JohnTudo começa de forma casual, quase despretensiosa. Estamos na sala de estar, quando Giulia, com aquele jeito calculado que só ela tem, sugere que Maria faça algo para se movimentar, aliviar o estresse. A ideia de uma aula de Pilates surge como um lampejo e, antes que eu possa processar, Maria, com sua inocência desarmante, transforma a sugestão em um convite coletivo.— Por que não chamamos todos? — ela diz, o rosto iluminado de entusiasmo. — Os empregados, os soldados... Todo mundo pode participar!Há um instante de silêncio. A proposta dela é tão fora do comum que até os seguranças, espalhados pela casa, trocam olhares hesitantes, como se não tivessem certeza se ouviram direito. Giulia, no entanto, sorri de canto, aquele sorriso que mistura autoridade e um toque de diversão.— Por mim, tudo bem. Mas terá que ser em turmas. Não podemos deixar a segurança vulnerável.O murmúrio de aprovação é instantâneo, e Maria, sempre prática, já começa a organizar as coisas. Ela não percebe
FelipeA manhã começa preguiçosa e tranquila. Decidimos aproveitar o último dia antes de arrumar as malas relaxando na piscina do hotel. A água está morna e cristalina, e o sol brilha intensamente, mas uma brisa suave ameniza o calor. Vívian está usando um biquíni branco que contrasta lindamente com a pele dela bem bronzeada, e eu não consigo desviar o olhar.— O que foi? — ela pergunta, percebendo o meu olhar.— Só estou admirando a paisagem.Ela revira os olhos, mas um sorriso se forma nos lábios.— Você tem resposta para tudo, não é?— Só para você.Ela ri e me puxa pela mão para a água. Nadamos, rimos e brincamos como se o mundo fosse só nosso. Às vezes, eu me pego pensando em como a vida seria sem ela, e a única conclusão que consigo alcançar é que seria incompleta.Depois de um tempo, decidimos almoçar no restaurante do hotel. A refeição é simples, mas deliciosa: peixes frescos, salada e suco de frutas tropicais. Conversamos sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo, apenas aprovei
GiuliaA luz fraca do abajur no canto do quarto lança sombras inquietas sobre as paredes. Estou sozinha, mas não exatamente. Ele chega sem fazer barulho, como sempre. Não há espaço para formalidades ou hesitação. Com um movimento rápido, ele fecha a porta e me entrega um envelope pardo grosso, pesado. Sei que o que está dentro dele pode mudar tudo.Ele é um homem de minha inteira confiança, um fantasma na estrutura da máfia. Desconhecido até para Gian e Felipe, ele trabalha fora do radar, entregando verdades que ninguém mais pode trazer. Suas mãos calejadas e olhar vazio dizem mais do que palavras. Não faço perguntas; ele também não. Apenas me sento e começo a ler.O primeiro relatório é sobre Felipe e Vivian. As páginas detalham o que eu já esperava, passeios tranquilos, mensagens cheias de entusiasmo e o brilho natural do início de uma lua de mel. Há transcrições de conversas, fotos de momentos íntimos cheios de amor e até mesmo registros das mensagens que trocam. Nada suspeito. Exc
Gian CarloO relógio marca três da manhã, mas o sono não vem. Na escuridão do meu quarto, cada respiração parece ecoar como um trovão na minha mente inquieta. A ideia de Maria no quarto ao lado é uma presença constante, quase sufocante. Cada detalhe dela está gravado em minha memória, os olhos que se desviam timidamente, a curva sutil de seus lábios, o tom suave de sua voz. E agora, ela está tão perto que consigo sentir o perfume que ainda paira no ar.Levanto-me sem pensar muito. Não é o desejo que me move, mas algo mais profundo, algo que não consigo nomear. Deslizo pela casa silenciosamente, como um predador em busca de algo inevitável. Paro diante do local onde ficam as chaves reservas. Meu coração acelera, mas não hesito. Quando a chave do quarto de Maria está em minha mão, sei que já cruzei um limite invisível.A porta se abre com um clique suave, e o ar dentro do quarto dela é mais doce, mais quente. Ela está lá, adormecida, com a respiração ritmada e tranquila. O tecido fin
