Emily
Não dormi quase nada, pensando sobre a minha estréia no "Covil", além do mais Lindsey não parava de me mandar mensagem, pra saber como foi a massagem com o Dragão. Pensar nele me deixava sorridente, mas o rabugento dono da cafeteria Grão de Ouro, não parecia muito satisfeito com o quanto um homem mascarado de queixo perfeito e músculos atraentes, estava me deixando distraída. — Caaaaarter! Leve esse café na mesa 4! — Já vou — respondi irritada, por ele estar gritando a mesma coisa pela terceira vez. A cafeteria não estava cheia, mas eu não tive muito tempo depois que saí do clube de luta para pensar no gentil lutador que eu acabara de conhecer. Quando eu cheguei no apartamento o cansaço da noite em claro era tão grande que eu dormi com roupa e tudo no sofá, quase perdi a hora de entrar no trabalho. Eu não podia me dar ao luxo de perder o emprego, as cartas se acumulando em baixo da porta era um sinal claro disso, então entrei debaixo do chuveiro por dois minutos, coloquei uma calça jeans surrada e uma camiseta do Metallica, uma imitação do Nike Air Jordan nos pés, e saí correndo. — Caaaaarter, mesa 10 chamando!!! Por um momento, fiquei me perguntando pra quê servia o painel onde apareciam as solicitações dos clientes, quando eles apertavam um botão na mesa? O Sr. Gerard fazia o trabalho perfeitamente. Por volta do horário de almoço, a cafeteria estava lotada, e eu havia deixado o misterioso mascarado de lado para me concentrar nas minhas funções. Foi em um desses momentos, enquanto eu me espremia atrás do balcão para preparar um Macchiato, que eu senti o Sr. Gerard se esfregando descaradamente em mim, enquanto fingia tentar passar para o outro lado do balcão. Sem pensar muito, dei-lhe um belo banho de Macchiato. — Seu velho safado! — xinguei, as minhas bochechas pegando fogo de tanta raiva, enquanto ele me chamava de maluca. Arranquei o avental, e quando estava me preparando pra sair, a mulher dele chegou. — Mas, o que houve aqui? Você jogou café quente no meu marido? Sua desequilibrada! A confusão reiniciou. E ficamos naquela discussão sobre o que aconteceu, e o que eles queriam que eu acreditasse que aconteceu. Quando a Sra. Flora, falou que eu era louca como o meu irmão, eu dei-lhe uma bolsada bem dada, e os clientes interviram na confusão. — Srta., você precisa sair daqui! Posso te acompanhar até a delegacia, se quiser... Fui escoltada pelo homem vestido de forma elegante, para o lado de fora da cafeteria, os gritos lá dentro continuavam, agora a Flora batia no Sr. Gerard. — Vamos à delegacia, denunciá-lo. Encarei o estranho de cima a baixo, desconfiada. — Escute aqui, eu não vou com você pra lugar nenhum! E você provavelmente não faz ideia de que nenhum lugar contrata uma garota que denunciou o ex patrão por assédio, e eu não posso ficar desempregada. Finalmente, o peso do que havia acabado de acontecer me atingiu como um soco no estômago. Os e-mails da clínica, as cobranças de aluguel, a luz prestes a ser cortada, a mensalidade da NYU ( Universidade de Nova York) atrasada. Nem por um milagre eu conseguiria dinheiro suficiente pra pagar tudo isso. Andei alguns passos apressados para me afastar da cafeteria, ainda sendo seguida pelo estranho, me sentei na calçada mesmo e desabei a chorar. — Srta. Carter, tem alguma coisa que eu posso fazer para ajudá-la? — ele me estendeu um lenço. Pensei em dizer alguma estupidez, mas me contive. O homem tinha idade pra ser o meu pai, e estava sendo gentil, aceitei o lenço e balancei a cabeça em negativa. — Você não pode fazer nada. Aliás, como sabe o meu nome? — Ouvi alguém falar durante a discussão. Eu me chamo Ralf, eu sou advogado e esse é o meu cartão, deixe que ao menos eu te leve para casa! No cartão preto estava escrito Ralf Ricco, e atrás havia apenas um número de telefone. — Eu acabei de ser assediada em um local público, seria estupidez entrar no carro de um estranho. O homem riu. — Está certa. Se precisar, me ligue. Caminhei lentamente para casa, não estava com pressa de encarar a realidade delicada em que eu me encontrava, quando finalmente cheguei no prédio tive a ligeira sensação de ter sido seguida por um carro sedan preto, com o vidro filmado. Seria o tal Ralf, pra garantir que eu não jogaria café em mais ninguém? Porque se for um assalto, é um ladrão com muita falta de sorte. Sem dar muita importância subi as escadas do prédio antigo, e me tranquei no que eu ainda podia chamar de meu cantinho. Liguei para Lindsey para desabafar e o assunto "Dragão" ficou para outro momento. Eu não estava com vontade de ir para a faculdade, e o trabalho no clube era apenas aos finais de semana, então tomei um chá de