Capítulo 3: Compromisso

O dia do casamento chegou, e o grande salão da mansão dos Ventura estava em plena preparação. Os floresceres brancos e dourados adornavam cada canto, criando uma atmosfera de conto de fadas que contrastava com a realidade sombria que Alan sentia em seu peito. Ele se olhou no espelho, ajustando a gravata e tentando esconder o nervosismo. O terno estava impecável, mas a sensação de opressão era inegável.

Bianca apareceu na porta, radiante como sempre. O vestido de noiva, uma criação deslumbrante, realçava suas curvas e ela parecia uma verdadeira princesa. — Alan! Venha ver como estou! Não estou linda? — Ela girou, exibindo seu vestido em um movimento dramático.

— Você está maravilhosa, Bianca, — ele disse, forçando um sorriso. Mas em seu coração, havia uma sensação de desconexão. Ele admirava sua beleza, mas não conseguia se sentir feliz. Em seu íntimo, a ideia de estar se casando com alguém que mal conhecia o deixava inquieto.

— Você deveria estar mais animado! Estamos prestes a nos casar! — exclamou Bianca, seus olhos brilhando com entusiasmo. — Isso é uma grande oportunidade para nós dois! Nossas famílias serão mais fortes, e isso nos trará mais poder!

— Sim, claro, — Respondeu Alan, mas sua voz estava sem vida. Ele se afastou, sentindo a pressão da situação aumentar a cada momento. A visão de Bianca, tão empolgada, apenas reforçava a realidade de que ele não estava tão feliz quanto todos esperavam que estivesse.

Enquanto os convidados chegavam, Alan se sentou em um canto, tentando processar tudo o que estava acontecendo. Ele observava as interações, as risadas e a celebração em torno dele, mas se sentia um estranho em seu próprio casamento. Ele pensou em Olívia, em sua força e inteligência, e em como ela parecia compreender o que ele sentia. Ela era um farol em meio à escuridão.

— Irmão! — Aline o interrompeu, sentando-se ao seu lado. — O que você está fazendo aqui? Todos estão te procurando! Você precisa ir até a entrada e cumprimentar os convidados!

— Eu sei, eu só… precisava de um momento, — Respondeu Alan, sua voz baixa. Aline olhou para ele com preocupação.

— Você não parece bem. Está se sentindo pressionado? — ela perguntou, sua voz suave e compreensiva.

— Não é apenas pressão, Aline. É… eu não sei. Sinto que não tenho escolha em nada, — Alan confessou, olhando para suas mãos entrelaçadas. — Estou prestes a me casar com alguém que não amo. Isso não é o que eu queria para a minha vida.

A expressão de Aline mudou, e ela encostou-se mais perto. — Eu entendo, mas pense no que isso significa para a família. Eles contam com você, Alan. Você é o futuro da família Becker.

Alan balançou a cabeça, o vazio crescendo dentro dele. — Mas e se eu não quiser esse futuro? E se eu quiser algo diferente? — Sua voz soou mais forte do que pretendia, e ele se sentiu culpado por incomodar a irmã.

— Não estou dizendo que você deve abrir mão dos seus sonhos, mas talvez seja hora de pensar em como equilibrar suas responsabilidades e seus desejos, — Sugeriu Aline. — A vida nem sempre é sobre escolher entre o que queremos e o que devemos fazer. Às vezes, encontramos uma maneira de fazer as duas coisas.

Ele olhou para ela, absorvendo suas palavras. Aline sempre foi a âncora em sua vida, a voz da razão quando ele mais precisava. — Eu só não quero me perder no processo, — Respondeu Alan, sua vulnerabilidade se tornando mais evidente.

Aline sorriu. — Você não vai se perder. Você é mais forte do que pensa. E mesmo que isso pareça um fardo agora, você pode encontrar uma maneira de fazer isso funcionar.

Alan suspirou, tentando se convencer. — Talvez você esteja certa. Eu apenas… sinto que estou vivendo a vida de outra pessoa. — Ele estava tão perdido em seus pensamentos que mal percebeu o momento em que a cerimônia começou.

Ele se levantou, empurrando os sentimentos de lado, enquanto seguia Aline em direção ao altar. O salão estava repleto de convidados, todos olhando com expectativa. Quando Bianca entrou, Alan sentiu a pressão aumentar. Ele se preparou para o que estava por vir.

A cerimônia foi rápida, mas para Alan, parecia que cada segundo se arrastava. Ele ouviu as palavras sobre amor e compromisso, mas não conseguiu se conectar com elas. Ele se perguntou como seria sua vida ao lado de uma mulher que não amava. Seria uma fachada, uma atuação em que todos acreditariam, exceto ele mesmo?

Quando finalmente chegou a hora de dizer “sim”, Alan hesitou. O vazio dentro dele se aprofundava, e ele se perguntou se seria capaz de preencher esse espaço. Com um movimento mecânico, ele respondeu e selou seu destino. O sorriso de Bianca era brilhante, mas ele mal conseguia retornar. Naquele instante, um pensamento o assombrou: sua vida nunca mais seria a mesma.

A festa começou, e Alan se viu cercado por amigos e familiares. As risadas e as conversas vibrantes preenchiam o ambiente, mas ele se sentia distante, como se estivesse assistindo a tudo de uma janela embaçada. Ele se esforçou para participar, mas a sensação de desconexão persistia.

Ele se afastou por um momento, buscando ar fresco no terraço da mansão. A brisa da noite trouxe uma sensação de clareza momentânea, mas a pressão do casamento e as obrigações familiares pesavam sobre seus ombros. A lua brilhava intensamente, e ele olhou para o céu, pensando em Olívia. A conexão que sentira com ela era inegável, e isso apenas o fazia se sentir mais perdido.

O vazio dentro dele crescia, e ele se perguntou se haveria uma maneira de reconciliar sua vida com seus verdadeiros desejos. Com a mente agitada, Alan respirou fundo, mas a sensação de estar preso não o abandonava. A celebração continuava, mas ele sabia que sua verdadeira luta estava apenas começando.

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