Outra pessoa que estava ansiosa com a chegada dos jogos era Jéssica, desde pequena amava jogos como futebol, basquete e voleibol. Na escola não via a hora de chegar à aula de educação física. Logo estava no time oficial de voleibol que jogava nas competições interescolares. Ela não era alta, tinha porte físico até em desvantagem para o time, mas se esforçou muito e tinha realmente o dom, e isso unido à sua paixão, conquistou a vaga de levantadora. Seu sonho era ganhar os jogos regionais e dedicar essa vitória para seu namorado, Marcelo, que estavam juntos há 1 ano e 8 meses. No último ano, quase venceram na cidade da escola adversária, perderam por muito pouco e Jéssica voltou para casa prometendo que este ano, que seria o último antes de irem para faculdade, ela iria dedicar essa medalha a ele. Além de ser amante de jogos, ela gostava muito de filmes, especialmente de terror, o que deixava Marcelo inconformado já que ele morria de medo. Os dois se conheceram na comunidade jovem da igreja que era adeptos. Ele frequentava a igreja desde criança e ela há pouco mais de 7 anos quando seus pais se converteram e foram filiados pelos pais de Marcelo, o qual deixou as famílias muito próximas.
Jéssica, nos últimas meses nem tinha muito tempo para se dedicar ao namoro ou assistir seus filmes pois os treinos eram sua maior prioridade, mas sempre havia um tempinho aos domingos depois do culto para o jovem casal passar a tarde juntinhos na casa um do outro assistindo algum filme de terror se Jéssica escolhesse ou de aventura se fosse Marcelo, acompanhado de um balde de pipocas e muito amor.
O casal ao longo do namoro havia reunido uma turminha muito divertida na escola, pois Marcelo apresentou Lucas e Pedro à Jéssica, que apresentou Bruna, Maia, Samanta e Lucas, que para não confundir com o outro amigo passaram a chamar de LM, pois seu segundo nome era Mateus. A turma sentava no refeitório e quando não coincidiam as mesmas aulas, dois ou mais deles davam um jeito de se encontrar, fosse na academia ou em alguma outra atividade no campus. Bruna e LM, até ficaram de namoro por um tempo, mas não deu muito certo e o único casal da turma ficou sendo Jéssica e Marcelo.
Marcelo não era fã de esportes em geral, gostava de livros, vídeo games e filmes, mas de ação e aventura, nem um pouco de terror. Quando criança tentou vários esportes até cair do skate e ralar o joelho e o cotovelo, depois disso decidiu que não era pra ele esse tipo de atividade física, porém frequentava a academia desde os 13 anos pois queria ganhar massa muscular por recomendação de um fisioterapeuta de infância que o avaliou de alguns tombos e dores lombares, disse que ele tinha uma leve curva na coluna, e talvez fosse isso que o deixasse tão incomodando com esportes. Isso fez com que Marcelo, mesmo tão jovem, ficasse com um físico mais avantajado para os outros garotos da sua idade, o que chamava a atenção das garotas e enciumava sua namorada Jéssica. O rapaz não tinha o intuito de namorar tão cedo, não notava as moças da comunidade jovem da igreja nem as garotas da escola, apenas seguia sua vida calmamente quando em um dos comuns jantares que seus pais ofereciam na sua casa para os membros da igreja, após o jantar, subiu as escadas para seu quarto e viu Jéssica, parada na janela do seu quarto, de costas olhando para fora, com a parte de cima de seus cabelos presos por uma fita azul, que se destacava no loiro e caia sobre o liso e sedoso cabelo. Observou a curva do seu corpo no vestido e que estava descalça brincando com os dedos no seu carpete. Era como se ela combinasse com seu quarto, o que lhe parecia muito estranho e ao mesmo tempo encantador. Jéssica se virou para ele e ficou olhando para o rapaz por um tempo, quando disse:
— Que bela vista!
Marcelo não sabia o que dizer e nem mesmo o que fazer. Ela se aproximou, pegou sua sandália, sorriu e foi embora. Nos dias seguintes quando se encontravam na igreja ou na escola, foram se falando cada vez mais e mais, era divertido descobrir que não tinham muita coisa em comum, mas quando estavam longe um do outro, só queriam estar juntos. Depois de algumas semanas, quando Marcelo foi acompanhar um dos jogos de Jéssica no estádio da escola juntamente com Lucas, que nem ao menos tirou os olhos do celular jogando skate fire, esperou o final do jogo disposto a fazer a tão ensaiada proposta de namoro, pois havia por diversas vezes repetido a frase para si mesmo no espelho.
O jogo acabou e Jéssica foi ao encontro dos dois:
— Olá, rapazes. O que vai rolar hoje à tarde?
