Amanda era chamada pelos amigos de Mandi, pois já haviam outras Amandas na escola e essa deveria ser inconfundível. Era assim que ela insistiu em se descrever para quem a conhecia, e realmente em pouco tempo ela se destacava de qualquer outra garota. Mandi não era a melhor nem a pior da classe, era uma aluna mediana, tirava as notas que precisava para que ela pudesse passar de ano, mas desde que na quinta série abriu os olhos para o comitê da escola e ficou sabendo que para participar tinha que ter boas notas, passou a se dedicar mais nos estudos. A “baixinha furacão” como sua irmã apelidou, quase nunca se interessava por algo, mas quando isso acontecia era determinada. Flávia, a estudiosa da sala, foi seu grande passaporte para o comitê. Amanda viu a oportunidade de aproveitar os dotes de Flávia para atingir seu objetivo e ali se iniciou uma amizade que por interesse se tornou muito valiosa para ambas.
Flávia não tinha o menor interesse em entrar para o comitê da escola, seus gostos por leitura e teatro já eram um motivo para ser a nerd da sala, além de tirar notas altas e ser extremamente tímida. Mal interagia com seus colegas de sala, só quando tinha que fazer algum trabalho em grupo e era até bem disputada por vários grupos, mas já sabia que eles queriam que praticamente fizesse o trabalho por eles. Então, naquele dia em especial, viu aquela garota super extrovertida vindo em sua direção, chamando ela de Flaví como se conhecessem há anos e pedindo, parecendo mais uma ordem, que gravasse seu número de w******p e pudessem mais tarde estudar para as provas bimestrais da semana que vem. Flávia enquanto olhava para aquela garota de cabelos encaracolados, pretos e soltos, armados até o meio das costas, presos por uma tiara cor de rosa, pele muito branca e olhos verdes, que não parava de tagarelar, achando tudo aquilo meio absurdo, já ia interrompê-la e dizer que não era de seu interesse, quando lembrou do que sua mãe lhe disse no café da manhã:
— Bonequinha, seu aniversário está chegando e vamos para casa da bisavó comemorar com seus avós, tios e primos.
Era uma data que realmente se sentia muito sozinha, pois eles já faziam a comemoração lá nos avós porque sabiam que ela não tinha amigos para fazer a festa em casa. Mas desta vez quem sabe ela ia levar uma amiga. Flávia desbloqueou o celular e deu para Amanda.
— Pode adicionar seu número, começamos a estudar na minha casa amanhã, depois da aula. Eu te passo o endereço.
Desde esse dia, todos os seus aniversários eram muito bem acompanhados por Mandi, sua melhor amiga, e os amigos que vieram de tabela.
Depois de tantos anos de amizade entre as garotas, que agora Amanda achou por bem chamar Flávia apenas de Ví. Esta já havia se acostumado com o espírito livre e o jeito eletrizante da baixinha fazer as coisas, o que se completava muito bem com o dela, que era muito calmo e organizado, diria até perfeccionista. Amanda, desde a nomeação da escola para sede dos jogos regionais, se já estava empolgada com qualquer evento mínimo que o comitê aprovava, imagina com um evento dessa magnitude. Era pra deixar sua amiga louca, o que por incrível que pareça nem de perto acontecia. Flávia tinha desenvolvido uma “capa protetora” à prova de Mandi, brincava ela. Quando sua amiga disparava a falar sem parar suas ideias e corria de um lado para o outro, carregando a amiga pela cidade a comprar isso e aquilo. E quando Flávia não está com a amiga, ela envia milhares de mensagens, emoticons e gifs pelo celular, mas Flávia simplesmente balançava a cabeça positivamente, olhava para a amiga e dizia:
— Uau!
Depois, quando Amanda pegava um ar para respirar, ela lhe apresentava opções dentro dos projetos que elas e o comitê haviam desenvolvidos, ideias que havia pensado, então Mandi dizia:
— Por que não me disse logo?! Esplêndido!
E assim disparava novamente a tagarelar. Mas no final, todos os projetos que as duas estavam envolvidas eram muito elogiados pela comissão de pais e mestres.
Outra pessoa que estava ansiosa com a chegada dos jogos era Jéssica, desde pequena amava jogos como futebol, basquete e voleibol. Na escola não via a hora de chegar à aula de educação física. Logo estava no time oficial de voleibol que jogava nas competições interescolares. Ela não era alta, tinha porte físico até em desvantagem para o time, mas se esforçou muito e tinha realmente o dom, e isso unido à sua paixão, conquistou a vaga de levantadora. Seu sonho era ganhar os jogos regionais e dedicar essa vitória para seu namorado, Marcelo, que estavam juntos há 1 ano e 8 meses. No último ano, quase venceram na cidade da escola adversária, perderam por muito pouco e Jéssica voltou para casa prometendo que este ano, que seria o último antes de irem para faculdade, ela iria dedicar essa medalha a ele. Além de ser amante de jogos, ela gost
Era a primeira vez que o estacionamento da escola estava lotado com ônibus de diversas empresas e muitos carros de diversos lugares. Logo na entrada tinha duas caixas de sons enormes tocando música dance e muitos alunos uniformizados com o logo escolhido pelo comitê para os jogos, o símbolo do beija flor no meio de um círculo branco e a camiseta toda verde fluorescente, que se destacava das demais que por ali estavam. Os alunos na entrada davam as boas vindas e entregavam um pequeno mapa e um diagrama com os horários e apresentações que aconteceriam naquela semana. O mapa, instruído pela comissão de bombeiros, continha as principais saídas de incêndio e postos de atendimento de emergência, nele continha também os prédios onde se reunirão para eventos extracurriculares, como as festinhas com participação das bandas locais.A maioria dos ônibu
Amanheceu uma manhã muito fria e Cristiam sentiu uma preguiça de levantar para ir à escola, por isso colocou seu despertador no modo soneca várias vezes até criar coragem. Ouviu batidas na porta do seu quarto e em seguida um toque em suas costas, seguido da voz suave de sua mãe Marli.— Filho, vai se atrasar para aula. Hoje tem dupla de matemática, não tem como escapar. Você já está enforcado com faltas.Sr. Paulo ainda dormia, ele trocou de turno com seu colega que precisava ir ao médico e ia entrar à tarde na farmácia onde trabalhava como gerente há mais de 14 anos.Cristiam já arrumado e tomando seu café da manhã, perguntou à sua mãe se dava tempo de pegar uma carona com ela para ir à escola, pois o pai não ia poder e é claro, estava atrasadíssimo.— Vamos logo, então!
