Catarina ficava animada hoje. Normalmente, Lorena mal participava dessas atividades, e, quando participava, era sempre com uma atitude displicente, apenas para cumprir tabela. Mas Lorena tinha preparado uma jarra de café, e Catarina era ansiosa para alguém o provar.Júlia se aproximou delas, e, ao levantar os olhos, encontrou o olhar de Lorena. Por um instante, Lorena pareceu surpresa, talvez até um pouco desconfortável, mas logo soltou um leve resmungo pelo nariz, com uma expressão arrogante.Para Júlia, porém, essa arrogância era apenas uma forma de disfarçar o leve constrangimento que Lorena sentia. Catarina sugeriu com um sorriso:— Srta. Júlia, prove o café que a Lorena fez. O que você acha?Júlia limpou o paladar e então provou o café. Após uma breve pausa, deu sua opinião com sinceridade:— Tem muito café e pouca água. A cor está muito escura e o sabor acabou ficando amargo. E parece que você não aqueceu a jarra ou a temperatura não estava ideal, então o aroma não se espalhou c
Lívia não insistiu e pediu que o motorista partisse.Júlia também estava esperando um carro na entrada do hotel, e várias pessoas a cumprimentavam enquanto ela respondia cordialmente a cada uma. Sabendo que alguém viria buscá-la, Lívia não ofereceu carona. E de fato, José não se atrasou. Levou apenas dez minutos para chegar e ainda adiantou-se em dois. Quando ele parou o carro, começou a cair uma leve chuva. Do carro, José olhou pela janela e avistou Júlia à distância.Sob a chuva fina, vestida em sua elegante roupa de festa, Júlia parecia uma figura saída de uma pintura.José ficou paralisado por alguns segundos, mas logo voltou à realidade, estacionou o carro e desceu para abrir o guarda-chuva. Ele caminhou até ela com rapidez, segurando o guarda-chuva firmemente, e abriu a porta do carro para que ela entrasse.Júlia se abaixou para entrar no carro, e José prontamente usou a mão para proteger a cabeça dela, evitando que se machucasse ao entrar.— Obrigada. — Disse Júlia, sorrindo pa
A noite estava silenciosa e densa, com uma tranquilidade quase palpável. O som que preenchia o ambiente vinha apenas dos dois, enquanto operavam os equipamentos de laboratório e digitavam nos teclados.José olhou de esguelha para Júlia. Ela estava concentrada, registrando dados, e a luz sobre a mesa de trabalho projetava uma pequena sombra ao longo de seu nariz delicado. Ele estava acostumado a trabalhar sozinho, muitas vezes virando a noite. Ter alguém ao seu lado, de repente, era uma sensação estranha... mas, ao mesmo tempo, surpreendentemente agradável.Quando finalmente deixaram o laboratório, já era madrugada.De volta ao prédio onde moravam, desejaram-se boa noite. Júlia foi a primeira a entrar em casa, e José observou enquanto ela desaparecia pela porta. Ele se lembrou da imagem dela mais cedo, em meio à chuva, parada na entrada do hotel, parecendo uma pintura com sua pele clara e cintura esguia.José sacudiu a cabeça, percebendo que seus pensamentos estavam indo longe demais. C
— Tudo bem, vou fazer a massagem. — Disse a empregada, resignada, pensando que, se algo desse errado, a responsabilidade não seria dela. — Deite-se, por favor.Viviane se deitou no sofá e soltou um suspiro de satisfação:— Viu só? Só quando sou grossa é que vocês se mexem. No fundo, vocês não passam de escravas!A empregada, que já havia começado a massagem, travou por um segundo. Respirou fundo e decidiu ignorar o comentário.— Você não jantou? Está tão fraca. Dá para colocar mais força nisso? — Disse Viviane.— Claro...— Ai! Eu disse para colocar mais força, não para me esmagar! Você está fazendo isso de propósito, né?A empregada respirou fundo novamente:— Desculpe. Esse nível de pressão está bom?— Agora sim.Depois de meia hora, a sopa de batata foi finalmente trazida. Estava bem preparada, com batatas de qualidade e o ponto de cozimento perfeito. A empregada ainda havia adicionado um toque de iogurte, que dava um leve aroma doce ao prato.No entanto, Viviane deu apenas uma colh
