber aquele negócio, apesar de minha barriga roncar audivelmente com o cheiro delicioso de morangos misturados com algum aroma levemente adocicado. Desde o líquido contendo a magia da cura, nem mesmo um copo de água me foi oferecido.
Apesar de cada osso do meu corpo me mandar não tomar, acabei seguindo o fluxo até o momento certo de agir e sorvi um pequeno gole.
NikólasVoltei a forma humana e a segurei em meus braços. A mutação de lobo para humano aconteceu de forma tão simples e natural, com apenas o meu desejo de segurá-la contra o meu corpo e ampará-la. Somos o mesmo ser, ela disse e estava certa.Lavínia ergueu a mão com dificuldade e acalentou meu rosto, sua face transfigurada pela dor. Segurei com a minha e beijei sua palma. Sentindo a pulsação diminuir o seu ritmo a cada segundo.— Sinto muito, não sabia que o líquido do cálice era o sangue dele, se soubesse nunca teria bebido — ela murmurou com a voz tão baixa que precisei me curvar para ouvi-la. — O que irá acontecer com você? — ela questionou, apesar da dor, vi a preocupação em seu rosto. Infelizmente não sabia como aliviar o seu tormento. Isso nunca tinha acontecido antes, não que eu tives
NikólasA viagem até a grande Ilha onde meus ancestrais fundaram a aldeia para os homens e mulheres da minha raça. Foi feita em um silêncio carregado. Nos rostos dos meus irmãos, transmitia a mesma sede de vingança que queimava em meu interior. A presença de Lavínia ao meu lado era um sopro refrescante para o tormento de minha alma, conforme o barco se aproximava da costa.Assim que aportamos no porto, fomos recebidos pelos muros enormes que foram erguidos por toda a extensão para proteger o povo de um ataque de vampiro.Eu sabia mais do que isso. Esse muro não era para proteger as pessoas que moravam ali, mas sim, para aprisioná-las dentro das paredes de pedra, impedindo-as de ver o mundo e ter a chance de encontrarem sua companheira, mantendo-as assim prisioneiras do meu avô.Segundo meu pai, a lei do alfa era uma ordem indiscutível, seguido por geraç&otild
LavíniaTentar segurar Nikólas era um caso perdido e ele saltou sobre o tio, mas sua passagem é bloqueada por um dos homens que nos guiaram até ali. A fúria de Nikólas é tão intensa que senti vibrar dentro de mim através da ligação que nos unia.Logo o salão se tornou um misto de socos e grunhidos animalescos. Quando mais guardas cruzaram as portas, os irmãos se embrenharam em uma luta de vida ou morte. Me movi em direção a briga pronta para ajudá-los.— Já chega! — bramou Cibele, sua voz ecoando pelas paredes de pedra. Tão poderosa que fiquei paralisada no lugar, seu comando bloqueando meus movimentos, assim como dos homens que cessaram a luta imediatamente.Os olhos de Dionísio se arregalaram em choque e surpresa.— Isso é impossível.Cibele deslizou pelo chão com a gr
NikólasA vitória contra Dionísio foi como um sopro de vida para as pessoas da aldeia. As mulheres lobas que foram subjugadas, obrigadas a ficarem em forma animal pelas correntes de prata, estavam tão agradecidas pela ajuda de Cibele que se tornaram sua sombra.As mulheres estavam a quase três anos, aprisionadas pela vontade de Dionísio. Segundo elas, o meu avô tinha sido morto pelo meu tio de forma traiçoeira. Não sentia pena pela morte do velho, só sentia não ter sido eu a matar o maldito e pelo tempo de terror que essas pessoas tiveram que passar com a liderança do novo alfa.Segundo apuramos em reuniões com o povo, o velho apesar de ser um filho da puta assassino, ele seguia as leis que foram impostas por seus ancestrais. O que não aconteceu quando Dionísio assumiu o comando.Ele criou um trono no grande salão e exigiu ser tratado como
Capa: Tinker arte designerEstá é uma obra completamente fictícia. Nomes, personagem, lugares e acontecimentos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.Todos os direitos reservados.São proibidos o armazenamento ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios–tangíveis ou intangíveis– sem o consentimento escrito da autora.A violação dos direitos autorais é crime estabelecido ne lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código penal.*******************************PrólogoHá milhares de anos quando as estrelas se alinharam pela primeira vez em um raro evento visto pelo homem. Um mago observava na porta da sua tenda, montada nas brumas da floresta. Em suas m&
Dias atuaisLavíniaEstava entediada, muito entediada.Quando decidi ficar em tempo integral na loja de cristais da vovó, nem me passou pela cabeça que permanecer o dia inteiro trabalhando no lugar que mais amava no mundo fosse me deixar profundamente aborrecida.Com o final no ano letivo, poderia ter ido para as montanhas com Jacob e alguns dos alunos da turma, fazendo trilhas e um monte de coisas legais para pessoas aventureiras; o que não era o meu caso.Seria como uma despedida, antes de cada um seguir seu caminho em faculdades diferentes. Por mais que diga a mim mesma que só não fui com eles por não ser “aventureira”, na verdade, não queria passar duas semanas, presa a algumas das pessoas que costumavam chamar minha vó de bruxa na escola. Tudo bem, que ela era peculiar, com sua loja de cristais e ervas, que segundo ela, eram milagrosas.Minha avó Clara n
NikólasNo instante em que abri a porta o cheiro me paralisou. Nada nunca foi tão atrativo antes. Podia sentir mesmo por cima de todo aquele aroma de incenso e velas aromáticas na loja. A fragrância forte e acentuada de gardênias, não tinha nada a ver com as ervas que tinha ali, emanava dela, da garota do outro lado da loja.Quando ela retirou a mecha dos cabelos do rosto e ergueu a cabeça até seus olhos negros quanto a noite mais escura focaram-se nos meus, pude sentir com tamanha intensidade o chamado. Tudo que já tinha ouvido falar, mas jamais imaginei sentir.Meus pés se moveram de forma automática até estar diante dela. Precisava ter certeza de que o que estava sentindo era mesmo real.Com as narinas dilatadas, segurei uma mecha dos cabelos castanhos e inalei o seu cheiro e nada no mundo pareceu tão certo.O lobo que habitava em meu interior, rosnou em a
LavíniaEstava terminando de fechar a loja de cristais quando ouvi o som inconfundível do velho Cadillac da vovó. Herança do vovô que ela amava como se fosse um filho.A nossa casa ficava na parte de cima da loja, precisando apenas contornar o prédio e subir pelas escadas.Esperei ela estacionar na vaga e descer do carro com a bolsa batendo em sua bunda, ao se inclinar e puxar duas sacolas de dentro do automóvel.Vovó podia ter setenta anos, mas ninguém podia dizer isso, ela tinha aparência de no máximo cinquenta e tão forte quanto um touro.Caminhei até e ela e peguei as sacolas de suas mãos.— Obrigada querida. Comprei alguns ingredientes para fazer almôndegas, deve estar faminta — ela disse, encaminhando-se para a parte de trás do prédio, a segui em silêncio e coloquei as sacolas sobre a mesa da cozinha.<