Renascimento do amor: Uma nova chance de viver
Renascimento do amor: Uma nova chance de viver
Por: Evy
Prólogo

19 de abril de 2025

Selena sentia seu peito ardendo e seus pés estavam completamente doloridos, ela não aguentava mais correr. A escuridão a impedia de saber ao certo para onde estava indo, mas não podia parar, mesmo que quisesse, se parasse, provavelmente, perderia sua vida.

Mesmo correndo como louca, ela podia ouvir os passos atrás de si, tão rápidos quanto os dela, a perseguindo no meio da mata escura desde que ela havia saído da mansão Campbell.

Essa noite não podia ser mais trágica, na verdade, sua vida não conseguia ser mais trágica. Seu casamento era um fracasso, ela havia sido expulsa de casa após uma armação e, agora, algum maluco a estava perseguindo no meio da mata desde que havia saído da mansão, desesperada e assustada.  

Já estava rouca de tanto gritar por socorro, mas não havia ninguém para ajudá-la, ao menos era o que acreditava. Nunca houve ninguém para ajudá-la em sua vida, isso só se provava ali. Mais uma vez, estava sozinha para enfrentar seus problemas, ninguém iria lutar por ela a não ser ela mesma.

Um lampejo de esperança chegou ao seu coração quando Sel percebeu que as árvores estavam se abrindo e o caminho estava ficando mais limpo, ela até conseguia ver a luz da lua cheia iluminando a copa das árvores e tornando seu percurso um pouco mais claro. 

“Estou salva! Aquela abertura deve ser a estrada! Graças a Deus estou salva!”, pensou Sel e um sorriso brilhou em seu rosto.

Mas esse sorriso de esperança logo se foi quando ela alcançou a campina. Era uma área aberta belíssima, com grama verdinha e uma bela vista para a lua cheia, mas ali ela estava encurralada. Diferente do que imaginou, não havia uma rodovia a esperando, apenas um campo verde cercado por árvores e, a sua frente, um penhasco que dava para o mar.

Quando percebeu que havia corrido para a morte, ela voltou a chorar. 

De onde estava, ela podia ouvir as ondas do mar quebrando nas pedras logo abaixo e também o vento forte uivando por toda parte. Não tinha para onde voltar, afinal, atrás dela estava seu perseguidor, que ela sequer sabia quem era.

Desesperada Selena olhou para todos os lados, procurando uma opção, mas não encontrou nada, não havia para onde fugir! Ela levou as mãos para os cabelos ruivos e curtos, caminhando rapidamente até a beira do penhasco e olhando para baixo, haviam muitas pedras e o mar aberto estava a frente, se sobrevivesse a queda, morreria afogada, afinal, não sabia nadar. 

— Droga! Droga! Droga! — ela gritou, com os olhos cheios de lágrimas, completamente desnorteada.

Quando se virou, Selena viu um movimento entre as árvores e, instantes depois, ela o viu sair da mata. Sua voz ficou presa em sua garganta e suas lágrimas de medo se tornaram lágrimas de ódio e rancor. Seu rosto se torceu numa expressão de puro arrependimento e ela deu mais um passo para trás quando viu a pistola apontada para si. Quando se moveu, seu pé chegou à beira do penhasco e ela olhou para baixo, vendo, mais uma vez, as ondas quebrando nas pedras e o mar, furioso e implacável, a suas costas.  

— Por que está fazendo isso comigo? O que eu fiz para você, ah? — ela gritou novamente, seu peito completamente cheio de revolta. — Eu não fiz nada para merecer isso! — sua voz estava trêmula e ela sentia o choro mais uma vez invadir seu ser. 

As lágrimas grossas rolavam por suas bochechas, deixando sua visão turva, mas nem isso a impediu de ver o sorriso vitorioso e cruel que surgiu nos lábios de seu perseguidor no momento em que engatilhou a arma. Então, instantes depois, ele puxou o gatilho, atirando em cheio no peito de Selena. 

Ela sentiu uma dor que jamais sentiu antes, era uma dor física, mas também doía em sua alma e quebrava seu coração em pedaços. A pessoa em quem tanto ela confiava era a causa de sua morte, todas as decisões que tomou em sua vida a levaram até ali. 

— Por quê? — foi a última coisa que disse, antes de seu corpo despencar para trás, caindo do penhasco. 

Enquanto caía, as lágrimas rolavam por seu rosto e ela sentia a vida deixar seu corpo, sentia sua alma sendo levada pela morte lentamente. 

Nos últimos segundos que teve, ela viu, à beira do penhasco, Anthony arrancando a própria camisa e pulando no mar para salvá-la e um pequeno sorriso brilhou em seus lábios, agora pálidos, então, ela sentiu a água. 

Já não tinha mais forças para se mexer, nem para falar, sentia seu corpo afundar lentamente na água e, quando fechou os olhos, desejou secretamente, como seu último desejo em vida: 

“Eu queria tanto poder mudar tudo… Queria tanto poder fazer diferente… Não quero morrer assim! Não quero! Se alguém estiver me ouvindo, por favor, me dê uma nova chance!”

19 de abril de 2020

Quando o sol raiou, Sel abriu os olhos de súbito. 

Estava ofegante, sentia o peito dolorido, seus cabelos pareciam úmidos e seu corpo estava mole, quase letárgico. Por um momento, ela não entendeu o que estava acontecendo, se lembrava da água, da dor do tiro, da floresta, mas quando olhou ao redor, não estava em nenhum plano pós-vida, pelo contrário, encontrou apenas seu quarto, seu antigo quarto com pôsteres de sua banda favorita colados nas paredes, cortinas rosas e delicadas na grande janela, um guarda roupa com um grande espelho e até seu tapete felpudo de sempre estava tudo perfeitamente igual. 

Ela uniu as sobrancelhas e se levantou correndo, sentindo a tontura fazê-la cambalear assim que colocou os pés no chão, então correu até o espelho e não acreditou no que estava vendo. Seus cabelos avermelhados não estavam mais curtos, pelo contrário, estavam longos e tinham belas ondulações nas pontas. Ela usava seu pijama de corações, não tinha a tatuagem que havia feito escondida no ombro direito e, principalmente, não tinha uma aliança em seu dedo. Não havia sobrado nada da noite anterior, a única coisa que a fazia lembrar nitidamente que aquela vida não foi um sonho louco era a pequena marca rosada e redonda do tiro em seu peito, mas ela não lembrava quem havia tentado matá-la. 

Por um momento ela não soube o que fazer, tocou seu rosto, chocada com o que estava vendo, mas não teve tempo de pensar muito mais, seu celular tocou e o toque encheu o quarto, a tirando do transe em que estava. Ela correu novamente até a cama e pegou seu celular, desbloqueando a tela e vendo a data no canto superior do aparelho. 

19 de abril de 2020. 

Era o dia em que ela ingressaria na universidade. 

Mas isso não era o mais importante, além de ser o dia em que deveria entrar na universidade aquele era o dia em que seu pai sofreria o acidente que daria início a toda a ruína da sua vida. 

“Meu pedido foi atendido, então? Essa é minha nova chance?”, ela pensou, sentindo a cabeça doer com o choque e com o medo. 

Mas não havia tempo para pensar, ela precisava correr. 

Era hora de começar a mudar sua vida! Não desperdiçaria sua nova chance, nem cometeria os mesmos erros do passado, agora era a hora de construir uma nova vida e descobrir porque tentaram matá-la!

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