Após a cerimônia, o grande salão estava repleto de luzes cintilantes e risos, mas, para Alan, a atmosfera estava carregada de uma tensão palpável. Ele estava cercado por amigos e familiares, mas a sensação de ser um espectador em sua própria vida aumentava a cada momento. Enquanto ele tentava se misturar à festa, sua mente vagava, lutando com os pensamentos de Olívia e a pressão que sua família exercia sobre ele.
A certa altura, Alan percebeu sua mãe, Eliza, atravessando a multidão em sua direção. Com sua presença majestosa, Eliza era uma força a ser reconhecida. Seu vestido elegante e postura firme exalavam autoridade, mas havia também uma preocupação visível em seu rosto.
— Alan, precisamos conversar, — ela disse, puxando-o para um canto mais reservado da sala. A expressão dela era séria, e ele sabia que esse momento não seria fácil.
— Mãe, não é hora para isso. Estou tentando…, — Alan começou, mas ela o interrompeu.
— É exatamente a hora. Olhe ao seu redor. Esta união é mais do que apenas um casamento; é um passo crucial para a nossa família, — ela enfatizou, seu tom de voz carregado de urgência. — A família Ventura é poderosa, e ao nos unirmos a eles, fortalecemos nossa posição. Você entende isso?
Ele sentiu um peso no peito. — Eu sei, mas eu… não estou feliz com isso. Não posso simplesmente ignorar o que sinto, Mãe. É tudo muito confuso.
— Confuso? Alan, você não pode se dar ao luxo de ser confuso agora, — respondeu ela, a preocupação se transformando em um leve tom de frustração. — Você é o filho mais velho, o futuro da família Becker. Sua responsabilidade é manter o legado vivo. Este casamento é um acordo estratégico, e você precisa abraçar isso.
— E se eu não quiser? — Alan questionou, sua voz subindo involuntariamente. Ele se sentia como um prisioneiro em sua própria vida, cercado por obrigações que não desejava assumir. — E se eu quiser algo diferente para mim?
— Diferente como? Viajar pelo mundo? Ser um artista? Isso é um sonho, Alan, não uma realidade. Você foi ensinado a liderar, a fazer sacrifícios. A vida não é feita apenas de desejos, é feita de responsabilidades. Você deve entender isso, — insistiu Eliza, seus olhos penetrantes fixos nos dele.
O peso das palavras de sua mãe o atingiu como um soco no estômago. Ele sabia que ela estava certa em muitas maneiras; a tradição e a lealdade à família eram valores que sempre foram ensinados a ele. Mas a ideia de viver uma vida que não era a sua o deixava em conflito. Ele queria liberdade, mas também amava sua família e a segurança que ela representava.
— E se eu não conseguir fazer isso? E se eu não conseguir amar Bianca? — Alan desabafou, sentindo a frustração transbordar.
— Eu não quero ser apenas uma peça no tabuleiro da vida de alguém.
Eliza respirou fundo, suavizando um pouco o tom. — Eu sei que é difícil, mas a vida que você deseja não é algo que você possa simplesmente pegar e levar. Você precisa construir isso com o tempo. Este casamento é o primeiro passo. Você pode encontrar um caminho que funcione para você, mas primeiro precisa colocar a família em primeiro lugar.
A expressão de sua mãe, ao mesmo tempo firme e maternal, fez com que Alan hesitasse. Ele sentiu a responsabilidade pesando sobre seus ombros, e a ideia de desapontar a família o atormentava. Mas, por outro lado, ele estava lutando contra um desejo crescente por liberdade, a liberdade de ser quem realmente era.
— E se eu não for bom o suficiente? E se eu falhar em unir nossas famílias como todos esperam? — Murmurou Alan, suas inseguranças à flor da pele.
— Você é bom o suficiente. E você nunca estará sozinho. A família sempre estará aqui para apoiá-lo, independentemente das dificuldades que você enfrentar, — disse Eliza, envolvendo-o em um abraço reconfortante. — E lembre-se, Alan, o amor pode crescer. Às vezes, o que começa como um arranjo pode se transformar em algo mais belo com o tempo.
Ele se afastou levemente, olhando para a mãe com um olhar contemplativo. O que ela dizia parecia fazer sentido em algum nível, mas a ideia de deixar seu destino nas mãos do tempo era angustiante. — E se eu encontrar alguém que realmente ame? E essa pessoa não for a Bianca?
Eliza franziu a testa, e Alan sentiu que havia cruzado uma linha. — Isso é irrelevante, Alan. Você sabe que esse casamento é importante para a família, e isso deve ser sua prioridade. Não permita que seus desejos pessoais interfiram em algo que é maior do que você.