BeatrizO aliciador continua a conversa, tentando parecer amigável enquanto insinua a possibilidade de "oportunidades melhores" fora da boate.— Vocês são muito bonitas — ele diz, sorrindo para as meninas. — Sabiam que podem ganhar uma fortuna só por estarem em festas como essa?— Sério? — Luana pergunta, fingindo interesse, enquanto Lua morde o lábio, simulando incerteza.Ele aproveita a deixa, inclinando-se mais perto e entregando um segundo cartão.— É só ligar. A gente pode organizar algo especial pra vocês.— Ele está se comprometendo — Marcos comenta ao meu lado.— É isso que queremos — respondo, sem tirar os olhos da tela.No fundo, vejo o outro aliciador ainda na mesa, observando de longe, provavelmente esperando o momento certo para se juntar.— Rafael, fique atento ao segundo. Ele pode tentar intervir se sentir que estão demorando muito.— Entendido — a voz de Rafael vem pelo ponto, firme e controlada.A tensão na sala de conferências é palpável. Estamos chegando ao momento
Beatriz — Eles não vão machucar nossas meninas.André respira fundo, mas seus olhos estão fixos na tela mostrando Luana. Ao lado dele, Liam parece petrificado, os punhos cerrados.— Elas sabem o que estão fazendo. — continuo. — O plano está fluindo. Confiem nelas.Na tela, um dos aliciadores, um homem de cabelo grisalho e sorriso sinistro, quebra o silêncio da sala de estar.— Vocês devem estar se perguntando por que estamos aqui, não é? — ele diz, inclinando-se para mais perto das meninas.Os aliciadores oferecem bebidas a elas, mas as meninas hesitam.Lua pega o copo, mas finge desconforto, olhando para Luana como se buscasse segurança.— Eu... não sei se quero beber — diz Lua, fingindo inocência.O mais velho dos aliciadores se aproxima, colocando a mão no encosto do sofá, atrás de Lua.— Relaxa, querida. É só pra gente se conhecer melhor — ele diz com um sorriso falso e um olhar que faz minha pele arrepiar.Luana segura o copo, mas não bebe. Ela ajusta o colar com a mão, um gest
RafaelEu e Tobias ficamos com os dois aliciadores. Eles estão algemados, os rostos tensos, o mais jovem visivelmente desesperado, suando frio.— Vamos levá-los para o galpão — digo, gesticulando para Tobias para que os conduza até o carro.Os dois presos trocam olhares, provavelmente tentando entender o que os espera. Não é nada agradável, posso garantir.André e Marcos chegam aqui na mansão. André sai do carro primeiro, o olhar dele imediatamente focado em Lua. Quando vê o pequeno corte no lábio dela e o braço ligeiramente arranhado, sua expressão endurece de uma forma que até eu sinto um calafrio.— Lua. — ele chama, a voz firme, mas carregada de emoção.Ela olha para ele, e é como se toda a força que ela manteve durante a operação se desfizesse. Lua corre até ele, e André a envolve em um abraço esmagador, abaixando a cabeça para beijar sua testa com cuidado.— Você está bem, minha filha? — ele pergunta, a voz baixa, mas tensa.— Estou, pai. Foi só um arranhão... — Lua responde, a
RafaelMarcos entra na sala, com uma expressão que mescla profissionalismo e urgência.— Temos acesso ao histórico de chamadas de um dos celulares deles. Liam já está trabalhando nisso.Sorrio levemente. Estamos avançando, e cada pedaço de informação nos leva mais perto de desmontar essa rede.Agora, só falta pressionar o suficiente para que tudo desmorone.A tensão no galpão chega ao ápice. O mais jovem ainda hesita, mas o mais velho continua com a postura arrogante. Sua expressão de desafio me faz perder a paciência. Dou um passo à frente, olho para Tobias e André, que sabem exatamente o que estou prestes a fazer, mas não interferem.Agarro o colarinho do mais velho e puxo com força, aproximando meu rosto do dele.— Eu já perdi tempo demais com vocês dois. — rosno, sentindo a raiva subir ao lembrar das meninas que eles tentaram machucar. — Vocês acham que isso é um jogo? Que podem brincar com vidas e sair ilesos?O homem tenta manter a compostura, mas vejo o medo nos olhos dele. Dou