Capítulo 5

Nikólas

A ameaça em sua voz me fez entrar em ação. Meus pés se moveram com graça felina, mas antes que conseguisse rasgar o pescoço da mulher, os vampiros se moveram com a mesma velocidade e colocaram-se em frente a ela.

Com os sentidos aguçados, meus dedos se fecharam duramente ao redor da garganta de um deles, empurrando minha mão com as unhas em garras no peito do vampiro, sentindo o osso se romper conforme forcei dentro da caixa torácica arrancando o coração do maldito com um grunhido.

Vampiros pareciam brotar de todos os lados. Pela visão periférica via meus irmãos lutado a árdua batalha.

Grunhindo de raiva, golpeei com as pernas chutando um dos vampiros no estômago.

— Nikólas! — O chamado de Hector me fez virar rapidamente e segurar a estaca de madeira afiada, que ele me lançará. Com os instintos lupinos apurados, girei o corpo e cravei o objeto no coração do vampiro mais próximo, fazendo a criatura urrar antes de se desintegrar assim como o outro.

Os vampiros saltaram em sincronia, com o sangue fervendo em minhas veias movido pelo único propósito de matar quantos forem possíveis e garantir a segurança de Lavínia. Usei a estaca, a mão e os dentes para rasgar as criaturas que pareciam surgir mais e mais.

“Eles são muitos” murmurou Cibele em minha mente.

“Mantenha minha companheira segura, tire ela daqui.” pedi, enquanto golpeava mais dois com a estaca, enquanto o sangue escorria de meus ombros das mordidas dos malditos.

“Não consigo chegar até ela.” — Cibele rosnou.

Merda! Praguejei mentalmente.

Girei habilmente, dobrei os joelhos flexionando as pernas e saltei, pulando sobre a horda de vampiros que me cercavam.

Ela estava do outro lado da sala, pressionada contra a parede ao lado da avó, que segurava seu braço com força, como se a impedisse de entrar na luta ou sair correndo; provavelmente o último.

Soltei um grunhido de dor quando dentes afiados se cravaram na pele de meu pescoço. Urrando com uma fúria animal, ergui a mão e puxei o vampiro pelos cabelos, rasgando um pedaço da carne no processo. O atirei no chão e golpeei com a estaca, ao mesmo tempo, dois saltaram em minhas costas.

Infernos! Grunhi, arremessando-os longe como se pesasse menos que folhas de papel, com um único objetivo em minha mente; chegar até minha companheira e tirá-la desse inferno.

Um grito estridente de medo e pavor ultrapassou o véu da fúria me paralisando com o som cortante. Virei à cabeça a tempo de ver Clara ser mordida. O vampiro cuspiu o sangue no chão com nojo e jogou seu corpo violentamente contra a parede.

Lavínia tentou correr até ela, mas o vampiro a segurou pela parte de trás do pescoço com a força sobre-humana a erguendo do chão.

Minha visão embaçou, meus olhos se estreitaram como duas fendas, a cabana se tornou mais ampla, os músculos ondularam e estremeceram, Meu corpo se dobrou, os ossos se tornaram uma massa líquida.

Um uivo escapou de meus lábios e saltei para cima do vampiro caindo sobre ele; não em duas pernas, mas em quatro patas. A transformação foi rápida, em um piscar de olhos o lobo tinha assumido o controle.

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Lavínia

Estava presa em um pesadelo, era impossível o que estava acontecendo bem diante de meus olhos, ser real. Vampiros? Qual é? Eles não existiam e, se existissem certamente não se pareceriam com esses homens e mulheres que pareciam surgir como pipoca na panela. Apesar da pele pálida como um cadáver e do brilho das presas quando atacavam, poderiam facilmente se misturar aos humanos.

Provavelmente estava em choque, não conseguia me mover. Vovó mantinha sua mão em meu braço, entoando um cântico baixinho. Talvez a melodia suave fosse alguma espécie de magia que me mantinha calma diante da situação em que me encontrava. “Mantenha a mente aberta e não surte” ela tinha dito. Tenho certeza de que esse seria o momento ideal para que eu começasse a surtar, porque tudo isso era muita loucura para uma pessoa racional ficar observando parada. Acompanhando cada um dos movimentos sem sair correndo como se sua vida dependesse disso, o que me parecia ser o caso.

