— Tudo bem, vou fazer a massagem. — Disse a empregada, resignada, pensando que, se algo desse errado, a responsabilidade não seria dela. — Deite-se, por favor.Viviane se deitou no sofá e soltou um suspiro de satisfação:— Viu só? Só quando sou grossa é que vocês se mexem. No fundo, vocês não passam de escravas!A empregada, que já havia começado a massagem, travou por um segundo. Respirou fundo e decidiu ignorar o comentário.— Você não jantou? Está tão fraca. Dá para colocar mais força nisso? — Disse Viviane.— Claro...— Ai! Eu disse para colocar mais força, não para me esmagar! Você está fazendo isso de propósito, né?A empregada respirou fundo novamente:— Desculpe. Esse nível de pressão está bom?— Agora sim.Depois de meia hora, a sopa de batata foi finalmente trazida. Estava bem preparada, com batatas de qualidade e o ponto de cozimento perfeito. A empregada ainda havia adicionado um toque de iogurte, que dava um leve aroma doce ao prato.No entanto, Viviane deu apenas uma colh
Rafael desligou o chuveiro, vestiu o roupão e, no momento em que a sombra estava prestes a colar na porta, girou a maçaneta rapidamente, abrindo-a de supetão. Deu de cara com Viviane, que tentava se esgueirar para dentro.— Quem te deu permissão para entrar? — Os olhos do Rafael ardiam de fúria. — Eu já te disse que não é para você pisar neste quarto! Não entendeu ou o quê? Onde você arranjou coragem para desobedecer?!Sentindo o gelo no olhar de Rafael, Viviane começou a tremer, as mãos frias como pedra:— Eu... eu só vim trazer...— Você acha que eu não sei o que está passando na sua cabeça? — Rafael interrompeu, a voz carregada de crueldade. — Só porque dormi com você algumas vezes, acha que significa alguma coisa? Mulheres como você, eu já vi de monte. Basta eu estalar os dedos que aparecem dezenas iguais. Qual é a diferença entre você e qualquer uma delas? Se você se despisse na minha frente, eu nem te olharia duas vezes.Rafael a encarava de cima, com um desprezo cortante:— Sabe
Fernanda respirou aliviada ao ouvir o diagnóstico:— Ainda bem que não foi nada sério. Precisa tomar algum remédio?— Não, a paciente está bem de saúde. Não é necessário medicação. O melhor é que ela descanse e siga uma rotina tranquila. — Explicou o médico.Fernanda revirou os olhos, percebendo que Viviane estava exagerando. Ela havia feito todo esse escândalo por nada. Deitada na cama, Viviane se sentia um pouco envergonhada. Na verdade, ela só tinha ficado apavorada com a dor, mas, ao chegar ao hospital, descobriu que não era nada grave.Fernanda respirou fundo, tentando manter a calma por causa do neto. Quando entraram no quarto, no entanto, ela não resistiu e soltou uma advertência:— Escuta aqui, é melhor você parar de fazer essas besteiras. Não tente me enganar. Você sabe muito bem qual é o preço de me provocar.Viviane encolheu os ombros, com medo de encará-la diretamente.— Eu entendi. — Respondeu Viviane, em voz baixa.Fernanda lançou-lhe um último olhar severo antes de sair
Júlia sentiu um aperto no peito, mas compreendia Larissa. Para ela, o que sempre veio em primeiro lugar foi a ciência, a pesquisa.O que importava não era a extensão de sua vida, mas a profundidade do oceano da ciência que ela explorava. Talvez nunca chegasse ao fundo, talvez se esgotasse no caminho, mas isso não importava. Ela estava disposta a repousar para sempre nesse mar de conhecimento, transformando-se em uma luz que guiaria os que viessem depois, iluminando seus passos.— Por que você está quase chorando de novo? — Suspirou Larissa, já antecipando a cena.Júlia fungou, tentando disfarçar:— Quem está chorando? Eu é que não estou.— Ah, claro, você não está chorando. — Larissa riu.— Deixa eu fazer uma massagem nas suas pernas... — Disse Júlia, compreendendo a teimosia e a determinação de Larissa, sem insistir mais para que ela fosse ao hospital. Em vez disso, sentou-se e começou a massagear suavemente as pernas da professora.Logo, Larissa sentiu um alívio significativo:— Esse
