Beatriz — Eles não vão machucar nossas meninas.André respira fundo, mas seus olhos estão fixos na tela mostrando Luana. Ao lado dele, Liam parece petrificado, os punhos cerrados.— Elas sabem o que estão fazendo. — continuo. — O plano está fluindo. Confiem nelas.Na tela, um dos aliciadores, um homem de cabelo grisalho e sorriso sinistro, quebra o silêncio da sala de estar.— Vocês devem estar se perguntando por que estamos aqui, não é? — ele diz, inclinando-se para mais perto das meninas.Os aliciadores oferecem bebidas a elas, mas as meninas hesitam.Lua pega o copo, mas finge desconforto, olhando para Luana como se buscasse segurança.— Eu... não sei se quero beber — diz Lua, fingindo inocência.O mais velho dos aliciadores se aproxima, colocando a mão no encosto do sofá, atrás de Lua.— Relaxa, querida. É só pra gente se conhecer melhor — ele diz com um sorriso falso e um olhar que faz minha pele arrepiar.Luana segura o copo, mas não bebe. Ela ajusta o colar com a mão, um gest
RafaelEu e Tobias ficamos com os dois aliciadores. Eles estão algemados, os rostos tensos, o mais jovem visivelmente desesperado, suando frio.— Vamos levá-los para o galpão — digo, gesticulando para Tobias para que os conduza até o carro.Os dois presos trocam olhares, provavelmente tentando entender o que os espera. Não é nada agradável, posso garantir.André e Marcos chegam aqui na mansão. André sai do carro primeiro, o olhar dele imediatamente focado em Lua. Quando vê o pequeno corte no lábio dela e o braço ligeiramente arranhado, sua expressão endurece de uma forma que até eu sinto um calafrio.— Lua. — ele chama, a voz firme, mas carregada de emoção.Ela olha para ele, e é como se toda a força que ela manteve durante a operação se desfizesse. Lua corre até ele, e André a envolve em um abraço esmagador, abaixando a cabeça para beijar sua testa com cuidado.— Você está bem, minha filha? — ele pergunta, a voz baixa, mas tensa.— Estou, pai. Foi só um arranhão... — Lua responde, a
RafaelMarcos entra na sala, com uma expressão que mescla profissionalismo e urgência.— Temos acesso ao histórico de chamadas de um dos celulares deles. Liam já está trabalhando nisso.Sorrio levemente. Estamos avançando, e cada pedaço de informação nos leva mais perto de desmontar essa rede.Agora, só falta pressionar o suficiente para que tudo desmorone.A tensão no galpão chega ao ápice. O mais jovem ainda hesita, mas o mais velho continua com a postura arrogante. Sua expressão de desafio me faz perder a paciência. Dou um passo à frente, olho para Tobias e André, que sabem exatamente o que estou prestes a fazer, mas não interferem.Agarro o colarinho do mais velho e puxo com força, aproximando meu rosto do dele.— Eu já perdi tempo demais com vocês dois. — rosno, sentindo a raiva subir ao lembrar das meninas que eles tentaram machucar. — Vocês acham que isso é um jogo? Que podem brincar com vidas e sair ilesos?O homem tenta manter a compostura, mas vejo o medo nos olhos dele. Dou
FelipeQuando decidi que Vivian era a mulher da minha vida, sabia que casar com ela seria embarcar em um pacote completo, cheio de laços emocionais e histórias que não caberiam só entre nós dois. Ainda assim, nada me preparou para o que vivi naquela semana, quando mudei nossos planos de lua de mel.Estamos aqui em Fernando de Noronha, um paraíso de águas cristalinas e pôr do sol espetacular. Mas, mesmo no meio de toda essa beleza, percebi que Vivian não estava completamente feliz. Ela sorria, ria até, mas havia algo nos olhos dela, uma saudade latente, um vazio que eu não conseguia preencher. Foi ali, sentado na areia ao lado dela, que decidi: iríamos para Brasília.Uma surpresa, ela merece o meu melhor. Era o fim da nossa lua de mel, mas também era sobre nós sermos parceiros. E se estar com a família dela a faria feliz, eu não pensei duas vezes. Reservamos o voo, deixamos para trás o cheiro de mar e, em poucas horas, pousamos no calor seco de Brasília.Marcos e Teresa nos receberam n
