Quando elas chegaram à festa, todos olharam quase que automaticamente para a mesma direção. Uma questão de segundos e o tempo parou. Só o vento soprava, pois dava pra ver movimentando os cabelos compridos e sedosos como um comercial de shampoo, nas seis garotas que adentravam a festa. Andavam em passos firmes e compassados, olhando para frente sem se importar por quem passavam. Foram para o centro do ambiente e começaram a dançar em um ritmo sincronizado com a música, mas seus gestos pareciam guiados por uma sensual melodia que ninguém mais ouvia, só elas, mas que envolvia a todos com os movimentos de braços com as mãos e a cintura com as pernas. Algumas pessoas começaram a ser atraídas para dançar e formaram uma roda em volta delas. Elas estavam vestidas de maneira que não se via roupas assim em lojas comuns, como se tivessem feitas com estilo específico para elas, uma mistura de antigo com moderno. Os vestidos eram de tecido, não malha, destes tecidos grossos como cambraia ou tafetá, curtos e soltos. Os cordões da mesma cor, cruzavam nas costas delineando a cintura, os ombros ficavam à mostra pois as alças eram bem finas e acompanhavam o decote, que todas usavam com certa ousadia. Cada uma usava uma estampa diferente e modelos diferentes no mesmo estilo. Calçavam botas e sandálias de salto alto, que faziam o andar delas muito elegante. Loiras, morenas e mulatas pareciam que saíram de um catálogo de modelos de alto nível.
Cristiam nem percebeu que tinha abandonado seu amigo Lino e foi para a pista de dança. Se envolveu com a maneira que uma delas o olhava e quando se aproximou começou a dançar em volta dele. Era como se nada mais existisse só a música e aquela linda garota dançando com ele. Lino olhava o amigo dando risada baixinho, tomando cuidado para ele não perceber, e ficou feliz por ele se soltar daquela maneira, pois ele sempre foi muito distraído quando se tratava de garotas. Taí uma cena que nunca imaginou acontecer sem precisar ele literalmente empurrar o amigo.
Da turma de Marcelo e Jéssica, todos menos a Bruna que estava acompanhada de Tiago, seu mais recente “amigo especial”, pois ainda não tinham oficializado o namoro, tinha se levantado para ir dançar. Depois de duas músicas voltou todo ofegante Pedro, dizendo que estava fora de forma. Algumas músicas depois, Jéssica se levantou e pediu a Marcelo que a acompanhasse até em casa pois tinha seu primeiro jogo no dia seguinte à tarde, advertindo Bruna que não ficasse até tarde, pois ela jogava no time também. A festa seguiu noite adentro, com a animação da banda. Quando pararam sua apresentação, os jovens começaram a ir embora, e o ambiente foi ficando vazio com muitos copos descartáveis por todos os lados. Bruna e Tiago esperaram Samanta, Pedro e LM no estacionamento, pois combinaram de dar carona para eles até suas casas. Lucas já tinha se despedido bem antes, não era muito de festas mesmo e disse que ia pegar um táxi no ponto que ficava na esquina da escola. Maia chamou sua mãe. Quando alguém perguntava no caminho de casa sobre “aquelas garotas”, tudo ficava meio vago na lembrança. Uns comentavam das roupas, outros da maneira como dançavam e outros de como eram bonitas e atraentes. Mas o que ninguém conseguia responder era, quando elas foram embora da festa.
Já bem cedo, a turma começou a combinar no grupo de whatsapp o horário que iriam se encontrar para acompanharem os jogos daquela manhã. Mas o jogo mais esperado era o de Jéssica e Bruna à tarde, e essas duas tinham reunião de estratégia pela manhã no anfiteatro. Por isso, ficou marcado o encontro no refeitório externo, para desfrutarem o café da manhã antes de tomarem seus rumos.— Eca, como pode gostar dessa gororoba de ovos? — disse Maia para Bruna, com uma expressão enojada.— Gemada é energia, você devia experimentar de vez em quando e comer algo saudável! — Bruna levava o copo em direção a boca de Maia como provocação.— Bom dia, meninas! — Jéssica chegou cumprimentando e sentando ao lado delas. Colocou o copo de vitamina na mesa e tirou da mochila um lanche que trouxe de casa &
Samanta era a mais velha de quatro irmãos. Moravam em um bairro de classe média em uma casa modesta com seus pais. Desde muito pequena aprendeu a dividir tudo que ganhava, fazendo crescer o desejo de ter algo que pudesse ser só seu, como sua paixão por fotografia. Ganhou de sua madrinha uma câmera fotográfica aos 14 anos e frequentou um curso gratuito que lhe proporcionou aprimorar seu dom natural. Sempre andava com sua câmera, por onde fosse via a possibilidade de encontrar um ângulo perfeito de algo que só ela podia ver e eternizar. Esse era seu escape para a triste realidade que vivia dentro de casa com seu pai alcoólatra. Por diversas vezes queria se esconder nas suas fotografias, quando ele chegava agressivo e procurava um alvo para descontar seja lá qual fosse sua ira. Por muitas vezes era somente sua mãe que se sacrificava para aliviar os filhos dessa penosa tortura. Mas nem sempre ficava s&oacut
