RafaelMarcos entra na sala, com uma expressão que mescla profissionalismo e urgência.— Temos acesso ao histórico de chamadas de um dos celulares deles. Liam já está trabalhando nisso.Sorrio levemente. Estamos avançando, e cada pedaço de informação nos leva mais perto de desmontar essa rede.Agora, só falta pressionar o suficiente para que tudo desmorone.A tensão no galpão chega ao ápice. O mais jovem ainda hesita, mas o mais velho continua com a postura arrogante. Sua expressão de desafio me faz perder a paciência. Dou um passo à frente, olho para Tobias e André, que sabem exatamente o que estou prestes a fazer, mas não interferem.Agarro o colarinho do mais velho e puxo com força, aproximando meu rosto do dele.— Eu já perdi tempo demais com vocês dois. — rosno, sentindo a raiva subir ao lembrar das meninas que eles tentaram machucar. — Vocês acham que isso é um jogo? Que podem brincar com vidas e sair ilesos?O homem tenta manter a compostura, mas vejo o medo nos olhos dele. Dou
FelipeQuando decidi que Vivian era a mulher da minha vida, sabia que casar com ela seria embarcar em um pacote completo, cheio de laços emocionais e histórias que não caberiam só entre nós dois. Ainda assim, nada me preparou para o que vivi naquela semana, quando mudei nossos planos de lua de mel.Estamos aqui em Fernando de Noronha, um paraíso de águas cristalinas e pôr do sol espetacular. Mas, mesmo no meio de toda essa beleza, percebi que Vivian não estava completamente feliz. Ela sorria, ria até, mas havia algo nos olhos dela, uma saudade latente, um vazio que eu não conseguia preencher. Foi ali, sentado na areia ao lado dela, que decidi: iríamos para Brasília.Uma surpresa, ela merece o meu melhor. Era o fim da nossa lua de mel, mas também era sobre nós sermos parceiros. E se estar com a família dela a faria feliz, eu não pensei duas vezes. Reservamos o voo, deixamos para trás o cheiro de mar e, em poucas horas, pousamos no calor seco de Brasília.Marcos e Teresa nos receberam n
Gian CarloNão consigo fechar os olhos. É mais uma noite em claro, em que o silêncio do meu quarto parece amplificar o barulho dentro da minha cabeça. Tudo está confuso. Me levanto, sem rumo, os pés me guiando automaticamente até o quarto de Maria. Não sei exatamente o que espero encontrar, mas algo me impele a ir até ela.Abro a porta devagar, sem fazer barulho. Maria está acordada, sentada na cama com as pernas dobradas contra o peito. Ela me olha, surpresa no início, mas logo seus olhos são preenchidos por algo mais profundo, algo que eu não consigo decifrar.— Você também não consegue dormir? — pergunto, fechando a porta atrás de mim.Ela suspira, desviando o olhar. — Estou pensando. Pensando demais.Eu me aproximo e sento ao lado dela na cama. — No quê?— Em nós. Em você, para ser mais exata. — Sua voz é firme, mas eu percebo a vulnerabilidade escondida nas entrelinhas.Fico em silêncio, esperando que ela continue. Maria cruza os braços e encara o nada, como se buscar palavras
Gian CarloDepois, quando estamos deitados novamente, Maria com a cabeça apoiada no meu peito, sinto o peso das palavras dela ainda pairando no ar. E, pela primeira vez, me pergunto se estou fazendo tudo errado. Se estou empurrando alguém que se importa comigo para longe, porque não sei como corresponder.Olho para o teto, minha mente correndo em direções que eu não gostaria. Penso na máfia, nas obrigações, no peso que carrego por ser quem sou. E penso em Maria, no que ela significa para mim. No que eu poderia significar para ela, se eu fosse corajoso o suficiente para tentar.Mas o que realmente me assombra é a questão que não consigo responder, se eu não sou capaz de dar a Maria o que ela quer, o que ela merece, então o que estou fazendo aqui?As respostas não vêm, e a confusão dentro de mim apenas cresce. Tudo o que sei é que algo precisa mudar. E, ao mesmo tempo, não tenho ideia de como começar.A luz da manhã começa a invadir o quarto, tingindo as cortinas de um dourado suave. Es
