Christopher
— Sr. Donovan, que bom que está bem! — Ralf, eu deveria tê-lo avisado que iria demorar mais do que o previsto hoje... — Christopher, qualquer dia você irá me encontrar infartado ao lado do carro. Isso que você está fazendo é imprudente e muito arriscado. — Creio que está na hora de falarmos da sua aposentadoria, Ralf — falei rindo. — Ah, seu moleque atrevido! Na próxima vez que demorar, eu entro lá e te trago pelas orelhas. Ralf ligou o carro, e seguimos pela estrada principal de volta para a mansão. A visão das casas do subúrbio foi, aos poucos, substituída pelas construções opulentas do bairro nobre onde eu morava. A lembrança de um belo sorriso passou por meus pensamentos. — Eu estava com uma massagista, por isso atrasei... — Oh! Isso é novidade — Ralf me olhou pelo retrovisor — a senhora Susi Tanaka não é mais a sua favorita? Susi é a minha massagista há anos, antes mesmo de iniciar no clube de lutas, é uma senhora japonesa formidável, e além do mais possui mãos mágicas. — Que Susi não me escute, mas ela não tem curvas como as de Emily Carter! — Então uma daquelas jovens de micro short brilhante, finalmente te seduziu? — Ela me pareceu uma boa moça, trabalhadora, inteligente... — E quantos centímetros de busto possui a jovem com qualidades tão impressionantes? — Ralf, pelo jeito você perdeu mesmo a fé em mim. — Meu jovem rapaz você é extraordinário em tudo o que faz, exceto com as mulheres, com elas você é um idiota! Ralf não estava errado, eu nunca acreditei em amor romântico, pra mim só existe o desejo, amor é sexo e vice versa. Eu me senti atraído por Emily, e teria dado um jeito de fazer amor com ela, mas quando olhei em seus olhos, algo me impediu. Senti um impulso inesperado de cortejá-la, de ouvir o som agradável da sua risada, e descobrir mais sobre a garota escondida sob aquele uniforme vermelho brilhante, que eu sempre achei ridículo e apelativo demais. Como será que a senhorita Emily Carter se veste pra ir à Universidade? Ou para o trabalho na cafeteria? Aposto que ela se veste de forma discreta, uma camiseta, um jeans e um all star. — Chegamos Sr. Donovan! — Ralf anunciou, interrompendo os meus pensamentos. — Ralf, a massagista me disse que também trabalha em uma cafeteria, confirme essa informação por favor! — Sim, senhor! — Ralf levantou as sobrancelhas surpreso, mas ainda sorrindo. Tirei toda a roupa e joguei o meu corpo exausto sobre a cama, a luta de hoje não foi difícil, no entanto a adrenalina da noite ainda parecia correr nas minhas veias. Aos poucos, o sono foi chegando e eu fui embalado pelas ondas de um cabelo dourado. [ ... ] Entrei na sala de conferências com passos firmes, ajustando a minha gravata. O ambiente estava mais tenso que o normal, o que significava problemas. E problemas deixavam o meu humor ainda pior. Eu podia ser tolerante em qualquer outra área da minha vida, mas no trabalho não havia margem para erros, eu trabalhei muito pra chegar onde eu cheguei, eu construí um império do nada, com disciplina e foco. — Bom dia, a todos! John, o que você tem pra nós? John era o meu gerente de projetos, e a julgar pela forma que ele se encolhia cada vez mais na cadeira, ele não continuaria no cargo por muito mais tempo. Lancei um olhar gélido em sua direção, aguardando pela sua resposta. — Nós temos um problema, Sr. Donovan... A dona da Anastacia Romanova está vindo para Nova York, ela quer participar ativamente da criação do projeto de lançamento esse ano. — Nós produzimos, a marca aprova o projeto e faz o pagamento. Sempre foi e sempre será assim! Richard? — Eu sinto muito, senhor! Há uma brecha no contrato... — o homem respondeu ficando vermelho automaticamente. — DROGA! — bati com os dois punhos sobre a mesa. — COMO VOCÊS DEIXARAM ESSA MERDA ACONTECER? Respirei fundo, buscando me acalmar. Anastacia Romanova, era uma marca russa de roupas de luxo, eles entraram no mercado de Nova York há um ano e nós fizemos uma excelente campanha de lançamento, tornando-os um dos nossos contratos mais valiosos. — Sr. Donovan, temos outro problema — John interviu timidamente. — Fale! — respondi impaciente. — A Sra. Romanova enviou um e-mail na sexta-feira passada, solicitando que a AdVision Productions ficasse diretamente responsável pelas acomodações de toda a equipe dela. — John, quando a Sra. Romanova informou que chegaria? — as palavras saíram arrastadas, enquanto eu buscava pelo meu autocontrole que estava a um milésimo de segundo de ir embora. — Hoje... às 14:00, senhor. — Você está demitido! — falei friamente sem