— Não tenho mais tempo pra esse tipo de situação! — Selena falou, ofegante, correndo de volta até o guarda-roupas e abrindo as portas, arrancando de lá a primeira roupa que viu pela frente.
Naquela época ela ainda morava na casa de Anthony Campbell , patrão de seu pai. George Carinard era motorista de Anthony e, junto com sua contratação, Anthony os chamou para morar na pequena casinha que havia nos fundos da mansão, destinada aos empregados. No começo George não queria aceitar, pois, desde muito novo, sempre foi um homem um pouco orgulhoso, mas, como estava passando por uma situação financeira difícil com sua filha e depois de um pouco de insistência de Anthony, ele acabou cedendo.
Assim, a Família Carinard ganhou uma casa e Anthony um motorista e amigo em tempo integral, já que George insistia que estaria disponível para o patrão sempre que ele precisasse, pois sentia que estava devendo um favor a este homem durante muito tempo, por lhe dar um emprego tão bom e ainda uma casa para morar, principalmente por conta de sua filha.
Isso aconteceu há exatos 2 anos e aquele foi o primeiro contato de Selena com a família Campbell , mas ela nunca imaginou que seus laços com eles ficariam tão intensos.
Ainda confusa e sem saber direito o que estava acontecendo, Sel saiu de seu quarto e correu em direção ao lado de fora da sua casa, encontrando os fundos da mansão, que, particularmente, era enorme, mas não demorou para que ela cruzasse o jardim e encontrasse a garagem.
— Não dá tempo de perguntar — ela resmungou, parando na frente da caixa fixada na parede onde as chaves dos veículos ficavam.
A ruiva abriu a caixa com toda a força que tinha e que o desespero a tinha dado e arrancou de lá a chave de uma das motos e nem se deu ao trabalho de procurar um capacete ou qualquer coisa parecida, ela já estava decidida.
Sel encontrou a moto alguns metros a frente e subiu nela, colocando a chave na ignição e girando no mesmo instante em que o mordomo, Thomas, chegava à garagem praticamente correndo.
Charles havia ouvido o barulho alto, pela potência da moto e como o senhor Anthony não estava em casa, ele correu para verificar, com medo de alguém ter invadido a mansão.
— Sel? O que está fazendo? Sel! — ele gritou, no momento em que a viu dar a partida e sair cantando pneu da garagem, passando pelo portão que se abriu no exato momento em que sua moto passou, por pouco não a fazendo bater nas grades.
Seus cabelos voavam com o vento e ela estava tão nervosa, com o coração batendo tão acelerado que fazia seu peito arder e o ar em seus pulmões pareciam escapar junto com a velocidade da moto. Não conseguia pensar em mais nada que não fosse salvar seu pai, as consequências de roubar uma moto do patrão não a importavam nem um pouco naquele momento de tensão, ela sabia que precisava impedir o acidente!
Aquela era a primeira chance que ela tinha, o primeiro ato que mudaria seu destino, mas não era só o seu próprio destino que estava em jogo, mas o de seu pai também. George sempre cuidou dela com muito amor e carinho, desde a morte de sua mãe, seu pai era seu alicerce e agora podia evitar que ele entrasse em coma.
Enquanto pilotava, Selena furava os sinais vermelhos e ultrapassava os carros que passavam em sua frente, ouviu algumas pessoas xingando ela pelo meio do caminho, buzinaram e reclamarem, mas não tinha tempo para se importar com aquele tipo de coisa, não podia se dar ao luxo nem ao menos de prestar atenção.
Não demorou mais que alguns minutos para que ela chegasse à empresa onde, todos os dias pela manhã, seu pai levava Anthony e pegava o carro comercial, deixando o modelo blindado no estacionamento. No exato instante em que parou a moto, viu seu pai saindo da loja com alguns pacotes nas mãos, completamente alheio ao perigo que o seguia.
George estava tranquilo, havia deixado Anthony em seu escritório e o carro de luxo blindado na garagem subterrânea da empresa, agora, precisava apenas pegar o carro social que ficava ali durante a noite para começar seus afazeres do dia. Precisava buscar algumas encomendas para Anthony e também passar na mansão da família Campbell para falar com sua filha.
Selena o viu abrir a porta do carro e, naquele mesmo momento, ela correu em direção ao carro de seu pai, parando entre ele e a porta ofegante e com o rosto vermelho por conta da corrida.
— Sel ? O que está fazendo aqui? — George perguntou, confuso. — Espere… Aquela é a moto do senhor Anthony?