GiuliaA sensação de estar em um lugar onde o silêncio é mais ensurdecedor do que o barulho das ruas nunca deixa de me incomodar. Eu estou no coração da operação, no centro da sede da máfia, entre paredes revestidas de madeira escura e ar condicionado que não consegue dissipar a tensão no ar. A mesa à minha frente está repleta de relatórios, anotações sobre movimentações suspeitas, nomes que não significam nada fora desse universo sombrio. Quando se trabalha com pessoas como eu, é assim que as coisas acontecem: no anonimato, no sigilo. Em uma vida que se constrói em mentiras e segredos. E eu, Giulia, sou especialista nisso.Estou em meio à minha rotina, checando alguns documentos, quando o celular toca. O número desconhecido brilha na tela, mas algo me diz que é um desses chamados que não podemos ignorar. Meus dedos hesitam por um segundo antes de atender. O que acontece a partir desse momento é um daqueles encontros que já estava esperando, mas que, ao mesmo tempo, me deixa alerta co
RafaelA operação começa na calada da noite. Todos estão em seus postos, sincronizados, como um relógio bem ajustado. Liam coordena a tecnologia, monitorando a movimentação dentro e fora da mansão em tempo real. Beatriz lidera a equipe de apoio na central, enquanto eu, Lucas, Priscila, André, Marcos e Tobias nos preparamos para entrar.O silêncio do local é perturbador. Apenas o som do vento cortando as árvores acompanha nossos passos firmes em direção à mansão isolada. Tobias lidera a abordagem com sua equipe tática, enquanto Lucas e Priscila ficam próximos para cobrir os pontos cegos.Com um sinal de Beatriz pelo comunicador, recebemos a confirmação:— O perímetro está limpo. Vocês podem avançar.Usamos um dispositivo para desativar as câmeras externas sem levantar suspeitas. André e Marcos forçam a entrada por uma porta lateral enquanto eu, Tobias e Priscila seguimos pela entrada principal.Dentro da mansão, o ar é pesado, carregado de um silêncio que parece esconder os horrores qu
Rafael Quando elas terminam a conversa, Beatriz sai da sala para encontrar os outros. Marcos está encostado em uma parede próxima, ouvindo atentamente o que Beatriz compartilha com a equipe.— Essa garota... Yasmin — Marcos começa, com um olhar sério. — Ela não tem ninguém, certo?Beatriz confirma com a cabeça.— O pai dela a vendeu. Não há para onde ela voltar.Marcos respira fundo, claramente tomado por um sentimento profundo.— Eu quero que ela fique comigo.Beatriz e Priscila trocam olhares surpresos.— Marcos... isso é sério? — Beatriz pergunta.— Sim, muito sério — ele responde, com determinação. — Teresa e eu já conversamos. Quero dar um lar para ela, protegê-la. Não vou deixar que ela fique desamparada depois de tudo o que passou.— Isso é uma decisão grande, Marcos. Você tem certeza? — Priscila pergunta, olhando nos olhos dele.— Absoluta. Teresa concorda, e nós temos condições de cuidar dela. Yasmin merece uma chance de recomeçar.Beatriz esboça um pequeno sorriso, tocada p
MariaMinhas mãos estão frias, e eu as esfrego nervosamente enquanto me sento na sala de estar. Giulia está na poltrona oposta, com o olhar afiado que sempre parece enxergar além do óbvio. Ela cruza as pernas com elegância, o gesto simples carregando uma autoridade que me faz sentir pequena. Preciso dizer algo, mas não sei por onde começar.— Maria? — A voz dela me tira do devaneio. É firme, mas sem pressa. Ela sabe que estou prestes a desabar.— Eu não sei o que fazer. — As palavras saem antes que eu consiga pensar. Giulia arqueia uma sobrancelha, encorajando-me a continuar. — Ele… Gian… ele me confunde.Ela não responde de imediato, então aproveito o silêncio para deixar tudo sair. — Às vezes, ele é tão carinhoso. Tão atencioso, Giulia. Ele fala coisas que me fazem acreditar que… talvez eu signifique algo para ele, que possamos dar certo como um casal. Mas só acontece quando estamos a sós. Quando tem mais gente por perto, ele mal me olha.Giulia recosta-se na poltrona, as mãos rep