Selena entrou na sala do tribunal com o rosto erguido e orgulhoso, seus passos ecoavam no chão de mármore. Aquele era seu encerramento, finalmente fecharia aquele ciclo. O ar ali dentro era denso, sufocante, como se todos os olhares estivessem sobre ela. De fato, estavam. As câmeras dos jornalistas focavam nela, o que lhe trouxe um arrepio inevitável, mas nada comparado à intensidade do olhar de Roman, que estava sentado no banco dos réus, seu rosto impassível, com uma expressão fria que ela reconhecia muito bem.Naquele momento, enquanto Roman a olhava fixamente, como se a desafiasse com o olhar, Selena soube que esse seria o capítulo final de uma longa e dolorosa jornada. Roman Campbell, o homem que havia prometido amá-la e protegê-la, agora estava diante da justiça, pagando o preço por suas escolhas cruéis.Ele estava péssimo, os cabelos, sempre ação alinhados, agora estavam uma bagunça, a barba por fazer, olheiras grandes e rosto cansado. Mesmo assim se mantinha altivo, jamais ti
Anthony respirou fundo, a tensão em seu corpo crescendo ao lembrar daquele momento aterrorizante.— Roman já estava furioso por ela ter descoberto que Selena e eu estavamos juntos, depois de tudo o que havia acontecido, era óbvio que ele não a deixaria viver. Então, quando fui ao encontro dela naquela noite na floresta, eu sabia que estava me colocando em perigo. Mas eu não podia deixá-la morrer.Ele olhou brevemente para Selena, que estava sentada no fundo da sala, seus olhos fixos nele, mostrando todo o apoio que podia. Isso lhe deu força para continuar.— Quando cheguei, me surpreendi, encontrei Henry com a arma na mão, prestes a atirar em Selena,não Roman. Eu tentei intervir, ele me atingiu. Eu desmaiei com o impacto, mas antes de perder a consciência, vi Selena pegando a arma e, para salvar a nos dois, ela atirou em meu avô.O murmúrio baixo que percorreu a sala de tribunal foi abafado rapidamente quando o juiz bateu o martelo.— Senhor Campbell, — o advogado continuou, sua voz g
Anthony imediatamente olhou para ela, alarmado. Sem perder tempo, ele fez uma curva brusca, acelerando em direção ao hospital mais próximo.— Vou te levar ao hospital — ele disse, a preocupação evidente em sua voz.Selena havia passado por muita coisa, para Anthony, o mal-estar poderia ser o reflexo de todo estresse, ao menos ele torcia para que fosse. Chegando ao hospital, Selena foi rapidamente atendida. O médico, após alguns exames rápidos, retornou com uma expressão de surpresa e um sorriso alegre.— Senhora Campbell, — o médico começou — não há nada de errado com você. Na verdade, tenho boas notícias... Você está grávida.Selena piscou, o choque tomando conta de sua mente. Grávida? Ela olhou para Anthony, cujos olhos também estavam arregalados de surpresa. O silêncio pairou por alguns instantes, até que a preocupação de Anthony se tornou palpável.— Grávida? — ele repetiu, a voz hesitante. — Selena... esse bebê... ele pode ser de... Roman?Selena balançou a cabeça rapidamente, as
Nove meses depoisO som ritmado dos aparelhos de monitoramento se misturava aos sussurros baixos da equipe médica enquanto Selena respirava com dificuldade, seu corpo tomado pela intensidade do momento. A dor do parto vinha em ondas, arrancando-lhe suspiros contidos, mas ao seu lado, Anthony segurava sua mão firmemente, seu olhar cheio de ternura e amor fixo nela. A dor era grande, sim, mas a ansiedade e a expectativa de conhecer sua filha tornavam tudo mais suportável. Ela sabia que não estava sozinha.— Você está indo muito bem, meu amor, — Anthony sussurrou, seus lábios tocando suavemente sua testa molhada de suor. — Estou aqui com você. Nós já superamos tanto, e logo teremos nossa menina nos braços. Eu te amo.As palavras dele eram um bálsamo em meio à dor. Elas a ancoravam no presente, fazendo-a sentir que, apesar de tudo, aquilo era o destino sorrindo para eles. Os dois haviam passado por tantas provações, e agora, aquele era o momento em que tudo faria sentido. Selena apertou a