— Eu sei, mãe, — ele respondeu, um nó se formando em sua garganta. — Eu só… espero que isso não me consuma.
— Você não está sozinho nessa. Lembre-se disso, — disse Eliza, antes de se afastar, deixando Alan em um mar de dúvidas.
Enquanto a festa continuava, ele se afastou da multidão, procurando um momento de solidão em meio à celebração. O vazio em seu coração se intensificou, e ele se perguntou se algum dia conseguiria equilibrar suas obrigações familiares com o desejo de ser livre.
As conversas sobre negócios, alianças e poder ecoavam em sua mente. Ele precisava encontrar um jeito de se libertar, de ser mais do que uma peça em um jogo de xadrez. Enquanto a música tocava ao fundo, Alan se sentou em um canto isolado da mansão, o olhar perdido nas luzes cintilantes que dançavam ao ritmo da festa.
Era uma vida que ele não escolhera, e o peso da pressão era quase insuportável. Mas, mesmo em meio à confusão, havia uma parte dele que ainda esperava, uma esperança de que, um dia, a liberdade e o amor fossem mais do que apenas sonhos distantes.
As semanas seguintes ao casamento passaram-se como um borrão para Alan. Ele se viu preso em uma rotina de compromissos e obrigações, mas sempre havia um momento furtivo, uma oportunidade de se encontrar com Olívia em eventos sociais que as famílias organizavam. Cada encontro se tornava um refúgio, uma chance de escapar das expectativas que o cercavam.Naquela noite, um coquetel elegante estava sendo realizado em uma das casas de campo da família Ventura. O ambiente estava cheio de luzes suaves, risadas e música, mas para Alan, havia um certo vazio na atmosfera. Ele se sentia como um espectador, até que seus olhos se cruzaram com os de Olívia, que estava em uma conversa distante, mas ele notou a forma como ela o observava, quase que procurando por ele.Ele se aproximou, seu coração acelerando com a expectativa. Olívia estava deslumbrante, vestindo um vestido vermelho que acentuava suas curvas e realçava sua beleza natural. O cabelo preto caía em ondas suaves sobre seus ombros, e seus o
Alan dirigiu pela estrada deserta, as luzes da mansão Ventura desaparecendo em seu retrovisor. A brisa noturna entrava pelas janelas abertas, mas a sensação de liberdade que experimentara ao lado de Olívia logo se dissipou, dando lugar à ansiedade pelo que o aguardava em casa.Assim que chegou à mansão Becker, ele sentiu uma mistura de emoções. O lugar, que deveria ser um refúgio, agora parecia uma prisão dourada, cercada por expectativas e responsabilidades. Ao abrir a porta, a atmosfera era estranhamente silenciosa. Ele encontrou Bianca na sala de estar, vestindo um robe leve, com o cabelo solto e desarrumado. Sua expressão, normalmente cheia de entusiasmo, estava agora tingida de preocupação.— Alan! Você demorou. Eu estava começando a ficar preocupada, — disse ela, levantando-se. A preocupação em seu olhar era genuína, mas Alan sentiu que havia mais do que isso.— Desculpe, a festa foi maior do que eu esperava, — respondeu ele, tentando desviar o olhar.Bianca caminhou até ele, se
Alan se levantou cedo naquela manhã, o peso das responsabilidades da família Becker ainda o acompanhando. Enquanto o sol surgia lentamente no horizonte, ele se preparava para um dia que prometia ser longo e desafiador. As operações da família estavam em uma fase crítica, e a recente aliança com os Ventura ampliava tanto as oportunidades quanto os riscos.Ele dirigiu-se à sede da família, um edifício imponente que exibia a marca do poder. Dentro, o ambiente estava repleto de tensão, com os membros da família e associados discutindo os próximos passos das operações criminosas. Alan respirou fundo, preparando-se para assumir o comando.Assim que entrou na sala de reuniões, foi recebido por olhares expectantes. Os rostos eram conhecidos, mas o peso da liderança agora parecia diferente. Ele não era mais apenas Alan, o filho, mas Alan, o líder da família Becker.— Precisamos falar sobre os próximos passos a dar, — disse Viktor, um dos conselheiros mais próximos da família Becker. — Com a fa
