A ameaça em sua voz me fez entrar em ação. Meus pés se moveram com graça felina, mas antes que conseguisse rasgar o pescoço da mulher, os vampiros se moveram com a mesma velocidade e colocaram-se em frente a ela.
Com os sentidos aguçados, meus dedos se fecharam duramente ao redor da garganta de um deles, empurrando minha mão com as unhas em garras no peito do vampiro, sentindo o osso se romper conforme forcei dentro da caixa torácica arrancando o coração do maldito com um grunhido.
Vampiros pareciam brotar de todos os lados. Pela visão periférica via meus irmãos lutado a árdua batalha.
Grunhindo de raiva, golpeei com as pernas chutando um dos vampiros no estômago.
— Nikólas! — O chamado de Hector me fez virar rapidamente e segurar a estaca de madeira afiada, que ele me lançará. Com os instintos lupinos apurados, girei o corpo e cravei o objeto no coração do vampiro mais próximo, fazendo a criatura urrar antes de se desintegrar assim como o outro.
Os vampiros saltaram em sincronia, com o sangue fervendo em minhas veias movido pelo único propósito de matar quantos forem possíveis e garantir a segurança de Lavínia. Usei a estaca, a mão e os dentes para rasgar as criaturas que pareciam surgir mais e mais.
“Eles são muitos” murmurou Cibele em minha mente.
“Mantenha minha companheira segura, tire ela daqui.” pedi, enquanto golpeava mais dois com a estaca, enquanto o sangue escorria de meus ombros das mordidas dos malditos.
“Não consigo chegar até ela.” — Cibele rosnou.
Merda! Praguejei mentalmente.
Girei habilmente, dobrei os joelhos flexionando as pernas e saltei, pulando sobre a horda de vampiros que me cercavam.
Ela estava do outro lado da sala, pressionada contra a parede ao lado da avó, que segurava seu braço com força, como se a impedisse de entrar na luta ou sair correndo; provavelmente o último.
Soltei um grunhido de dor quando dentes afiados se cravaram na pele de meu pescoço. Urrando com uma fúria animal, ergui a mão e puxei o vampiro pelos cabelos, rasgando um pedaço da carne no processo. O atirei no chão e golpeei com a estaca, ao mesmo tempo, dois saltaram em minhas costas.
Infernos! Grunhi, arremessando-os longe como se pesasse menos que folhas de papel, com um único objetivo em minha mente; chegar até minha companheira e tirá-la desse inferno.
Um grito estridente de medo e pavor ultrapassou o véu da fúria me paralisando com o som cortante. Virei à cabeça a tempo de ver Clara ser mordida. O vampiro cuspiu o sangue no chão com nojo e jogou seu corpo violentamente contra a parede.
Lavínia tentou correr até ela, mas o vampiro a segurou pela parte de trás do pescoço com a força sobre-humana a erguendo do chão.
Minha visão embaçou, meus olhos se estreitaram como duas fendas, a cabana se tornou mais ampla, os músculos ondularam e estremeceram, Meu corpo se dobrou, os ossos se tornaram uma massa líquida.
Um uivo escapou de meus lábios e saltei para cima do vampiro caindo sobre ele; não em duas pernas, mas em quatro patas. A transformação foi rápida, em um piscar de olhos o lobo tinha assumido o controle.
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Estava presa em um pesadelo, era impossível o que estava acontecendo bem diante de meus olhos, ser real. Vampiros? Qual é? Eles não existiam e, se existissem certamente não se pareceriam com esses homens e mulheres que pareciam surgir como pipoca na panela. Apesar da pele pálida como um cadáver e do brilho das presas quando atacavam, poderiam facilmente se misturar aos humanos.
Provavelmente estava em choque, não conseguia me mover. Vovó mantinha sua mão em meu braço, entoando um cântico baixinho. Talvez a melodia suave fosse alguma espécie de magia que me mantinha calma diante da situação em que me encontrava. “Mantenha a mente aberta e não surte” ela tinha dito. Tenho certeza de que esse seria o momento ideal para que eu começasse a surtar, porque tudo isso era muita loucura para uma pessoa racional ficar observando parada. Acompanhando cada um dos movimentos sem sair correndo como se sua vida dependesse disso, o que me parecia ser o caso.
Os irmãos Lýkos lutavam como guerreiros, movendo-se com agilidade surpreendente que meus olhos mal podiam acompanhar.
Havia tantos que não conseguia contar. Os números pareciam aumentar a cada segundo, os irmãos matavam um e parecia surgir dois no lugar. A mulher de cabelos laranja que havia apontado suas unhas em minha direção, tinha magicamente desaparecido. Não conseguia vê-la em lugar nenhum, apesar de que ela podia estar em qualquer lugar no meio de todo o caos.
Meus olhos estavam fixos em Nikólas, quando um dos vampiros saltou sobre suas costas e mordeu seu pescoço. Levei as mãos aos lábios contendo o grito que ameaçava sair do fundo de minha garganta. Ele segurou os cabelos da criatura e o jogou ao chão apunhalando-o no peito com um pedaço de madeira afiada. Mais dois se jogaram em suas costas e, Nikólas se livrou deles com uma destreza e agilidade humanamente impossível.
