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C a p í t u l o ♡ 6

Christopher

— Alguém me explica como Anastacia Romanova conhece Victoria? — perguntei aos pares de olhos atônitos à minha frente, na sala de reunião.

Victoria Blake era a dona da maior concorrente da AdVision Productions e, embora a nossa relação fosse aparentemente amistosa, a ligação dela com a minha melhor cliente com certeza não era mera coincidência.

— Talvez Anastacia tenha procurado a concorrência buscando um melhor preço — Luke respondeu fracamente.

— Anastacia me procurou porque eu sou o melhor, ela não está atrás de uma pechincha. Saiam todos daqui! — explodi.

Voltei para minha sala, ainda fervendo de raiva. Notei várias chamadas perdidas de Ralf no meu celular.

— Ralf, o que aconteceu?

— A polícia está investigando a morte do Gerard. Um amigo disse que sabem que você esteve lá.

— Você está de sacanagem, isso é impossível!

— Tem uma testemunha que alega ter visto o Dragão. É melhor você evitar o clube nesse fim de semana.

— Que droga! Se eu for interrogado, terei minha identidade exposta e isso seria perigoso. E se eu não aparecer no clube, será como assinar uma declaração de culpa.

— Eu disse que essas lutas clandestinas te meteriam em problemas. Eu avisei, Christopher! Pelo menos você não contratou a jovem Emily.

— Eu contratei — respondi desanimado — ela assinou os papéis hoje mesmo.

— Ótimo! Agora eles têm um assassino com a motivação perfeita. Fale com o Charles, se alguém pode te tirar disso, é o seu irmão.

Charles é o meu irmão mais velho, apenas Ralf e Charles sabem que eu sou o Dragão. Charles é advogado, uma vez eu escutei que não se deve mentir para duas pessoas em sua vida, o seu médico e o seu advogado, e o Charles é o meu advogado.

Como tudo saiu fora do controle tão depressa? Observei o sol se escondendo atrás dos arranha-céus, sentindo uma sensação de desespero crescente. As nuvens escuras que se aproximavam refletiam perfeitamente o caos iminente na minha vida. Dias difíceis estavam chegando, e eu não sabia se estava preparado para enfrentá-los.

Enquanto refletia sobre as complicações recentes, me lembrei da entrevista com Emily. Seu cabelo dourado como o sol era uma centelha de vida no meu mundo preto e branco, despertando desejos que não poderia satisfazer, ainda mais agora que trabalhava pra mim. Precisava de algo para aliviar a tensão.

— Célia, a garota russa ainda está na empresa? — perguntei, precisando de um belo corpo feminino para acalmar os ânimos.

— Sim, senhor. Na sala reservada, levei frutas e champanhe.

— Obrigado! — respondi satisfeito, analisando a cópia do documento que Anastacia me encaminhou por email. Victoria deve ter dito que eu não saio com menores de dezoito.

Ajeitei a gravata e segui para a minha sala reservada. A sala ficava no subsolo, poucas pessoas sabiam que ela existia, não constava na planta do prédio.

Katarina estava sentada confortavelmente em uma das poltronas. Apesar de se chamar sala reservada, o cômodo possuía uma cama de dossel no centro, e a decoração em tons terrosos com detalhes dourados e vermelhos exalava sensualidade. A iluminação suave e os tecidos luxuosos faziam deste, sem dúvida, o meu lugar favorito em todo o prédio.

Parei na porta, observando as feições delicadas da garota. Qualquer sinal que indicasse que ela não me quer e eu a mandaria embora. Ela se levantou sorrindo e caminhou em minha direção, os olhos fixos nos meus.

Passei a mão pelo rosto dela, e ela fechou os olhos, inclinando-se para o toque, implorando silenciosamente por mais.

Não teríamos muito o que conversar mesmo, então retirei o meu terno e a camisa, e aproveitei cada detalhe daquele corpo esguio e daquela boca esperta.

Depois de muito sexo regado a champanhe, eu estava pronto para encarar os desafios que ameaçavam colocar o meu mundo abaixo.

Ralf já estava me esperando para me levar até o Pub La Muerte, onde eu marquei de me encontrar com o Charles.

Meu irmão já estava tomando uma cerveja quando eu cheguei.

— Aí está você — ele me cumprimentou com um soquinho no ombro, que eu devolvi — Vai de cerveja?

— Vou começar com algo mais forte hoje. Whisky, por favor — falei, me dirigindo a garçonete.

— É sério assim? — meu irmão franziu a testa, evidenciando os sinais do tempo em seu rosto.

— Lembra do caso "Patrícia Pontes"? — só a menção do nome dela, já me deixava nauseado.

— Lembro! — meu irmão respondeu, claramente incomodado com o assunto — não vejo motivo pra tocar nesse assunto novamente, nós já enterramos essa história!

— Aconteceu uma situação parecida com uma amiga... o patrão a assediou.

— Ah não Christopher! Que merda você fez...

— Eu fui na casa do cara, ele já estava morto. Mas, me viram na cena do crime, ou melhor viram o Dragão.

— Porra! Combinamos que você ia parar de bancar o vingador, Christopher! O clube de luta era justamente pra te ajudar a lidar com toda essa merda da sua cabeça, acho que precisamos seguir os métodos tradicionais e te arrumar um terapeuta.

— Eu não ia matá-lo — falei, apesar da raiva que senti quando Ralf me contou sobre o ocorrido.

— Ótimo, usaremos isso em sua defesa! — Charles balançava a cabeça inconformado.

— Garçom, mais uma dose de whisky, por favor! — pedi.

— Duas! — Charles completou o pedido — Eu tenho um plano, mas estaremos agindo fora da lei, mais uma vez.

— Que o nosso pai não nos ouça...

— Thomas Donovan, mandaria prender os próprios filhos, pode apostar. Mas, mudando de assunto Chris, quem é a garota?

— Emily... — bebi um pouco do whisky.

— Ah, o nome dela é Emily — Charles riu, animado por eu ter mordido a isca.

— Eu a conheci no clube de luta! Agora ela trabalha pra mim.

— Pobre criatura...

— Talvez o Dragão tenha um pouco mais de sorte no amor.

— Não te falta sorte, Christopher. Te falta decência com as mulheres.

— Eu não sou indecente — resmunguei.

— Então me responda, qual foi a última mulher que você namorou? Você nunca leva nenhuma delas a sério.

— Chega dessa conversa. Me mande o seu plano por mensagem — me levantei de uma vez, fazendo o copo escorregar e cair.

— Porra, Christopher! Pare de agir feito um idiota!

Eu joguei uma nota sobre a mesa e fui embora sem olhar pra trás.

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