FelipeA tarde começa com um passeio pela praia do Sancho. A areia é tão branca que quase machuca os olhos, e a água cristalina revela cada pedrinha e peixe que passa. Caminhamos descalços, com as ondas lambendo nossos pés. Às vezes, paramos para observar tartarugas nadando perto da costa.— Você acha que dá pra ficar mais bonito que isso? — pergunta ela, encantada.— Não sei... Acho que você competindo com a paisagem deixa tudo mais equilibrado — respondo, arrancando dela uma risada gostosa.Depois do pôr do sol, que pintou o céu com tons de laranja e rosa, voltamos para o hotel. Um jantar foi preparado para nós, frutos do mar frescos, acompanhados de um vinho branco gelado. Vívian está linda, com um vestido leve que dança com o vento. Conversamos e rimos, sem perceber o tempo passar.— Sabe, eu esperei muito por isso. — ela diz, segurando minha mão sobre a mesa.— Eu também. E prometo que cada momento será especial.Os dias seguintes são uma mistura de aventura e tranquilidade. Expl
BeatrizCom os olhos fixos nas telas, vejo cada ângulo da boate. A iluminação intermitente e a música alta não me distraem; meu foco está totalmente nos movimentos de Lua, Luana, Robert e Rodrigo. Eles estão perfeitamente no papel, rindo, brincando e agindo exatamente como adolescentes deslumbrados pela atmosfera proibida de um lugar como esse.No canto da tela, vejo os dois aliciadores se aproximarem mais uma vez. Os homens falam algo, gesticulando casualmente, enquanto piscam o olho para Lua e Luana. É o momento que esperávamos. Aperto os fones de ouvido e escuto o diálogo filtrado pelos microfones escondidos.— Qualquer coisa, me liguem, tá? Tem muita oportunidade pra garotas lindas como vocês, — diz um deles, com um sorriso falso e condescendente.Lua finge um riso nervoso e olha para Luana, que interpreta perfeitamente o papel de uma menina insegura, mas curiosa.— Obrigada! Vamos pensar — responde Lua, girando o cartão entre os dedos.Assim que os aliciadores se afastam, os quat
JohnTudo começa de forma casual, quase despretensiosa. Estamos na sala de estar, quando Giulia, com aquele jeito calculado que só ela tem, sugere que Maria faça algo para se movimentar, aliviar o estresse. A ideia de uma aula de Pilates surge como um lampejo e, antes que eu possa processar, Maria, com sua inocência desarmante, transforma a sugestão em um convite coletivo.— Por que não chamamos todos? — ela diz, o rosto iluminado de entusiasmo. — Os empregados, os soldados... Todo mundo pode participar!Há um instante de silêncio. A proposta dela é tão fora do comum que até os seguranças, espalhados pela casa, trocam olhares hesitantes, como se não tivessem certeza se ouviram direito. Giulia, no entanto, sorri de canto, aquele sorriso que mistura autoridade e um toque de diversão.— Por mim, tudo bem. Mas terá que ser em turmas. Não podemos deixar a segurança vulnerável.O murmúrio de aprovação é instantâneo, e Maria, sempre prática, já começa a organizar as coisas. Ela não percebe
FelipeA manhã começa preguiçosa e tranquila. Decidimos aproveitar o último dia antes de arrumar as malas relaxando na piscina do hotel. A água está morna e cristalina, e o sol brilha intensamente, mas uma brisa suave ameniza o calor. Vívian está usando um biquíni branco que contrasta lindamente com a pele dela bem bronzeada, e eu não consigo desviar o olhar.— O que foi? — ela pergunta, percebendo o meu olhar.— Só estou admirando a paisagem.Ela revira os olhos, mas um sorriso se forma nos lábios.— Você tem resposta para tudo, não é?— Só para você.Ela ri e me puxa pela mão para a água. Nadamos, rimos e brincamos como se o mundo fosse só nosso. Às vezes, eu me pego pensando em como a vida seria sem ela, e a única conclusão que consigo alcançar é que seria incompleta.Depois de um tempo, decidimos almoçar no restaurante do hotel. A refeição é simples, mas deliciosa: peixes frescos, salada e suco de frutas tropicais. Conversamos sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo, apenas aprovei