camomila e dormi profundamente. Fui acordada no meio da noite com a campainha tocando sem parar. — Emily, sou eu Lindsey! — ouvi a voz do outro lado da porta. Olhei no relógio de parede que marcavam três horas da manhã. — Lindsey, o que faz aqui esse horário? — Eu não queria falar por telefone, estou assustada, olha — ele me mostrou as mãos trêmulas. — Você está me assustando. O que aconteceu? Eu vou fazer mais chá de camomila, vamos para a cozinha. — O Sr. Gerard está morto — ela me falou quase sussurrando. — Como assim? Eu não estou entendendo nada, Lindsey você precisa se acalmar — envolvi as mãos dela com as minhas. — Ele foi assassinado, espancado até a morte! Eu abri a boca pra falar alguma coisa, mas o choque da notícia me deixou sem palavras. — Eu estava pensando. Não é culpa sua, é claro! Mas, o que rolou com você e aquele lutador? Ele poderia muito bem espancar um homem até a morte. — Não rolou nada — respondi, ainda em choque. — Emily, eu não estou culpando você. E além do mais, o Sr. Gerard era um idiota, Deus que me perdoe por falar dos mortos. Mas, se o Dragão tiver feito isso, sei lá, pra defender a sua honra, significa que ele é um homem muito perigoso e que você deve tomar cuidado. — Você está completamente louca! Não foi ele, eu tenho certeza. — Como pode ter certeza? Você mal o conhece... — Nós conversamos, ele é gentil e educado. Ele não teria porque fazer algo assim... — Mas, vocês ficaram? — o medo foi se dissipando aos poucos dos olhos de Lindsey. — Vamos tomar um chá e eu te conto tudo. Lindsey ele não matou o Sr. Gerard! Eu repeti aquilo pra mim mesma, afinal o que eu sabia sobre o Dragão?Christopher — Você não devia ter vindo...— Ralf, eu tinha que vir!— Eu entendo o seu fascínio, ela é espirituosa e sem dúvida muito bonita.— Não é sobre ela, é sobre a situação. Ela vai denunciar o desgraçado?— Não, eu pesquisei um pouco. Ela está endividada, se denunciar o ex-patrão, será difícil conseguir um novo emprego.— Droga! — murmurei, incapaz de controlar a raiva que borbulhava dentro de mim — Entende porque esse tipo de situação me deixa revoltado? Esse maldito provavelmente não faz ideia das consequências que o comportamento idiota dele ocasionou.— Acho que ele não precisou esperar muito pra ver, ela jogou café quente nele...— É pouco — estreitei os olhos, alguns pensamentos obscuros dominando a minha mente — Christopher, eu conheço esse olhar. Me promete que não vai fazer nada? Eu te considero como um filho, eu te encontrei dentro dessa escuridão para qual você está pensando em voltar, não faça isso. Eu sei que você se importa com a moça, mas não vai ajudar dessa
Emily A sala de espera da AdVision Productions era maior que o meu apartamento inteiro. Olhei para os meus pés, satisfeita por ter escolhido botas ao invés do tênis velho de sempre.Pensei em ir mais uma vez ao banheiro, analisar a minha imagem no espelho. A calça jeans skinny, o terninho azul marinho e a camisa branca não ficariam mais elegantes, pelo simples fato de eu estar conferindo a cada cinco minutos.Dei mais uma olhada ao redor. O ambiente era amplo, com decorações minimalistas, e a elegância em cada detalhe fazia com que eu me sentisse deslocada. A própria recepcionista parecia uma extensão da decoração: alta, com uma saia lápis verde musgo e um terninho de corte perfeito na mesma cor, que combinavam perfeitamente com sua pele morena bronzeada e seus olhos verdes.— Emily Carter, o Sr. Donovan irá recebê-la agora. Por favor, me acompanhe — disse a recepcionista com um sorriso educado, levantando-se e sinalizando para que eu a seguisse. Quando entrei no escritório do CEO
Christopher — Alguém me explica como Anastacia Romanova conhece Victoria? — perguntei aos pares de olhos atônitos à minha frente, na sala de reunião. Victoria Blake era a dona da maior concorrente da AdVision Productions e, embora a nossa relação fosse aparentemente amistosa, a ligação dela com a minha melhor cliente com certeza não era mera coincidência. — Talvez Anastacia tenha procurado a concorrência buscando um melhor preço — Luke respondeu fracamente. — Anastacia me procurou porque eu sou o melhor, ela não está atrás de uma pechincha. Saiam todos daqui! — explodi. Voltei para minha sala, ainda fervendo de raiva. Notei várias chamadas perdidas de Ralf no meu celular. — Ralf, o que aconteceu? — A polícia está investigando a morte do Gerard. Um amigo disse que sabem que você esteve lá. — Você está de sacanagem, isso é impossível! — Tem uma testemunha que alega ter visto o Dragão. É melhor você evitar o clube nesse fim de semana. — Que droga! Se eu for interrogado, terei