Rafael desligou o chuveiro, vestiu o roupão e, no momento em que a sombra estava prestes a colar na porta, girou a maçaneta rapidamente, abrindo-a de supetão. Deu de cara com Viviane, que tentava se esgueirar para dentro.— Quem te deu permissão para entrar? — Os olhos do Rafael ardiam de fúria. — Eu já te disse que não é para você pisar neste quarto! Não entendeu ou o quê? Onde você arranjou coragem para desobedecer?!Sentindo o gelo no olhar de Rafael, Viviane começou a tremer, as mãos frias como pedra:— Eu... eu só vim trazer...— Você acha que eu não sei o que está passando na sua cabeça? — Rafael interrompeu, a voz carregada de crueldade. — Só porque dormi com você algumas vezes, acha que significa alguma coisa? Mulheres como você, eu já vi de monte. Basta eu estalar os dedos que aparecem dezenas iguais. Qual é a diferença entre você e qualquer uma delas? Se você se despisse na minha frente, eu nem te olharia duas vezes.Rafael a encarava de cima, com um desprezo cortante:— Sabe
Fernanda respirou aliviada ao ouvir o diagnóstico:— Ainda bem que não foi nada sério. Precisa tomar algum remédio?— Não, a paciente está bem de saúde. Não é necessário medicação. O melhor é que ela descanse e siga uma rotina tranquila. — Explicou o médico.Fernanda revirou os olhos, percebendo que Viviane estava exagerando. Ela havia feito todo esse escândalo por nada. Deitada na cama, Viviane se sentia um pouco envergonhada. Na verdade, ela só tinha ficado apavorada com a dor, mas, ao chegar ao hospital, descobriu que não era nada grave.Fernanda respirou fundo, tentando manter a calma por causa do neto. Quando entraram no quarto, no entanto, ela não resistiu e soltou uma advertência:— Escuta aqui, é melhor você parar de fazer essas besteiras. Não tente me enganar. Você sabe muito bem qual é o preço de me provocar.Viviane encolheu os ombros, com medo de encará-la diretamente.— Eu entendi. — Respondeu Viviane, em voz baixa.Fernanda lançou-lhe um último olhar severo antes de sair
Júlia sentiu um aperto no peito, mas compreendia Larissa. Para ela, o que sempre veio em primeiro lugar foi a ciência, a pesquisa.O que importava não era a extensão de sua vida, mas a profundidade do oceano da ciência que ela explorava. Talvez nunca chegasse ao fundo, talvez se esgotasse no caminho, mas isso não importava. Ela estava disposta a repousar para sempre nesse mar de conhecimento, transformando-se em uma luz que guiaria os que viessem depois, iluminando seus passos.— Por que você está quase chorando de novo? — Suspirou Larissa, já antecipando a cena.Júlia fungou, tentando disfarçar:— Quem está chorando? Eu é que não estou.— Ah, claro, você não está chorando. — Larissa riu.— Deixa eu fazer uma massagem nas suas pernas... — Disse Júlia, compreendendo a teimosia e a determinação de Larissa, sem insistir mais para que ela fosse ao hospital. Em vez disso, sentou-se e começou a massagear suavemente as pernas da professora.Logo, Larissa sentiu um alívio significativo:— Esse
Júlia, exausta, murmurou:— Sua consciência não pesa?Depois de dormir por uma hora, Júlia acordou com o relógio marcando oito da manhã. Meio atordoada, levantou-se rapidamente e saiu correndo para o laboratório.José, já trabalhando, olhou para ela, surpreso ao vê-la chegar meia hora atrasada e com uma expressão cansada.— Não dormiu bem ontem? — Perguntou José.Júlia balançou a cabeça:— Não é que eu tenha dormido mal, é que virei a noite.José arqueou uma sobrancelha, mas não fez mais perguntas.Júlia deu umas leves batidinhas no rosto e tentou se concentrar no trabalho.Depois do almoço, no entanto, ela começou a bocejar sem parar. José, percebendo o cansaço evidente, sugeriu:— Não force tanto. Vai na sala de descanso e tira um cochilo.Júlia estava realmente exausta, então nem tentou recusar. Foi direto para a sala de descanso.Duas horas depois, José, ao passar pela sala, lembrou-se de que Júlia ainda estava lá dentro. Bateu na porta, mas não ouviu resposta:— Júlia? Você está b