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Sob o Domínio do CEO
Sob o Domínio do CEO
Por: Mara Lafontane
C a p í t u l o ♡ 1

Nova York

Tygor, o gerente do clube de luta, inclinou-se na cadeira, os olhos deslizando lentamente pelo meu corpo. Seus lábios se curvaram em um sorriso predatório, senti um arrepio de desconforto percorrer a minha espinha. Meus olhos buscaram desesperadamente por Lindsey, que apenas ria despreocupada do outro lado do camarim.

— Passe um batom vermelho e seja bem-vinda ao "Covil"!

Ele se retirou e Lindsey veio correndo até onde eu estava.

— Eu sabia que você conseguiria, olha esse cabelo, essa pele, você é perfeita amiga — Lindsey exclamou, seu entusiasmo quase contagiante.

Mas, enquanto eu olhava meu reflexo no espelho, tudo o que via eram as olheiras escuras de noites sem dormir, preocupada com Daniel e com as contas acumulando na mesa da cozinha.

— As pessoas aqui gostam muito de vermelho — falei enquanto passava o batom, esfregando os lábios pra cor ficar uniforme — vermelho sangue!

Lindsey deu uma risada escandalosa.

— Agora vamos fofa, que o Tygor já está de olho em nós.

Que eu não encontre nenhum pai de um futuro aluno meu, pensei enquanto fazia o sinal da cruz e saía do camarim para a área ao redor do ringue, onde as pessoas se aglomeravam.

— Enquanto nenhum lutador chamar, a gente serve drinques para o público — Lindsey me instruía.

— Ainda não tenho certeza se eu deveria ter te escutado — comentei, observando o lugar.

De um lado do ringue havia umas mesas pequenas, provavelmente reservadas para os clientes vip, em torno do ringue havia uma arquibancada que formava uma meia lua, para os demais apostadores, o ambiente tinha uma atmosfera violenta que me assustava.

— Aquela é a Melissa, ela recolhe o dinheiro das apostas. Ela não faz massagens e jura que recusou até mesmo um convite do Dragão, eu duvido.

— Quem é Dragão?

— Você vai ver, é ele quem vai fazer a última luta de hoje. Ah, detalhe importante, não se aproxime dele em momento algum, ele é um gostoso, mas um grande babaca. Ele nunca chamou nenhuma garota, então se concentre no adversário dele, eles ficam arrasados, e normalmente chamam várias meninas para massagear o ego deles, que foi pisoteado.

— Você é má, Lindsey Lorrane! — a provoquei, eu sabia que ela detestava o segundo nome.

— Shhh, nunca mais diga esse nome aqui, ou eu contarei todos os seus segredos mais nojentos — Lindsey fez um biquinho e ambas fomos chamadas ao trabalho.

As horas passavam rápido, enquanto eu andava de um lado para o outro servindo bebidas e ouvindo gracinhas. Durante um breve momento de descanso, encostei-me na parede e deixei a minha mente vagar.

O peso das dívidas pressionava o meu peito, cada centavo ganho aqui era uma tentativa desesperada de garantir o tratamento do meu irmão. As gorjetas generosas ofereciam um lampejo de esperança em meio ao caos financeiro que eu enfrentava.

O trabalho na cafeteria durante o dia pagava muito pouco, só com as gorjetas dessa noite eu ganhei o salário de uma semana, eu estava empolgada, e Lindsey me avisou que o melhor viria quando as lutas acabassem, muitos homens queriam massagens, lutadores ou não.

Um novo alvoroço iniciou e eu sabia que mais uma luta iria começar, apesar de estar concentrada em não cair enquanto atravessava o salão de salto alto com a bandeja na mão, eu pude ouvir a empolgação do locutor ao anunciar a entrada do Dragão.

Ótimo! Significava que era a última luta da noite, e que o meu trabalho estava perto do final, com um pouco de sorte, conseguiria dormir antes de ir para a cafeteira.

Não consegui evitar a curiosidade em olhar para o homem que entrava no ringue, Lindsey me disse que eu acostumaria com a pancadaria, mas confesso que passei a noite inteira evitando aquela direção.