Amanda estava a mil por hora desde que se levantou, nem tomou seu café da manhã e já foi apressando a mãe que lhe dava carona todos os dias para a escola. Enquanto estava no carro, enviou mensagem para Flávia.“Ví, encontre-me na entrada do anfiteatro. Está tudo um caos.” — seguido de emoticons de carinhas irritadas e olhos revirados com a língua de fora.Flávia tinha acordado e feito sua rotina organizada de banho, café da manhã, beijinhos nos cachorros e foi para o ponto de ônibus onde leu a mensagem.“Bom dia, Mandi. Vou estar lá.” — seguido de emoticons de corações.Flávia já sabia que seria algum exagero da amiga e depois de tanto tempo nem se dava ao trabalho de se preocupar. Quando estava se aproximando do anfiteatro observou de longe a amiga, estava falando ao celular, andava de um lado para o ou
Marcelo, enquanto assistia ao jogo acompanhado de seus amigos naquela manhã, pensava na conversa que tinha ouvido há pouco na entrada do vestiário. Era como se ele sentisse que havia alguma coisa muito estranha acontecendo envolvendo aquele grupo de rapazes, que naquele instante, jogava na quadra. Agora sem as jaquetas, ele observou que eles eram bem robustos para um time do ensino médio. Não expressavam muita simpatia, apenas se comunicavam entre eles fazendo sinais normais de jogadores e quando acertavam as jogadas nem ao menos comemoravam, só trocavam as posições. Observou também que o treinador e o banco de reserva deles agiam da mesma forma, quase sem expressão.— Não é, amigão? — Pedro cutucava o amigo, que estava muito concentrado no jogo.— Oi, desculpe. O que falavam? — perguntou Marcelo.— Vamos almoçar na casa do L.M, o jogo
Jéssica acordou deitada no chão da relva na mata onde havia sido a festa e olhou ao seu redor onde muitos, ainda adormecidos, estavam sendo acordados por outros jovens. Muito confusa ela olhou para LM e perguntou o que estava acontecendo.— Não sei. Acordei a pouco, encontrei você primeiro, vamos procurar os outros.Eles começaram olhar entre os que estavam deitados e encontraram mais adiante Lucas e Bruna acordando Maia que estava ainda sentada tentando entender tudo aquilo.Os jovens do local conversavam entre si tentando encontrar uma resposta para tudo aquilo. Muitos tentavam acessar o sinal de celular em vão, outros corriam para seus carros e iam embora.— Onde está Samanta? — perguntou Jéssica aos seus amigos.— Vamos nos dividir e procurar. — disse Lucas.Procuraram por muito tempo, até que o local foi ficando cada vez mais e mais vazio. Se enc
— Não sabemos onde ela está. — Maia tentava explicar a ausência da amiga fotógrafa, olhando para a feição da presidente do comitê que não estava para muitos amigos. — Vou enviar uma mensagem pra turma. Só um minuto, Amanda.— Thomás, vamos entrar com o plano B. Verifique se aquele fotógrafo freelancer ainda mantém o mesmo valor, vou passar para a comissão financeira. — Amanda falava e todos iam anotando. — George, vamos repassar os centros de distribuição de água mineral nas quadras, campos e piscinas para as equipes, ontem recebi um email que quase não deu para a equipe de vôlei de areia. Pessoal, estou pensando em aumentar os integrantes da equipe de limpeza, mas o orçamento está mais apertado que nunca, ainda mais com esse imprevisto da Samanta. Vou falar com a diretoria da escola à tarde e se ap
A turma queria dar um jeito de ir até o vestiário falar com a amiga e decidiram fazer isso enquanto o jogo estava acontecendo, pois ia ser mais fácil de passar pelos dois brutamontes que guardavam a porta.— É agora galera, vamos lá! — Marcelo incentivou a turma.Chegaram na entrada do vestiário, não havia ninguém vigiando.— Perfeito, vamos lá! — disse Lucas.Quando entraram, para a surpresa de todos, não havia ninguém.— Mas como assim? Não tem dez minutos que eles vieram para cá. Vamos lá fora, com certeza pegamos eles aqui no campus. — Bruna deu a ideia.— Vamos nos separar. Marcelo e eu vamos para a saída A e vamos olhando tudo até lá. — Jéssica se prontificou.— Nós vamos olhando tudo nos corredores do bloco G, H e I até a saí
— Gente. não vamos poder ajudar muito vocês esta tarde — Jéssica disse apontando para Bruna, que acenava com a cabeça concordando com a amiga. — Temos uma reunião para organizar o jogo de amanhã cedo.— Eu tenho médico, minha consulta de rotina. — Pedro explicou.— Sem problemas, vamos ver o que conseguimos e atualizamos vocês pelo grupo. — Marcelo que falou dessa vez.O grupo se despediu e cada um partiu para seus afazeres daquela tarde. Bruna antes de sair com Maia, combinou de encontrar Jéssica na reunião mais tarde e foram para a “área da soneca”, um espaço que o campus oferecia com muitas almofadas jogadas no chão e redes armadas nas paredes da sala. Era uma sala que tinha um