Não fazia ideia do que tinha acabado de acontecer.
Primeiro; foi o som que saiu da boca de Nikólas, que parecia mais um grunhido de um animal enfurecido.
Segundo; foi a forma em que falou com o irmão. O que ele quis dizer com ela é minha? Vovó nos olhava intensamente, seu semblante mostrava que ela finalmente havia compreendido minha ânsia de acompanhá-la essa noite.
— Isso explica muita coisa — disse com um suspiro. — O chamado — ela completou me deixando ainda mais confusa.
— Podemos esquecer isso e voltar ao assunto que a trouxe aqui? — vociferou Nikólas com os dentes trincados.
— Podemos, mas depois temos que conversar sobre isso, meu rapaz. — Seus olhos de águia fixos no homem que permaneceu inabalável pela forma que ela impunha naquele olhar que normalmente me fazia confessar todos os meus pecados, quando ela o direcionava a mim. — Do que precisam?
— Algo que possa disfarçar o nosso cheiro — disse um dos irmãos, Hector eu acho.
Quando entrei na casa meus olhos foram imediatamente atraídos para Nikólas e não reparei nos outros ocupantes da sala.
Olhando-os atentamente pude ver a beleza extraordinária de cada um deles. Nunca em minha vida vi tais traços de beleza, todos perfeitamente esculpido, quase sobrenatural, tamanha perfeição. Todos com a pele levemente bronzeada, com os cabelos da cor de ouro derretido e os olhos incrivelmente belos; uma mistura de verde com cinza. Uma cor rara e mais linda que já vi.
— Isso não vai ser problema. Posso saber por que precisam de algo assim? — interrogou vovó vasculhando sua bolsa.
— Não conseguimos rastreá-los. Acreditamos que eles estão tendo ajuda de alguém como a senhora, precisamos fazer o mesmo para que não possam nos farejar e assim, atraí-los para uma emboscada — respondeu Nikólas.
A conversa era estranha e queria saber sobre o que estavam falando, mas permaneci em silêncio, enquanto debatiam sobre o assunto desconhecido.
Vovó balançou a cabeça e sem ser convidada ajoelhou-se no chão de madeira e colocou o pano estampados com estrelas sobre a mesinha no centro.
— Isso não vai dar certo.Se eles têm ajuda de alguém como eu, já devem saber que estão chegando, além do mais, se procuraram mais cedo, já sentiram o cheiro de vocês e não são burros em cair em uma armadilha. Preciso de um mapa, posso fazer um feitiço de rastreamento, assim saberão onde encontrá-los — ofereceu.
Logo um mapa lhe foi entregue e permaneci afastada, mantendo meus olhos atentos ao que estava acontecendo.
Todos chamavam vovó de bruxa, mas nunca imaginei que ela pudesse realmente fazer magia. Umas misturas de ervas aqui e ali e supostas poções não significava que ela pudesse fazer feitiços.
Como se sentisse os pensamentos rodando minha cabeça como um furacão, ela me olhou por sobre os ombros e sorriu docemente.
— Lembre-se do que eu disse querida, mantenha a mente aberta e não surte.
Ela retirou da bolsa um pêndulo de cristal com o formato de uma flecha na ponta e o segurou pela corrente de prata.
— Fiquem em silêncio — orientou, fechando os olhos.
Ela começou a sussurrar vagarosamente, aos poucos sua voz aumentou o tom. Parecia um poema contado em um idioma que eu não conhecia.
Conforme ela o repetia como um mantra, o pêndulo começou a se movimentar.
Se não estivesse olhando fixamente para sua mão que estava parada no lugar, não teria acreditado que o pequeno objeto estivesse se movendo sem o seu auxílio.
Naquele momento, enquanto o pêndulo girava para todas as direções no mapa, um arrepio subiu por minha pele. Não havia nem mesmo um sopro de vento, mas o frio se instalou em meus ossos como se estivesse saindo de dentro de mim. Passei as mãos pelos braços tentando me livrar da sensação alarmante que se espalhava por todo meu corpo como um terrível presságio, fazendo-me estremecer e fechar a boca duramente para meus dentes não tilintarem pelo frio cortante.
Meus olhos focaram-se no pêndulo; apreensiva, inquieta. Quando ele parou, apontando para uma direção, vovó ergueu seus olhos arregalados e murmurou com a voz preocupada.
—Eles estão aqui e, não estão sozinhos.
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Antes mesmo que as palavras de Clara penetrassem em minha mente, a porta foi subitamente aberta fazendo-a bater contra a parede com a força do vento que surgiu magicamente.