deixar margem para discussão — Richard, arrume um hotel para acomodar a equipe da Sra. Romanova, Luke você é o novo gerente de projetos, então me apresente um projeto decente até às 13:00, e por favor ME TRAGAM ALGUÉM QUE FALE RUSSO! — Sim, senhor! — os outros murmuraram, e a reunião foi finalizada. Era perto das 13:00 horas e um Luke muito nervoso estava sentado a minha frente com o esboço do novo projeto. — Sr. Donovan, tem uma ligação urgente... — Anote o recado, Célia. E não interrompa mais! — Me desculpe, senhor. Ralf disse que era urgente... — Transfere! Luke, quero ver você no primeiro horário amanhã. — Sim, senhor — o rapaz respondeu aliviado e saiu às pressas. — Ralf, o que aconteceu? — É sobre a senhorita Emily Carter, ela realmente trabalhava na cafeteria. Está uma grande confusão aqui! — Explique. — Parece que o dono assediou a Srta. Carter, e ela jogou café quente nele, a mulher do dono se meteu e os clientes também, enfim... eu te enviei algumas fotos. — Eu estou indo aí! — Acho melhor não... — Ralf, cuide para que ela saia daí em segurança e descubra tudo o que puder sobre o dono da cafeteria! Eu estou a caminho! Desliguei o telefone, e peguei o meu celular. As fotos estavam borradas, mas ainda assim era possível reconhecer a Emily no meio de várias pessoas. — Célia, cancele todos os meus compromissos da parte da tarde, hoje eu não voltarei para o escritório.Emily Não dormi quase nada, pensando sobre a minha estréia no "Covil", além do mais Lindsey não parava de me mandar mensagem, pra saber como foi a massagem com o Dragão.Pensar nele me deixava sorridente, mas o rabugento dono da cafeteria Grão de Ouro, não parecia muito satisfeito com o quanto um homem mascarado de queixo perfeito e músculos atraentes, estava me deixando distraída.— Caaaaarter! Leve esse café na mesa 4! — Já vou — respondi irritada, por ele estar gritando a mesma coisa pela terceira vez.A cafeteria não estava cheia, mas eu não tive muito tempo depois que saí do clube de luta para pensar no gentil lutador que eu acabara de conhecer. Quando eu cheguei no apartamento o cansaço da noite em claro era tão grande que eu dormi com roupa e tudo no sofá, quase perdi a hora de entrar no trabalho.Eu não podia me dar ao luxo de perder o emprego, as cartas se acumulando em baixo da porta era um sinal claro disso, então entrei debaixo do chuveiro por dois minutos, coloquei uma
Christopher — Você não devia ter vindo...— Ralf, eu tinha que vir!— Eu entendo o seu fascínio, ela é espirituosa e sem dúvida muito bonita.— Não é sobre ela, é sobre a situação. Ela vai denunciar o desgraçado?— Não, eu pesquisei um pouco. Ela está endividada, se denunciar o ex-patrão, será difícil conseguir um novo emprego.— Droga! — murmurei, incapaz de controlar a raiva que borbulhava dentro de mim — Entende porque esse tipo de situação me deixa revoltado? Esse maldito provavelmente não faz ideia das consequências que o comportamento idiota dele ocasionou.— Acho que ele não precisou esperar muito pra ver, ela jogou café quente nele...— É pouco — estreitei os olhos, alguns pensamentos obscuros dominando a minha mente — Christopher, eu conheço esse olhar. Me promete que não vai fazer nada? Eu te considero como um filho, eu te encontrei dentro dessa escuridão para qual você está pensando em voltar, não faça isso. Eu sei que você se importa com a moça, mas não vai ajudar dessa
Emily A sala de espera da AdVision Productions era maior que o meu apartamento inteiro. Olhei para os meus pés, satisfeita por ter escolhido botas ao invés do tênis velho de sempre.Pensei em ir mais uma vez ao banheiro, analisar a minha imagem no espelho. A calça jeans skinny, o terninho azul marinho e a camisa branca não ficariam mais elegantes, pelo simples fato de eu estar conferindo a cada cinco minutos.Dei mais uma olhada ao redor. O ambiente era amplo, com decorações minimalistas, e a elegância em cada detalhe fazia com que eu me sentisse deslocada. A própria recepcionista parecia uma extensão da decoração: alta, com uma saia lápis verde musgo e um terninho de corte perfeito na mesma cor, que combinavam perfeitamente com sua pele morena bronzeada e seus olhos verdes.— Emily Carter, o Sr. Donovan irá recebê-la agora. Por favor, me acompanhe — disse a recepcionista com um sorriso educado, levantando-se e sinalizando para que eu a seguisse. Quando entrei no escritório do CEO
