Já bem cedo, a turma começou a combinar no grupo de w******p o horário que iriam se encontrar para acompanharem os jogos daquela manhã. Mas o jogo mais esperado era o de Jéssica e Bruna à tarde, e essas duas tinham reunião de estratégia pela manhã no anfiteatro. Por isso, ficou marcado o encontro no refeitório externo, para desfrutarem o café da manhã antes de tomarem seus rumos.
— Eca, como pode gostar dessa gororoba de ovos? — disse Maia para Bruna, com uma expressão enojada.
— Gemada é energia, você devia experimentar de vez em quando e comer algo saudável! — Bruna levava o copo em direção a boca de Maia como provocação.
— Bom dia, meninas! — Jéssica chegou cumprimentando e sentando ao lado delas. Colocou o copo de vitamina na mesa e tirou da mochila um lanche que trouxe de casa — onde está o restante da turma?
Mal acabou de falar, Marcelo chegou por trás da garota e colocou suas mãos em seus olhos tampando e disse:
— Uma dica apenas, namora a garota mais linda da escola.
— Da escola! — disse em tom de admiração — Não sou mais do mundo inteirinho? — e se virou sorrindo para confrontar seu amado.
Ela deu uns bons beliscões nele, enquanto ele tentava se defender e corrigir sua frase. Pedro, Lucas e L.M. se aproximavam discutindo algo sobre qual super herói ganharia em situações que eles criavam das maneiras mais absurdas possíveis, para ver qual entre eles era o mais forte.
— Fala sério, o Batman nem super poderes tem, ele usa tecnologia, cara! — dizia Lucas abrindo os braços em protesto. — O Hulk detonava com ele!
— Esses dois não sabem brincar. E aí galera? — LM se adiantou para falar com os demais.
— Alguém sabe da Samanta? — perguntou Jéssica.
Todos terminaram de se cumprimentar e sentaram para participarem da refeição. Quando Maia disse:
— Eu mandei mensagem para ela bem cedo, perguntando se ia querer carona para vir à escola, mas ela não respondeu.
— Samanta deve estar dormindo, vocês a conhecem, a dorminhoca não virá tão cedo. — Comentou Bruna.
Neste instante, Marcelo olhava em volta e via o pessoal das outras mesas no refeitório mais adiante nos jardins, sentados em bancos ou no gramado, jovens conversando e outros lendo, o pessoal da limpeza que varria as ruas onde estavam montadas as barracas de fast food, até que seus olhos pararam e ele os viu.
Seis garotos altos e fortes, caminhavam ou melhor dizendo, marchavam pela via asfaltada que levava ao refeitório. Usavam bonés, óculos de sol, jaquetas de poliéster muito grossas, calça jeans e botas. Por onde passavam, chamavam a atenção por alguns segundos e logo todos voltaram a fazer o que antes faziam. Não tinham expressão nos seus rostos ou corpo. Passaram direto por ele e seguiram para as quadras. O que mais chamou a atenção de Marcelo foi que estava uma manhã quente para usarem jaquetas tão pesadas, mas logo imaginou que deveria ser algum tipo de uniforme de grupo ou algo do gênero.
— Hein, Marcelo? Marcelo, acorda. — Jéssica estava estalando os dedos na frente do rosto do namorado que sonhava acordado. — Vocês vão esperar a Samanta? Bruna e eu temos que ir para reunião.
— Vamos assistir aos jogos, ela nos chama pelo whats quando chegar. — Concluiu o rapaz.
Acabaram de comer e a maioria foi para o estádio principal, onde a arquibancada já estava quase cheia. Jéssica e Bruna vão para o anfiteatro.
A música do estádio tocava animada e os times se aqueciam para o jogo de vôlei masculino. Marcelo se levantou para ir ao vestiário. Desceu as arquibancadas e entrou por baixo dela, seguiu em um corredor e virou à direita onde dava para o lado externo, acompanhando uma calçada rente ao prédio parou na fila para o vestiário. Não pôde deixar de ouvir o rapaz da frente no celular.
— Qual é cara, ele tava todo estranho. Disse que não era pra eu ir mais lá, que agora ele era um Teen Blood, vai saber que diabo é isso. — Deu uma pausa — Hunrrum, beleza, falou!
Marcelo achou estranho o diálogo, pelo tom de voz realmente preocupada que o rapaz demonstrou juntamente com sua expressão de nervosismo. Quando voltou para seu lugar na arquibancada, antes que pudesse contar o que ouviu, virou-se para a quadra e viu que o time que aquecia eram os rapazes que passou por ele mais cedo, em seus uniformes estava escrito “Teen Blood”.
