C a p í t u l o ♡ 2

Christopher 

— Sr. Donovan, que bom que está bem!

— Ralf, eu deveria tê-lo avisado que iria demorar mais do que o previsto hoje...

— Christopher, qualquer dia você irá me encontrar infartado ao lado do carro. Isso que você está fazendo é imprudente e muito arriscado.

— Creio que está na hora de falarmos da sua aposentadoria, Ralf — falei rindo.

— Ah, seu moleque atrevido! Na próxima vez que demorar, eu entro lá e te trago pelas orelhas.

Ralf ligou o carro, e seguimos pela estrada principal de volta para a mansão. A visão das casas do subúrbio foi, aos poucos, substituída pelas construções opulentas do bairro nobre onde eu morava.

A lembrança de um belo sorriso passou por meus pensamentos.

— Eu estava com uma massagista, por isso atrasei...

— Oh! Isso é novidade — Ralf me olhou pelo retrovisor — a senhora Susi Tanaka não é mais a sua favorita?

Susi é a minha massagista há anos, antes mesmo de iniciar no clube de lutas, é uma senhora japonesa formidável, e além do mais possui mãos mágicas.

— Que Susi não me escute, mas ela não tem curvas como as de Emily Carter! 

— Então uma daquelas jovens de micro short brilhante, finalmente te seduziu?

— Ela me pareceu uma boa moça, trabalhadora, inteligente...

— E quantos centímetros de busto possui a jovem com qualidades tão impressionantes?

— Ralf, pelo jeito você perdeu mesmo a fé em mim.

— Meu jovem rapaz você é extraordinário em tudo o que faz, exceto com as mulheres, com elas você é um idiota!

Ralf não estava errado, eu nunca acreditei em amor romântico, pra mim só existe o desejo, amor é sexo e vice versa.

Eu me senti atraído por Emily, e teria dado um jeito de fazer amor com ela, mas quando olhei em seus olhos, algo me impediu. Senti um impulso inesperado de cortejá-la, de ouvir o som agradável da sua risada, e descobrir mais sobre a garota escondida sob aquele uniforme vermelho brilhante, que eu sempre achei ridículo e apelativo demais.

Como será que a senhorita Emily Carter se veste pra ir à Universidade? Ou para o trabalho na cafeteria? Aposto que ela se veste de forma discreta, uma camiseta, um jeans e um all star.

— Chegamos Sr. Donovan! — Ralf anunciou, interrompendo os meus pensamentos.

— Ralf, a massagista me disse que também trabalha em uma cafeteria, confirme essa informação por favor!

— Sim, senhor! — Ralf levantou as sobrancelhas surpreso, mas ainda sorrindo.

Tirei toda a roupa e joguei o meu corpo exausto sobre a cama, a luta de hoje não foi difícil, no entanto a adrenalina da noite ainda parecia correr nas minhas veias. Aos poucos, o sono foi chegando e eu fui embalado pelas ondas de um cabelo dourado.

[ ... ] 

Entrei na sala de conferências com passos firmes, ajustando a minha gravata. O ambiente estava mais tenso que o normal, o que significava problemas. E problemas deixavam o meu humor ainda pior.

Eu podia ser tolerante em qualquer outra área da minha vida, mas no trabalho não havia margem para erros, eu trabalhei muito pra chegar onde eu cheguei, eu construí um império do nada, com disciplina e foco. 

— Bom dia, a todos! John, o que você tem pra nós? 

John era o meu gerente de projetos, e a julgar pela forma que ele se encolhia cada vez mais na cadeira, ele não continuaria no cargo por muito mais tempo. Lancei um olhar gélido em sua direção, aguardando pela sua resposta.

— Nós temos um problema, Sr. Donovan... A dona da Anastacia Romanova está vindo para Nova York, ela quer participar ativamente da criação do projeto de lançamento esse ano.

— Nós produzimos, a marca aprova o projeto e faz o pagamento. Sempre foi e sempre será assim! Richard?

— Eu sinto muito, senhor! Há uma brecha no contrato... — o homem respondeu ficando vermelho automaticamente.

— DROGA! — bati com os dois punhos sobre a mesa. — COMO VOCÊS DEIXARAM ESSA MERDA ACONTECER?

Respirei fundo, buscando me acalmar. Anastacia Romanova, era uma marca russa de roupas de luxo, eles entraram no mercado de Nova York há um ano e nós fizemos uma excelente campanha de lançamento, tornando-os um dos nossos contratos mais valiosos.

— Sr. Donovan, temos outro problema — John interviu timidamente.

— Fale! — respondi impaciente.

— A Sra. Romanova enviou um e-mail na sexta-feira passada, solicitando que a AdVision Productions ficasse diretamente responsável pelas acomodações de toda a equipe dela.

— John, quando a Sra. Romanova informou que chegaria? — as palavras saíram arrastadas, enquanto eu buscava pelo meu autocontrole que estava a um milésimo de segundo de ir embora.

— Hoje... às 14:00, senhor.

— Você está demitido! — falei friamente sem deixar margem para discussão — Richard, arrume um hotel para acomodar a equipe da Sra. Romanova, Luke você é o novo gerente de projetos, então me apresente um projeto decente até às 13:00, e por favor ME TRAGAM ALGUÉM QUE FALE RUSSO!

— Sim, senhor! — os outros murmuraram, e a reunião foi finalizada.

Era perto das 13:00 horas e um Luke muito nervoso estava sentado a minha frente com o esboço do novo projeto.

— Sr. Donovan, tem uma ligação urgente...

— Anote o recado, Célia. E não interrompa mais! 

— Me desculpe, senhor. Ralf disse que era urgente...

— Transfere! Luke, quero ver você no primeiro horário amanhã.

— Sim, senhor — o rapaz respondeu aliviado e saiu às pressas.

— Ralf, o que aconteceu?

— É sobre a senhorita Emily Carter, ela realmente trabalhava na cafeteria. Está uma grande confusão aqui! 

— Explique.

— Parece que o dono assediou a Srta. Carter, e ela jogou café quente nele, a mulher do dono se meteu e os clientes também, enfim... eu te enviei algumas fotos.

— Eu estou indo aí! 

— Acho melhor não...

— Ralf, cuide para que ela saia daí em segurança e descubra tudo o que puder sobre o dono da cafeteria! Eu estou a caminho!

Desliguei o telefone, e peguei o meu celular. As fotos estavam borradas, mas ainda assim era possível reconhecer a Emily no meio de várias pessoas.

— Célia, cancele todos os meus compromissos da parte da tarde, hoje eu não voltarei para o escritório. 

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