O Dragão andava calmante no ringue, a cabeça baixa, ele utilizava uma máscara igual ao do Zorro, cobria a região em volta dos olhos, haviam dois furos, para que pudesse enxergar.

No peito havia uma tatuagem de um dragão, ele era musculoso, mas não tão grande quanto o seu adversário, senti um frio na barriga quando o sino tocou anunciando o início da luta.

— Ei, loira! Cadê a minha bebida? — um homem gesticulava com as duas mãos pra mim.

Mas, eu estava completamente entretida na luta. O Dragão tinha algo diferente, talvez o jeito que ele lutava ou o corpo definido em conjunto com o maxilar perfeito. Não deixe esse idiota acertar o seu queixo!

Senti uma onda de tensão invadir o meu corpo. Quando o grandão finalmente caiu, os músculos do meu corpo relaxaram.

O Dragão se aproximou do público para comemorar a vitória e eu dei um sorriso enorme, torcendo pra que ele retirasse a máscara.

— Traz a minha bebida! — o homem gritou novamente, e eu caminhei sorridente até ele.

As lutas haviam terminado, mas o meu trabalho pelo jeito ainda não, Tygor vinha caminhando apressado na minha direção.

— Volte ao camarim, retoque esse batom, dê uma ajeitada no cabelo, suba as escadas a direita e vá para o camarim um, alguém precisa de uma bela massagista, não de uma garçonete descabelada.

— Ah tá — respondi insegura.

Eu não sabia muito bem como aquilo iria funcionar, ainda assim segui passo a passo como me foi ordenado. Eu podia escutar o burburinho das garotas empolgadas se retocando, soltei o cabelo, repassei o batom e subi as escadas.

Um carpete vermelho forrava todo o piso, e o meu salto alto parecia afundar levemente, enquanto eu pisava, placas douradas marcavam a numeração dos camarins dos lutadores, no final do longo corredor estava o número 1.

Respirei fundo e bati na porta.

— Entre! — ouvi a voz soar do lado de dentro.

O homem estava olhando pela janela, a luz suave da lua delineando os seus músculos bem definidos sob a calça de moletom preta e a blusa de capuz. Quando ele se virou, seus olhos azuis, quase elétricos, perfuraram os meus. Ainda usando a máscara, ele exalava uma mistura de perigo e fascínio que me deixou intrigada.

— Eu sinto muito, eu me confundi. É o meu primeiro dia, com certeza devo ter entendido errado o número do camarim, o barulho lá fora... me desculpe! — senti o meu rosto corar, enquanto me lembrava das palavras de Lindsey, sobre ficar longe do Dragão.

— Sente-se! — sua voz soou firme, quase hipnótica. Eu obedeci, sentindo o meu coração acelerar.

Retirei um pote de massagem de dentro da minha bolsa, minhas mãos tremendo ligeiramente. Ele se aproximou lentamente, cada passo seu parecia ressoar no silêncio tenso do camarim.

— Qual essência prefere? Lavanda? Camomila?

— Senhorita Emily, não te chamei pela massagem! Eu quero... companhia — suas palavras foram acompanhadas por um sorriso enigmático.

Ele caminhou até o frigobar, pegou duas garrafas de cerveja e me entregou uma, o toque de seus dedos brevemente, encontrando os meus, enviando um arrepio inesperado pela minha pele.

— Foi uma longa noite, acho que você merece um descanso, bebe comigo...

— Ah sim, eu aceito — respondi completamente confusa.

O Dragão podia ser feroz e violento no ringue, mas ali, em sua companhia, ele mostrou um lado surpreendentemente educado e divertido.

— Emily Carter, espero você na semana que vem — sua voz soou baixa e envolvente.

Ele se inclinou e os seus lábios roçaram suavemente o canto da minha boca. Um arrepio percorreu a minha pele, deixando um rastro de desejo e uma promessa de algo mais. Eu fiquei ali, paralisada, enquanto ele se afastava, deixando-me ansiosa pelo nosso próximo encontro.

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