8

Ellen

O que eu posso dizer diante dessa pergunta tão inusitada quanto inesperada?

Estou com medo!

E se ele estiver tendo alguma lembrança de nós dois entre aquelas quatro paredes? E se de repente ele teve algum vislumbre de mim dentro daquelas roupas estupidamente sensuais? Tudo é possível. Um gesto, um olhar, a maneira de falar, qualquer coisa pode me denunciar para esse homem agora.

Malditos olhos avaliadores!

Calma, respira, Ellen! Ele não te reconheceu, é claro que não! Como poderia, você está fora do seu disfarce agora.

— Algo em você parece familiar.

— Eu duvido, Senhor Barão de Luxemburgo. Olhe para mim, sou uma pessoa de hábitos simples, não costumo ir a festas da alta sociedade a não que os meus pais me obriguem. Como ver, uso roupas simples e não misturo com os esnobes.

Ele sorri.

Céus, que sorriso lindo!

— Esnobes? — Me pego sorrindo.

— Olhe para eles, não parecem esnobes para você? — peço e ele faz. Hill faz um gesto desdenhoso com a boca.

— Você tem razão, eles são bem esnobes, mas se não gosta deles, por que está aqui? Você poderia estar em outro lugar com o seu namorado. — Em resposta mordo meu lábio inferior, reprimindo mais um sorriso.

— Como eu disse, os meus pais.

— Ah claro, os pais costumam ser bem mandões às vezes.

— Às vezes.

Não consigo deixar de observar. Collin Hill fora do seu casarão e fora daquelas quatro paredes parece ser outro homem. Ou seria impressão minha? Quer dizer, estamos conversando descontraidamente e até fiz um homem da face de ferro sorrir. Coisa que não vi acontecer todos esses dias. Respiro fundo. Ele até se parece com outra pessoa. Contudo, ainda estou trêmula pois os seus olhos continuam me avaliando.

Malditos olhos avaliadores! Repito.

Céus, isso ainda vai me levar a loucura! Rosno mantendo o meu sorriso forçado no meu rosto.

— O seu refrigerante, Ellen. — Daniel fala de repente, me estendendo uma taça no momento mais acertado possível. Portanto, seguro-a sem pensar duas vezes e sorvo o líquido adocicado se a minha vida dependesse dele. — Nossa, você estava mesmo com sede! — Meu amigo sibila surpreso. Contudo, o meu cunhado apenas franze a testa.

— Pois é, é que… está calor, não é? — sibilo, puxando o fôlego.

— Ah… a noite está um pouco fria. — Dani resmunga, ele parece aturdido com o meu comportamento.

Olho para o céu pedindo uma intervenção divina. Entretanto, forço um sorriso e um silêncio constrangedor se instala entre nós.

— Ah então, Senhor Barão o Dani e eu vamos… caminhar um pouco.

— Nós vamos?

— É claro que vamos! Ah… se nos der licença! — peço lhe dando as costas. Contudo, congelo no meu lugar quando um tiro ecoa alto, fazendo os convidados gritarem apavorados.

— Senhorita Axel, cuidado! — Collin grita quando sou praticamente arrastada por uma onde de pessoas desesperadas.

— Daniel! Daniel! — grito desesperada, estendo a minha mão para tentar alcançar a sua, porém, ele é arrastado para longe de mim. — DANI! — Tento a todo custo livrar-me deles, mas é impossível, pois mais tiros começam a ecoar e por mais que eu lute, não consigo me livrar deles. — NÃO! PAREM! PAREM! — Me apavoro quando percebo que eles estão correndo na direção do rio e em uma fração de segundos, estou afundando dentro de uma água escura e gelada.

Eu preciso subir, preciso sair daqui! Penso em uma luta constante. Entretanto, quanto mais eu luto, mais eles me afundam.

Eu preciso respirar! Socorro! Quero gritar, mas não posso.

De repente sinto alguém segurar firme na minha roupa e sou praticamente arrancada de dentro da água. Puxo o ar com força completamente em desespero e imediatamente me agarro ao meu salvador. Um frio horrendo parece querer me quebrar em mil pedaços e logo o meu corpo começa a tremer demasiadamente.

