AlbertoJá está escuro quando acordo e acendo a luz de um abajur. Fito a doce garota adormecida ao meu lado, a sua boca rosada entre aberta, seus cabelos platinados espalhados pelo travesseiro, parte dos seus seios desnudos sobem e descem com seu ressonar. Ajeito com cuidado algumas mechas loiras e macias, e tenho acesso ao rosto sereno. Penso que está na hora de acordá-la, pois precisamos voltar.Com uma respiração profunda, me mexo na cama e começo a beijar o seu rosto, descendo lentamente por seu maxilar, até chegar a sua boca macia. Seus lindos olhos se abrem preguiçosamente e um singelo sorriso aparece logo em seguida.Ela se espreguiça debaixo de mim e eu aproveito para mordiscar seu bico entumecido, sugando-o logo em seguida. No ato, ela solta o meu som preferido no mundo.— Temos que ir, querida — aviso com um sussurro.— Não podemos passar a noite aqui? — Sua sugestão é tentadora, mas faço não com a cabeça.— Temos que trabalhar amanhã cedo, lembra? E não trouxemos roupas para
ValMEU PORTO SEGURO.Observo Alberto se afastar para atender o telefone e me porque ele me escolheu? Porque logo eu que não sou digna desse homem, ou de qualquer outro? Suspiro cansada e penso em esperar do lado de fora da casa, quando percebo Alzira se aproximar com um sorriso aberto de canto a canto de sua boca.— Valquíria, que bom vê-la por aqui de novo! — Ela diz me deixando sem graça. — Veio passar essa noite conosco, imagino?Seus olhos vão para pequena mala de couro vermelho em minha mão e sinto meu rosto queimar.— É… sim — gaguejo. — É que… Alberto me convidou, espero que não tenha problema.— Não há problema algum. — Ela me diz. — Venha, vou levá-la para um dos quartos de hóspedes.Enquanto fala, penso que Alberto gostaria de dormir com Alberto, pois justo hoje, os meus demônios estão querendo sair e o fato de ter alguém por perto me deixa mais calma. No entanto, não contesto, apenas a acompanho escada acima e solto um suspiro, forçando um sorriso, quando ela para em frent
Val— Quando o meu pai morreu, a minha mãe entrou em uma profunda depressão. Ela não me via mais como sua filha, sua linda mocinha de doze anos. Ela me acusava todos os dias de ser a causa da morte do marido dela, do amor da sua vida e eu acabei aceitando que fui a culpada do acidente que matou o meu pai. Tive que aprender a conviver com isso por toda minha vida. Com o tempo, mamãe começou a beber compulsivamente e ficava embriagada, e consequentemente ficava agressiva também. Ela me batia todos os dias e a coisa piorou quando viu que a bebida não funcionava mais. Não abafava a sua dor e ela precisava de algo mais forte. Então passou a sair todas as noites e só voltava pela madrugada. Ela me tirava da cama e me agredia… era sempre a mesma coisa. Sofri muito coma a violência nessa época. Teve uma vez que ela chegou a quebrar o meu braço, em outra, deslocar minha clavícula devido à força da violência que usava contra mim. Com um tempo começou a trazer homens para casa, acredito que ela p
AlbertoA conversa com Otávio foi muito favorável. Mostrei para ele os únicos dados que tinha no setor de RH sobre Valquíria Drummond como nome completo da mãe, do pai e o nome do interior de onde veio. Contei sobre a morte do pai em um grave acidente de carro e só. Era tudo que eu tinha sobre ela. O homem me garantiu que encontraria as pessoas que procuro, no caso, Joana Drummond e consequentemente, seu amante e agressor de Val. Entreguei-lhe meu cartão e após um aperto de mão, bebi um copo cheio de uísque para tentar relaxar um pouco. Às cinco em ponto sai da empresa e dirigi direto para casa de Alex e inevitavelmente. Meus pensamentos voltaram para o momento em que Valquíria saiu correndo em desespero do escritório da casa. Soltei o ar pela boca e procurei focar no trânsito, mas por vezes, meus olhos varriam as calçadas e praças na esperança de vê-la em algum lugar. Frustrado, estaciono o carro na garagem do meu irmão e assim que entro em casa, Alzira me recebe um com um sorriso con