Estava hipnotizada pela cena da luta, que fui surpreendida por um dos vampiros que sibilou mostrando suas presas.
Congelei em completo horror. Vovó me empurrou para trás com força e o vampiro cravou seus dentes em seu pescoço ao invés do meu.
Um grito ressoou que pareceu retumbar em meus ouvidos, então percebi que o grito provinha de mim. O monstro cuspiu o sangue dela no chão e arremessou seu corpo longe, fazendo-a bater na parede. Meu corpo descongelou e tentei correr até ela, mas ele me segurou pela parte de trás do pescoço impedindo o avanço. Empurrei as mãos para trás e cravei minhas unhas em seus braços, enquanto me remexia tentando me livrar do seu agarre de ferro.
Um uivo soou e algo caiu pesadamente sobre o vampiro que me tinha cativa, fazendo-o me soltar e puxar a corrente que prendia o cristal em meu pescoço. Ignorando o objeto corri em direção aonde vovó caiu. Ajoelhei-me ao seu lado e vi seu pescoço em um ângulo anormal, meu coração batia tão rápido que pensei que ia saltar fora do peito. Meus dedos tremiam quando virei sua cabeça em minha direção e vi seus olhos abertos e sem vida.
A dor lancinante rasgou através de mim. Uma fúria intensa se instalou em cada parte do meu corpo, parecendo surgir do fundo de minha alma.
Segurei fortemente contra o meu corpo a embalando em meus braços, enquanto as lágrimas rolavam pelo rosto em uma dor que nunca imaginei sentir.
— Não! — gritei a pleno pulmões precisando colocar para fora o caroço entalado em minha garganta que parecia prestes a me sufocar.
— Seus malditos! — rugi enfurecida, sentindo uma onda de calor varrer pelo interior do meu corpo, espalhando e impulsionando-me a gritar ainda mais. Deixando-me cega e alheia a tudo em minha volta, a não ser o corpo morto da única pessoa que eu tinha. Da mulher que foi minha mãe, minha amiga e minha avó.
Continuei gritando até toda aquela energia que parecia vibrar desde os meus pés até meus cabelos sair. Continuei até não restar mais nada, apenas o silêncio pesado e sepulcral na pequena casa de madeira.
Abri os olhos e olhei ao redor com a visão embaçada pelas lágrimas.
Havia apenas pó, por todos os lados, nenhum sinal de vampiro, como se milagrosamente estivessem todos se desintegrado no ar. Os únicos presentes eram os irmãos Lýkos que me olhavam com os olhos arregalados de surpresa. Havia quatro deles em pé e, um pouco mais afastado estava um lobo cinza.
Seus olhos estavam em mim e por um momento mantive meus olhos presos ao seu, sem conseguir compreender de onde o lobo cinzento tinha surgido. Minha mente estava confusa e meus pensamentos lerdos, como se tivesse tomado alguma droga. Estava me sentindo letárgica e mesmo contra a minha vontade, meus olhos se fecharam e tudo desapareceu.
LavíniaO doce perfume das madressilvas, misturado com o cheiro dos cravos que se estendiam pelo jardim florido, coberto pelas mais belas flores que já vi.Fechei os olhos e inspirei o ar absorvendo o suave aroma. Abri os braços e ergui a cabeça sentindo os raios do sol em minha pele. Não estava quente, estava perfeito.A brisa refrescante fazia as fragrâncias misturarem-se deixando um cheiro único no ar.Não sabia onde estava, mas não importava; tudo o que sentia era paz. Meu coração tão leve como plumas ao vento.— Venha cá querida! Ajude-me com essas rosas. — O som da voz de vovó me fez abrir os olhos. Ela estava ajoelhada em frente às rosas em um canto do jardim florido.Seus cabelos brancos estavam presos em um coque e sua mão esticada em minha direção com um sorriso. Foi quando me lembrei de que vi
NikólasNão sei por quanto tempo fiquei observando ela em minha cama. Não era momento para isso, mas cada parte do meu corpo ansiava por diminuir o pouco espaço que nos separava e deitar ao seu lado e envolvê-la em meus braços.O sentimento tão intenso, tão primitivo, que precisei me mover para o outro lado do quarto, o mais longe possível e, apertar as mãos em punho controlando o desejo insano de meu lobo de ignorar tudo e fazê-la minha.Alguns segundos depois, ela sentou abruptamente. Os olhos arregalados fixos em uma chave com uma corrente de prata em sua mão.— Não foi um sonho — murmurou para si mesma, antes de erguer a cabeça e saltar para fora da cama, quando me viu escorado na parede do outro lado do quarto.— Não vou machucá-la. — Ergui as mãos ao alto em rendição. Pelo menos, nã
NikólasDeveria deixá-la seguir seu caminho, ela estará mais segura, ela é forte e sabe se cuidar. Fiquei debatendo comigo mesmo enquanto via seu carro desaparecer na estrada.— Foda-se. — praguejei baixinho e peguei as chaves da moto.Ela disse que iria descobrir a verdade, não sei o que ela quis dizer, mas não importa, já tinha decidido. Lavínia não ia ficar sozinha, nem que ficasse escondido observando nas sombras até conseguir matar a maldita bruxa que sumiu magicamente no meio da batalha; cadela medrosa.A segui a uma distância segura e fiquei como disse; observando nas sombras quando ela contornou a loja de cristais em direção a parte detrás ao deduzi ser a entrada para o apartamento no andar de cima.“Ela precisa de você” — murmurou Cibele em minha mente, me fazendo rugir.“É sério?