Gian CarloNão consigo fechar os olhos. É mais uma noite em claro, em que o silêncio do meu quarto parece amplificar o barulho dentro da minha cabeça. Tudo está confuso. Me levanto, sem rumo, os pés me guiando automaticamente até o quarto de Maria. Não sei exatamente o que espero encontrar, mas algo me impele a ir até ela.Abro a porta devagar, sem fazer barulho. Maria está acordada, sentada na cama com as pernas dobradas contra o peito. Ela me olha, surpresa no início, mas logo seus olhos são preenchidos por algo mais profundo, algo que eu não consigo decifrar.— Você também não consegue dormir? — pergunto, fechando a porta atrás de mim.Ela suspira, desviando o olhar. — Estou pensando. Pensando demais.Eu me aproximo e sento ao lado dela na cama. — No quê?— Em nós. Em você, para ser mais exata. — Sua voz é firme, mas eu percebo a vulnerabilidade escondida nas entrelinhas.Fico em silêncio, esperando que ela continue. Maria cruza os braços e encara o nada, como se buscar palavras
Gian CarloDepois, quando estamos deitados novamente, Maria com a cabeça apoiada no meu peito, sinto o peso das palavras dela ainda pairando no ar. E, pela primeira vez, me pergunto se estou fazendo tudo errado. Se estou empurrando alguém que se importa comigo para longe, porque não sei como corresponder.Olho para o teto, minha mente correndo em direções que eu não gostaria. Penso na máfia, nas obrigações, no peso que carrego por ser quem sou. E penso em Maria, no que ela significa para mim. No que eu poderia significar para ela, se eu fosse corajoso o suficiente para tentar.Mas o que realmente me assombra é a questão que não consigo responder, se eu não sou capaz de dar a Maria o que ela quer, o que ela merece, então o que estou fazendo aqui?As respostas não vêm, e a confusão dentro de mim apenas cresce. Tudo o que sei é que algo precisa mudar. E, ao mesmo tempo, não tenho ideia de como começar.A luz da manhã começa a invadir o quarto, tingindo as cortinas de um dourado suave. Es
GiuliaA sensação de estar em um lugar onde o silêncio é mais ensurdecedor do que o barulho das ruas nunca deixa de me incomodar. Eu estou no coração da operação, no centro da sede da máfia, entre paredes revestidas de madeira escura e ar condicionado que não consegue dissipar a tensão no ar. A mesa à minha frente está repleta de relatórios, anotações sobre movimentações suspeitas, nomes que não significam nada fora desse universo sombrio. Quando se trabalha com pessoas como eu, é assim que as coisas acontecem: no anonimato, no sigilo. Em uma vida que se constrói em mentiras e segredos. E eu, Giulia, sou especialista nisso.Estou em meio à minha rotina, checando alguns documentos, quando o celular toca. O número desconhecido brilha na tela, mas algo me diz que é um desses chamados que não podemos ignorar. Meus dedos hesitam por um segundo antes de atender. O que acontece a partir desse momento é um daqueles encontros que já estava esperando, mas que, ao mesmo tempo, me deixa alerta co
RafaelA operação começa na calada da noite. Todos estão em seus postos, sincronizados, como um relógio bem ajustado. Liam coordena a tecnologia, monitorando a movimentação dentro e fora da mansão em tempo real. Beatriz lidera a equipe de apoio na central, enquanto eu, Lucas, Priscila, André, Marcos e Tobias nos preparamos para entrar.O silêncio do local é perturbador. Apenas o som do vento cortando as árvores acompanha nossos passos firmes em direção à mansão isolada. Tobias lidera a abordagem com sua equipe tática, enquanto Lucas e Priscila ficam próximos para cobrir os pontos cegos.Com um sinal de Beatriz pelo comunicador, recebemos a confirmação:— O perímetro está limpo. Vocês podem avançar.Usamos um dispositivo para desativar as câmeras externas sem levantar suspeitas. André e Marcos forçam a entrada por uma porta lateral enquanto eu, Tobias e Priscila seguimos pela entrada principal.Dentro da mansão, o ar é pesado, carregado de um silêncio que parece esconder os horrores qu