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Capítulo 5: Responsabilidades

Após a cerimônia, o grande salão estava repleto de luzes cintilantes e risos, mas, para Alan, a atmosfera estava carregada de uma tensão palpável. Ele estava cercado por amigos e familiares, mas a sensação de ser um espectador em sua própria vida aumentava a cada momento. Enquanto ele tentava se misturar à festa, sua mente vagava, lutando com os pensamentos de Olívia e a pressão que sua família exercia sobre ele.

A certa altura, Alan percebeu sua mãe, Eliza, atravessando a multidão em sua direção. Com sua presença majestosa, Eliza era uma força a ser reconhecida. Seu vestido elegante e postura firme exalavam autoridade, mas havia também uma preocupação visível em seu rosto.

— Alan, precisamos conversar, — ela disse, puxando-o para um canto mais reservado da sala. A expressão dela era séria, e ele sabia que esse momento não seria fácil.

— Mãe, não é hora para isso. Estou tentando…, — Alan começou, mas ela o interrompeu.

— É exatamente a hora. Olhe ao seu redor. Esta união é mais do que apenas um casamento; é um passo crucial para a nossa família, — ela enfatizou, seu tom de voz carregado de urgência. — A família Ventura é poderosa, e ao nos unirmos a eles, fortalecemos nossa posição. Você entende isso?

Ele sentiu um peso no peito. — Eu sei, mas eu… não estou feliz com isso. Não posso simplesmente ignorar o que sinto, Mãe. É tudo muito confuso.

— Confuso? Alan, você não pode se dar ao luxo de ser confuso agora, — respondeu ela, a preocupação se transformando em um leve tom de frustração. — Você é o filho mais velho, o futuro da família Becker. Sua responsabilidade é manter o legado vivo. Este casamento é um acordo estratégico, e você precisa abraçar isso.

— E se eu não quiser? — Alan questionou, sua voz subindo involuntariamente. Ele se sentia como um prisioneiro em sua própria vida, cercado por obrigações que não desejava assumir. — E se eu quiser algo diferente para mim?

— Diferente como? Viajar pelo mundo? Ser um artista? Isso é um sonho, Alan, não uma realidade. Você foi ensinado a liderar, a fazer sacrifícios. A vida não é feita apenas de desejos, é feita de responsabilidades. Você deve entender isso, — insistiu Eliza, seus olhos penetrantes fixos nos dele.

O peso das palavras de sua mãe o atingiu como um soco no estômago. Ele sabia que ela estava certa em muitas maneiras; a tradição e a lealdade à família eram valores que sempre foram ensinados a ele. Mas a ideia de viver uma vida que não era a sua o deixava em conflito. Ele queria liberdade, mas também amava sua família e a segurança que ela representava.

— E se eu não conseguir fazer isso? E se eu não conseguir amar Bianca? — Alan desabafou, sentindo a frustração transbordar.

— Eu não quero ser apenas uma peça no tabuleiro da vida de alguém.

Eliza respirou fundo, suavizando um pouco o tom. — Eu sei que é difícil, mas a vida que você deseja não é algo que você possa simplesmente pegar e levar. Você precisa construir isso com o tempo. Este casamento é o primeiro passo. Você pode encontrar um caminho que funcione para você, mas primeiro precisa colocar a família em primeiro lugar.

A expressão de sua mãe, ao mesmo tempo firme e maternal, fez com que Alan hesitasse. Ele sentiu a responsabilidade pesando sobre seus ombros, e a ideia de desapontar a família o atormentava. Mas, por outro lado, ele estava lutando contra um desejo crescente por liberdade, a liberdade de ser quem realmente era.

— E se eu não for bom o suficiente? E se eu falhar em unir nossas famílias como todos esperam? — Murmurou Alan, suas inseguranças à flor da pele.

— Você é bom o suficiente. E você nunca estará sozinho. A família sempre estará aqui para apoiá-lo, independentemente das dificuldades que você enfrentar, — disse Eliza, envolvendo-o em um abraço reconfortante. — E lembre-se, Alan, o amor pode crescer. Às vezes, o que começa como um arranjo pode se transformar em algo mais belo com o tempo.

Ele se afastou levemente, olhando para a mãe com um olhar contemplativo. O que ela dizia parecia fazer sentido em algum nível, mas a ideia de deixar seu destino nas mãos do tempo era angustiante. — E se eu encontrar alguém que realmente ame? E essa pessoa não for a Bianca?

Eliza franziu a testa, e Alan sentiu que havia cruzado uma linha. — Isso é irrelevante, Alan. Você sabe que esse casamento é importante para a família, e isso deve ser sua prioridade. Não permita que seus desejos pessoais interfiram em algo que é maior do que você.

— Eu sei, mãe, — ele respondeu, um nó se formando em sua garganta. — Eu só… espero que isso não me consuma.

— Você não está sozinho nessa. Lembre-se disso, — disse Eliza, antes de se afastar, deixando Alan em um mar de dúvidas.

Enquanto a festa continuava, ele se afastou da multidão, procurando um momento de solidão em meio à celebração. O vazio em seu coração se intensificou, e ele se perguntou se algum dia conseguiria equilibrar suas obrigações familiares com o desejo de ser livre.

As conversas sobre negócios, alianças e poder ecoavam em sua mente. Ele precisava encontrar um jeito de se libertar, de ser mais do que uma peça em um jogo de xadrez. Enquanto a música tocava ao fundo, Alan se sentou em um canto isolado da mansão, o olhar perdido nas luzes cintilantes que dançavam ao ritmo da festa.

Era uma vida que ele não escolhera, e o peso da pressão era quase insuportável. Mas, mesmo em meio à confusão, havia uma parte dele que ainda esperava, uma esperança de que, um dia, a liberdade e o amor fossem mais do que apenas sonhos distantes.

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