Movido por puro instinto corri para frente de Lavínia, colocando-a atrás de minhas costas, em perfeita sincronia os meus irmãos se juntaram a mim, fazendo uma barreira protetora em frente à minha companheira.
Farejei o ar em busca do inimigo, mas não senti nada além do cheiro da floresta e dos animais que vivem nela. Nada que indicasse a presença dos vampiros.
— O que está acontecendo? — Lavínia murmurou, sua conotação assustada. Apesar do forte desejo que me assolou para certificar-me que ela estava bem, mantive meus olhos na porta aberta, meu corpo vibrando em alerta, pronto para entrar em ação.
— Vai ficar tudo bem, querida. Os Lýkos vão nos proteger — disse Clara, o som de sua voz indicando que ela estava ao lado da neta.
Uma mulher de cabelos laranja como fogo surgiu na porta, sendo escoltada por dois vampiros.
— Os Lýkos, é um prazer finalmente conhecer a famosa alcateia — disse a mulher, com um sorriso reluzente.
— Quem diabos, é você? — rosnei, deixando evidente meu desagrado diante da invasão. Meu desejo era rasgar sua maldita garganta por trabalhar com os vampiros e arrancar os corações dos malditos com minhas mãos nuas, por estarem assustando a minha companheira.
Podia cheirar o seu medo e isso estava quase me deixando prestes a cometer um massacre, a única coisa que mantinha o controle da fera, era saber que me ver matando os malditos a deixaria ainda mais assustada.
— Que indelicadeza de minha parte. Meu nome é Amélia e antes que pensem em fazer alguma coisa estúpida, deixe-me ressaltar que apesar de não sentirem o cheiro, a casa está cercada pelos meus novos amigos. Vocês podem ser bons, mas duvido que possam lidar com uma horda inteira de vampiros — disse tranquilamente.
— O que vocês querem? — rugiu Hector.
A mulher apontou o dedo com unhas pintadas em vermelho para um ponto atrás de mim, fazendo o lobo grunhir.
— Eu quero, ela!
NikólasA ameaça em sua voz me fez entrar em ação. Meus pés se moveram com graça felina, mas antes que conseguisse rasgar o pescoço da mulher, os vampiros se moveram com a mesma velocidade e colocaram-se em frente a ela.Com os sentidos aguçados, meus dedos se fecharam duramente ao redor da garganta de um deles, empurrando minha mão com as unhas em garras no peito do vampiro, sentindo o osso se romper conforme forcei dentro da caixa torácica arrancando o coração do maldito com um grunhido.Vampiros pareciam brotar de todos os lados. Pela visão periférica via meus irmãos lutado a árdua batalha.Grunhindo de raiva, golpeei com as pernas chutando um dos vampiros no estômago.— Nikólas! — O chamado de Hector me fez virar rapidamente e segurar a estaca de madeira afiada, que ele me lançará. Com os insti
LavíniaO doce perfume das madressilvas, misturado com o cheiro dos cravos que se estendiam pelo jardim florido, coberto pelas mais belas flores que já vi.Fechei os olhos e inspirei o ar absorvendo o suave aroma. Abri os braços e ergui a cabeça sentindo os raios do sol em minha pele. Não estava quente, estava perfeito.A brisa refrescante fazia as fragrâncias misturarem-se deixando um cheiro único no ar.Não sabia onde estava, mas não importava; tudo o que sentia era paz. Meu coração tão leve como plumas ao vento.— Venha cá querida! Ajude-me com essas rosas. — O som da voz de vovó me fez abrir os olhos. Ela estava ajoelhada em frente às rosas em um canto do jardim florido.Seus cabelos brancos estavam presos em um coque e sua mão esticada em minha direção com um sorriso. Foi quando me lembrei de que vi
NikólasNão sei por quanto tempo fiquei observando ela em minha cama. Não era momento para isso, mas cada parte do meu corpo ansiava por diminuir o pouco espaço que nos separava e deitar ao seu lado e envolvê-la em meus braços.O sentimento tão intenso, tão primitivo, que precisei me mover para o outro lado do quarto, o mais longe possível e, apertar as mãos em punho controlando o desejo insano de meu lobo de ignorar tudo e fazê-la minha.Alguns segundos depois, ela sentou abruptamente. Os olhos arregalados fixos em uma chave com uma corrente de prata em sua mão.— Não foi um sonho — murmurou para si mesma, antes de erguer a cabeça e saltar para fora da cama, quando me viu escorado na parede do outro lado do quarto.— Não vou machucá-la. — Ergui as mãos ao alto em rendição. Pelo menos, nã
NikólasDeveria deixá-la seguir seu caminho, ela estará mais segura, ela é forte e sabe se cuidar. Fiquei debatendo comigo mesmo enquanto via seu carro desaparecer na estrada.— Foda-se. — praguejei baixinho e peguei as chaves da moto.Ela disse que iria descobrir a verdade, não sei o que ela quis dizer, mas não importa, já tinha decidido. Lavínia não ia ficar sozinha, nem que ficasse escondido observando nas sombras até conseguir matar a maldita bruxa que sumiu magicamente no meio da batalha; cadela medrosa.A segui a uma distância segura e fiquei como disse; observando nas sombras quando ela contornou a loja de cristais em direção a parte detrás ao deduzi ser a entrada para o apartamento no andar de cima.“Ela precisa de você” — murmurou Cibele em minha mente, me fazendo rugir.“É sério?
