Amanheceu uma manhã muito fria e Cristiam sentiu uma preguiça de levantar para ir à escola, por isso colocou seu despertador no modo soneca várias vezes até criar coragem. Ouviu batidas na porta do seu quarto e em seguida um toque em suas costas, seguido da voz suave de sua mãe Marli.
— Filho, vai se atrasar para aula. Hoje tem dupla de matemática, não tem como escapar. Você já está enforcado com faltas.
Sr. Paulo ainda dormia, ele trocou de turno com seu colega que precisava ir ao médico e ia entrar à tarde na farmácia onde trabalhava como gerente há mais de 14 anos.
Cristiam já arrumado e tomando seu café da manhã, perguntou à sua mãe se dava tempo de pegar uma carona com ela para ir à escola, pois o pai não ia poder e é claro, estava atrasadíssimo.
— Vamos logo, então! — disse Marli — Senão vamos pegar um tráfego daqueles e tenho fornecedores para receber bem cedo na loja.
Marli tinha uma floricultura. Era uma herança de família, trabalhava lá desde a adolescência com a mãe e as tias, depois a mãe morreu e as tias se aposentaram e venderam sua parte para ela que teve a ajuda de Paulo, que sempre a apoiou.
— Legal mãe, só vou escovar os dentes rapidão e já vamos!
A música que tocava na rádio era de um cantor que Marli gostava muito e ela acompanhava cantando e dando batidinhas com os dedos no volante. Parados no semáforo com o sinal vermelho, ela olhou para Cristiam e sorriu. Ele observava o pessoal que atravessava a faixa de pedestre, pois eram os primeiros da fila, e ao acompanhar uma dessas pessoas olhou em direção à sua mãe e a viu sorrir. Logo no próximo quarteirão chegaram à escola e como haviam muitos carros para deixar os alunos, não podia ficar muito tempo parado. Cristiam já tirou o cinto de segurança e mal o carro parou, ele abriu a porta sem olhar para a mãe, se despediu e desceu.
— Tchau, lindão. Te amo! — disse Marli e seguiu seu caminho.
Na terceira aula, a de química, a secretária estava na porta e pediu para falar com a professora. A professora, já com o olhar muito assustado, chamou Cristiam e pediu que pegasse suas coisas para acompanhar a secretária.
Passava em sua cabeça todos seus atos que havia feito na escola nas últimas horas e até nos últimos dias para achar algo que pudesse o comprometer e ser chamado na diretoria. Quando se aproximou, no corredor de frente à porta da secretaria, estava o Sr. Paulo. Ao avistar seu filho não se conteve e foi ao encontro para abraçá-lo, quase que sem voz lhe disse:
— Filho, sua mãe sofreu um acidente. — Não podendo mais segurar as lágrimas, começou a chorar.
O acidente foi fatal, Marli morreu no local. Os envolvidos nada sofreram, muito depois descobriram que foi uma falha mecânica na carreta que perdeu o controle e colidiu de frente com o carro dela. O enterro foi no dia seguinte e Cristiam tocou uma música que sua mãe gostava no saxofone. Ele desde a notícia não expressou nenhum sentimento, ficou em choque. Os avós paternos disseram para Sr. Paulo não se preocupar, que cada um sente seu luto de forma diferente.
Cristiam, depois que se apresentou com a banda na abertura dos jogos, foi encontrar com o pai no estacionamento.
— E aí, filhão. Não vai ficar para assistir os jogos? — disse Sr. Paulo, na esperança de ver o filho sair mais de casa, pois no último ano ele tinha se isolado entre os ensaios da banda e a escola.
— Talvez amanhã ou mais tarde, tenha uma apresentação da banda do irmão do Lino aqui no terraço da escola — falou já entrando no carro — se tiver tudo bem, virei com ele.
— Claro, mas tenho que fechar a farmácia hoje. Não posso ir te buscar.
— Posso pedir pros pais do Lino nos pegar e eu durmo na casa dele — pegou o celular e começou a enviar a mensagem de texto para o amigo. Dentro de minutos Lino respondeu que tudo estava certo. E assim pai e filho foram para casa.
À noite na festa do terraço, Cristiam e Lino olhando o pessoal ao redor, conversavam sobre o lançamento do jogo de vídeo game “The Walking Dead”. E a banda começou a tocar. O pessoal se virou para o pequeno palco e começaram, timidamente, a se mexerem no lugar onde estavam mesmo. Cristiam e Lino pararam de conversar e curtiam a música, quando elas chegaram.
