6

Ellen

Como todas as manhãs sentar-me a mesa de café da manhã está sendo praticamente um martírio. Não está sendo fácil receber os olhares ansiosos dos meus pais e olhar acusador da minha irmã, e sempre que estou me servindo recebo as mesmas enxurradas de perguntas.

— Como estão indo as coisas com o Collin? — Mamãe pergunta enquanto me sirvo de uma xícara de café.

— Bem! — respondo evasiva e sem olhá-la nos olhos, até porque eu ainda não consegui fazer o que eles esperam de mim. Com uma respiração profunda, porém, sutil segura uma faca de mesa e corto uma fatia de bolo no centro da mesa.

— Bem, é só isso que tem para dizer? — Ruby cobra irritada, cruzando os seus braços e indignada desisto de comer.

— O que você quer que eu diga, Ruby? — Não seguro um tom rude na minha voz.

— Eu não sei! Que tal se você dissesse que ele fez sexo com você e que o bebê já está a caminho…

— Ele está usando camisinha! — A corto bruscamente, falando logo de uma vez. Os olhos do meu dos nossos pais me encaram com perplexidade.

— O que você disse? — Papai questiona incrédulo. — Por que Collin faria algo assim? — Cansada de todas essas cobranças fico de pé e olho de um para o outro.

— Ele disse que não quer ter filhos, acho que falei sobre isso ontem.

— Oh! — Ruby resfolega, levando uma mão ao peito.

— Que droga, Ellen, ele não tem de querer! — Papai brada, esmurrando a mesa e eu bufo, cruzando os meus braços.

— Pelo amor de Deus, vocês estão casados há um ano e nos devem um herdeiro! — Mamãe ralha revoltada.

— Ok, e o que vocês querem que eu faça?! — rosno. — Querem que eu o amarre na cama e o faça ejacular dentro de mim?

Eu. Não Aguento. Mais. Essa. Droga!

Ela respira fundo e troca olhares para papai e depois volta a me fitar. No entanto as sobrancelhas da minha irmã se erguem e logo ela solta um som apreciativo, seguido de um sorriso sabichão

— Eu já sei o que fazer! — Seu sorriso se amplia e eu juro que isso me assusta.

— No que está pensando, querida? — Papai inquire.

— Você vai drogá-lo, Ellen. — Arregalo os olhos.

— O QUE? — grito a indagação.

— Eu mesma irei providenciar algo para o próximo encontro de vocês.

— Eu não vou fazer esse absurdo! — rosno furiosa.

— Sim, você vai! — Ela rebate consternada.

— Deus, dai-me paciência! — resmungo. — Escute bem, eu já aceitei fazer toda essa loucura de ir para a cama com o seu homem, mas drogá-lo, não! Eu não vou fazer isso.

— Mas, Ellen…

— Já basta, mamãe! Por Deus, quem vocês pensam que eu sou? Como podem pensar que eu sou capaz de fazer tal atrocidade?

— Nós não temos outra escolha, filha e você sabe, é pelo…

— Bem da nossa família? — Completo a sua frase usando um tom irônico. — Qual bem isso pode me trazer? Estou deixando de viver a minha própria vida para viver a vida da sua filha!

— Nossa, quanto drama, Ellen Axel! — Ruby ralha impaciente. — Não será nada demais, só algumas gotinhas na bebida dele e ele fará tudo que você quiser, querida. — Meneio a cabeça em um não cheio de indignação.

— Vocês são uns monstros, sabiam?

— Nossa, fala com ela, mãe! Eu não aguento esse senso ridículo de puritana que ela tem. — Ruby rosna saindo da sala. Mamãe abre a boca para dizer algo, mas ergo um dedo em riste para ela.

— Não diga nada! — rebato rudemente. — Eu não vou drogá-lo e se o Senhor Hill não quer ter um filho, isso não é problema meu! — rosno, saindo da sala de jantar imediatamente.

Dentro o meu quarto, tenho o cuidado de fechar a porta e vou direto para o closet pegar um diário que mantenho guardado dentro de uma pequena caixa nos fundos de um compartimento. Em seguida vou para o meu lugar secreto dentro de um jardim escondido atrás de uma enorme cerca de congeias, que agora apresentam lindas flores amarelas e que esconde um pequeno portão de ferro um tanto enferrujado entre os seus ramos. Cuidadosamente abro o portão e passo por ele sentindo-me segura. Com um suspiro aliviado me dirijo para um balanço de cordas grossas que tem algumas folhagens se arrastando por elas e me acomodo confortavelmente nele. Meu coração se aquece quando abro o diário e só então entro no meu mundinho mágico.

Eu tenho um sonho, algo que com certeza seria repudiado pelos meus pais. Acredite, Grace e Marlon jamais aceitariam que sua filha se tornasse dona de uma livraria um dia e pior ainda, que ela se transformasse uma escritora de romances. Com certeza isso se tornaria o cúmulo da minha tolice diante dos seus olhos e definitivamente se eles descobrissem esse meu prazer secreto, seria arrancado brutalmente de mim.

Contudo, escrever é a minha alma, é o que me dá prazer e é o que transforma o mundo chato e entediante em algo alegre e apaixonante.

Bufo em frustração quando penso que nascer no seio de uma família nobre e ter que seguir à risca as suas tradições e exigências é uma grande droga.

 Se desligue, Ellen! Digo para mim mesma, fechando os meus olhos e respiro fundo, sentindo o suave aroma das flores, e não demora para eu ser absorvida pelo universo mágico da escrita.

“Portanto, Adam olhou com afinco nos olhos da linda e estonteante mulher, sentindo o seu coração saltar dentro do seu peito. O seu sangue fervia dentro de suas veias e ele ansiava por beijar os seus lábios que tinha um tom suave vermelho. Ele se mexeu dando a devida atenção a voz do seu coração, segurou-a em seus braços e os seus lábios se tocaram…”

— Ellen? — Uma voz grossa e firme e grossa me despertou dos meus sonhos acordados e sorri, sentindo as batidas do meu coração acelerarem dentro do meu peito.

Daniel. Pensei ampliando o meu sorriso, quando ele apareceu na minha frente. Imediatamente fechei o diário e saí do balanço para ir recebê-lo.

— Dani! — sibilei chegando mais perto dele e logo estava nos seus braços. Contudo, ao me afastar, Daniel analisou o meu rosto em silêncio.

— Você está bem?

Uma coisa sobre Daniel Carter, ele me conhece como ninguém e sabe lê os meus pensamentos. Portanto, não importa o que eu faça, eu nunca consigo me esconder dele.

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