Os irmãos Lýkos lutavam como guerreiros, movendo-se com agilidade surpreendente que meus olhos mal podiam acompanhar.

Havia tantos que não conseguia contar. Os números pareciam aumentar a cada segundo, os irmãos matavam um e parecia surgir dois no lugar. A mulher de cabelos laranja que havia apontado suas unhas em minha direção, tinha magicamente desaparecido. Não conseguia vê-la em lugar nenhum, apesar de que ela podia estar em qualquer lugar no meio de todo o caos.

Meus olhos estavam fixos em Nikólas, quando um dos vampiros saltou sobre suas costas e mordeu seu pescoço. Levei as mãos aos lábios contendo o grito que ameaçava sair do fundo de minha garganta. Ele segurou os cabelos da criatura e o jogou ao chão apunhalando-o no peito com um pedaço de madeira afiada. Mais dois se jogaram em suas costas e, Nikólas se livrou deles com uma destreza e agilidade humanamente impossível.

Estava hipnotizada pela cena da luta, que fui surpreendida por um dos vampiros que sibilou mostrando suas presas.

Congelei em completo horror. Vovó me empurrou para trás com força e o vampiro cravou seus dentes em seu pescoço ao invés do meu.

Um grito ressoou que pareceu retumbar em meus ouvidos, então percebi que o grito provinha de mim. O monstro cuspiu o sangue dela no chão e arremessou seu corpo longe, fazendo-a bater na parede. Meu corpo descongelou e tentei correr até ela, mas ele me segurou pela parte de trás do pescoço impedindo o avanço. Empurrei as mãos para trás e cravei minhas unhas em seus braços, enquanto me remexia tentando me livrar do seu agarre de ferro.

Um uivo soou e algo caiu pesadamente sobre o vampiro que me tinha cativa, fazendo-o me soltar e puxar a corrente que prendia o cristal em meu pescoço. Ignorando o objeto corri em direção aonde vovó caiu. Ajoelhei-me ao seu lado e vi seu pescoço em um ângulo anormal, meu coração batia tão rápido que pensei que ia saltar fora do peito. Meus dedos tremiam quando virei sua cabeça em minha direção e vi seus olhos abertos e sem vida.

A dor lancinante rasgou através de mim. Uma fúria intensa se instalou em cada parte do meu corpo, parecendo surgir do fundo de minha alma.

Segurei fortemente contra o meu corpo a embalando em meus braços, enquanto as lágrimas rolavam pelo rosto em uma dor que nunca imaginei sentir.

— Não! — gritei a pleno pulmões precisando colocar para fora o caroço entalado em minha garganta que parecia prestes a me sufocar.

— Seus malditos! — rugi enfurecida, sentindo uma onda de calor varrer pelo interior do meu corpo, espalhando e impulsionando-me a gritar ainda mais. Deixando-me cega e alheia a tudo em minha volta, a não ser o corpo morto da única pessoa que eu tinha. Da mulher que foi minha mãe, minha amiga e minha avó.

Continuei gritando até toda aquela energia que parecia vibrar desde os meus pés até meus cabelos sair. Continuei até não restar mais nada, apenas o silêncio pesado e sepulcral na pequena casa de madeira.

Abri os olhos e olhei ao redor com a visão embaçada pelas lágrimas.

Havia apenas pó, por todos os lados, nenhum sinal de vampiro, como se milagrosamente estivessem todos se desintegrado no ar. Os únicos presentes eram os irmãos Lýkos que me olhavam com os olhos arregalados de surpresa. Havia quatro deles em pé e, um pouco mais afastado estava um lobo cinza.

Seus olhos estavam em mim e por um momento mantive meus olhos presos ao seu, sem conseguir compreender de onde o lobo cinzento tinha surgido. Minha mente estava confusa e meus pensamentos lerdos, como se tivesse tomado alguma droga. Estava me sentindo letárgica e mesmo contra a minha vontade, meus olhos se fecharam e tudo desapareceu.

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