A festa estava em pleno vapor, mas Alan sentia que, a cada risada que ouvia, uma parte dele se distanciava ainda mais da realidade. Ele caminhou pela mansão, tentando encontrar um pouco de espaço para respirar, mas sua mente estava consumida por imagens de Olívia. A força dela, a segurança que emanava, era isso que ele desejava para sua própria vida.
Enquanto isso, na mesa dos Ventura, Olívia observava o casamento de Bianca e Alan. Ela estava cercada por familiares e amigos, mas sua mente estava longe dali. Para ela, o evento era um lembrete constante do peso que carregava desde a infância. Sem que ninguém percebesse, ela mergulhou em pensamentos que a transportou para um tempo muito diferente.
A cena se desenrolou em um amplo jardim na mansão Ventura, anos atrás. Olívia, uma criança de apenas oito anos, estava em meio a flores coloridas e arbustos bem cuidados. A brisa suave balançava seu cabelo preto, enquanto ela tentava acalmar Bianca, que chorava por ter perdido uma boneca.
— Irmã, onde está a minha boneca? — Gritou Bianca, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Calma, Bianca! Vamos procurar. Eu prometo que a encontraremos, — Respondeu Olívia, tomando a mão da irmã e puxando-a para fora. Desde pequena, Olívia sempre foi a protetora, a responsável, mesmo quando não deveria carregar esse peso. Ela olhou para os olhos da irmã, buscando transmitir coragem, enquanto o coração dela se apertava.
O verão trazia consigo dias longos e ensolarados, mas, por trás do brilho, havia sempre a sombra da responsabilidade. Olívia se lembrava das aulas de balé, das lições de piano e das reuniões familiares, onde as expectativas eram altas. — Seja perfeita, Olívia. Você é a mais velha, — sua mãe sempre dizia, com um olhar que misturava amor e pressão.
O tempo passou, e o papel de Olívia se expandiu. Com doze anos, ela se via frequentemente cuidando de Bianca, ajudando-a a fazer as lições de casa e preparando lanches. Ela não se importava, mas sentia que tinha que ser a força da família. O peso das expectativas se tornava cada vez mais pesado, e ela aprendia a esconder suas próprias emoções, a se tornar fria e inabalável.
Em uma das noites, enquanto observava sua mãe, Lily, discutir os negócios da família com o pai, Ethan, Olívia percebeu que a segurança da família dependia dela. O olhar de sua mãe, uma mistura de orgulho e preocupação, ecoava em sua mente. — Olívia, você precisa ser forte. O mundo lá fora não é gentil, — Disse Lily uma vez, e essas palavras tornaram-se um mantra em sua vida.
Mas, por trás daquela fortaleza, havia um desejo fervoroso de ser livre, de ser apenas uma menina. Em um momento de rebeldia, ela se lembrou de como se sentiu ao dançar sob a luz da lua no jardim, sem se preocupar com o que os outros pensavam. Era ali que ela se sentia viva, não como uma líder ou uma protetora, mas como uma sonhadora.
A lembrança se tornou mais vívida. Olívia havia feito uma promessa a si mesma naquela noite: ela não se tornaria uma sombra do que as pessoas esperavam dela. Ela desejava ser uma mulher forte e independente, mas o peso da responsabilidade muitas vezes a fazia parecer fria e distante. — As pessoas não podem saber o que sinto. Elas precisam de mim forte, — ela frequentemente se dizia.
O som da festa a trouxe de volta à realidade. Olívia olhou ao redor e viu os rostos sorridentes dos convidados, mas, para ela, tudo parecia uma encenação. O casamento de Bianca era um espetáculo, uma exibição de sorrisos e roupas de gala, mas por trás da beleza estava a certeza de que suas próprias emoções estavam reprimidas.
Quando seus olhos encontraram os de Alan novamente, um misto de sentimentos a envolveu. Ela sabia que ele estava lutando com suas próprias batalhas. Havia algo em seu olhar que espelhava suas inseguranças e desejos, e isso a atraía de forma irresistível.
Olívia desviou o olhar, reconhecendo a complexidade de seus próprios sentimentos. Ela tinha que ser a forte, a inabalável, mas a presença de Alan fazia com que ela questionasse o que realmente queria. Enquanto todos ao seu redor celebravam, o vazio que Alan sentia também pulsava dentro dela, uma conexão silenciosa que os ligava.
No fundo de sua alma, Olívia desejava um futuro em que pudesse ser mais do que apenas uma figura forte. Ela queria ser amada, ser compreendida. Mas isso parecia impossível enquanto carregava o peso de sua família e as expectativas que lhe foram impostas.
