O dia do casamento chegou, e o grande salão da mansão dos Ventura estava em plena preparação. Os floresceres brancos e dourados adornavam cada canto, criando uma atmosfera de conto de fadas que contrastava com a realidade sombria que Alan sentia em seu peito. Ele se olhou no espelho, ajustando a gravata e tentando esconder o nervosismo. O terno estava impecável, mas a sensação de opressão era inegável.
Bianca apareceu na porta, radiante como sempre. O vestido de noiva, uma criação deslumbrante, realçava suas curvas e ela parecia uma verdadeira princesa. — Alan! Venha ver como estou! Não estou linda? — Ela girou, exibindo seu vestido em um movimento dramático.
— Você está maravilhosa, Bianca, — ele disse, forçando um sorriso. Mas em seu coração, havia uma sensação de desconexão. Ele admirava sua beleza, mas não conseguia se sentir feliz. Em seu íntimo, a ideia de estar se casando com alguém que mal conhecia o deixava inquieto.
— Você deveria estar mais animado! Estamos prestes a nos casar! — exclamou Bianca, seus olhos brilhando com entusiasmo. — Isso é uma grande oportunidade para nós dois! Nossas famílias serão mais fortes, e isso nos trará mais poder!
— Sim, claro, — Respondeu Alan, mas sua voz estava sem vida. Ele se afastou, sentindo a pressão da situação aumentar a cada momento. A visão de Bianca, tão empolgada, apenas reforçava a realidade de que ele não estava tão feliz quanto todos esperavam que estivesse.
Enquanto os convidados chegavam, Alan se sentou em um canto, tentando processar tudo o que estava acontecendo. Ele observava as interações, as risadas e a celebração em torno dele, mas se sentia um estranho em seu próprio casamento. Ele pensou em Olívia, em sua força e inteligência, e em como ela parecia compreender o que ele sentia. Ela era um farol em meio à escuridão.
— Irmão! — Aline o interrompeu, sentando-se ao seu lado. — O que você está fazendo aqui? Todos estão te procurando! Você precisa ir até a entrada e cumprimentar os convidados!
— Eu sei, eu só… precisava de um momento, — Respondeu Alan, sua voz baixa. Aline olhou para ele com preocupação.
— Você não parece bem. Está se sentindo pressionado? — ela perguntou, sua voz suave e compreensiva.
— Não é apenas pressão, Aline. É… eu não sei. Sinto que não tenho escolha em nada, — Alan confessou, olhando para suas mãos entrelaçadas. — Estou prestes a me casar com alguém que não amo. Isso não é o que eu queria para a minha vida.
A expressão de Aline mudou, e ela encostou-se mais perto. — Eu entendo, mas pense no que isso significa para a família. Eles contam com você, Alan. Você é o futuro da família Becker.
Alan balançou a cabeça, o vazio crescendo dentro dele. — Mas e se eu não quiser esse futuro? E se eu quiser algo diferente? — Sua voz soou mais forte do que pretendia, e ele se sentiu culpado por incomodar a irmã.
— Não estou dizendo que você deve abrir mão dos seus sonhos, mas talvez seja hora de pensar em como equilibrar suas responsabilidades e seus desejos, — Sugeriu Aline. — A vida nem sempre é sobre escolher entre o que queremos e o que devemos fazer. Às vezes, encontramos uma maneira de fazer as duas coisas.
Ele olhou para ela, absorvendo suas palavras. Aline sempre foi a âncora em sua vida, a voz da razão quando ele mais precisava. — Eu só não quero me perder no processo, — Respondeu Alan, sua vulnerabilidade se tornando mais evidente.
Aline sorriu. — Você não vai se perder. Você é mais forte do que pensa. E mesmo que isso pareça um fardo agora, você pode encontrar uma maneira de fazer isso funcionar.
Alan suspirou, tentando se convencer. — Talvez você esteja certa. Eu apenas… sinto que estou vivendo a vida de outra pessoa. — Ele estava tão perdido em seus pensamentos que mal percebeu o momento em que a cerimônia começou.
Ele se levantou, empurrando os sentimentos de lado, enquanto seguia Aline em direção ao altar. O salão estava repleto de convidados, todos olhando com expectativa. Quando Bianca entrou, Alan sentiu a pressão aumentar. Ele se preparou para o que estava por vir.
A cerimônia foi rápida, mas para Alan, parecia que cada segundo se arrastava. Ele ouviu as palavras sobre amor e compromisso, mas não conseguiu se conectar com elas. Ele se perguntou como seria sua vida ao lado de uma mulher que não amava. Seria uma fachada, uma atuação em que todos acreditariam, exceto ele mesmo?