Christopher — Alguém me explica como Anastacia Romanova conhece Victoria? — perguntei aos pares de olhos atônitos à minha frente, na sala de reunião. Victoria Blake era a dona da maior concorrente da AdVision Productions e, embora a nossa relação fosse aparentemente amistosa, a ligação dela com a minha melhor cliente com certeza não era mera coincidência. — Talvez Anastacia tenha procurado a concorrência buscando um melhor preço — Luke respondeu fracamente. — Anastacia me procurou porque eu sou o melhor, ela não está atrás de uma pechincha. Saiam todos daqui! — explodi. Voltei para minha sala, ainda fervendo de raiva. Notei várias chamadas perdidas de Ralf no meu celular. — Ralf, o que aconteceu? — A polícia está investigando a morte do Gerard. Um amigo disse que sabem que você esteve lá. — Você está de sacanagem, isso é impossível! — Tem uma testemunha que alega ter visto o Dragão. É melhor você evitar o clube nesse fim de semana. — Que droga! Se eu for interrogado, terei
Emily — Srta. Carter, em cima da minha mesa estão todos os contratos da AdVision Productions. Vou pedir que confira um a um e os coloque em ordem alfabética. — Devo procurar algo específico nesses contratos, Sr. Donovan? — perguntei, enquanto admirava o quanto ele ficava lindo todo de preto: terno preto, camisa preta e gravata impecável, que ele continuava a ajustar. — Acredito que é capaz de compreender bem o nosso idioma, então apenas faça o que pedi! — Sim, senhor — respondi, sem graça, ao perceber os seus olhos azuis intensos cravados em mim. Christopher saiu do escritório e finalmente pude me concentrar na pilha de papéis à minha frente. Hoje nada vai me abalar. Será a minha segunda noite no clube. O clube de luta funciona aos finais de semana apenas, de sexta a domingo, e eu estou ansiosa para encontrar o Dragão novamente. Enquanto olhava os contratos, não pude deixar de reparar em inconsistências no contrat
Emily A noite no clube começou animada, com as meninas cochichando pelos cantos, sobre o Dragão e eu. — E aí, boneca? Ouvi dizer que ele não dura cinco minutos — uma das garotas me provocou. Eu dei um sorrisinho amarelo. Eu duvido e muito disso, mas dizer que ele é uma máquina de fazer sexo seria mentira, porque a verdade é que eu não sei. Tudo o que rolou entre nós foi meio beijo, um beijinho tímido no canto da boca. — Se um cara matasse outro por mim, eu daria até os buracos proibidos. Isso é muito sexy! — Ele não matou ninguém! — falei imediatamente. As outras meninas riram, e eu fechei a cara, emburrada. — Você não deveria defender ele! Você nem o conhece. — Lindsey se aproximou de mim, os olhos vermelhos e inchados. — Ei, o que aconteceu com você? Andou chorando? — Não, é só enxaqueca. — Lindsey Lorrane, você nunca foi boa em contar mentiras... — Já falei p
Christopher Eu estava caído no meio do ringue, quando o meu raio de sol apareceu, o juiz não iria parar a luta, alguém no clube estava tentando me matar. Primeiro o drinque contaminado, agora um juiz decidido a deixar que a luta durasse até a minha morte, mas eu não iria me render. Não diante daqueles olhos esverdeados como uma pequena porção do mar, não morreria sem sentir a textura daqueles cabelos dourados por entre os meus dedos. Reage! Emily Carter era o antídoto perfeito para qualquer droga que tenham me dado. Me senti bem o suficiente para virar o jogo e vencer a luta, mas eu ainda tinha algo a fazer, tirar Emily do meio daqueles selvagens. Coloquei Emily sobre os meus ombros e a levei comigo para o meu camarim. — Você é resistente — sua voz era apenas um sussurro, quando a deitei na cama, tomando cuidado para não soltar o peso do meu corpo sobre ela. — Se você me permitir, eu te mostrarei o tamanho da minha resistência, querida! Esfreguei a minha ereção nela sem
Emily — Ele vai ficar bem? — perguntei para o Ralf, o Dragão já estava apagado no banco de trás. — Ele é um cara resistente, Srta. Carter. As palavras de Ralf me deixaram coradas da cabeça aos pés, recordando os momentos nada decentes que tive com o Dragão, pensando bem, como não percebi que ele estava tão mal? — Vocês são amigos? — perguntei, direcionando os meus pensamentos para outro rumo. — Sim — Ralf respondeu evasivo. A noite havia sido uma montanha russa de emoções, e quando finalmente cheguei em casa, senti o meu corpo dolorido de tensão, ou talvez fosse por conta do sexo selvagem com o Dragão. Deitei na cama e comecei a tentar organizar os últimos acontecimentos da semana, tudo parecia um quebra-cabeça imenso, com um ponto em comum: Ralf. Ralf estava na cafeteria no dia da confusão, Ralf estava com Christopher na AdVision e Ralf me pareceu bem próximo do Dragão. Seria coincidência? O meu irmão c