NikólasPermaneci ao seu lado por um longo tempo enquanto ela lia o que estava escrito no caderno. Se eu fosse intrometido como Cibele, estaria espiando as páginas, para saber o que estava escrito ali. Lavínia estava tão concentrada na leitura, que nem percebeu quando levantei e entrei na casa.Procurei nos armários até encontrar o que procurava. Depois preparei um sanduíche, não sabia do que ela gostava, mas suspeitava que estivesse com fome e mesmo que não, ela precisava se alimentar.Servi um copo de leite e levei junto em uma bandeja que encontrei para a sacada.Ela havia colocado o pé embaixo do corpo, mudando de posição, mas seus olhos permaneciam colados nas páginas amarelas. Não queria interromper, mas o lado protetor estava ativado e o lobo estava inquieto. O macho alfa precisava assegurar que ela estivesse confortável.— Prepar
NikólasOs lábios que ela me ofereceu sedutoramente; tomei com os meus de forma exigente. Lavínia correspondeu com a mesma urgência, sua língua habilidosamente dançando com a minha, fazendo-me grunhir e a fera ronronar em completo abandono, com o gosto inebriante e o cheiro intoxicante provocado pela sua excitação.Meu sangue imediatamente começou a ferver. Deslizei a mão até tocar o broto do seu mamilo, tão suave quanto pêssego. Senti a boca salivar na ânsia de provar da fruta mais suculenta.Ela inclinou o quadril e arqueou o pescoço quando meus dentes rasparam na pele sensível. De alguma forma, apesar da banheira pequena, consegui me mover até suas pernas torneadas envolver ao redor da minha cintura, me colocando entre elas. Suas mãos deslizaram por baixo de minha camisa, o toque de seus dedos em minha pele acendeu ainda mais a chama ar
NikólasSeus cabelos como chocolate esparramado sobre o travesseiro, sua perna dobrada com o lençol cobrindo parcialmente sua nudez.Só de observá-la me sinto quente de novo, o calor se espalhando e se alojando em meu membro que volta a ficar rijo na ânsia de tomá-la novamente.Controlar os desejos escuros do lobo foi uma tarefa árdua. Tudo o que ele mais queria era marcá-la, mas o lado humano se sobressaiu à fera e consegui conter o chamado da besta.Ela ainda tem chance, ainda poderá seguir uma vida “normal”. Se tivesse seguido meus instintos e mordido seu lindo pescoço lânguido, nunca poderia ir embora e ela viveria em constante perigo ao lado do lobo.Vesti as calças molhadas com dificuldade. Tudo o que queria era voltar para cama e me deleitar em seus braços, mas depois de senti-la por completo, não sei por quanto tempo mais pos
LavíniaDespertei quando os raios de sol tocaram meu rosto, entrando pela cortina aberta do meu quarto. Peguei o travesseiro e cobri os meus olhos da claridade.Queria ficar na cama para sempre, fingir que vovó estava na loja de cristais e que tudo estava bem. Soltando um suspiro joguei o travesseiro longe.Prometi a ela que ia ser forte. Sei que ela está em um lugar bonito e que está feliz. Pensar nisso torna a dor em meu peito quase suportável. Sento-me na cama sentindo os músculos protestarem com o movimento, a lembrança da noite anterior inundando minha mente.Jesus! Não acredito que o seduzi tão descaradamente. Entreguei-me sem nenhum pudor. Nossos corpos entrelaçados na cama, emaranhado nos lençóis, em uma dança lenta e erótica que me fez esquecer tudo, inclusive o meu nome.Balançando a cabeça, enrolei-me no lençol e fui a
Três anos depoisNikólasOs sons da noite se misturavam na floresta escura, o cheiro dos vampiros invadiram minhas narinas me fazendo rugir e correr em direção ao odor fétido.Não era o homem. Era o lobo, a fera assassina, pronta para estraçalhar os malditos sanguessugas.Parei no meio da clareira farejando o ar, eles estavam por toda a parte.Em poucos segundos estava cercado. A adrenalina correu em minhas veias, o desejo de sangue queimando com ácido dentro de mim. Estava pronto, preparado, quando o primeiro atacou. Meus dentes cravaram em sua pele ao lado esquerdo de seu dorso arrancando um punhado de carne.Os outros trocaram um breve olhar entre si, enquanto mostrava os dentes com um rugido que mais parecia uma risada amarga.Eles atacaram simultaneamente, caindo sobre meu corpo lupino como um bando de abutres.A luta se tornou sangrenta devido às suas mordida