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Capítulo 4 - Apenas mais um dia

Faz cinco dias desde que vi Benjamin. Ele virou a celebridade do momento, o príncipe encantado que desmaiou diante da escola inteira e, mesmo assim, conseguiu sair por cima. Já eu... continuo sendo ninguém.

Minha tia, com sua criatividade habitual, decidiu me punir furando os pneus da minha caminhonete — junto com sua filhinha predileta. Sabem que estou juntando cada centavo para a faculdade, e me atingiram onde mais dói. Resultado: tive que trabalhar o dobro para repor o prejuízo.

Hoje é dia de encarar mais um turno na lanchonete da empresa do pai do Théo. Não é o pior dos lugares... até os amigos dele aparecerem. A partir daí, começa o inferno: lanches no chão, bebidas derramadas em mim, e a palhaçada clássica de colocarem o pé para eu tropeçar enquanto sirvo os outros clientes.

Não quero começar o dia já me irritando, então me levanto e me arrumo. O uniforme de garçonete não me cai tão mal, e por um segundo me pego pensando nisso — Droga, estou começando a pensar como aqueles idiotas. Prendo o cabelo num rabo bagunçado, pego minha bolsa e o celular, e saio.

Os Jons já estão trabalhando na casa, então não me despeço. Entro na caminhonete e sigo rumo à cidade. Paro do outro lado da rua, em frente à loja de penhores. Respiro fundo ao ver a lanchonete abarrotada. Tiro a chave da ignição, pego minha bolsa e vou — já sei o que me espera lá dentro. Até trouxe um uniforme reserva.

Kevin me cumprimenta com um aceno quando entro. Respondo com um sorriso cansado e vou direto para a entrada dos funcionários. Meu armário nem porta tem mais — já arrombaram tantas vezes só pra jogarem molho nas minhas coisas.

Volto para o balcão e assumo meu posto ao lado do Kevin.

— Tá tão linda hoje... Pena que os caras do suco já estão aqui. Queria contemplar mais um pouco — ele ri, debochado.

— Isso, faz piada mesmo — digo, enquanto faço login no sistema de comanda. — Qualquer dia uso você de escudo humano.

— Você não faria isso com seu melhor amigo, né? — Ele faz aquela cara de cachorro pidão que sempre me arranca um riso. E pela primeira vez no dia, minha expressão cansada cede um pouco.

— Bom... lá vem o primeiro cliente — ele diz, vendo uma moça entrar. Mas ela vai direto ao banheiro.

— Ué, e os caras do suco?

— Pelo amor, Amber... cinco anos aqui e ainda não percebeu? Eles só fazem pedido depois que você chega.

Reviro os olhos.

— O que me irrita é que o gerente te obriga a ir lá vinte vezes perguntar se já querem pedir.

— Imagina, já que são os únicos que a gente atende na mesa — murmuro, massageando as têmporas. Respiro fundo. Hora de enfrentar a mesa dos ogros.

Dou a volta no balcão. Kevin me dá um sinal de positivo. Pego o bloco de notas e a caneta e caminho até o fundo da lanchonete. Conto oito cabeças. Oito? Tem alguém a mais.

E claro… é ela.

Verônica.

O dia acaba de virar uma tragédia completa.

— Boa tarde, gostariam de fazer o pedido? — pergunto, caneta e bloco prontos.

Silêncio.

Eles seguem conversando como se eu fosse invisível.

— Vocês vão pedir ou...?

Nada.

Bufo, me viro para sair.

— Alguém te deu autorização pra ir embora? — diz uma voz seca às minhas costas.

Paro. Respiro. Junto forças.

— Achei que estavam ocupados demais fofocando sobre a vida alheia, então resolvi voltar mais tarde — me viro com meu melhor olhar sonsa. — Quando estiverem menos ocupados.

— Tu esqueceste quem tu és, bastarda?

Acertei um ponto fraco. Um bônus inesperado.

— Nunquinha, querida prima. Você repete isso tanto que virou trilha sonora da minha vida. Então… vão pedir?

Ignoro o olhar raivoso dela e me volto para os garotos.

Seria um sonho passar batida anotando os pedidos… mas claro, tenho que escutar piadinhas e obscenidades disfarçadas de "brincadeira". Volto para o balcão me arrastando.

— Como foi lá? — Kevin pergunta, olhando minha cara.

— Na média. Só fiquei pensando em quando vou conseguir me livrar desse lugar. Quero ir embora de Springfield o quanto antes.