Alan hesitou por um instante antes de discar o número de Olívia. A estratégia era simples: Marcar um encontro para discutir a colaboração entre as famílias Becker e Ventura. Mas, no fundo, ele sabia que seu desejo de vê-la ia muito além das questões de negócios.— Alô? — A voz de Olívia soou como uma melodia suave aos ouvidos de Alan.— Oi, Olívia. Como você tem estado? — perguntou Alan, um pouco nervoso.— Alan! Que prazer ouvir sua voz. Estou bem, e você? — respondeu Olívia, irradiando alegria. Era como se Alan pudesse visualizar seu sorriso, mesmo a distância.— Estou bem, obrigado. Precisamos conversar sobre os próximos passos entre nossas famílias. Você teria um tempo para me encontrar hoje? — sua voz era firme, mas seu coração pulsava acelerado, cheio de expectativa.— Claro, vamos nos encontrar no café perto da sede. Que horas seria bom para você?— Que tal às três? — sugeriu Alan, aliviado ao ouvir sua confirmação. Ele precisava daquela conversa, não apenas pelo aspecto profis
Alan observava o rosto de Olívia enquanto o sol começava a descer no horizonte, refletindo nas vidraças do café. O encontro havia corrido de maneira mais fluida do que ele esperava, e a companhia dela o envolvia de uma maneira que ele tentava, sem sucesso, racionalizar. Eles estavam prestes a se despedir quando Olívia recebeu uma mensagem em seu celular, e o leve franzir de sua testa indicou que algo havia mudado no ar.— Preciso ir, Alan. Um compromisso inesperado, — disse ela, levantando-se de repente, o tom ainda leve, mas os olhos evitando os dele.— Está tudo bem? — Alan perguntou, notando a mudança sutil em seu comportamento.— Sim, nada com que se preocupar, — ela sorriu, mas parecia forçado. — Vamos conversar mais tarde sobre os detalhes da aliança.Alan assentiu, mas a partida repentina de Olívia deixou uma sensação estranha no ar. Ele a observou sair, e algo na pressa dela o incomodou. Seu instinto, afiado pelas pressões da liderança, lhe dizia que havia algo além dos negóci
A presença de Finn Correia era algo que Alan não conseguia tirar da cabeça. Mesmo depois de sua partida, o eco de suas palavras ressoava na mente de Alan. Era um alerta silencioso, uma lembrança de que o jogo de poder que ele comandava estava longe de ser simples. Agora, além das operações com os Ventura, ele precisaria lidar com um novo oponente, que se infiltrava lentamente em sua vida pessoal e profissional.Naquela noite, enquanto a cidade de Nova York respirava seu caos usual, Alan resolveu não voltar para casa imediatamente. Ele preferiu caminhar pelas ruas do bairro onde ficava o escritório dos Becker, como se a movimentação ao seu redor pudesse lhe dar algum insight. Ele sabia que algo estava acontecendo nos bastidores, que Finn havia entrado em sua vida com um propósito maior, algo que ainda não estava claro.Seus passos o levaram até um dos bares mais discretos da cidade, um lugar onde as conversas mais perigosas aconteciam em meio a drinks caros e iluminação baixa. Alan ent
O silêncio se arrastou entre Alan e Bianca, um abismo profundo que parecia se expandir a cada segundo. A tensão nos ombros dela era palpável, refletindo a luta interna enquanto ela buscava as palavras certas para se explicar. Alan sentia-se dividido; parte dele queria acreditar que havia uma explicação inocente, mas outra parte se agitava, temendo o que essa conexão com Finn poderia significar.— Eu não estava planejando me encontrar com ele — começou Bianca, quebrando o silêncio. — Eu o encontrei por acaso no bar. Estava apenas… tentando me distrair.— Bianca... — Alan hesitou, tentando encontrar as palavras certas. — Sei que tenho sido difícil ultimamente, e sei que você também tem passado por isso. Mas quando vi você com o Finn naquele bar, algo dentro de mim simplesmente estalou.Bianca o encarou, sua expressão uma mistura de frustração e decepção. Ela cruzou os braços, mas manteve-se firme, com os olhos fixos nos dele.— Alan, eu já te disse que foi por acaso. Finn apareceu, e eu
O sol se punha lentamente atrás dos arranha-céus de Nova York, banhando a cidade em tons dourados e alaranjados. No topo de um dos edifícios mais imponentes da cidade, um homem contemplava a vista do seu luxuoso apartamento, situado no andar mais alto. As luzes da cidade começavam a brilhar como estrelas na Terra, mas a beleza do momento parecia distante, como se não tivesse nada a ver com sua vida.Ele era Alan Becker, um homem de 25 anos, que tinha tudo o que muitos considerariam o sonho americano: uma carreira promissora, um apartamento magnífico e uma família influente. No entanto, ele se sentia preso em uma armadilha feita de expectativas e obrigações familiares. Ele se lembrava da infância, das histórias de coragem e poder que seu pai contava, mas o que antes parecia emocionante agora se tornara um fardo pesado. Ele não queria ser o sucessor da família Becker, uma das famílias mais poderosas da máfia.Na verdade, Alan sonhava em abrir sua própria galeria de arte. Ele tinha um ta