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4. Provando ser algo a mais

Benjamin

Eu cresci numa família de diplomatas, em outras palavras nasci em berço de ouro e com a garantia de que iria herdar terras, empresas, lojas e muito mais. Mas não fui criado para ser um molenga, meu pai me apresentou de perto a dureza da vida, a fome, a pobre e principalmente a ignorância.

Hoje vou adentrar na mesma escola em que meu pai estudou, o mesmo local aonde encontrou e se apaixonou por minha mãe. Mas ele me deixou avisado que ela mudou bastante ao longo dos anos, principalmente na gestão da nova diretora, ela é ganancioso e eu teria que saber como lidar com tudo a minha volta, pois meu título de herdeiro valia mais do que eu como pessoa. O nome William e mais importante do que eu mesmo, Benjamin.

Com a ajuda da minha ama, em poucos minutos estou arrumado e tomado café.

- Ben seu carro já está pronto, apenas o esperando.

- Obrigada Maria, não sei o que seria de mim sem você. - Aproximome dela, e beijo lhe a bochecha, a mesma corra e me lança um sorriso carinho.

- Pega sua bolsa e vá meu querido, não vai querer se atrasar no primeiro dia.

Pego a bolsa em sua mão e seguimos juntos até a porta da frente, lá está Everton, marido da Maria, com um sorriso radiante no rosto, o mesmo abre a porta para que eu possa entrar e se vira para sua mulher.

- Hoje você está radiante querida.  - Ele a beija a bochecha.

- Estou igual a quando acordei de manhã, deixa de bobeira e leve logo meu menino.

- Sim senhorita, seu desejo e uma ordem. - Ele adentra o carro e dar partida.

A Maria está comigo desde que me entendo por gente, ela é a pessoa mais próxima a mim, depois vem meus pais. Pelo que minha mãe me contou ela se tornou minha mãe de leite pelo fato da minha mãe não conseguir produzir. Eu cresci e não desgrudei mais dela, o que fez ela ter basicamente dois filhos da mesma idade.

A paisagem muda na janela do carro, agora estamos na cidade. Pessoas andam de um lado para o outro, vejo casais, mães com seus filhos. O que me faz pensar o que será que me aguarda nessa nova escola, pois afinal eu sempre estudei em casa, e meus pais vieram do nada com essa escola a qual estudaram. Tenho quase certeza que é um teste, espero passar com excelência.

Vejo os portões de entrada da escola, logo desânimo, sei que hoje não vai ser um bom dia. Everton para na entrada, vejo alguns alunos entrando e eles fingem que não se veem, passo a mão na nuca e abaixo a cabeça em negatividade - e sério isso pai, você quer que eu convivo com esse bando gente que se acham superior uns aos outros?

- Eu sei que você consegue garoto, isso não é nada que você já não tenha visto antes.

- Eu sei Everton, mas essas pessoas botam suas ganancias acima de qualquer coisa. E ver e totalmente diferente de conviver com eles.

- Vai dar tudo certo, você vai ver.

- Espero, até mais tarde. - Abro a porta do carro e saio, o ar que respiro me enjoa o estomago, junto todas as minhas forças e adentro a escola, alguns olharem me queimam a pele, mais eu os evito, sigo em direção a diretoria, uma mulher com sorriso largo me recebe.

- Olá meu jovem, em que posso ajudar? - Pego o papel que Maria havia colocado em meu bolso para eu não esquecer.

- Sou aluno novo.

- Ah, Benjamin - Ela ler meu nome no papel, se levanta, e da a volta no balcão - Venha vou te levar ao auditório, todos estão indo para lá.

- Ok. - Saímos da diretoria e seguimos pelo correr extenso e vazios.

- Está com o seu celular?

- Sim estou.

- Aqui tudo funciona através do aplicativo da escola, aonde você vai conseguir seu horário de hoje inclusive. - Ela gesticula para que virássemos no corredor. - Aqui temos o Wi-Fi liberados ao alunos, essa aqui é a senha do seu armário - Tira um papel da sua pasta e me entrega - Se caso a perder ou esquecer com o número do seu armário e seu cadastro realizado você pode conseguir a mesma ou muda-la.

Ela abre a porta e me dá passagem, ela entra e da a volta nas carteiras seguindo ao palco.

- Se precisar de qualquer coisa sabe aonde me encontrar, esse aqui é seu login e senha do aplicativo, aproveita agora que ela está falando para acessar. - Ela se afasta e segue em direção a mulher no centro do palco, lhe entrega alguns papéis e volta para trás da curtia. - Logo você será anunciado, e só ir até lá, não vai precisar dizer nada. Seja bem vindo e boa sorte. - Ela passa a mão em meu ombro e segue pelo mesmo caminho em que vivemos.

Faço meu login e ela tem razão e um aplicativo completo, vasculho mais um pouco e depois guardo o celular no bolso, olho para mulher no centro do palco, ela olha de sorrateiro para mim, tenho certeza que irá me anunciar.

