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2. Primeiro dia de aula

A escola para mim é igual ao inferno, mas não pelo mesmo motivo dos outros anos, mas simplesmente porque além da minha tia ser a droga da diretora, minha prima a rainha do baile por três anos consecutivos, sim três porque com certeza ela vai ganhar esse ano de novo, a única coisa que muda é o jogador de futebol que ela escolhe por ano para chamar de namorado. Esse ano como todos os outros meu objetivo é só sobreviver mais um dia é conseguir dinheiro para a minha faculdade, mas calma que não vou para nenhuma universidade grande, meu objetivo número um e ir para qualquer lugar bem longe da minha tia.

Já arrumada e em frente ao espelho eu vejo uma garota e cabelos longos e rebeldes, de olhos claros, uma pele bronzeada por conta do sol que toma nos dias de entrega de panfletos no trabalho, vestido no uniforme que ela utiliza por mais 1 ano consecutivo, e que ela continua odiando. Ela é daquele tipo que normalmente se veem Dorama, usa uma sainha com blusa social e uma bendita gravata. Minha tia optou por esse modelo após minha prima se apaixonar após assistir rebelde, e pensar em como ela ficaria perfeita em um desses.

Pego minha mochila em cima da cama e balança a cabeça parar de pagar aqueles pensamentos, me despeço do Senhor e da Senhora de Jons e vou até a minha caminhonete. Normalmente eu saio mais cedo para não ter que ouvir as piadinhas da minha prima, mas acabei dormindo, mas que a cama, e a senhora de Jons não me deixa sair sem tomar um bom café, e como resultado, está eu aqui correndo para entrar no carro antes que a minha prima consiga fazer lançamento de ovo podre em mim. Às vezes eu queria que a minha vida fosse mais fácil, pois acordo ovo podre, na escola é balão com urina - bem infantil né, também acho - sem contar o suco que eles jogam em mim, então passo grande parte do dia tentando não ser atingida por qualquer coisa voadora. Entra no meu carro no momento exato em que abre a porta da casa grande, faça o meu sinal de Vitória e ela me lança o dedo do meio. Dou partida no carro e sigo em direção a minha câmara de tortura, passo pelos longos portões e vou em busca de uma vaga, e assim que encontro uma Ferrari rosa arranca na minha frente e estaciona no meu lugar, refiro os olhos sabendo que não posso dar um tiro na minha querida prima. Ela sai do carro com suas lacaias, e me lançam um sorriso de Vitória. Ok agora está um a um.

Procuro um novo local para estacionar, pego minhas coisas, tiro a chave da ignição e saio batendo a porta do carro, o coitado e tão velho que o som ecoa no ar. Sigo em direção a entrada do prédio principal, e o que vejo não é nada surpreendente, contínua a mesma merda do ano passado, líder de torcidas desfilando com suas mini saias, os jogadores olhando a bunda delas, alguns grupos se cumprimentam perto dos armários e eu, que vago por esse longo corredor como alguém invisível, só alguém com grande intelecto e algo no celebro consegue me ver, Carla acena para mim e apresso os passo na direção dela, já que nossos armários são ao lado um do outro aproveito para guardar algumas coisas. A Carla e tem dinheiro, na verdade sua família tem, mas diferente dos outros ela possui um celebro e sabe como usá-lo.

- Eai, como foi suas férias? - Ela me pergunta sabendo a resposta. - Não responda me deixa adivinhar, você foi pro Havaí, conheceu o homem da rua vida e fizeram amor embaixo de um lindo céu estrelado.

- Na boa você deveria parar de ler esses Livros românticos e melosos que você sempre compra. Está começando a afetar seu cérebro!

- Ah para você sabe que é esse mundo que a gente vive e podre de mais então eu preciso dos meus livros para poder sonhar.

- Ok, ok, depois só não diga que eu te avisei quando vim com seu lindo coraçãozinho partido - caímos na risada e seguimos em direção ao auditório. - Mas agora é sua vez de me contar como foi as suas férias.

-  Aí nem me lembre. Foi uma das maiores aventuras da minha vida, fomos a Paris a cidade dos românticos e claro grandes poetas. Então aproveitei que os meus pais estariam ocupados com negócios e comprei bastante livros e aproveitei a cidade para poder ler em bancos e praças.

- Ah para né, você foi para Paris e ao invés de aproveitar tudo você ficou lendo, jura!

- A minha vida é voltada para leitura, simplesmente aceite. - Ela fez uma pose dramática e adentramos ao auditório.

Procuramos um local onde poderíamos nos sentar juntas, até que John começou a acenar para a gente loucamente chamando a atenção de todos a sua volta. John e aquele amigo gay que basicamente tem que em todas as histórias, pois é ele que vai tá lá para poder dar os nossos “Conselhos Amorosos”. Seguimos em sua direção e nos sentamos junto a ele, um grande falatório tomou conta do local, até o som agudo do microfone chamada nossa atenção, todos olhamos para o meio da quadra e minha tia estava lá posicionada, olhou em volta com seu olhar de soberba até que finalmente abriu a boca:

- Meus queridos e amados alunos, é com muito prazer que eu dou as boas-vindas a cada um de vocês. Espero que esse ano assim como todos os outros, seja um ano de produtivo. - Cada palavra dela me enjoava o estômago - Pois não existe impossível para quem se dedica a uma coisa com esforço e dedicação. O talento, a inteligência é só uma grande ajuda, mas de nada servem se não forem acompanhados de uma enorme vontade de atingir as metas propostas. - Ah sério mesmo isso? Ela basicamente está me obrigando a revirar os olhos. - Que este seja um ano onde nunca falte motivação, e que no final a felicidade esteja estampada nos rostos daqueles que mereceram a vitória, a final para muitos esse e o último ano, e sendo assim lhes desejo um bom ano letivo!

Basicamente como uma reverência, todos se levantam e começam a aplaudir, eu claro me mantive sentada, porque afinal foi eu que peguei esse discurso da internet. Todos voltam a ser a sentar e a taquara rachada volta a falar:

- E esse ano teremos mais um novo aluno, para completar o nosso bom time, que é o Colégio Bernoulli. E com muito prazer que dou as boas vinda a Benjamin William. - Naquele comento tudo parou, e aos poucos foi ficando em câmera lenta até finalmente voltar ao normal, e lá estava ele numa calça justa, uma blusa polo preta com uma jaqueta de couro por cima. Nosso príncipe do baile. E futuro namorado da broaca filha. Meus olhos vacilaram quando me fizeram o olhar por uma segunda vez.

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