— Oi, Jéssica. — disse Marcelo. — Queria conversar com você, vamos dar uma volta?
— Vamos sim, vou no vestiário tomar uma ducha rápida e vamos. Oi, né Lucas. Vai ficar vesgo de tanto olhar para o celular.
Lucas teclava mais e mais o celular e entre uma expressão de agonia e satisfação que sentia ao jogar disse:
— Oi, Jéssi. Estou quase passando de fase... — e deu um grito de vitória — passei! — Se dirigindo para Marcelo. — Amigão, vou nessa. A gente se fala mais tarde e você me fala se deu certo o lance. Fui!
Marcelo e Jéssica se despediram do amigo que já saiu correndo sem ela nem perceber o que Lucas quis dizer com “lance”, pois apesar de querer muito namorar Marcelo, não esperava que ele tomasse iniciativa e já estava bolando um plano com Bruna para que o fizesse se “tocar na questão". Já Marcelo, enquanto ela foi ao vestiário, teve a certeza de que a garota tinha percebido o que o amigo vacilão quis dizer e isso aumentou, e muito, seu nervosismo.
Caminhando pelas ruas do campus, Jéssica falava sobre a pregação de domingo e das partes que mais chamou sua atenção, já Marcelo não conseguia se concentrar em uma só palavra da garota. Teve a ideia, ao avistar um banco de madeira que ficava embaixo da sombra de uma árvore muito frondosa, sem estudantes por ali, de convidar Jéssica para sentar. Os dois se sentaram e Marcelo interrompeu a garota muito bruscamente, o que a deixou sem reação e só o olhava com certo espanto.
— Jéssica, faz um tempo que a gente conhece, sabe, um ao outro. E eu, sabe, é legal ficar com você, não que a gente tá “ficando”, eu falo assim, de estar com você, sabe, e faz um tempo que a gente se conhece... — percebeu que já havia dito isso e parou. Olhou para ela, que estava muito tranquila, notou que um raio de sol passou por entre os galhos e iluminou os seus olhos castanhos e suas sobrancelhas grossas e delineadas, realçando um brilho exuberante que o acalmou de imediato — Jéssica, eu gosto muito de você e quero que seja minha namorada, você aceita?
Jéssica levantou sua mão até o rosto de Marcelo e se aproximou com o rosto puxando o dele suavemente, enquanto seus olhos se fechavam e suas bocas se aproximavam, antes que se tocassem, ela disse: — Sim!
Era a primeira vez que o estacionamento da escola estava lotado com ônibus de diversas empresas e muitos carros de diversos lugares. Logo na entrada tinha duas caixas de sons enormes tocando música dance e muitos alunos uniformizados com o logo escolhido pelo comitê para os jogos, o símbolo do beija flor no meio de um círculo branco e a camiseta toda verde fluorescente, que se destacava das demais que por ali estavam. Os alunos na entrada davam as boas vindas e entregavam um pequeno mapa e um diagrama com os horários e apresentações que aconteceriam naquela semana. O mapa, instruído pela comissão de bombeiros, continha as principais saídas de incêndio e postos de atendimento de emergência, nele continha também os prédios onde se reunirão para eventos extracurriculares, como as festinhas com participação das bandas locais.A maioria dos ônibu
Amanheceu uma manhã muito fria e Cristiam sentiu uma preguiça de levantar para ir à escola, por isso colocou seu despertador no modo soneca várias vezes até criar coragem. Ouviu batidas na porta do seu quarto e em seguida um toque em suas costas, seguido da voz suave de sua mãe Marli.— Filho, vai se atrasar para aula. Hoje tem dupla de matemática, não tem como escapar. Você já está enforcado com faltas.Sr. Paulo ainda dormia, ele trocou de turno com seu colega que precisava ir ao médico e ia entrar à tarde na farmácia onde trabalhava como gerente há mais de 14 anos.Cristiam já arrumado e tomando seu café da manhã, perguntou à sua mãe se dava tempo de pegar uma carona com ela para ir à escola, pois o pai não ia poder e é claro, estava atrasadíssimo.— Vamos logo, então!