Quando elas chegaram à festa, todos olharam quase que automaticamente para a mesma direção. Uma questão de segundos e o tempo parou. Só o vento soprava, pois dava pra ver movimentando os cabelos compridos e sedosos como um comercial de shampoo, nas seis garotas que adentravam a festa. Andavam em passos firmes e compassados, olhando para frente sem se importar por quem passavam. Foram para o centro do ambiente e começaram a dançar em um ritmo sincronizado com a música, mas seus gestos pareciam guiados por uma sensual melodia que ninguém mais ouvia, só elas, mas que envolvia a todos com os movimentos de braços com as mãos e a cintura com as pernas. Algumas pessoas começaram a ser atraídas para dançar e formaram uma roda em volta delas. Elas estavam vestidas de maneira que não se via roupas assim em lojas comuns, como se tivessem feitas com estilo específico para elas,
Já bem cedo, a turma começou a combinar no grupo de whatsapp o horário que iriam se encontrar para acompanharem os jogos daquela manhã. Mas o jogo mais esperado era o de Jéssica e Bruna à tarde, e essas duas tinham reunião de estratégia pela manhã no anfiteatro. Por isso, ficou marcado o encontro no refeitório externo, para desfrutarem o café da manhã antes de tomarem seus rumos.— Eca, como pode gostar dessa gororoba de ovos? — disse Maia para Bruna, com uma expressão enojada.— Gemada é energia, você devia experimentar de vez em quando e comer algo saudável! — Bruna levava o copo em direção a boca de Maia como provocação.— Bom dia, meninas! — Jéssica chegou cumprimentando e sentando ao lado delas. Colocou o copo de vitamina na mesa e tirou da mochila um lanche que trouxe de casa &
Samanta era a mais velha de quatro irmãos. Moravam em um bairro de classe média em uma casa modesta com seus pais. Desde muito pequena aprendeu a dividir tudo que ganhava, fazendo crescer o desejo de ter algo que pudesse ser só seu, como sua paixão por fotografia. Ganhou de sua madrinha uma câmera fotográfica aos 14 anos e frequentou um curso gratuito que lhe proporcionou aprimorar seu dom natural. Sempre andava com sua câmera, por onde fosse via a possibilidade de encontrar um ângulo perfeito de algo que só ela podia ver e eternizar. Esse era seu escape para a triste realidade que vivia dentro de casa com seu pai alcoólatra. Por diversas vezes queria se esconder nas suas fotografias, quando ele chegava agressivo e procurava um alvo para descontar seja lá qual fosse sua ira. Por muitas vezes era somente sua mãe que se sacrificava para aliviar os filhos dessa penosa tortura. Mas nem sempre ficava s&oacut
Amanda estava a mil por hora desde que se levantou, nem tomou seu café da manhã e já foi apressando a mãe que lhe dava carona todos os dias para a escola. Enquanto estava no carro, enviou mensagem para Flávia.“Ví, encontre-me na entrada do anfiteatro. Está tudo um caos.” — seguido de emoticons de carinhas irritadas e olhos revirados com a língua de fora.Flávia tinha acordado e feito sua rotina organizada de banho, café da manhã, beijinhos nos cachorros e foi para o ponto de ônibus onde leu a mensagem.“Bom dia, Mandi. Vou estar lá.” — seguido de emoticons de corações.Flávia já sabia que seria algum exagero da amiga e depois de tanto tempo nem se dava ao trabalho de se preocupar. Quando estava se aproximando do anfiteatro observou de longe a amiga, estava falando ao celular, andava de um lado para o ou
Marcelo, enquanto assistia ao jogo acompanhado de seus amigos naquela manhã, pensava na conversa que tinha ouvido há pouco na entrada do vestiário. Era como se ele sentisse que havia alguma coisa muito estranha acontecendo envolvendo aquele grupo de rapazes, que naquele instante, jogava na quadra. Agora sem as jaquetas, ele observou que eles eram bem robustos para um time do ensino médio. Não expressavam muita simpatia, apenas se comunicavam entre eles fazendo sinais normais de jogadores e quando acertavam as jogadas nem ao menos comemoravam, só trocavam as posições. Observou também que o treinador e o banco de reserva deles agiam da mesma forma, quase sem expressão.— Não é, amigão? — Pedro cutucava o amigo, que estava muito concentrado no jogo.— Oi, desculpe. O que falavam? — perguntou Marcelo.— Vamos almoçar na casa do L.M, o jogo
Jéssica acordou deitada no chão da relva na mata onde havia sido a festa e olhou ao seu redor onde muitos, ainda adormecidos, estavam sendo acordados por outros jovens. Muito confusa ela olhou para LM e perguntou o que estava acontecendo.— Não sei. Acordei a pouco, encontrei você primeiro, vamos procurar os outros.Eles começaram olhar entre os que estavam deitados e encontraram mais adiante Lucas e Bruna acordando Maia que estava ainda sentada tentando entender tudo aquilo.Os jovens do local conversavam entre si tentando encontrar uma resposta para tudo aquilo. Muitos tentavam acessar o sinal de celular em vão, outros corriam para seus carros e iam embora.— Onde está Samanta? — perguntou Jéssica aos seus amigos.— Vamos nos dividir e procurar. — disse Lucas.Procuraram por muito tempo, até que o local foi ficando cada vez mais e mais vazio. Se enc
— Não sabemos onde ela está. — Maia tentava explicar a ausência da amiga fotógrafa, olhando para a feição da presidente do comitê que não estava para muitos amigos. — Vou enviar uma mensagem pra turma. Só um minuto, Amanda.— Thomás, vamos entrar com o plano B. Verifique se aquele fotógrafo freelancer ainda mantém o mesmo valor, vou passar para a comissão financeira. — Amanda falava e todos iam anotando. — George, vamos repassar os centros de distribuição de água mineral nas quadras, campos e piscinas para as equipes, ontem recebi um email que quase não deu para a equipe de vôlei de areia. Pessoal, estou pensando em aumentar os integrantes da equipe de limpeza, mas o orçamento está mais apertado que nunca, ainda mais com esse imprevisto da Samanta. Vou falar com a diretoria da escola à tarde e se ap
A turma queria dar um jeito de ir até o vestiário falar com a amiga e decidiram fazer isso enquanto o jogo estava acontecendo, pois ia ser mais fácil de passar pelos dois brutamontes que guardavam a porta.— É agora galera, vamos lá! — Marcelo incentivou a turma.Chegaram na entrada do vestiário, não havia ninguém vigiando.— Perfeito, vamos lá! — disse Lucas.Quando entraram, para a surpresa de todos, não havia ninguém.— Mas como assim? Não tem dez minutos que eles vieram para cá. Vamos lá fora, com certeza pegamos eles aqui no campus. — Bruna deu a ideia.— Vamos nos separar. Marcelo e eu vamos para a saída A e vamos olhando tudo até lá. — Jéssica se prontificou.— Nós vamos olhando tudo nos corredores do bloco G, H e I até a saí