— Me escute, pai, não pode entrar neste carro! — começou Sel, sem saber que desculpa usar para convencê-lo a não entrar no carro. — Eu… Eu tive um péssimo pesadelo com o senhor! Minha intuição me diz que tem algo errado com o carro, por favor acredite em mim! — sua voz estava chorosa e trêmula, ela sabia como seu pai era teimoso e tinha medo que ele não acreditasse no que ela estava falando.
“Vamos pai… Confie em mim!”, implorava em seus pensamentos, sentindo todo o corpo gelar enquanto os olhos afiados de George a encaravam.
George sempre foi um homem muito cético, mas, vendo a filha tão abalada e nervosa, ele suspirou, colocando os pacotes sobre o capô do carro e puxando Sel para seus braços a abraçando carinhosamente. — Oh filha… Não deveria ter saído de casa por isso, está tudo bem — ele começou, fazendo carinho nos cabelos vermelhos dela e deixando um beijinho em sua testa. — Mas se for te fazer se sentir melhor, vou ligar para o mecânico que o senhor Campbell sempre leva seus carros vir aqui dar uma olhada, o que acha?As sobrancelhas grossas dele estavam unidas e seus olhos claros a olhavam com preocupação. George não pretendia questionar a filha, não porque acreditava nessa coisa de intuição, mas porque sabia que o aniversário de morte da mãe de Sel estava chegando e sabia como a filha ficava sensível nessa época. — Tudo bem, ligue para ele e vai ver que estou certa! — Sel concordou, suspirando de alívio, estava convicta e sabia bem que os freios do carro estavam ruins.Antes de voltar até ali,
— Como assim o levaram? — Sel perguntou, então sentiu as mãos firmes de Roman em sua cintura, a impedindo de cair. Roman havia sido rápido, deixou seu tio no sofá e se aproximou assim que a viu, tinha que aproveitar a oportunidade, afinal, que momentos são melhores para unir pessoas senão os momentos de angústia? Ele faria o que precisava fazer. Ganancioso como era, não deixaria que nada ficasse em seu caminho para herdar a empresa por completo, nada e nem ninguém. Já tinha um nome no mercado de tecnologia e tomar conta dos negócios de seu avô era sua prioridade, então,estava disposto a cumprir todas as exigências dele. — Está bem, Selena? — ele perguntou, sua voz era rouca e seu sussurro chegou aos ouvidos de Selena trazendo um arrepio em sua espinha. Roman era um crápula, ela sabia, quando se conheceram ela não imaginava como ele era de verdade, mas agora, depois de voltar até o ponto de partida, ela sabia bem que ele não era um cavalheiro como aparentava. Mas isso não diminui a
Quando Henry e Roman se foram, Selena sentiu a cabeça doer e o corpo pesar, eram tantas coisas acontecendo naquele mesmo dia que ela mal conseguia se manter focada em seus objetivos. Mas ao menos algo de bom havia acontecido, ela estaria na casa Campbell no dia seguinte, então, teria oportunidade de descobrir o que estava por trás de tudo aquilo e de sua morte. No entanto, ela notou quando a noite chegou e se sentou a mesa para jantar com seu pai, que George estava estranho. Seu pai sempre foi muito falante, os jantares em sua casa eram sempre divertidos e regados a conversa sobre seus dias e acontecimentos que os deixaram chocados, mas, naquela noite, George estava com um olhar triste e completamente calado. — Pai? Por que está assim? — Sel perguntou, mesmo que já suspeitasse o motivo de seu pai estar tão cabisbaixo. — Estou preocupado, minha filha — ele começou suspirando pesadamente —, o Sr. Anthony sempre foi tão bom com a gente… Tenho medo que ele não seja encontrado, sabe?