Alberto Já passa das onze da noite quando me despeço do meu amigo e dirijo de volta para casa. As luzes estão apagadas e penso que Alzira já deve estar dormindo. Cansado, me livro da minha gravata e sigo para o escritório. Preparo uma dose de uísque, me sento na cadeira atrás da enorme mesa de mogno e giro a mesma de frente para uma janela de vidro. Fico olhando para o extenso jardim quieto e silencioso, enquanto aprecio o gosto amargo da bebida.Penso em Val, nos poucos momentos que tivemos juntos, no quanto me senti bem ao seu lado.Deus, o quanto ela me conquistou em tão pouco tempo. Por que não a vi com outros olhos antes de Ângela? Teria me poupado tanto sofrimento. O dia já começa a clarear e a porra do telefone não toca nunca. Esvazio meu terceiro copo e ligo para Alex. Ele atende no quinto toque.— Alberto? — fala com a voz rouca de sono. — Aconteceu alguma coisa? — Escuto o som de uma porta se fechando. Provavelmente saiu do quarto para não acordar Amanda. — Aconteceu. — Fec
ValApós sair correndo da casa de Alberto, caminhei por horas pelas ruas do Rio de Janeiro e de repente, me vi em uma praia, sentada na areia e olhando o vai, e vem das ondas, as palavras de Alberto giravam em minha cabeça como um redemoinho.… Você não é a culpada, Valquíria!… Por Deus, você era apenas uma criança!… Ele era o adulto, ele podia ter dito não!… Sua mãe mentiu, ela se enganou…Então eu me lembro de que nunca mais fui vê-lo, ela nunca me permitiu.… Não se atreva a visitá-lo, sua assassina de merda!… Ele deve estar odiando você agora.As lágrimas voltam a romper e inundam os meus olhos. Puxo a respiração com força e seco as minhas lágrimas uma por uma.… Você não teve culpa!… Você não teve culpa!… Você não teve culpa!— Eu não tive culpa — repito as palavras, apreciando a sensação do aperto afrouxando lentamente o meu peito.Não sei exatamente quanto tempo fiquei aqui sentada, só sei que quando toda a tempestade dentro de mim se acalmou, me levantei e voltei para o m
ValCaminho pela calçada em busca de um lugar para comer algo, porém, vejo um homem ao telefone em uma parada de ônibus. Ansiosa, me aproximo dele e peço para fazer uma ligação rápida. Tento lembrar o número de Alberto, mas ele não me vem a memória, então ligo para Sil.— Alô?— Sil?— Val?! — Ela praticamente grita ao telefone. — Onde você está, garota?— Eu estou bem, Sil! Só estou ligando para tranquilizá-la.— Ok, mas onde você está, menina? — Um ônibus se aproxima e eu preciso encerrar a ligação.— Estou perto de quem me ama de verdade — falo e desligo. — Obrigada, moço! — Devolvo o celular e ele entra no ônibus. Vou para uma lanchonete ao lado da parada, peço um café preto e pão com queijo, e quando acabo de comer, volto ao cemitério, e sento-me no banco. — Oi, pai, desculpa se não pude vir aqui te ver!Forço um sorriso.— Vir aqui abriu novos caminhos para mim. Você me trouxe boas lembranças… Lembranças que haviam se apagado.Um nó sufoca a minha garganta.— Sinto muito a sua fa
ValTodo aquele sentimento de depreciação se esvaiu do meu corpo, da minha mente e da minha alma como fumaça, e me pego sorrindo. É como se as correntes que Joana colocou em meus braços e pernas caíssem ao chão e automaticamente me sinto completamente liberta. Assim que ponho os meus pés para fora do largo portão de ferro timbrado, um carro negro para bem na minha frente e meu coração b**e celerado quando Alberto sai de dentro dele. Ele está ofegante e seus olhos percorrem ávidos por todo o meu rosto.Bel dá um passo curto em minha direção, depois, outro e mais outro, então ele corre pra mim e eu corro pra ele, me encontrando em seus braços em segundos.— Meu Deus, Val, nunca mais faça isso comigo! — resmunga com sofreguidão, me apertando em seus braços. — Eu fiquei como um louco te procurando — confessa e beija os meus cabelos.— Desculpa! — sussurro, puxando-o ainda mais para mim. — Eu não queria… eu… te amo! — falo.Ele se afasta só um pouco e me olha sério por um tempo. Logo um so