NikólasPermaneci ao seu lado por um longo tempo enquanto ela lia o que estava escrito no caderno. Se eu fosse intrometido como Cibele, estaria espiando as páginas, para saber o que estava escrito ali. Lavínia estava tão concentrada na leitura, que nem percebeu quando levantei e entrei na casa.Procurei nos armários até encontrar o que procurava. Depois preparei um sanduíche, não sabia do que ela gostava, mas suspeitava que estivesse com fome e mesmo que não, ela precisava se alimentar.Servi um copo de leite e levei junto em uma bandeja que encontrei para a sacada.Ela havia colocado o pé embaixo do corpo, mudando de posição, mas seus olhos permaneciam colados nas páginas amarelas. Não queria interromper, mas o lado protetor estava ativado e o lobo estava inquieto. O macho alfa precisava assegurar que ela estivesse confortável.— Prepar
NikólasOs lábios que ela me ofereceu sedutoramente; tomei com os meus de forma exigente. Lavínia correspondeu com a mesma urgência, sua língua habilidosamente dançando com a minha, fazendo-me grunhir e a fera ronronar em completo abandono, com o gosto inebriante e o cheiro intoxicante provocado pela sua excitação.Meu sangue imediatamente começou a ferver. Deslizei a mão até tocar o broto do seu mamilo, tão suave quanto pêssego. Senti a boca salivar na ânsia de provar da fruta mais suculenta.Ela inclinou o quadril e arqueou o pescoço quando meus dentes rasparam na pele sensível. De alguma forma, apesar da banheira pequena, consegui me mover até suas pernas torneadas envolver ao redor da minha cintura, me colocando entre elas. Suas mãos deslizaram por baixo de minha camisa, o toque de seus dedos em minha pele acendeu ainda mais a chama ar
NikólasSeus cabelos como chocolate esparramado sobre o travesseiro, sua perna dobrada com o lençol cobrindo parcialmente sua nudez.Só de observá-la me sinto quente de novo, o calor se espalhando e se alojando em meu membro que volta a ficar rijo na ânsia de tomá-la novamente.Controlar os desejos escuros do lobo foi uma tarefa árdua. Tudo o que ele mais queria era marcá-la, mas o lado humano se sobressaiu à fera e consegui conter o chamado da besta.Ela ainda tem chance, ainda poderá seguir uma vida “normal”. Se tivesse seguido meus instintos e mordido seu lindo pescoço lânguido, nunca poderia ir embora e ela viveria em constante perigo ao lado do lobo.Vesti as calças molhadas com dificuldade. Tudo o que queria era voltar para cama e me deleitar em seus braços, mas depois de senti-la por completo, não sei por quanto tempo mais pos
LavíniaDespertei quando os raios de sol tocaram meu rosto, entrando pela cortina aberta do meu quarto. Peguei o travesseiro e cobri os meus olhos da claridade.Queria ficar na cama para sempre, fingir que vovó estava na loja de cristais e que tudo estava bem. Soltando um suspiro joguei o travesseiro longe.Prometi a ela que ia ser forte. Sei que ela está em um lugar bonito e que está feliz. Pensar nisso torna a dor em meu peito quase suportável. Sento-me na cama sentindo os músculos protestarem com o movimento, a lembrança da noite anterior inundando minha mente.Jesus! Não acredito que o seduzi tão descaradamente. Entreguei-me sem nenhum pudor. Nossos corpos entrelaçados na cama, emaranhado nos lençóis, em uma dança lenta e erótica que me fez esquecer tudo, inclusive o meu nome.Balançando a cabeça, enrolei-me no lençol e fui a