Quando finalmente chegou a hora de dizer “sim”, Alan hesitou. O vazio dentro dele se aprofundava, e ele se perguntou se seria capaz de preencher esse espaço. Com um movimento mecânico, ele respondeu e selou seu destino. O sorriso de Bianca era brilhante, mas ele mal conseguia retornar. Naquele instante, um pensamento o assombrou: sua vida nunca mais seria a mesma.
A festa começou, e Alan se viu cercado por amigos e familiares. As risadas e as conversas vibrantes preenchiam o ambiente, mas ele se sentia distante, como se estivesse assistindo a tudo de uma janela embaçada. Ele se esforçou para participar, mas a sensação de desconexão persistia.
Ele se afastou por um momento, buscando ar fresco no terraço da mansão. A brisa da noite trouxe uma sensação de clareza momentânea, mas a pressão do casamento e as obrigações familiares pesavam sobre seus ombros. A lua brilhava intensamente, e ele olhou para o céu, pensando em Olívia. A conexão que sentira com ela era inegável, e isso apenas o fazia se sentir mais perdido.
O vazio dentro dele crescia, e ele se perguntou se haveria uma maneira de reconciliar sua vida com seus verdadeiros desejos. Com a mente agitada, Alan respirou fundo, mas a sensação de estar preso não o abandonava. A celebração continuava, mas ele sabia que sua verdadeira luta estava apenas começando.
A festa estava em pleno vapor, mas Alan sentia que, a cada risada que ouvia, uma parte dele se distanciava ainda mais da realidade. Ele caminhou pela mansão, tentando encontrar um pouco de espaço para respirar, mas sua mente estava consumida por imagens de Olívia. A força dela, a segurança que emanava, era isso que ele desejava para sua própria vida.Enquanto isso, na mesa dos Ventura, Olívia observava o casamento de Bianca e Alan. Ela estava cercada por familiares e amigos, mas sua mente estava longe dali. Para ela, o evento era um lembrete constante do peso que carregava desde a infância. Sem que ninguém percebesse, ela mergulhou em pensamentos que a transportou para um tempo muito diferente.A cena se desenrolou em um amplo jardim na mansão Ventura, anos atrás. Olívia, uma criança de apenas oito anos, estava em meio a flores coloridas e arbustos bem cuidados. A brisa suave balançava seu cabelo preto, enquanto ela tentava acalmar Bianca, que chorava por ter perdido uma boneca.— Irm
Após a cerimônia, o grande salão estava repleto de luzes cintilantes e risos, mas, para Alan, a atmosfera estava carregada de uma tensão palpável. Ele estava cercado por amigos e familiares, mas a sensação de ser um espectador em sua própria vida aumentava a cada momento. Enquanto ele tentava se misturar à festa, sua mente vagava, lutando com os pensamentos de Olívia e a pressão que sua família exercia sobre ele.A certa altura, Alan percebeu sua mãe, Eliza, atravessando a multidão em sua direção. Com sua presença majestosa, Eliza era uma força a ser reconhecida. Seu vestido elegante e postura firme exalavam autoridade, mas havia também uma preocupação visível em seu rosto.— Alan, precisamos conversar, — ela disse, puxando-o para um canto mais reservado da sala. A expressão dela era séria, e ele sabia que esse momento não seria fácil.— Mãe, não é hora para isso. Estou tentando…, — Alan começou, mas ela o interrompeu.— É exatamente a hora. Olhe ao seu redor. Esta união é mais do que
As semanas seguintes ao casamento passaram-se como um borrão para Alan. Ele se viu preso em uma rotina de compromissos e obrigações, mas sempre havia um momento furtivo, uma oportunidade de se encontrar com Olívia em eventos sociais que as famílias organizavam. Cada encontro se tornava um refúgio, uma chance de escapar das expectativas que o cercavam.Naquela noite, um coquetel elegante estava sendo realizado em uma das casas de campo da família Ventura. O ambiente estava cheio de luzes suaves, risadas e música, mas para Alan, havia um certo vazio na atmosfera. Ele se sentia como um espectador, até que seus olhos se cruzaram com os de Olívia, que estava em uma conversa distante, mas ele notou a forma como ela o observava, quase que procurando por ele.Ele se aproximou, seu coração acelerando com a expectativa. Olívia estava deslumbrante, vestindo um vestido vermelho que acentuava suas curvas e realçava sua beleza natural. O cabelo preto caía em ondas suaves sobre seus ombros, e seus o