— Olívia! — a voz de Bianca a interrompeu novamente. — Você não pode ficar aí parada! Venha dançar comigo!
Com um suspiro, Olívia se levantou, deixando o passado para trás por um momento. Ela se juntou à festa, mas a imagem de Alan e suas conversas profundas permaneciam em sua mente. Havia algo ali, algo que a desafiava a abrir seu coração, a se libertar do passado. Mas como poderia fazer isso quando tudo ao seu redor a lembrava de quem ela deveria ser?
A noite continuava, e enquanto as luzes brilhavam e a música tocava, Olívia dançou, mas em seu coração, uma batalha silenciosa se desenrolava. Ela queria ser livre, mas a segurança da família, o amor pela irmã e suas próprias expectativas eram correntes que a prendiam.
E naquele momento, entre sorrisos e danças, a dúvida sobre seu futuro e o desejo de ser feliz coexistiam, deixando-a em um estado de confusão que não sabia como resolver.
Após a cerimônia, o grande salão estava repleto de luzes cintilantes e risos, mas, para Alan, a atmosfera estava carregada de uma tensão palpável. Ele estava cercado por amigos e familiares, mas a sensação de ser um espectador em sua própria vida aumentava a cada momento. Enquanto ele tentava se misturar à festa, sua mente vagava, lutando com os pensamentos de Olívia e a pressão que sua família exercia sobre ele.A certa altura, Alan percebeu sua mãe, Eliza, atravessando a multidão em sua direção. Com sua presença majestosa, Eliza era uma força a ser reconhecida. Seu vestido elegante e postura firme exalavam autoridade, mas havia também uma preocupação visível em seu rosto.— Alan, precisamos conversar, — ela disse, puxando-o para um canto mais reservado da sala. A expressão dela era séria, e ele sabia que esse momento não seria fácil.— Mãe, não é hora para isso. Estou tentando…, — Alan começou, mas ela o interrompeu.— É exatamente a hora. Olhe ao seu redor. Esta união é mais do que
As semanas seguintes ao casamento passaram-se como um borrão para Alan. Ele se viu preso em uma rotina de compromissos e obrigações, mas sempre havia um momento furtivo, uma oportunidade de se encontrar com Olívia em eventos sociais que as famílias organizavam. Cada encontro se tornava um refúgio, uma chance de escapar das expectativas que o cercavam.Naquela noite, um coquetel elegante estava sendo realizado em uma das casas de campo da família Ventura. O ambiente estava cheio de luzes suaves, risadas e música, mas para Alan, havia um certo vazio na atmosfera. Ele se sentia como um espectador, até que seus olhos se cruzaram com os de Olívia, que estava em uma conversa distante, mas ele notou a forma como ela o observava, quase que procurando por ele.Ele se aproximou, seu coração acelerando com a expectativa. Olívia estava deslumbrante, vestindo um vestido vermelho que acentuava suas curvas e realçava sua beleza natural. O cabelo preto caía em ondas suaves sobre seus ombros, e seus o
Alan dirigiu pela estrada deserta, as luzes da mansão Ventura desaparecendo em seu retrovisor. A brisa noturna entrava pelas janelas abertas, mas a sensação de liberdade que experimentara ao lado de Olívia logo se dissipou, dando lugar à ansiedade pelo que o aguardava em casa.Assim que chegou à mansão Becker, ele sentiu uma mistura de emoções. O lugar, que deveria ser um refúgio, agora parecia uma prisão dourada, cercada por expectativas e responsabilidades. Ao abrir a porta, a atmosfera era estranhamente silenciosa. Ele encontrou Bianca na sala de estar, vestindo um robe leve, com o cabelo solto e desarrumado. Sua expressão, normalmente cheia de entusiasmo, estava agora tingida de preocupação.— Alan! Você demorou. Eu estava começando a ficar preocupada, — disse ela, levantando-se. A preocupação em seu olhar era genuína, mas Alan sentiu que havia mais do que isso.— Desculpe, a festa foi maior do que eu esperava, — respondeu ele, tentando desviar o olhar.Bianca caminhou até ele, se
Alan se levantou cedo naquela manhã, o peso das responsabilidades da família Becker ainda o acompanhando. Enquanto o sol surgia lentamente no horizonte, ele se preparava para um dia que prometia ser longo e desafiador. As operações da família estavam em uma fase crítica, e a recente aliança com os Ventura ampliava tanto as oportunidades quanto os riscos.Ele dirigiu-se à sede da família, um edifício imponente que exibia a marca do poder. Dentro, o ambiente estava repleto de tensão, com os membros da família e associados discutindo os próximos passos das operações criminosas. Alan respirou fundo, preparando-se para assumir o comando.Assim que entrou na sala de reuniões, foi recebido por olhares expectantes. Os rostos eram conhecidos, mas o peso da liderança agora parecia diferente. Ele não era mais apenas Alan, o filho, mas Alan, o líder da família Becker.— Precisamos falar sobre os próximos passos a dar, — disse Viktor, um dos conselheiros mais próximos da família Becker. — Com a fa