Anos depois…O sol do final da tarde iluminava suavemente os jardins da casa Campbell, espalhando uma luz dourada sobre o gramado verde, onde Loretta corria alegremente atrás do cachorro da família, seu riso infantil ecoando pelo espaço. A menina, agora com quatro anos, tinha a mesma energia inquieta de Anthony e o sorriso cativante de Selena.Selena e Anthony estavam sentados em um banco sob a sombra de uma grande árvore, observando a filha brincar. Era um dia tranquilo, com uma brisa suave que mexia os cabelos de Selena, e ela se pegou refletindo sobre o quanto sua vida havia mudado desde que tudo começou. Ela se inclinou levemente para o lado, apoiando a cabeça no ombro de Anthony, que a envolveu com um braço, puxando-a para mais perto.— Você já pensou em tudo o que passamos para chegar até aqui? — Selena perguntou em voz baixa, seus olhos ainda fixos em Loretta. — Às vezes parece que foi um sonho, ou que tudo aquilo aconteceu em outra vida.Anthony soltou uma risada suave, olhando
19 de abril de 2025Selena sentia seu peito ardendo e seus pés estavam completamente doloridos, ela não aguentava mais correr. A escuridão a impedia de saber ao certo para onde estava indo, mas não podia parar, mesmo que quisesse, se parasse, provavelmente, perderia sua vida.Mesmo correndo como louca, ela podia ouvir os passos atrás de si, tão rápidos quanto os dela, a perseguindo no meio da mata escura desde que ela havia saído da mansão Campbell.Essa noite não podia ser mais trágica, na verdade, sua vida não conseguia ser mais trágica. Seu casamento era um fracasso, ela havia sido expulsa de casa após uma armação e, agora, algum maluco a estava perseguindo no meio da mata desde que havia saído da mansão, desesperada e assustada. Já estava rouca de tanto gritar por socorro, mas não havia ninguém para ajudá-la, ao menos era o que acreditava. Nunca houve ninguém para ajudá-la em sua vida, isso só se provava ali. Mais uma vez, estava sozinha para enfrentar seus problemas, ninguém ir
— Não tenho mais tempo pra esse tipo de situação! — Selena falou, ofegante, correndo de volta até o guarda-roupas e abrindo as portas, arrancando de lá a primeira roupa que viu pela frente. Naquela época ela ainda morava na casa de Anthony Campbell , patrão de seu pai. George Carinard era motorista de Anthony e, junto com sua contratação, Anthony os chamou para morar na pequena casinha que havia nos fundos da mansão, destinada aos empregados. No começo George não queria aceitar, pois, desde muito novo, sempre foi um homem um pouco orgulhoso, mas, como estava passando por uma situação financeira difícil com sua filha e depois de um pouco de insistência de Anthony, ele acabou cedendo. Assim, a Família Carinard ganhou uma casa e Anthony um motorista e amigo em tempo integral, já que George insistia que estaria disponível para o patrão sempre que ele precisasse, pois sentia que estava devendo um favor a este homem durante muito tempo, por lhe dar um emprego tão bom e ainda uma casa para
George sempre foi um homem muito cético, mas, vendo a filha tão abalada e nervosa, ele suspirou, colocando os pacotes sobre o capô do carro e puxando Sel para seus braços a abraçando carinhosamente. — Oh filha… Não deveria ter saído de casa por isso, está tudo bem — ele começou, fazendo carinho nos cabelos vermelhos dela e deixando um beijinho em sua testa. — Mas se for te fazer se sentir melhor, vou ligar para o mecânico que o senhor Campbell sempre leva seus carros vir aqui dar uma olhada, o que acha?As sobrancelhas grossas dele estavam unidas e seus olhos claros a olhavam com preocupação. George não pretendia questionar a filha, não porque acreditava nessa coisa de intuição, mas porque sabia que o aniversário de morte da mãe de Sel estava chegando e sabia como a filha ficava sensível nessa época. — Tudo bem, ligue para ele e vai ver que estou certa! — Sel concordou, suspirando de alívio, estava convicta e sabia bem que os freios do carro estavam ruins.Antes de voltar até ali,