- E esse ano teremos mais um novo aluno, para completar o nosso bom time, que é o Colégio Bernoulli. E com muito prazer que dou as boas vinda a Benjamin William. - Ela faz um sinal com a mão para que eu adentre o palco, vou em direção a ela é começa uma verdadeira feira, ouço muitas meninas gritarem, o que me deixa encabulado. Ainda não ganhei nenhum premio até aonde eu sei. 

Assim que ela encerra sigo junto para fora do palco, e lá já se encontra algumas garotas e dois rapazes.

- Acredito que queira recepcionar nossa novo aluno Veronica. - A diretora basicamente me j**a no meio dos leões famintos, o que me desagrada muito.

- Sim, eu faço questão. Eu e meus amigos iremos te ajudar no que precisar não é pessoal? - Ela se vira para os amigos que concordam com uns sim, claro e outros balançam a cabeça.

- Ah, obriga.

- O prazer e todo meu querido. - Ela me pega pelo braço e se entrelaça nele. 

- Cuide bem dele Veronica. - A diretora me larga com ela e vai embora.

- Claro.

Seguimos em direção a saída, e eu não poderia estar mais desconfortável. Até agora eu só sei o nome da Veronica, pois foi o único que a diretora falou.

- Então como vocês se chamam - Me viro para as outras pessoas do grupo.

- An...

- Eu me chamo Veronica, e esse são meu amigos.

- Sim, seu nome eu já sei, quero saber o deles. - Que garota sem nexo.

- Eles não são ninguém importantes.

- Mas claro que são - Quando me viro para ela e acabo esbarrando em alguém, suas coisas caeme eu vou ajudar a recolher - Me desculpa, eu não... - Veronica me puxa.

- Ei não peça desculpas a ela, ela não passa de uma escória, bisbórria e coisas desse tipo. - Não faço questão de olhar para ela, as coisas que ela diz me enoja o estômago como tudo nessa escola. Mas ela insiste em me puxar.

- Veronica quem você pensa que é para falar da Âmber assim? - Uma garota entra em defesa da que está no chão comigo.

- Ninguém menos que a prima linda e rica desta bastarda. - Todos começam a ri, mas eu acho graça. - Benjamin querido, - Ela me puxa do chão e eu trago a moça comigo - logo você se acostuma como as coisas funciona aqui, e verar que ela não passa de uma bisbórria.

- Eu não consigo compreender como você pode tratar sua própria prima assim, isso é desumano demais. - Me aproximo ao ver ela se encolher perto dos amigos - Está tudo bem? Você se machucou? - Ela apenas acena com a cabeça. 

- Benjamin querido, se afasta dessas... - Ela me puxa novamente para seu lado, e isso me irrita - coisas.

- Coisas? Que coisas? Eu vejo pessoas aqui. - A risada que ela dá e os outros seguem, toca lá no fundo e eu começo a sentir a irritação queimar meu peito, e sinto o suco gástrico na minha boca, estou com nojo dela e dessa gente.

- O meu querido, e porque você é novo aqui. Deixa-me explicar a você, a nossa escola é mundialmente conhecida exatamente por colocarem as pessoas nos seus devidos lugares. - Ela me lança um olhar para a moça e sua amiga toma a sua frente como defesa. Ela dá a volta, e contorna seu braço em meu ombro - Pessoas como nós, nascemos para governar, e tem pessoas que nascem para ser governados que é o caso da Âmber.

- Você está louca? E onde fica o direito da igualdade? - Retiro o braço dela dos meus ombros e me afasto. - Isso não pode ficar assim.

- Mas que confusão e essa aqui? - Que ótimo a diretora, ela vai poder me ajudar . - Abram caminho. - Abrem caminho e ela vem até nós. 

- Ah mamãe, que bom que chegou. - Ela é a mãe dela? Então… Isso tudo foi armado desde início, ela me jogou para sua filha. - A Âmber está incomodando meus amigos de novo, em especial nosso querido Benjamin. - Ela abre um sorriso de vitória, estou atordoado, sinto um amargo na boca.

- Âmber venha comigo até a diretoria. 

- Si... - Ela se encolher mais ainda. 

- Não, ela não fez nada que a faça merecer ser levada a diretoria. - Gente que mundo é esse que meu pai me jogou? As coisas aqui são resolvidas assim?

- Mas claro que fez Benjamin querido, você não ouviu o que a minha filha disse.

- Sim ouvi e quero deixar bem claro que não concordo. Quem causou toda essa confusão foi eu, não ela. - Sinto meu rosto ficar vermelho, estou com muita raiva e já ficando alterado.

- Ok, então Veronica, Bernardo e você garota para minha sala. O resto pode se encaminhar para as suas salas.

Caminhamos em silêncio, penso em maneiras de contornar essa situação, mas não tenho muitas alternativas. Chegamos a sua sala e ela nos abre a porta para que possamos entrar.

- Então queridos sente-se e me contêm o que aconteceu. - Veronica se j**a ao meu lado esquerdo, basicamente colando o seu corpo no meu, ao contrário da sua prima, que apesar do olhar perdido sentasse próxima, mas não o suficiente para me sufocar.