Alan hesitou por um instante antes de discar o número de Olívia. A estratégia era simples: Marcar um encontro para discutir a colaboração entre as famílias Becker e Ventura. Mas, no fundo, ele sabia que seu desejo de vê-la ia muito além das questões de negócios.— Alô? — A voz de Olívia soou como uma melodia suave aos ouvidos de Alan.— Oi, Olívia. Como você tem estado? — perguntou Alan, um pouco nervoso.— Alan! Que prazer ouvir sua voz. Estou bem, e você? — respondeu Olívia, irradiando alegria. Era como se Alan pudesse visualizar seu sorriso, mesmo a distância.— Estou bem, obrigado. Precisamos conversar sobre os próximos passos entre nossas famílias. Você teria um tempo para me encontrar hoje? — sua voz era firme, mas seu coração pulsava acelerado, cheio de expectativa.— Claro, vamos nos encontrar no café perto da sede. Que horas seria bom para você?— Que tal às três? — sugeriu Alan, aliviado ao ouvir sua confirmação. Ele precisava daquela conversa, não apenas pelo aspecto profis
Alan observava o rosto de Olívia enquanto o sol começava a descer no horizonte, refletindo nas vidraças do café. O encontro havia corrido de maneira mais fluida do que ele esperava, e a companhia dela o envolvia de uma maneira que ele tentava, sem sucesso, racionalizar. Eles estavam prestes a se despedir quando Olívia recebeu uma mensagem em seu celular, e o leve franzir de sua testa indicou que algo havia mudado no ar.— Preciso ir, Alan. Um compromisso inesperado, — disse ela, levantando-se de repente, o tom ainda leve, mas os olhos evitando os dele.— Está tudo bem? — Alan perguntou, notando a mudança sutil em seu comportamento.— Sim, nada com que se preocupar, — ela sorriu, mas parecia forçado. — Vamos conversar mais tarde sobre os detalhes da aliança.Alan assentiu, mas a partida repentina de Olívia deixou uma sensação estranha no ar. Ele a observou sair, e algo na pressa dela o incomodou. Seu instinto, afiado pelas pressões da liderança, lhe dizia que havia algo além dos negóci
A presença de Finn Correia era algo que Alan não conseguia tirar da cabeça. Mesmo depois de sua partida, o eco de suas palavras ressoava na mente de Alan. Era um alerta silencioso, uma lembrança de que o jogo de poder que ele comandava estava longe de ser simples. Agora, além das operações com os Ventura, ele precisaria lidar com um novo oponente, que se infiltrava lentamente em sua vida pessoal e profissional.Naquela noite, enquanto a cidade de Nova York respirava seu caos usual, Alan resolveu não voltar para casa imediatamente. Ele preferiu caminhar pelas ruas do bairro onde ficava o escritório dos Becker, como se a movimentação ao seu redor pudesse lhe dar algum insight. Ele sabia que algo estava acontecendo nos bastidores, que Finn havia entrado em sua vida com um propósito maior, algo que ainda não estava claro.Seus passos o levaram até um dos bares mais discretos da cidade, um lugar onde as conversas mais perigosas aconteciam em meio a drinks caros e iluminação baixa. Alan ent
O silêncio se arrastou entre Alan e Bianca, um abismo profundo que parecia se expandir a cada segundo. A tensão nos ombros dela era palpável, refletindo a luta interna enquanto ela buscava as palavras certas para se explicar. Alan sentia-se dividido; parte dele queria acreditar que havia uma explicação inocente, mas outra parte se agitava, temendo o que essa conexão com Finn poderia significar.— Eu não estava planejando me encontrar com ele — começou Bianca, quebrando o silêncio. — Eu o encontrei por acaso no bar. Estava apenas… tentando me distrair.— Bianca... — Alan hesitou, tentando encontrar as palavras certas. — Sei que tenho sido difícil ultimamente, e sei que você também tem passado por isso. Mas quando vi você com o Finn naquele bar, algo dentro de mim simplesmente estalou.Bianca o encarou, sua expressão uma mistura de frustração e decepção. Ela cruzou os braços, mas manteve-se firme, com os olhos fixos nos dele.— Alan, eu já te disse que foi por acaso. Finn apareceu, e eu