— Dezembro, Amber. Você se forma e dá adeus a tudo isso — ele gesticula ao redor. — Inclusive a mim, à Carla, ao John...

— Para com isso. Vai poder me visitar sempre.

— Com o salário que a gente ganha aqui? Uma vez por ano se eu economizar tudo. Vou morrer de saudade antes disso.

— Kevin Alstin Da Gama, sem drama, por favor.

— Só você e minha mãe me chamam pelo nome completo — ele diz, ofendido de brincadeira.

— Os pedidos estão prontos, casal! — Danila aparece do nada, do outro lado do vidro. — Kevin, você me dá nojo. Beija logo ela e acaba com isso.

— Infelizmente, Danila, ela não é meu tipo — digo, fingindo sussurrar. Ela ri. Pego os pratos e passo voando por Kevin.

— Ei! Como assim eu não sou seu tipo?

— Conversamos depois. Agora vou encarar meu pesadelo pessoal.

Caminho até a mesa. Eles estão animados, vivendo suas vidas perfeitas de gente rica e vazia. Vida garantida. Nada os preocupa. Quase invejável.

— Finalmente, achei que ia morrer de fome, bastarda — diz Verônica.

— Ah, tadinha. Ia morrer por não comer sua saladinha com suco diet — coloco os pratos com mais força que deveria.

— É claro. Pobres como você têm mais resistência à fome. Não entenderia. — Ela dá um gole. — Eca. Está horrível. Acho que combina com você.

Fecho os olhos, esperando o impacto do suco no meu rosto.

Nada.

Abro os olhos. Benjamin está ali, a centímetros do meu rosto. Seu cabelo está molhado, a jaqueta pingando.

— Você tá bem? Se molhou? — ele pergunta, preocupado.

Dou um passo para trás, atônita.

— Ben, querido, me desculpa! Eu... — Verônica tenta secá-lo, mas ele afasta suas mãos.

— Você queria acertar a Amber. Isso é pior.

Kevin se aproxima com uma toalha. Me olha confuso. Entrego a toalha para Benjamin.

— Ben, eu posso explicar... — Verônica tenta se reaproximar.

— Não quero você perto de mim. Você me enoja.

O clima congela. Os meninos se levantam.

— Quem você pensa que é pra falar assim com ela? — Jordan avança.

— Cala a boca, Jordan. — Verônica se antecipa. — Não encosta nele.

— Você já escolheu, então? É isso?

— Do que você tá falando, Théo? Quem é esse cara? — pergunta Jordan, tenso.

Théo se aproxima, o rosto endurecido.

— Ele é o filho do dono disso tudo. Dos Willivam. Vocês não reconheceram o sobrenome?

Silêncio. Todos digerem a bomba.

— É verdade, Verônica? — Jordan a segura pelo braço.

— Me larga! — ela grita. — Sim, é verdade! Minha mãe me contou logo que ele foi matriculado. Vocês queriam que eu desperdiçasse isso?

— Você só enxerga pessoas como contas bancárias — murmuro, sem conseguir evitar.

— Cala a boca, sua bastarda! — Ela vem pra cima. — Isso tudo é culpa sua! Se você tivesse morrido com seus pais, eu não estaria nessa confusão!

Estalo.

Minha bochecha arde. Mas é meu peito que queima mais.

Alguém me envolve num abraço quente. As vozes ao redor viram ruído. Me puxam, me levam. O sino da porta toca. Estou sendo levada para fora.

O carro está aberto. Benjamin segura a porta.

— Está tudo bem. Vou te tirar daqui.

Ele me acomoda no banco. Tento limpar o rosto, mas as lágrimas continuam. Ele segura meu rosto, gentil.

— Pode chorar.

E eu desabo. Nos braços dele, sem saber por quanto tempo. Nem quando adormeci.

Lua Ataide

Olá pessoal, sou a Lua muito prazer. Eu gostaria de está com vocês a cada capitulo que leem para eu poder saber se estão gostando ou se está faltando algo, mas infelizmente não posso. A única coisa que posso esperar e um comentário, que me diga se estou indo no caminho certo ou já me perdi na historia. Conto com o apoio de vocês para que meu primeiro livro publicado não seja mais um de muitos outros que escrevi e não terminei. Espero que gostem desse novo capítulo, muita coisa vai mudar para a Amber a partir daqui. Boa leitura.

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