7

Ellen

— Estou. — Forço um sorriso para ele.

— Tem certeza? — Me afasto do meu amigo e volto para o balanço.

— Pode me balançar um pouco? — Recebo um sorriso largo em resposta.

— É claro! Por que não apareceu nosso encontro na noite passada?

Porque eu estava transando com o meu cunhado! Meu cérebro ironizou uma resposta.

— Eu não pude, sinto muito!

— Seus pais não deixaram, não é?

Bufo mentalmente.

— Você os conhece.

— Sim, sei bem como eles são. Eu fiquei preocupado com você.

— Comigo?

— Você não me parece bem.

— Mas eu vou ficar. — Dani para o balanço e se encaixa no meio das minhas pernas, a fim de olhar-me nos olhos.

— O que está acontecendo, Ellen?

Droga, pensar no que tenho feito ultimamente me faz desviar os meus olhos dos seus. Como posso olhar nos olhos do homem que eu amo, quando estou me deitando com outro homem? E o que eu posso dizer diante de tal questionamento?

“Então, Dani me desculpa, mas estou dormindo com o meu cunhado porque eu preciso fazer um herdeiro para fortalecer a minha família.”

Isso é ridículo, Ellen Axel!

— Não está acontecendo nada! — Me forço a olhá-lo olhos outra vez, mas dessa vez abrindo um sorriso espontâneo. Então ele sorrir para mim e eu sei que esse assunto acabou.

— Voltou a escrever? — Meu sorriso se amplia.

— Estava no meio de uma declaração de amor.

— E eu atrapalhei tudo?

— Um pouquinho. — Faço um gesto com o meu polegar e indicador.

— E, eu posso ver?

Pronto, logo estávamos envolvidos no meu mundo preferido. Daniel Carter é um típico de leitor tagarela. Ele é adorável e gosta de comentar sobre as minhas cenas. Isso me ajuda com a minha criatividade e me faz ficar perdida nessa conversa por tanto tempo, que nem percebi as horas avançarem.

— Você escreve muito bem, Ellen! — Ele sibila e eu me pego sorrindo para esse seu comentário, embora eu saiba que uma crítica vinda dele não deve ser levada a sério, a final, ele é quase um cúmplice das minhas ideias. Contudo, devo dizer que receber elogios me deixa envergonhada.

— Obrigada, Dani, mas você é o meu fã de carteirinha. Portanto, o seu comentário é um pouco suspeito — ralho com humor o fazendo rir.

***

Alguns dias depois…

Uma festa na alta sociedade é para mim como uma festa qualquer, com o diferencial das pessoas esnobes passeiando como gazelas, conversando sobre a vida alheia, enquanto bebericam as suas bebidas caras. Tem muito luxo, muita bebida, além de uma decoração extremamente luxuosa e garçons espalhados por todo o lugar. Normalmente esses eventos reúnem muitos empresários importantes e muitas mulheres elegantes. É um prato cheio para os homens de negócios como o meu pai fazer o que eles sabem de melhor, ou seja “os melhores contratos,” e no caso das mulheres, pôr as fofocas em dia.

— Que droga, Dani, cadê você? — resmungo baixinho, porém, um tanto nervosa, afastando-me dos convidados que estão espalhados pelo enorme jardim da mansão Hill. E assim que alcanço um píer de madeira, resolvo me sentar e aguardar o meu acompanhante. Daqui é possível observar o reflexo da lua cheia mergulhada nas águas profundas, porém, calmas do rio que fica nos fundos da casa.

— Oi, desculpe a demora! — Dani fala assim que se aproxima de mim. No ato, ele me estende a sua mão e eu a seguro, para ficar de pé no segundo seguinte. O beijo calidamente no rosto e sorrio.

— Tudo bem! — ralho e olho para a sua roupa. Um terno amarrotado e uma calça jeans com um par de tênis que ele costuma usar no seu dia a dia. Ele sorri e dá de ombros.

— Foi o melhor que eu consegui — ralha como se quisesse justificar algo.

— Você está perfeito, querido! — sibilo, o beijando calidamente no rosto outra vez. Entretanto, ele me oferece o seu braço e eu enlaço o meu braço no seu sem hesitar.

— A propósito, você está linda! — Ele sussurra.

— Oh, obrigada cavalheiro!

Dançar não era uma opção, a final, isso seria um ultrage para o Senhor e Senhora Axel diante de tantos convidados ilustres. Isso no mínimo renderia alguns péssimos comentários nos tabloides e a Senhora Grace seria capaz de me aprisionar na mais alta torre de um castelo por séculos a fio. Portanto, apenas ficamos encolhidos em um canto fazendo algumas críticas engraçadas e rindo dos esnobes convidados do barão e suas gafes.  

— Não é a sua irmã? — Dani interpele, apontando para uma direção e eu fico rapidamente de pé quando percebo que ela está vindo na nossa direção.

—Senhor e Senhor Hill! — Cumprimento-os com formalidade, evitando o olhar rígido do Barão de Luxemburgo que parece querer penetrar a minha alma. Entretanto, ele me responde apenas com um sutil aceno de cabeça.

— Oi, Ellen! — Ruby fala atraindo a minha atenção. — Os nossos pais já chegaram? — Olho para os lados, dando de ombros.

— Eu não os vi por aqui ainda — falo. Ela abre um sorriso estravagante, porém, o Senhor Hill permanece sério e seu olhar gélido percorre de mim para o meu acompanhante. Dani parece sem graça e eu... bom, queria poder fugir desse lugar.

— Ah, esse é o Daniel Carter. — Apresento o meu acompanhante. — Dani esse é o…

— Barão de Luxemburgo, eu sei. — Daniel lhe estende a sua mão, mas o malvadão apenas a olha.

Grosso!

— Ah, você quer beber alguma coisa? — Dani oferece tentando afastar o clima um tanto estranho.

— Eu quero um refrigerante, por favor! — peço completamente sem graça.

— Ah, querido eu preciso ir ver uma coisa, eu volto logo! — Ruby avisa repentinamente. Tento pedir para ela não ir, mas tenho não chance e quando fico a sós com o meu cunhado não sei o que dizer. Constrangida, olho para todos os convidados alheios a minha situação.

 Respiro fundo determinada a ir ao encontro do meu amigo.

— Ah... é... eu acho que já vou indo também — digo, apontando o meu polegar para uma direção e me viro para me sair.

— Espere! — Collin pede, segurando no meu braço e inevitavelmente os meus olhos voltam a encontrar os seus. — Ellen, não é? — Faço um sim com a cabeça. — Eu tenho a impressão de que já nos vimos antes. — Meu coração para uma batida e eu mal consigo respirar.

— Deve ser pelo fato de sermos gêmeas idênticas. — Forço um sorriso para ele.

— Na verdade, não. — Engulo em seco. — Você me lembra alguém bem… diferente. Tem certeza de que não nos vimos antes?

Sim, nos vimos na sua cama,mas creio que isso é irrelevante no momento. Ralho mentalmente e encaro o céu escuro.

Deus me ajude!

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