— Você vai ficar bem! Você vai ficar bem! — Uma voz grossa diz me segurando no colo, quando estou prestes a perder a consciência.

— Por aqui, Barão! — Alguém grita e logo estamos em movimento. — Siga pela trilha, nós vamos despistá-los. — Abro uma brecha de olhos e logo percebo que entramos em uma mata escura.

— Daniel — interpelo preocupada.

— Não se preocupe, ele está bem.

— Estou com frio! — sibilo trêmula.

— Eu sei, querida, aguente só mais um pouco. — Em alguns minutos, Collin me coloca no chão e me faz encostar na lateral do seu corpo. Ele tira uma chave do seu bolso e abre uma porta simples de madeira.

— Onde estamos?

— Em cabana de caça. Sente-se aqui. — Ele pede me ajudando a me acomodar em uma cama estreita. — Deve ter um cobertor por aqui. —  O Barão fala se afastando para mexer em um armário pequeno no canto da parede e aproveito para observar o local. É uma cabana bem pequena que comporta apenas uma lareira, uma pequena mesa redonda com duas cadeiras e cama de solteiro em um canto. — Aqui está. — Collin põe um cobertor com cuidado sobre os meus ombros e aproveito para fechá-lo na minha frente em uma tentativa desesperada de me aquecer.

— De quem é essa cabana?

— Pertenceu ao meu pai, ele gostava de caçar. Está se sentindo melhor agora?

— Um pouco. O que aconteceu?

— Eu ainda não sei. Provavelmente eles queriam me atingir.

— Por quê?

— Eu não faço ideia Senhorita Axel. Na verdade, sou um homem muito poderoso e tenho muita influência, sou muito rico. Sequestro, assassinato, vai saber.

— Céus! — lamento.

— Não se preocupe, os meus seguranças já estão resolvendo isso.

— Obrigada!

— Pelo que?

— Por me tirar de lá. Por um minuto eu pensei que morreria ali mesmo.

— Eu jamais deixaria isso acontecer com você! — O toque dos seus dedos no meu rosto me faz erguer os meus olhos para encontrar os seus e por algum motivo sinto dificuldade de respirar. Collin parece diminuir a distância entre nós e o meu coração dispara quando penso que ele vai me beijar. — Sangue. — Franzo o cenho em confusão.

— O que? — inquiro aturdida.

— Tem sangue no cobertor. — Ele se aproxima um pouco mais para afastar o tecido e verificar o meu ombro. A sua aproximação traz o cheiro do seu perfume e esse invade as minhas narinas, fazendo o meu corpo se aquecer.

Engulo em seco.

— Você tem um corte profundo. — Collin diz se afastando para ir pegar algo e estranho o fato de me sentir frustrada com o seu afastamento. Contudo, a porta se abre brutalmente e agitada, fico de pé, encarando um homem com uma arma na mão.

— Collin! — sibilo nervosa.

— Fique calma, Senhorita Axel. — Ele pede, largando a caixa de primeiros socorros e me faz ir para atrás do seu corpo.

— Quem é você? — Em resposta, o estranho adentra o casebre, abrindo um sorriso sarcástico, enquanto mastiga um chiclete.

— Barão de Luxemburgo, deve legal carregar esse título.

— O que você quer?

— Algo bem precioso que você tem.

— Dinheiro? — Seu sorriso sarcástico se alarga e ele se inclina um pouco para me olhar. Com medo, me encolho atrás do meu esconderijo, segurando firme na sua camisa e aperto o tecido entre os meus dedos. — Diga o que diabos você quer?! — Collin ruge.

— Dinheiro não é tudo Barão.

— Que droga, homem, fale de uma vez o que quer de mim! — Ele brada dando um passo para frente, porém, o clique da arma me deixa aflita.

— Eu quero que você morra, Barão, Só assim vou conseguir o que quero. — Inclino um pouco a cabeça para saber o que está acontecendo e para o meu completo desespero vejo uma arma apontada para o meu protetor.

Não!

Não!

Não!

Rogo fervorosamente aos céus.

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