GiuliaA luz fraca do abajur no canto do quarto lança sombras inquietas sobre as paredes. Estou sozinha, mas não exatamente. Ele chega sem fazer barulho, como sempre. Não há espaço para formalidades ou hesitação. Com um movimento rápido, ele fecha a porta e me entrega um envelope pardo grosso, pesado. Sei que o que está dentro dele pode mudar tudo.Ele é um homem de minha inteira confiança, um fantasma na estrutura da máfia. Desconhecido até para Gian e Felipe, ele trabalha fora do radar, entregando verdades que ninguém mais pode trazer. Suas mãos calejadas e olhar vazio dizem mais do que palavras. Não faço perguntas; ele também não. Apenas me sento e começo a ler.O primeiro relatório é sobre Felipe e Vivian. As páginas detalham o que eu já esperava, passeios tranquilos, mensagens cheias de entusiasmo e o brilho natural do início de uma lua de mel. Há transcrições de conversas, fotos de momentos íntimos cheios de amor e até mesmo registros das mensagens que trocam. Nada suspeito. Exc
Gian CarloO relógio marca três da manhã, mas o sono não vem. Na escuridão do meu quarto, cada respiração parece ecoar como um trovão na minha mente inquieta. A ideia de Maria no quarto ao lado é uma presença constante, quase sufocante. Cada detalhe dela está gravado em minha memória, os olhos que se desviam timidamente, a curva sutil de seus lábios, o tom suave de sua voz. E agora, ela está tão perto que consigo sentir o perfume que ainda paira no ar.Levanto-me sem pensar muito. Não é o desejo que me move, mas algo mais profundo, algo que não consigo nomear. Deslizo pela casa silenciosamente, como um predador em busca de algo inevitável. Paro diante do local onde ficam as chaves reservas. Meu coração acelera, mas não hesito. Quando a chave do quarto de Maria está em minha mão, sei que já cruzei um limite invisível.A porta se abre com um clique suave, e o ar dentro do quarto dela é mais doce, mais quente. Ela está lá, adormecida, com a respiração ritmada e tranquila. O tecido fin
BeatrizO aliciador continua a conversa, tentando parecer amigável enquanto insinua a possibilidade de "oportunidades melhores" fora da boate.— Vocês são muito bonitas — ele diz, sorrindo para as meninas. — Sabiam que podem ganhar uma fortuna só por estarem em festas como essa?— Sério? — Luana pergunta, fingindo interesse, enquanto Lua morde o lábio, simulando incerteza.Ele aproveita a deixa, inclinando-se mais perto e entregando um segundo cartão.— É só ligar. A gente pode organizar algo especial pra vocês.— Ele está se comprometendo — Marcos comenta ao meu lado.— É isso que queremos — respondo, sem tirar os olhos da tela.No fundo, vejo o outro aliciador ainda na mesa, observando de longe, provavelmente esperando o momento certo para se juntar.— Rafael, fique atento ao segundo. Ele pode tentar intervir se sentir que estão demorando muito.— Entendido — a voz de Rafael vem pelo ponto, firme e controlada.A tensão na sala de conferências é palpável. Estamos chegando ao momento
Beatriz — Eles não vão machucar nossas meninas.André respira fundo, mas seus olhos estão fixos na tela mostrando Luana. Ao lado dele, Liam parece petrificado, os punhos cerrados.— Elas sabem o que estão fazendo. — continuo. — O plano está fluindo. Confiem nelas.Na tela, um dos aliciadores, um homem de cabelo grisalho e sorriso sinistro, quebra o silêncio da sala de estar.— Vocês devem estar se perguntando por que estamos aqui, não é? — ele diz, inclinando-se para mais perto das meninas.Os aliciadores oferecem bebidas a elas, mas as meninas hesitam.Lua pega o copo, mas finge desconforto, olhando para Luana como se buscasse segurança.— Eu... não sei se quero beber — diz Lua, fingindo inocência.O mais velho dos aliciadores se aproxima, colocando a mão no encosto do sofá, atrás de Lua.— Relaxa, querida. É só pra gente se conhecer melhor — ele diz com um sorriso falso e um olhar que faz minha pele arrepiar.Luana segura o copo, mas não bebe. Ela ajusta o colar com a mão, um gest