Responsabilidade ou Desejo
Responsabilidade ou Desejo
Por: Regente do Caos
Capítulo 1: Sombras do Destino

O sol se punha lentamente atrás dos arranha-céus de Nova York, banhando a cidade em tons dourados e alaranjados. No topo de um dos edifícios mais imponentes da cidade, um homem contemplava a vista do seu luxuoso apartamento, situado no andar mais alto. As luzes da cidade começavam a brilhar como estrelas na Terra, mas a beleza do momento parecia distante, como se não tivesse nada a ver com sua vida.

Ele era Alan Becker, um homem de 25 anos, que tinha tudo o que muitos considerariam o sonho americano: uma carreira promissora, um apartamento magnífico e uma família influente. No entanto, ele se sentia preso em uma armadilha feita de expectativas e obrigações familiares. Ele se lembrava da infância, das histórias de coragem e poder que seu pai contava, mas o que antes parecia emocionante agora se tornara um fardo pesado. Ele não queria ser o sucessor da família Becker, uma das famílias mais poderosas da máfia.

Na verdade, Alan sonhava em abrir sua própria galeria de arte. Ele tinha um talento nato para apreciar e colecionar obras de arte, e muitas vezes se via vagando pelas ruas de SoHo, perdido em pensamentos sobre cores e formas, em vez de estratégias de negócios. Mas esse sonho agora parecia tão distante quanto as estrelas que iluminavam o céu noturno. O que pesava mais em sua mente eram as palavras que seu pai lhe dissera naquela manhã.

­— Alan, o casamento com Bianca é a chave para fortalecer nossa influência. Você deve assumir seu lugar na mesa dos grandes, — o patriarca da família, um homem de olhar severo, havia dito com um tom de voz que não admitia contestações.

Bianca Ventura, a filha mais nova da grande família Ventura, era a peça que faltava no tabuleiro de xadrez que era a vida de Alan. Ele não conhecia Bianca profundamente, mas sabia que ela era uma mulher bonita, superficial e focada em manter as aparências, um reflexo perfeito do que sua família esperava. Mas, para ele, o casamento não passava de um contrato, uma aliança que o aprisionaria em um futuro que ele não desejava.

Alan se afastou da janela, com o coração pesado. Ele caminhou até a mesa de centro, onde sua guitarra estava descansando. Sentou-se e começou a tocar acordes suaves, tentando encontrar conforto nas notas. A música era sua única fuga, um refúgio que o fazia esquecer as sombras da responsabilidade. Mas, à medida que os sons ecoavam no ambiente elegante e vazio, sua mente ainda estava presa na ideia do casamento.

A porta se abriu, e uma garota de 15 anos entrou com um sorriso radiante. Ela era o oposto de Alan, extrovertida e cheia de vida, sempre trazendo luz onde quer que fosse. — Irmão! Você precisa vir! O pessoal está falando sobre o evento de amanhã! Vai ser incrível! — Exclamou a garota, com seus olhos brilhando de empolgação.

Alan forçou um sorriso. — Sim, Aline, eu já vou. — A verdade era que ele não estava ansioso para o evento, nem para o casamento que se seguiria. Ele sabia que a atmosfera seria carregada de olhares julgadores e sussurros sobre sua decisão, ou a falta dela.

— Eu não entendo por que você está tão preocupado. É só um casamento, Irmão! Você vai se divertir! — Aline insistiu, enquanto se sentava ao seu lado. — E quem sabe você pode até gostar da Bianca. Ela é… bem, interessante.

— Interessante, huh? — Respondeu Alan, arqueando uma sobrancelha. — Não sei se é a palavra que eu escolheria. Mas sou eu que estou me casando com ela, Aline. Você não entende.

A expressão de Aline mudou, e ela olhou para o irmão com preocupação. — Eu sei que você não quer isso, mas você precisa pensar no que é melhor para a família. Eles contam com você. — A pressão em seu tom ecoava o que Alan já sabia, e isso apenas aumentava seu desespero.

Enquanto conversavam, Alan sentiu seu celular vibrar na mesa. Era uma mensagem de sua mãe, Eliza Becker: <Alan, lembre-se do que conversamos. Você deve estar pronto para o evento. É fundamental para a imagem da família.>

A mensagem o deixou ainda mais angustiado. Ele se levantou, indo em direção ao quarto. As paredes pareciam se fechar sobre ele, e a ideia de estar preso em um casamento arranjado o deixava inquieto.

Ele olhou para seu reflexo no espelho. O homem que olhava de volta parecia um estranho. Tinha o cabelo bem arrumado, um terno feito sob medida e um semblante sério. Mas por dentro, ele era um mar de inseguranças e anseios. Ele não queria ser a pessoa que todos esperavam. Ele queria liberdade, criatividade, e, principalmente, o direito de amar quem quisesse.

O som de risadas e conversas se intensificou à medida que os convidados começavam a chegar para o evento. Alan respirou fundo, tentando encontrar sua determinação. Ele precisava enfrentar isso, não apenas por sua família, mas por si mesmo. O casamento com Bianca era inevitável, mas isso não significava que ele não poderia lutar por seus próprios sonhos.

Enquanto se preparava, a imagem de Olívia Ventura, a irmã mais velha de Bianca, surgiu em sua mente. Ele havia sentido uma conexão estranha com ela durante o breve encontro no evento anterior, algo que o fez querer conhecê-la melhor. A ideia de um amor verdadeiro em meio a um mar de compromissos parecia tão distante quanto sua galeria de arte. Mas, por um breve momento, a esperança acendeu uma faísca em seu coração.

Com esses pensamentos tumultuados, Alan pegou o paletó e caminhou em direção à porta, determinado a encarar a noite que mudaria sua vida para sempre.

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