Quando elas chegaram à festa, todos olharam quase que automaticamente para a mesma direção. Uma questão de segundos e o tempo parou. Só o vento soprava, pois dava pra ver movimentando os cabelos compridos e sedosos como um comercial de shampoo, nas seis garotas que adentravam a festa. Andavam em passos firmes e compassados, olhando para frente sem se importar por quem passavam. Foram para o centro do ambiente e começaram a dançar em um ritmo sincronizado com a música, mas seus gestos pareciam guiados por uma sensual melodia que ninguém mais ouvia, só elas, mas que envolvia a todos com os movimentos de braços com as mãos e a cintura com as pernas. Algumas pessoas começaram a ser atraídas para dançar e formaram uma roda em volta delas. Elas estavam vestidas de maneira que não se via roupas assim em lojas comuns, como se tivessem feitas com estilo específico para elas,
Já bem cedo, a turma começou a combinar no grupo de whatsapp o horário que iriam se encontrar para acompanharem os jogos daquela manhã. Mas o jogo mais esperado era o de Jéssica e Bruna à tarde, e essas duas tinham reunião de estratégia pela manhã no anfiteatro. Por isso, ficou marcado o encontro no refeitório externo, para desfrutarem o café da manhã antes de tomarem seus rumos.— Eca, como pode gostar dessa gororoba de ovos? — disse Maia para Bruna, com uma expressão enojada.— Gemada é energia, você devia experimentar de vez em quando e comer algo saudável! — Bruna levava o copo em direção a boca de Maia como provocação.— Bom dia, meninas! — Jéssica chegou cumprimentando e sentando ao lado delas. Colocou o copo de vitamina na mesa e tirou da mochila um lanche que trouxe de casa &
Samanta era a mais velha de quatro irmãos. Moravam em um bairro de classe média em uma casa modesta com seus pais. Desde muito pequena aprendeu a dividir tudo que ganhava, fazendo crescer o desejo de ter algo que pudesse ser só seu, como sua paixão por fotografia. Ganhou de sua madrinha uma câmera fotográfica aos 14 anos e frequentou um curso gratuito que lhe proporcionou aprimorar seu dom natural. Sempre andava com sua câmera, por onde fosse via a possibilidade de encontrar um ângulo perfeito de algo que só ela podia ver e eternizar. Esse era seu escape para a triste realidade que vivia dentro de casa com seu pai alcoólatra. Por diversas vezes queria se esconder nas suas fotografias, quando ele chegava agressivo e procurava um alvo para descontar seja lá qual fosse sua ira. Por muitas vezes era somente sua mãe que se sacrificava para aliviar os filhos dessa penosa tortura. Mas nem sempre ficava s&oacut
Amanda estava a mil por hora desde que se levantou, nem tomou seu café da manhã e já foi apressando a mãe que lhe dava carona todos os dias para a escola. Enquanto estava no carro, enviou mensagem para Flávia.“Ví, encontre-me na entrada do anfiteatro. Está tudo um caos.” — seguido de emoticons de carinhas irritadas e olhos revirados com a língua de fora.Flávia tinha acordado e feito sua rotina organizada de banho, café da manhã, beijinhos nos cachorros e foi para o ponto de ônibus onde leu a mensagem.“Bom dia, Mandi. Vou estar lá.” — seguido de emoticons de corações.Flávia já sabia que seria algum exagero da amiga e depois de tanto tempo nem se dava ao trabalho de se preocupar. Quando estava se aproximando do anfiteatro observou de longe a amiga, estava falando ao celular, andava de um lado para o ou
Marcelo, enquanto assistia ao jogo acompanhado de seus amigos naquela manhã, pensava na conversa que tinha ouvido há pouco na entrada do vestiário. Era como se ele sentisse que havia alguma coisa muito estranha acontecendo envolvendo aquele grupo de rapazes, que naquele instante, jogava na quadra. Agora sem as jaquetas, ele observou que eles eram bem robustos para um time do ensino médio. Não expressavam muita simpatia, apenas se comunicavam entre eles fazendo sinais normais de jogadores e quando acertavam as jogadas nem ao menos comemoravam, só trocavam as posições. Observou também que o treinador e o banco de reserva deles agiam da mesma forma, quase sem expressão.— Não é, amigão? — Pedro cutucava o amigo, que estava muito concentrado no jogo.— Oi, desculpe. O que falavam? — perguntou Marcelo.— Vamos almoçar na casa do L.M, o jogo