Quando elas chegaram à festa, todos olharam quase que automaticamente para a mesma direção. Uma questão de segundos e o tempo parou. Só o vento soprava, pois dava pra ver movimentando os cabelos compridos e sedosos como um comercial de shampoo, nas seis garotas que adentravam a festa. Andavam em passos firmes e compassados, olhando para frente sem se importar por quem passavam. Foram para o centro do ambiente e começaram a dançar em um ritmo sincronizado com a música, mas seus gestos pareciam guiados por uma sensual melodia que ninguém mais ouvia, só elas, mas que envolvia a todos com os movimentos de braços com as mãos e a cintura com as pernas. Algumas pessoas começaram a ser atraídas para dançar e formaram uma roda em volta delas. Elas estavam vestidas de maneira que não se via roupas assim em lojas comuns, como se tivessem feitas com estilo específico para elas,
Já bem cedo, a turma começou a combinar no grupo de whatsapp o horário que iriam se encontrar para acompanharem os jogos daquela manhã. Mas o jogo mais esperado era o de Jéssica e Bruna à tarde, e essas duas tinham reunião de estratégia pela manhã no anfiteatro. Por isso, ficou marcado o encontro no refeitório externo, para desfrutarem o café da manhã antes de tomarem seus rumos.— Eca, como pode gostar dessa gororoba de ovos? — disse Maia para Bruna, com uma expressão enojada.— Gemada é energia, você devia experimentar de vez em quando e comer algo saudável! — Bruna levava o copo em direção a boca de Maia como provocação.— Bom dia, meninas! — Jéssica chegou cumprimentando e sentando ao lado delas. Colocou o copo de vitamina na mesa e tirou da mochila um lanche que trouxe de casa &
Samanta era a mais velha de quatro irmãos. Moravam em um bairro de classe média em uma casa modesta com seus pais. Desde muito pequena aprendeu a dividir tudo que ganhava, fazendo crescer o desejo de ter algo que pudesse ser só seu, como sua paixão por fotografia. Ganhou de sua madrinha uma câmera fotográfica aos 14 anos e frequentou um curso gratuito que lhe proporcionou aprimorar seu dom natural. Sempre andava com sua câmera, por onde fosse via a possibilidade de encontrar um ângulo perfeito de algo que só ela podia ver e eternizar. Esse era seu escape para a triste realidade que vivia dentro de casa com seu pai alcoólatra. Por diversas vezes queria se esconder nas suas fotografias, quando ele chegava agressivo e procurava um alvo para descontar seja lá qual fosse sua ira. Por muitas vezes era somente sua mãe que se sacrificava para aliviar os filhos dessa penosa tortura. Mas nem sempre ficava s&oacut
Amanda estava a mil por hora desde que se levantou, nem tomou seu café da manhã e já foi apressando a mãe que lhe dava carona todos os dias para a escola. Enquanto estava no carro, enviou mensagem para Flávia.“Ví, encontre-me na entrada do anfiteatro. Está tudo um caos.” — seguido de emoticons de carinhas irritadas e olhos revirados com a língua de fora.Flávia tinha acordado e feito sua rotina organizada de banho, café da manhã, beijinhos nos cachorros e foi para o ponto de ônibus onde leu a mensagem.“Bom dia, Mandi. Vou estar lá.” — seguido de emoticons de corações.Flávia já sabia que seria algum exagero da amiga e depois de tanto tempo nem se dava ao trabalho de se preocupar. Quando estava se aproximando do anfiteatro observou de longe a amiga, estava falando ao celular, andava de um lado para o ou
Marcelo, enquanto assistia ao jogo acompanhado de seus amigos naquela manhã, pensava na conversa que tinha ouvido há pouco na entrada do vestiário. Era como se ele sentisse que havia alguma coisa muito estranha acontecendo envolvendo aquele grupo de rapazes, que naquele instante, jogava na quadra. Agora sem as jaquetas, ele observou que eles eram bem robustos para um time do ensino médio. Não expressavam muita simpatia, apenas se comunicavam entre eles fazendo sinais normais de jogadores e quando acertavam as jogadas nem ao menos comemoravam, só trocavam as posições. Observou também que o treinador e o banco de reserva deles agiam da mesma forma, quase sem expressão.— Não é, amigão? — Pedro cutucava o amigo, que estava muito concentrado no jogo.— Oi, desculpe. O que falavam? — perguntou Marcelo.— Vamos almoçar na casa do L.M, o jogo
Jéssica acordou deitada no chão da relva na mata onde havia sido a festa e olhou ao seu redor onde muitos, ainda adormecidos, estavam sendo acordados por outros jovens. Muito confusa ela olhou para LM e perguntou o que estava acontecendo.— Não sei. Acordei a pouco, encontrei você primeiro, vamos procurar os outros.Eles começaram olhar entre os que estavam deitados e encontraram mais adiante Lucas e Bruna acordando Maia que estava ainda sentada tentando entender tudo aquilo.Os jovens do local conversavam entre si tentando encontrar uma resposta para tudo aquilo. Muitos tentavam acessar o sinal de celular em vão, outros corriam para seus carros e iam embora.— Onde está Samanta? — perguntou Jéssica aos seus amigos.— Vamos nos dividir e procurar. — disse Lucas.Procuraram por muito tempo, até que o local foi ficando cada vez mais e mais vazio. Se enc