Nove meses depoisO som ritmado dos aparelhos de monitoramento se misturava aos sussurros baixos da equipe médica enquanto Selena respirava com dificuldade, seu corpo tomado pela intensidade do momento. A dor do parto vinha em ondas, arrancando-lhe suspiros contidos, mas ao seu lado, Anthony segurava sua mão firmemente, seu olhar cheio de ternura e amor fixo nela. A dor era grande, sim, mas a ansiedade e a expectativa de conhecer sua filha tornavam tudo mais suportável. Ela sabia que não estava sozinha.— Você está indo muito bem, meu amor, — Anthony sussurrou, seus lábios tocando suavemente sua testa molhada de suor. — Estou aqui com você. Nós já superamos tanto, e logo teremos nossa menina nos braços. Eu te amo.As palavras dele eram um bálsamo em meio à dor. Elas a ancoravam no presente, fazendo-a sentir que, apesar de tudo, aquilo era o destino sorrindo para eles. Os dois haviam passado por tantas provações, e agora, aquele era o momento em que tudo faria sentido. Selena apertou a
Anos depois…O sol do final da tarde iluminava suavemente os jardins da casa Campbell, espalhando uma luz dourada sobre o gramado verde, onde Loretta corria alegremente atrás do cachorro da família, seu riso infantil ecoando pelo espaço. A menina, agora com quatro anos, tinha a mesma energia inquieta de Anthony e o sorriso cativante de Selena.Selena e Anthony estavam sentados em um banco sob a sombra de uma grande árvore, observando a filha brincar. Era um dia tranquilo, com uma brisa suave que mexia os cabelos de Selena, e ela se pegou refletindo sobre o quanto sua vida havia mudado desde que tudo começou. Ela se inclinou levemente para o lado, apoiando a cabeça no ombro de Anthony, que a envolveu com um braço, puxando-a para mais perto.— Você já pensou em tudo o que passamos para chegar até aqui? — Selena perguntou em voz baixa, seus olhos ainda fixos em Loretta. — Às vezes parece que foi um sonho, ou que tudo aquilo aconteceu em outra vida.Anthony soltou uma risada suave, olhando
19 de abril de 2025Selena sentia seu peito ardendo e seus pés estavam completamente doloridos, ela não aguentava mais correr. A escuridão a impedia de saber ao certo para onde estava indo, mas não podia parar, mesmo que quisesse, se parasse, provavelmente, perderia sua vida.Mesmo correndo como louca, ela podia ouvir os passos atrás de si, tão rápidos quanto os dela, a perseguindo no meio da mata escura desde que ela havia saído da mansão Campbell.Essa noite não podia ser mais trágica, na verdade, sua vida não conseguia ser mais trágica. Seu casamento era um fracasso, ela havia sido expulsa de casa após uma armação e, agora, algum maluco a estava perseguindo no meio da mata desde que havia saído da mansão, desesperada e assustada. Já estava rouca de tanto gritar por socorro, mas não havia ninguém para ajudá-la, ao menos era o que acreditava. Nunca houve ninguém para ajudá-la em sua vida, isso só se provava ali. Mais uma vez, estava sozinha para enfrentar seus problemas, ninguém ir
— Não tenho mais tempo pra esse tipo de situação! — Selena falou, ofegante, correndo de volta até o guarda-roupas e abrindo as portas, arrancando de lá a primeira roupa que viu pela frente. Naquela época ela ainda morava na casa de Anthony Campbell , patrão de seu pai. George Carinard era motorista de Anthony e, junto com sua contratação, Anthony os chamou para morar na pequena casinha que havia nos fundos da mansão, destinada aos empregados. No começo George não queria aceitar, pois, desde muito novo, sempre foi um homem um pouco orgulhoso, mas, como estava passando por uma situação financeira difícil com sua filha e depois de um pouco de insistência de Anthony, ele acabou cedendo. Assim, a Família Carinard ganhou uma casa e Anthony um motorista e amigo em tempo integral, já que George insistia que estaria disponível para o patrão sempre que ele precisasse, pois sentia que estava devendo um favor a este homem durante muito tempo, por lhe dar um emprego tão bom e ainda uma casa para