Emily — Srta. Carter, em cima da minha mesa estão todos os contratos da AdVision Productions. Vou pedir que confira um a um e os coloque em ordem alfabética. — Devo procurar algo específico nesses contratos, Sr. Donovan? — perguntei, enquanto admirava o quanto ele ficava lindo todo de preto: terno preto, camisa preta e gravata impecável, que ele continuava a ajustar. — Acredito que é capaz de compreender bem o nosso idioma, então apenas faça o que pedi! — Sim, senhor — respondi, sem graça, ao perceber os seus olhos azuis intensos cravados em mim. Christopher saiu do escritório e finalmente pude me concentrar na pilha de papéis à minha frente. Hoje nada vai me abalar. Será a minha segunda noite no clube. O clube de luta funciona aos finais de semana apenas, de sexta a domingo, e eu estou ansiosa para encontrar o Dragão novamente. Enquanto olhava os contratos, não pude deixar de reparar em inconsistências no contrat
Emily A noite no clube começou animada, com as meninas cochichando pelos cantos, sobre o Dragão e eu. — E aí, boneca? Ouvi dizer que ele não dura cinco minutos — uma das garotas me provocou. Eu dei um sorrisinho amarelo. Eu duvido e muito disso, mas dizer que ele é uma máquina de fazer sexo seria mentira, porque a verdade é que eu não sei. Tudo o que rolou entre nós foi meio beijo, um beijinho tímido no canto da boca. — Se um cara matasse outro por mim, eu daria até os buracos proibidos. Isso é muito sexy! — Ele não matou ninguém! — falei imediatamente. As outras meninas riram, e eu fechei a cara, emburrada. — Você não deveria defender ele! Você nem o conhece. — Lindsey se aproximou de mim, os olhos vermelhos e inchados. — Ei, o que aconteceu com você? Andou chorando? — Não, é só enxaqueca. — Lindsey Lorrane, você nunca foi boa em contar mentiras... — Já falei p
Christopher Eu estava caído no meio do ringue, quando o meu raio de sol apareceu, o juiz não iria parar a luta, alguém no clube estava tentando me matar. Primeiro o drinque contaminado, agora um juiz decidido a deixar que a luta durasse até a minha morte, mas eu não iria me render. Não diante daqueles olhos esverdeados como uma pequena porção do mar, não morreria sem sentir a textura daqueles cabelos dourados por entre os meus dedos. Reage! Emily Carter era o antídoto perfeito para qualquer droga que tenham me dado. Me senti bem o suficiente para virar o jogo e vencer a luta, mas eu ainda tinha algo a fazer, tirar Emily do meio daqueles selvagens. Coloquei Emily sobre os meus ombros e a levei comigo para o meu camarim. — Você é resistente — sua voz era apenas um sussurro, quando a deitei na cama, tomando cuidado para não soltar o peso do meu corpo sobre ela. — Se você me permitir, eu te mostrarei o tamanho da minha resistência, querida! Esfreguei a minha ereção nela sem
Emily — Ele vai ficar bem? — perguntei para o Ralf, o Dragão já estava apagado no banco de trás. — Ele é um cara resistente, Srta. Carter. As palavras de Ralf me deixaram coradas da cabeça aos pés, recordando os momentos nada decentes que tive com o Dragão, pensando bem, como não percebi que ele estava tão mal? — Vocês são amigos? — perguntei, direcionando os meus pensamentos para outro rumo. — Sim — Ralf respondeu evasivo. A noite havia sido uma montanha russa de emoções, e quando finalmente cheguei em casa, senti o meu corpo dolorido de tensão, ou talvez fosse por conta do sexo selvagem com o Dragão. Deitei na cama e comecei a tentar organizar os últimos acontecimentos da semana, tudo parecia um quebra-cabeça imenso, com um ponto em comum: Ralf. Ralf estava na cafeteria no dia da confusão, Ralf estava com Christopher na AdVision e Ralf me pareceu bem próximo do Dragão. Seria coincidência? O meu irmão c
Christopher — Como se sente? Abri os olhos com dificuldade, tentando localizar onde eu estava. — Como se tivesse tomado um porre. Que lugar é esse? — perguntei confuso. — Você está na minha casa, Charles está vindo pra cá. Temos um problema! — Ralf me estendeu uma tigela com sopa. Olhei pela janela, e me assustei com a escuridão da noite atravessando a cortina. — Que horas são? — Oito horas da noite, você dormiu o dia todo. Te dei uma mistura de ervas, para que eliminasse qualquer substância tóxica do seu corpo. Acredito que funcionou, você vomitou bastante e a febre passou... — Emily? — perguntei, tentando relembrar o que aconteceu na noite anterior. — Enviei o cartão juntamente com o pacote conforme solicitado. Agora que já se atualizou, precisamos falar de um assunto um pouco mais delicado. — Quem tentou me envenenar? Eu sinto te desapontar, mas não lembro quem me deu a bebida... as lembranças de ontem estão um pouco confusas. — Eu posso te ajudar lhe infor