C a p í t u l o ♡ 3

Emily 

Não dormi quase nada, pensando sobre a minha estréia no "Covil", além do mais Lindsey não parava de me mandar mensagem, pra saber como foi a massagem com o Dragão.

Pensar nele me deixava sorridente, mas o rabugento dono da cafeteria Grão de Ouro, não parecia muito satisfeito com o quanto um homem mascarado de queixo perfeito e músculos atraentes, estava me deixando distraída.

— Caaaaarter! Leve esse café na mesa 4! 

— Já vou — respondi irritada, por ele estar gritando a mesma coisa pela terceira vez.

A cafeteria não estava cheia, mas eu não tive muito tempo depois que saí do clube de luta para pensar no gentil lutador que eu acabara de conhecer. Quando eu cheguei no apartamento o cansaço da noite em claro era tão grande que eu dormi com roupa e tudo no sofá, quase perdi a hora de entrar no trabalho.

Eu não podia me dar ao luxo de perder o emprego, as cartas se acumulando em baixo da porta era um sinal claro disso, então entrei debaixo do chuveiro por dois minutos, coloquei uma calça jeans surrada e uma camiseta do Metallica, uma imitação do Nike Air Jordan nos pés, e saí correndo.

— Caaaaarter, mesa 10 chamando!!! 

Por um momento, fiquei me perguntando pra quê servia o painel onde apareciam as solicitações dos clientes, quando eles apertavam um botão na mesa? O Sr. Gerard fazia o trabalho perfeitamente.

Por volta do horário de almoço, a cafeteria estava lotada, e eu havia deixado o misterioso mascarado de lado para me concentrar nas minhas funções. Foi em um desses momentos, enquanto eu me espremia atrás do balcão para preparar um Macchiato, que eu senti o Sr. Gerard se esfregando descaradamente em mim, enquanto fingia tentar passar para o outro lado do balcão. Sem pensar muito, dei-lhe um belo banho de Macchiato.

— Seu velho safado! — xinguei, as minhas bochechas pegando fogo de tanta raiva, enquanto ele me chamava de maluca.

Arranquei o avental, e quando estava me preparando pra sair, a mulher dele chegou.

— Mas, o que houve aqui? Você jogou café quente no meu marido? Sua desequilibrada!

A confusão reiniciou. E ficamos naquela discussão sobre o que aconteceu, e o que eles queriam que eu acreditasse que aconteceu. Quando a Sra. Flora, falou que eu era louca como o meu irmão, eu dei-lhe uma bolsada bem dada, e os clientes interviram na confusão.

— Srta., você precisa sair daqui! Posso te acompanhar até a delegacia, se quiser...

Fui escoltada pelo homem vestido de forma elegante, para o lado de fora da cafeteria, os gritos lá dentro continuavam, agora a Flora batia no Sr. Gerard.

— Vamos à delegacia, denunciá-lo.

Encarei o estranho de cima a baixo, desconfiada.

— Escute aqui, eu não vou com você pra lugar nenhum! E você provavelmente não faz ideia de que nenhum lugar contrata uma garota que denunciou o ex patrão por assédio, e eu não posso ficar desempregada.

Finalmente, o peso do que havia acabado de acontecer me atingiu como um soco no estômago. Os e-mails da clínica, as cobranças de aluguel, a luz prestes a ser cortada, a mensalidade da NYU ( Universidade de Nova York) atrasada. Nem por um milagre eu conseguiria dinheiro suficiente pra pagar tudo isso.

Andei alguns passos apressados para me afastar da cafeteria, ainda sendo seguida pelo estranho, me sentei na calçada mesmo e desabei a chorar. 

— Srta. Carter, tem alguma coisa que eu posso fazer para ajudá-la? — ele me estendeu um lenço.

Pensei em dizer alguma estupidez, mas me contive. O homem tinha idade pra ser o meu pai, e estava sendo gentil, aceitei o lenço e balancei a cabeça em negativa.

— Você não pode fazer nada. Aliás, como sabe o meu nome?

— Ouvi alguém falar durante a discussão. Eu me chamo Ralf, eu sou advogado e esse é o meu cartão, deixe que ao menos eu te leve para casa!

No cartão preto estava escrito Ralf Ricco, e atrás havia apenas um número de telefone.

— Eu acabei de ser assediada em um local público, seria estupidez entrar no carro de um estranho.

O homem riu.

— Está certa. Se precisar, me ligue.

Caminhei lentamente para casa, não estava com pressa de encarar a realidade delicada em que eu me encontrava, quando finalmente cheguei no prédio tive a ligeira sensação de ter sido seguida por um carro sedan preto, com o vidro filmado.

Seria o tal Ralf, pra garantir que eu não jogaria café em mais ninguém? Porque se for um assalto, é um ladrão com muita falta de sorte.

Sem dar muita importância subi as escadas do prédio antigo, e me tranquei no que eu ainda podia chamar de meu cantinho.

Liguei para Lindsey para desabafar e o assunto "Dragão" ficou para outro momento. Eu não estava com vontade de ir para a faculdade, e o trabalho no clube era apenas aos finais de semana, então tomei um chá de camomila e dormi profundamente.

Fui acordada no meio da noite com a campainha tocando sem parar.

— Emily, sou eu Lindsey! — ouvi a voz do outro lado da porta.

Olhei no relógio de parede que marcavam três horas da manhã. 

— Lindsey, o que faz aqui esse horário?

— Eu não queria falar por telefone, estou assustada, olha — ele me mostrou as mãos trêmulas.

— Você está me assustando. O que aconteceu? Eu vou fazer mais chá de camomila, vamos para a cozinha.

— O Sr. Gerard está morto — ela me falou quase sussurrando.

— Como assim? Eu não estou entendendo nada, Lindsey você precisa se acalmar — envolvi as mãos dela com as minhas.

— Ele foi assassinado, espancado até a morte! 

Eu abri a boca pra falar alguma coisa, mas o choque da notícia me deixou sem palavras.

— Eu estava pensando. Não é culpa sua, é claro! Mas, o que rolou com você e aquele lutador? Ele poderia muito bem espancar um homem até a morte.

— Não rolou nada — respondi, ainda em choque.

— Emily, eu não estou culpando você. E além do mais, o Sr. Gerard era um idiota, Deus que me perdoe por falar dos mortos. Mas, se o Dragão tiver feito isso, sei lá, pra defender a sua honra, significa que ele é um homem muito perigoso e que você deve tomar cuidado.

— Você está completamente louca! Não foi ele, eu tenho certeza.

— Como pode ter certeza? Você mal o conhece...

— Nós conversamos, ele é gentil e educado. Ele não teria porque fazer algo assim...

— Mas, vocês ficaram? — o medo foi se dissipando aos poucos dos olhos de Lindsey.

— Vamos tomar um chá e eu te conto tudo. Lindsey ele não matou o Sr. Gerard! 

Eu repeti aquilo pra mim mesma, afinal o que eu sabia sobre o Dragão?

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