Alan dirigiu pela estrada deserta, as luzes da mansão Ventura desaparecendo em seu retrovisor. A brisa noturna entrava pelas janelas abertas, mas a sensação de liberdade que experimentara ao lado de Olívia logo se dissipou, dando lugar à ansiedade pelo que o aguardava em casa.Assim que chegou à mansão Becker, ele sentiu uma mistura de emoções. O lugar, que deveria ser um refúgio, agora parecia uma prisão dourada, cercada por expectativas e responsabilidades. Ao abrir a porta, a atmosfera era estranhamente silenciosa. Ele encontrou Bianca na sala de estar, vestindo um robe leve, com o cabelo solto e desarrumado. Sua expressão, normalmente cheia de entusiasmo, estava agora tingida de preocupação.— Alan! Você demorou. Eu estava começando a ficar preocupada, — disse ela, levantando-se. A preocupação em seu olhar era genuína, mas Alan sentiu que havia mais do que isso.— Desculpe, a festa foi maior do que eu esperava, — respondeu ele, tentando desviar o olhar.Bianca caminhou até ele, se
Alan se levantou cedo naquela manhã, o peso das responsabilidades da família Becker ainda o acompanhando. Enquanto o sol surgia lentamente no horizonte, ele se preparava para um dia que prometia ser longo e desafiador. As operações da família estavam em uma fase crítica, e a recente aliança com os Ventura ampliava tanto as oportunidades quanto os riscos.Ele dirigiu-se à sede da família, um edifício imponente que exibia a marca do poder. Dentro, o ambiente estava repleto de tensão, com os membros da família e associados discutindo os próximos passos das operações criminosas. Alan respirou fundo, preparando-se para assumir o comando.Assim que entrou na sala de reuniões, foi recebido por olhares expectantes. Os rostos eram conhecidos, mas o peso da liderança agora parecia diferente. Ele não era mais apenas Alan, o filho, mas Alan, o líder da família Becker.— Precisamos falar sobre os próximos passos a dar, — disse Viktor, um dos conselheiros mais próximos da família Becker. — Com a fa
Alan hesitou por um instante antes de discar o número de Olívia. A estratégia era simples: Marcar um encontro para discutir a colaboração entre as famílias Becker e Ventura. Mas, no fundo, ele sabia que seu desejo de vê-la ia muito além das questões de negócios.— Alô? — A voz de Olívia soou como uma melodia suave aos ouvidos de Alan.— Oi, Olívia. Como você tem estado? — perguntou Alan, um pouco nervoso.— Alan! Que prazer ouvir sua voz. Estou bem, e você? — respondeu Olívia, irradiando alegria. Era como se Alan pudesse visualizar seu sorriso, mesmo a distância.— Estou bem, obrigado. Precisamos conversar sobre os próximos passos entre nossas famílias. Você teria um tempo para me encontrar hoje? — sua voz era firme, mas seu coração pulsava acelerado, cheio de expectativa.— Claro, vamos nos encontrar no café perto da sede. Que horas seria bom para você?— Que tal às três? — sugeriu Alan, aliviado ao ouvir sua confirmação. Ele precisava daquela conversa, não apenas pelo aspecto profis
Alan observava o rosto de Olívia enquanto o sol começava a descer no horizonte, refletindo nas vidraças do café. O encontro havia corrido de maneira mais fluida do que ele esperava, e a companhia dela o envolvia de uma maneira que ele tentava, sem sucesso, racionalizar. Eles estavam prestes a se despedir quando Olívia recebeu uma mensagem em seu celular, e o leve franzir de sua testa indicou que algo havia mudado no ar.— Preciso ir, Alan. Um compromisso inesperado, — disse ela, levantando-se de repente, o tom ainda leve, mas os olhos evitando os dele.— Está tudo bem? — Alan perguntou, notando a mudança sutil em seu comportamento.— Sim, nada com que se preocupar, — ela sorriu, mas parecia forçado. — Vamos conversar mais tarde sobre os detalhes da aliança.Alan assentiu, mas a partida repentina de Olívia deixou uma sensação estranha no ar. Ele a observou sair, e algo na pressa dela o incomodou. Seu instinto, afiado pelas pressões da liderança, lhe dizia que havia algo além dos negóci
A presença de Finn Correia era algo que Alan não conseguia tirar da cabeça. Mesmo depois de sua partida, o eco de suas palavras ressoava na mente de Alan. Era um alerta silencioso, uma lembrança de que o jogo de poder que ele comandava estava longe de ser simples. Agora, além das operações com os Ventura, ele precisaria lidar com um novo oponente, que se infiltrava lentamente em sua vida pessoal e profissional.Naquela noite, enquanto a cidade de Nova York respirava seu caos usual, Alan resolveu não voltar para casa imediatamente. Ele preferiu caminhar pelas ruas do bairro onde ficava o escritório dos Becker, como se a movimentação ao seu redor pudesse lhe dar algum insight. Ele sabia que algo estava acontecendo nos bastidores, que Finn havia entrado em sua vida com um propósito maior, algo que ainda não estava claro.Seus passos o levaram até um dos bares mais discretos da cidade, um lugar onde as conversas mais perigosas aconteciam em meio a drinks caros e iluminação baixa. Alan ent