 - Mamãe a Âmber se jogou na frente do Benjamin e começou toda essa confusão. Ela queria chamar atenção tenho certeza. - Alguém faz essa garota calar a boca.

- Isso é verdade ÂMBER ? - Até eu sinto a enfatização no nome dela, estão chantageando ela em silêncio. 

- Não, não é - Sou obrigada a responder, consigo ver as mãos dela tremer facilmente, ela está apavorada. 

- Claro que é Benjamin querido. Isso tudo não passa de um plano dessa aí, ela quer a qualquer custo conseguir um homem rico para sustentá-la. - Ela alisa meu antebraço e se vira para a prima - Não se engane com essa carinha de boa moça.

- Tenha modos Veronica. 

- Desculpas mamãe. - Ela volta a se virar para a prima - E que essa daí me tira do sério e você sabe disso. 

- Eu não consigo entender como podem tratar a própria família assim! - Minha cabeça dói,  nunca vi tanta injustiça em um unico lugar.

- Eu já lhe expliquei bobinho, Reis e servos lembra? - Até a voz dela já está me dando nojo, isso tudo não passa de um teatro para me conquistar.

- Desculpa Veronica, mas isso não b**e com meus princípios básicos.

- Benjamin querid... - Querido uma ova, não aguento mais ser chamado assim. 

- Parem de me chamar de querido, que só estão me deixando mais encabulado. 

- Desculpa queri... só desculpa. - Ela leva a mão a boca como forma de correção, minha cabeça dói muito, tenho que sair daqui.

- Como essa conversa estou vendo que não vai acabar em nada, eu e a Âmber já vamos indo. - Me levanto e a puxo comigo para fora da sala. Como ela passa por isso sem dizer nada, uma única palavra? Ela me irrita também, como pode deixar tudo isso acontecer?

- O que foi àquilo? Porque você deixa isso acontecer? - Ela permanece em silêncio. Minha cabeça está estrelando, estou nervoso. - Ei me responda. - Aprendo contra a parede, ela tem que me dizer algo.

- Eu não sei. - É só isso que ela tem pra me dizer.

- O que você não sabe? - Acabo gritando, estou muito alterado, minhas mãos tremem.

- Eu... Eu... - Vejo seus olhos se encherem de lágrimas. Não era isso que eu queria. Não queria a fazer chorar. - Desculpa eu não queria te assustar. - Ela começa dar passos para trás se afastando de mim - Pelo que vi você já passa um barra. - tenho que contornar isso - Não foi minha intenção juro. - Ela começa a correr e começo a seguila - Âmber  calma... Âmber espera eu não… - O sinal toca, todos começam a sair das suas sala, a perco no meio da multidão, droga. 

Encosto na parede sentindo a frustação tomar conta de todo o meu corpo, minha cabeça está latejando, me sinto tonto. Acho que meu primeiro dia escola vai terminar mais cedo do que pensei. Pego o celular no meu bolso e ligo para o Everton. Não vejo a hora de chegar em casa.

O caminho até em casa foi um silêncio, o Everton percebeu logo que eu não estava bem, então me deixou no meu canto. Minha cabeça, nunca senti uma dor tão forte assim - O olhar de Âmber vem em minha mente - Me envolvo no banco do carro e vou lentamente perdendo os sentidos lembrando daquele olhar.

Algumas horas depois…

Sinto meu olhos arderam, minha cabeça ainda dói, me sento e percebo que estou na minha cama, a minha volta estava Maria e um homem de jaleco branco, que eu acredito se um médico, ele conversa com meu pai num canto mais afastado.

-Que bom que acordou, já  estávamos ficando preocupados. Você está sentindo alguma dor?

-Sim, minha cabeça dói muito.

-A querido, você desmaiou dentro do carro, o Everton percebeu e veio para casa às pressas, e nos o trouxemos para seu quarto.

-Como é bom te ver acordado meu filho, ficamos muito preocupados, assim que se sentir melhor precisamos conversar. - Ele se vira para o homem de branco - Esse é o Dr. Claus, foi ele que te examinou.

-E um prazer te conhecer Benjamin, mesmo que não seja nas melhores circunstâncias. - Ele abre um sorriso.

- Eu… Eu..

- Não se force, você teve um colapso causado por estresse, suas plaquetas estão altas, o que fez sua pressão subir um pouco. O que deve está te causando um forte dor de cabeça. - Só consigo confirma com a cabeça. - estarei aplicando um remédio no seu soro que vai te ajudar. - Eu estava tão avoado que nem percebi que estava no soro. - Essa noite ficarei aqui para poder te monitorar, esse remédio que apliquei vai te dar sono, então descanse ok.

Maria veio e segurou a minha mão. O médico se sentou numa cadeira próxima, meu pai me cumprimentou com um aceno de cabeça. Meus olhos pesam, me sinto leve. Olho pra Maria que me lança um olhar preocupado e abre um sorriso. Apago.

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