*LEMBRANÇA*“Roman estava distante desde o beijo e isso a magoava, de fato, Sel acreditou que ele se sentia atraído por ela, mas agora estava culpada, pois, aparentemente havia outro alguém em sua vida.Ela não conseguia esquecer os olhos magoados e cheios de lágrimas da loira que os flagrou enquanto se beijavam intensamente. A primeira coisa que sentiu foi a vergonha, que a fez corar e querer se esconder eternamente. Depois disso, sentiu raiva, uma raiva que não cabia em si.Roman estava a usando enquanto se envolvia com outra mulher? Aquele era o tipo de homem que ele era?Talvez, por isso ele estivesse se mantendo distante, ao menos era o que Selena achava naquele momento.Fazia uma semana desde que o beijo havia acontecido e ela mal o via, porém, naquela noite, algo mudou. Henry havia saído numa viagem de negócios e ela estava praticamente só na mansão, já que os empregados mal interagiam com ela e Roman não estava ali.Mas se viu surpreendida quando, depois do jantar, alguém bate
— Entendi… — ele respondeu, quase como um rosnado, tentando se manter passivo até o momento certo. — Isso mesmo, é assim que tem que ser, riquinho de merda — o sequestrador acertou a nuca dele com um forte tapa, mas que não doeu tanto quanto deveria, já que Anthony estava com o sangue quente e isso o fazia mais resistente. — Seu vovô vaid ar uns bons milhões por você! Oh moleque fica aqui com quele! Depois disso, o homem que falava com Anthony se foi e, em seguida, um outro entrou. Os passos dele eram mais curtos e mais fracos, com isso, Anthony deduziu que ele era menor. Os ouviu cochichar algo e percebeu que a voz do novo sequestrador também era mais baixa e trêmula, ele parecia estar nervoso e ser muito jovem, provavelmente ele era o elo mais fraco daquele grupo e essa seria a oportunidade dele se livrar. O outro sequestrador saiu dali e os deixou sozinhos, mas não amordaçaram Anthony novamente e isso lhe deu uma vantagem. Nos primeiros minutos, ele ficou em silencio, ouvi
Quando acordou, Selena viu que o sol já havia nascido e que, certamente, já seria mais que oito da manhã. Preguiçosamente ela se mexeu na cama, esticando o corpo e bocejando enquanto tentava se lembrar do que tinha para fazer naquela manhã. Nesse exato momento, três batidas soaram em seu quarto. — Sel, o motorista dos Campbell chega em alguns minutos, você já acordou? — a voz de George soou por todo o quarto e ela arregalou os olhos, lembrando-se de seu compromisso singular. Aquele era o dia em que ela iria para a casa dos Campbell , o dia em que começaria a enteder o que havia acontecido no passado. Ao menos era o que achava e o que esperava. — Estou quase pronta! — mentiu, se levantando rapidamente e correndo para seu banheiro. Ouviu de longe os passos de seu pai se afastando e logo arrancou toda sua roupa, ligando o chuveiro e fechando a porta do box, entrando na água quente e começando um banho rápido. A água escorreu por todo seu corpo e Sel tentou acalmar as batidas de se
Depois de um café tranquilo, Sel decidiu dar uma volta. Esperava que Henry descesse, mas como ele não o fez, ela aceitou que aquele era um bom momento para começar sua busca. Mas o que estava procurando? Ela não sabia, na verdade, não fazia ideia.Mas estava confiante de que encontraria qualquer coisa, qualquer evidência, que dissesse por onde começar. Os empregados estavam distraídos com a arrumação do andar de baixo, bem como com os preparativos para o jantar e demais afazeres do dia, então, não foi difícil para ela se esgueirar para as escadarias e se direcionar ao terceiro andar, o último. Sel caminhou apressadamente, os corredores estavam vazios, mas nada impediria que alguém chegasse a qualquer momento, então, teria que ser rápida. Ela tinha um destino certo, apesar de não saber o que procurar ali. Agradeceu por Henry decidir se isolar naquele dia, ele tinha aquele costume, quando algo acontecia, ele escondia-se em seu quarto até que se sentisse bem para ser o mesmo de sempre
Quando a noite chegou, Selena estava exausta. Acabou passando todo o dia ao lado de Henry, tentando o consolar e o ajudar diante de todos os acontecimentos, mas quando a noite caiu ela finalmente conseguiu descansar, ao menos foi o que imaginou que aconteceria. A foto ainda estava em sua cabeça, ela tinha um pressentimento que aquela era a primeira peça, mas não sabia o que fazer diante daquilo. Mas a foto não era a única coisa que a incomodava, pelo contrário, havia ainda a misteriosa mensagem que a dizia para não confiar em ninguém.Quem havia mandado e porquê?Tudo aquilo a deixou extremamente distraída, tanto que sequer notou quando Roman chegou à mansão e se sentou junto a ela na mesa de jantar. Diferente de Sel, Roman estava muito atento, seus olhos negros se fiaram nela assim que ele adentrou a casa e, olhando-a dali, percebia quão distraida ela estava. Aos olhos de Roman, Sel parecia uma bela pintura feita especialmente para que ele a observasse, era inegável o quanto ela er