Júlia, exausta, murmurou:— Sua consciência não pesa?Depois de dormir por uma hora, Júlia acordou com o relógio marcando oito da manhã. Meio atordoada, levantou-se rapidamente e saiu correndo para o laboratório.José, já trabalhando, olhou para ela, surpreso ao vê-la chegar meia hora atrasada e com uma expressão cansada.— Não dormiu bem ontem? — Perguntou José.Júlia balançou a cabeça:— Não é que eu tenha dormido mal, é que virei a noite.José arqueou uma sobrancelha, mas não fez mais perguntas.Júlia deu umas leves batidinhas no rosto e tentou se concentrar no trabalho.Depois do almoço, no entanto, ela começou a bocejar sem parar. José, percebendo o cansaço evidente, sugeriu:— Não force tanto. Vai na sala de descanso e tira um cochilo.Júlia estava realmente exausta, então nem tentou recusar. Foi direto para a sala de descanso.Duas horas depois, José, ao passar pela sala, lembrou-se de que Júlia ainda estava lá dentro. Bateu na porta, mas não ouviu resposta:— Júlia? Você está b
Rafael sentia uma dor de cabeça latejante, e a irritação só aumentava. Sem paciência, silenciou o celular e o colocou com a tela virada para baixo sobre a mesa, dizendo em tom frio:— Continuem.Ninguém ousou sequer levantar o olhar.Quando a reunião terminou e ele voltou para o escritório, Rafael pegou o celular e deu uma olhada rápida nas notificações, mal acreditando na quantidade de mensagens que havia recebido. Aquilo o fez soltar uma risada amarga. Viviane estava usando o cartão adicional dele, o que significava que cada gasto dela gerava uma mensagem automática para seu celular.As mensagens de compras continuavam chegando sem parar, fazendo as têmporas dele pulsarem de raiva. Justo quando ia largar o celular de lado, Viviane mandou uma mensagem pelo WhatsApp:[Rafael, comprei umas coisinhas. Gostou? Comprei também uma gravata e um blazer pra você.]Rafael apenas lançou um olhar rápido e, com um sorriso de desprezo, bloqueou o contato dela. Massageando as têmporas, Rafael foi at
Viviane entrou no quarto pisando firme e bateu a porta com força.No dia seguinte, logo cedo, Maya mal havia se levantado e ainda estava se ajeitando quando ouviu o grito de Viviane lá de cima:— Alguém! Me levem para o hospital!Maya mal conseguiu conter um sorrisinho. Da primeira vez, até correra preocupada, mas agora... Bem, a experiência faz o hábito. Pegou o celular e ligou para o motorista:— Oi, ela tá reclamando de dor de novo.Motorista:— Beleza, tô indo com o carro agora.Em seguida, Maya ligou para Fernanda:— Sra. Fernanda, então... só pra avisar...O procedimento todo já estava no automático, e ela fazia tudo de maneira impecável, sem errar uma só etapa.No hospital, Fernanda esperava no corredor, de cara fechada. O médico repetiu o mesmo discurso de sempre:— Não é nada grave. Basta repouso.Já farta da situação, Fernanda entrou no quarto e despejou toda a frustração em Viviane:— O dia inteiro vindo pro hospital por qualquer bobagem! Você acha que isso aqui é o quê? Sua
Afinal, o próprio Rafael não queria. E Fábio... ele nem sabia da situação, e Fernanda preferia não tocar no assunto com ele. Lá no fundo, ela tinha a impressão de que Fábio certamente não apoiaria essa decisão.Esses dois, pai e filho, um mais inflexível que o outro. Agora, com as coisas no ponto que estavam, já não fazia sentido forçar Viviane a interromper a gravidez. Então, só restava a ela aceitar a situação.— Ei, Sra. Fernanda, fiquei sabendo que sua nora tá grávida. E de gêmeos, hein? — Comentou uma das senhoras.— Pois é, eu também só fui saber agora. A Fernanda guardou o segredo a sete chaves! Só contou depois que passou dos três meses, pra nos dar uma surpresa, pode uma coisa dessas? Surpresa foi, viu? — Riu outra.— Meus parabéns! O meu filho nem namorada tem, imagine netos... Sra. Fernanda, seu filho tem a idade do meu, não? Como ele tá?Fernanda sorriu de leve:— Ah, ele tá bem, mas vive ocupado com aquela empresinha. Eu sempre digo pra ele que ele deveria largar mão disso