Samanta era a mais velha de quatro irmãos. Moravam em um bairro de classe média em uma casa modesta com seus pais. Desde muito pequena aprendeu a dividir tudo que ganhava, fazendo crescer o desejo de ter algo que pudesse ser só seu, como sua paixão por fotografia. Ganhou de sua madrinha uma câmera fotográfica aos 14 anos e frequentou um curso gratuito que lhe proporcionou aprimorar seu dom natural. Sempre andava com sua câmera, por onde fosse via a possibilidade de encontrar um ângulo perfeito de algo que só ela podia ver e eternizar. Esse era seu escape para a triste realidade que vivia dentro de casa com seu pai alcoólatra. Por diversas vezes queria se esconder nas suas fotografias, quando ele chegava agressivo e procurava um alvo para descontar seja lá qual fosse sua ira. Por muitas vezes era somente sua mãe que se sacrificava para aliviar os filhos dessa penosa tortura. Mas nem sempre ficava s&oacut
Amanda estava a mil por hora desde que se levantou, nem tomou seu café da manhã e já foi apressando a mãe que lhe dava carona todos os dias para a escola. Enquanto estava no carro, enviou mensagem para Flávia.“Ví, encontre-me na entrada do anfiteatro. Está tudo um caos.” — seguido de emoticons de carinhas irritadas e olhos revirados com a língua de fora.Flávia tinha acordado e feito sua rotina organizada de banho, café da manhã, beijinhos nos cachorros e foi para o ponto de ônibus onde leu a mensagem.“Bom dia, Mandi. Vou estar lá.” — seguido de emoticons de corações.Flávia já sabia que seria algum exagero da amiga e depois de tanto tempo nem se dava ao trabalho de se preocupar. Quando estava se aproximando do anfiteatro observou de longe a amiga, estava falando ao celular, andava de um lado para o ou
Marcelo, enquanto assistia ao jogo acompanhado de seus amigos naquela manhã, pensava na conversa que tinha ouvido há pouco na entrada do vestiário. Era como se ele sentisse que havia alguma coisa muito estranha acontecendo envolvendo aquele grupo de rapazes, que naquele instante, jogava na quadra. Agora sem as jaquetas, ele observou que eles eram bem robustos para um time do ensino médio. Não expressavam muita simpatia, apenas se comunicavam entre eles fazendo sinais normais de jogadores e quando acertavam as jogadas nem ao menos comemoravam, só trocavam as posições. Observou também que o treinador e o banco de reserva deles agiam da mesma forma, quase sem expressão.— Não é, amigão? — Pedro cutucava o amigo, que estava muito concentrado no jogo.— Oi, desculpe. O que falavam? — perguntou Marcelo.— Vamos almoçar na casa do L.M, o jogo
Jéssica acordou deitada no chão da relva na mata onde havia sido a festa e olhou ao seu redor onde muitos, ainda adormecidos, estavam sendo acordados por outros jovens. Muito confusa ela olhou para LM e perguntou o que estava acontecendo.— Não sei. Acordei a pouco, encontrei você primeiro, vamos procurar os outros.Eles começaram olhar entre os que estavam deitados e encontraram mais adiante Lucas e Bruna acordando Maia que estava ainda sentada tentando entender tudo aquilo.Os jovens do local conversavam entre si tentando encontrar uma resposta para tudo aquilo. Muitos tentavam acessar o sinal de celular em vão, outros corriam para seus carros e iam embora.— Onde está Samanta? — perguntou Jéssica aos seus amigos.— Vamos nos dividir e procurar. — disse Lucas.Procuraram por muito tempo, até que o local foi ficando cada vez mais e mais vazio. Se enc
— Não sabemos onde ela está. — Maia tentava explicar a ausência da amiga fotógrafa, olhando para a feição da presidente do comitê que não estava para muitos amigos. — Vou enviar uma mensagem pra turma. Só um minuto, Amanda.— Thomás, vamos entrar com o plano B. Verifique se aquele fotógrafo freelancer ainda mantém o mesmo valor, vou passar para a comissão financeira. — Amanda falava e todos iam anotando. — George, vamos repassar os centros de distribuição de água mineral nas quadras, campos e piscinas para as equipes, ontem recebi um email que quase não deu para a equipe de vôlei de areia. Pessoal, estou pensando em aumentar os integrantes da equipe de limpeza, mas o orçamento está mais apertado que nunca, ainda mais com esse imprevisto da Samanta. Vou falar com a diretoria da escola à tarde e se ap
A turma queria dar um jeito de ir até o vestiário falar com a amiga e decidiram fazer isso enquanto o jogo estava acontecendo, pois ia ser mais fácil de passar pelos dois brutamontes que guardavam a porta.— É agora galera, vamos lá! — Marcelo incentivou a turma.Chegaram na entrada do vestiário, não havia ninguém vigiando.— Perfeito, vamos lá! — disse Lucas.Quando entraram, para a surpresa de todos, não havia ninguém.— Mas como assim? Não tem dez minutos que eles vieram para cá. Vamos lá fora, com certeza pegamos eles aqui no campus. — Bruna deu a ideia.— Vamos nos separar. Marcelo e eu vamos para a saída A e vamos olhando tudo até lá. — Jéssica se prontificou.— Nós vamos olhando tudo nos corredores do bloco G, H e I até a saí
— Gente. não vamos poder ajudar muito vocês esta tarde — Jéssica disse apontando para Bruna, que acenava com a cabeça concordando com a amiga. — Temos uma reunião para organizar o jogo de amanhã cedo.— Eu tenho médico, minha consulta de rotina. — Pedro explicou.— Sem problemas, vamos ver o que conseguimos e atualizamos vocês pelo grupo. — Marcelo que falou dessa vez.O grupo se despediu e cada um partiu para seus afazeres daquela tarde. Bruna antes de sair com Maia, combinou de encontrar Jéssica na reunião mais tarde e foram para a “área da soneca”, um espaço que o campus oferecia com muitas almofadas jogadas no chão e redes armadas nas paredes da sala. Era uma sala que tinha um
— Ví, para de enrolar com esse suco. Toma tudo e vamos para a reunião. Já sei que está tudo em ordem, é só uma repassagem das coisas diárias mesmo. — Amanda falava e já ia guardando os recipientes em uma bolsinha cor de rosa com unicórnios coloridos desenhados.— Tomara que essa reunião seja breve, não dormi bem essa noite. — Flávia falava com a amiga, fazendo careta a cada gole que dava no suco.— Tá bom, não precisa beber tudo.Flávia sorriu aliviada. E foram para o anfiteatro. No caminho, passaram em frente ao ginásio e viram uma pequena roda de jovens e alguns organizadores. Resolveram chegar mais perto para saber o que havia. Avistaram dois rapazes com crachá do evento, apoiando um rapaz ruivo e franzino que parecia estar muito pálido, com