George sempre foi um homem muito cético, mas, vendo a filha tão abalada e nervosa, ele suspirou, colocando os pacotes sobre o capô do carro e puxando Sel para seus braços a abraçando carinhosamente. — Oh filha… Não deveria ter saído de casa por isso, está tudo bem — ele começou, fazendo carinho nos cabelos vermelhos dela e deixando um beijinho em sua testa. — Mas se for te fazer se sentir melhor, vou ligar para o mecânico que o senhor Campbell sempre leva seus carros vir aqui dar uma olhada, o que acha?As sobrancelhas grossas dele estavam unidas e seus olhos claros a olhavam com preocupação. George não pretendia questionar a filha, não porque acreditava nessa coisa de intuição, mas porque sabia que o aniversário de morte da mãe de Sel estava chegando e sabia como a filha ficava sensível nessa época. — Tudo bem, ligue para ele e vai ver que estou certa! — Sel concordou, suspirando de alívio, estava convicta e sabia bem que os freios do carro estavam ruins.Antes de voltar até ali,
— Como assim o levaram? — Sel perguntou, então sentiu as mãos firmes de Roman em sua cintura, a impedindo de cair. Roman havia sido rápido, deixou seu tio no sofá e se aproximou assim que a viu, tinha que aproveitar a oportunidade, afinal, que momentos são melhores para unir pessoas senão os momentos de angústia? Ele faria o que precisava fazer. Ganancioso como era, não deixaria que nada ficasse em seu caminho para herdar a empresa por completo, nada e nem ninguém. Já tinha um nome no mercado de tecnologia e tomar conta dos negócios de seu avô era sua prioridade, então,estava disposto a cumprir todas as exigências dele. — Está bem, Selena? — ele perguntou, sua voz era rouca e seu sussurro chegou aos ouvidos de Selena trazendo um arrepio em sua espinha. Roman era um crápula, ela sabia, quando se conheceram ela não imaginava como ele era de verdade, mas agora, depois de voltar até o ponto de partida, ela sabia bem que ele não era um cavalheiro como aparentava. Mas isso não diminui a
Quando Henry e Roman se foram, Selena sentiu a cabeça doer e o corpo pesar, eram tantas coisas acontecendo naquele mesmo dia que ela mal conseguia se manter focada em seus objetivos. Mas ao menos algo de bom havia acontecido, ela estaria na casa Campbell no dia seguinte, então, teria oportunidade de descobrir o que estava por trás de tudo aquilo e de sua morte. No entanto, ela notou quando a noite chegou e se sentou a mesa para jantar com seu pai, que George estava estranho. Seu pai sempre foi muito falante, os jantares em sua casa eram sempre divertidos e regados a conversa sobre seus dias e acontecimentos que os deixaram chocados, mas, naquela noite, George estava com um olhar triste e completamente calado. — Pai? Por que está assim? — Sel perguntou, mesmo que já suspeitasse o motivo de seu pai estar tão cabisbaixo. — Estou preocupado, minha filha — ele começou suspirando pesadamente —, o Sr. Anthony sempre foi tão bom com a gente… Tenho medo que ele não seja encontrado, sabe?
*LEMBRANÇA*“Roman estava distante desde o beijo e isso a magoava, de fato, Sel acreditou que ele se sentia atraído por ela, mas agora estava culpada, pois, aparentemente havia outro alguém em sua vida.Ela não conseguia esquecer os olhos magoados e cheios de lágrimas da loira que os flagrou enquanto se beijavam intensamente. A primeira coisa que sentiu foi a vergonha, que a fez corar e querer se esconder eternamente. Depois disso, sentiu raiva, uma raiva que não cabia em si.Roman estava a usando enquanto se envolvia com outra mulher? Aquele era o tipo de homem que ele era?Talvez, por isso ele estivesse se mantendo distante, ao menos era o que Selena achava naquele momento.Fazia uma semana desde que o beijo havia acontecido e ela mal o via, porém, naquela noite, algo mudou. Henry havia saído numa viagem de negócios e ela estava praticamente só na mansão, já que os empregados mal interagiam com ela e Roman não estava ali.Mas se viu surpreendida quando, depois do jantar, alguém bate